Em oito anos de existência houve um colectivo que, mais que nenhum outro, padeceu a minha crítica feroz: os portugueses. O meu próprio povo, a minha própria tribo, a minha própria gente. Nunca vi ninguém enxofrar-se ou arrepiar-se todo por causa disso. Até é catita. Ou não constituísse desporto nacional: a auto-flagelação. Dou outro exemplo: Gil Vicente. Naquele seu famoso auto das barcas. Pois bem, o homem corre a sociedade portuguesa da época de alto a baixo: malha em clérigos venais, malha na nobreza arrogante, malha na magistratura corrupta, malha na plebe manhosa, malha na agiotagem gentia, e tudo muito bem. Muito artístico e louvável. Mas quando refere o judeu à toa, de bolsa e bode à ilharga, aqui d'el rei que não se admite, é anti-semitismo, é brutal preconceito, rasure-se e descafeíne-se a obra!... E isto não sei quantos séculos depois. Como aquela cena necrófaga do holocausto dos anõezinhos que já custou aos munícipes lisboetas mais um mamarracho de péssimo gosto no Largo de S.Domingos. Ou esta "petição" perfeitamente anedótica do mesmo crono-jaez. (Note-se o poli-requinte: "judeus sefarditas portugueses". Mas "nacionalidade portuguesa a que título? Israel, já não serve?...)
Tudo isto é exactamente o quê? Já chegámos onde?...
Quer dizer, eu posso vociferar "os portugueses, essa resma de gastrópodes ranhosos e rastejantes, de casa às costas e corninhos retrácteis a fazer de antenas de telemóvel" e nenhum português se ofende por aí além, porque além da generalidade dos leitores não se sentir essencialmente identificado com a definição, usa o sentido de auto-crítica para reconhecer alguma verdade em relação ao acessório e conjuntural. Mas se eu refiro os judeus em termos que não sejam apologéticos e encomiásticos, rompam de pronto, e por turnos, uma série de energúmenos, entre osmóticos, híbridos ou puros sangue de corridas, num basqueiro de alarvidades e palermices que só visto.
Repito e sublinho: Significa isto o quê? Que os judeus estão acima da crítica, da ironia, dos sarcasmo? Mas porque carga d'água estariam? Porque são santos à nascença? De pau carunchoso, todos somos. Porque foram massacrados às carradas? Bem, os portugueses também foram, no século XX, e à catanada. Os ruandeses idem. Os congoleses ainda andam nisso (o contador já vai nos milhões). Se vamos por aí, pelo horror do massacre, a tiro e a gás sempre foi menos asselvajado e atroz do que por obra e desgraça de alfaia agrícola. Ou preferiam a sachola ao chuveiro? A indústria, fazendo fé em Hollywood, sempre usou de cuidados e suavizações absolutamente impensáveis à barbárie. Ninguém os violou e esquartejou de empreitada, entre urros escarros e vitupérios. Até porque para Suas Excelências um campismo selvagem desses seria inadmissível: a coisa, necessariamente, e ainda que sob a cobertura de engodo perverso, teria que meter vagon-lit, serviços de hotelaria, com pensão completa, sauna e actividades lúdicas, e tudo isso, claro, em ambiente ultra-pasteurizado. Foi a qualidade dos serviço que defraudou monumentalmente as expectativas? Ah, não, a excepcionalidade única dos metagnominhos, a distinção bizarra, foi a intenção de extermínio étnico planificado. Quer isso então dizer que o extermínio à bruta e de improviso é menos digno de honraria, já que menos doloroso não parece? Mas mesmo admitindo que sim, mesmo dando de barato tamanha frescura, em que é que se distinguiram as vítimas XPTO dos ciganos ou dos deficientes mentais? Na mera aritmética? No campeonato do genocídio,a medalha é ao quilo? Mas estamos a falar de frangos, de formigas ou de pessoas? E, já agora, sempre adianto: nada tenho contra a atribuição dum país por decreto a coitadinhos. Mas fico sinceramente à espera de idêntica gorjeta indemnizatória aos ciganos e aos mongolóides. E não me venham certos maldosos com a solércia de que aquilo já é o três em um, dado que o judeu já acumula e refina as outras duas espécies, porque eu não embarco nessa. Embora se fosse a fazer fé nas patranhas da Esther Mitzschlrfsdr ou lá o que é, papagueadas ad nausea por não sei quantos tartufos de ocasião - a saber, de que a população portuguesa tem uma percentagem enorme de sangue hebraico (como se o carácter dum povo fosse medido a cabidelas e papas de sarrabulho) -, me sentisse tentado a acreditar nesse género de culinárias: estaria até explicada, duma vez por todas, a nossa estupidez atávica, a nossa tendência para a imbecilidade congénita, para a toinice desenfreada, para a velhacaria hipócrita, e o lugar exuberante, profissional e renitente que ocupamos na cauda dos povos europeus.
Tudo isto é exactamente o quê? Já chegámos onde?...
Quer dizer, eu posso vociferar "os portugueses, essa resma de gastrópodes ranhosos e rastejantes, de casa às costas e corninhos retrácteis a fazer de antenas de telemóvel" e nenhum português se ofende por aí além, porque além da generalidade dos leitores não se sentir essencialmente identificado com a definição, usa o sentido de auto-crítica para reconhecer alguma verdade em relação ao acessório e conjuntural. Mas se eu refiro os judeus em termos que não sejam apologéticos e encomiásticos, rompam de pronto, e por turnos, uma série de energúmenos, entre osmóticos, híbridos ou puros sangue de corridas, num basqueiro de alarvidades e palermices que só visto.
Repito e sublinho: Significa isto o quê? Que os judeus estão acima da crítica, da ironia, dos sarcasmo? Mas porque carga d'água estariam? Porque são santos à nascença? De pau carunchoso, todos somos. Porque foram massacrados às carradas? Bem, os portugueses também foram, no século XX, e à catanada. Os ruandeses idem. Os congoleses ainda andam nisso (o contador já vai nos milhões). Se vamos por aí, pelo horror do massacre, a tiro e a gás sempre foi menos asselvajado e atroz do que por obra e desgraça de alfaia agrícola. Ou preferiam a sachola ao chuveiro? A indústria, fazendo fé em Hollywood, sempre usou de cuidados e suavizações absolutamente impensáveis à barbárie. Ninguém os violou e esquartejou de empreitada, entre urros escarros e vitupérios. Até porque para Suas Excelências um campismo selvagem desses seria inadmissível: a coisa, necessariamente, e ainda que sob a cobertura de engodo perverso, teria que meter vagon-lit, serviços de hotelaria, com pensão completa, sauna e actividades lúdicas, e tudo isso, claro, em ambiente ultra-pasteurizado. Foi a qualidade dos serviço que defraudou monumentalmente as expectativas? Ah, não, a excepcionalidade única dos metagnominhos, a distinção bizarra, foi a intenção de extermínio étnico planificado. Quer isso então dizer que o extermínio à bruta e de improviso é menos digno de honraria, já que menos doloroso não parece? Mas mesmo admitindo que sim, mesmo dando de barato tamanha frescura, em que é que se distinguiram as vítimas XPTO dos ciganos ou dos deficientes mentais? Na mera aritmética? No campeonato do genocídio,a medalha é ao quilo? Mas estamos a falar de frangos, de formigas ou de pessoas? E, já agora, sempre adianto: nada tenho contra a atribuição dum país por decreto a coitadinhos. Mas fico sinceramente à espera de idêntica gorjeta indemnizatória aos ciganos e aos mongolóides. E não me venham certos maldosos com a solércia de que aquilo já é o três em um, dado que o judeu já acumula e refina as outras duas espécies, porque eu não embarco nessa. Embora se fosse a fazer fé nas patranhas da Esther Mitzschlrfsdr ou lá o que é, papagueadas ad nausea por não sei quantos tartufos de ocasião - a saber, de que a população portuguesa tem uma percentagem enorme de sangue hebraico (como se o carácter dum povo fosse medido a cabidelas e papas de sarrabulho) -, me sentisse tentado a acreditar nesse género de culinárias: estaria até explicada, duma vez por todas, a nossa estupidez atávica, a nossa tendência para a imbecilidade congénita, para a toinice desenfreada, para a velhacaria hipócrita, e o lugar exuberante, profissional e renitente que ocupamos na cauda dos povos europeus.
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