terça-feira, fevereiro 16, 2010

Ironias do diabo

Lembram-se da pergunta (em parte retórica) "mas devem a quem"?

Lendo esta notícia (não é só na justiça portuguesa que há fugas de informação por encomenda) - Goldman Sachs in new storm over secret deal to mask Greek debt - talvez se enriqueça o panorama mental.


Agora reparem no actual frenesim mediático em torno do Primeiro-Ministro cá da nacinha. Acham que esta gentinha, dos jornais aos blogues, está minimamente preocupada com Portugal? Antifássistas instantâneos, democratas da farinha amparo, ultrapasteurizados da política, já nem uma vaga noção de séria independência ou genuíno patriotismo os habita. No mundo, quase todos, mimetizam - na metáfora e na perfeição - aqueles prostitutozitos forçados da Casa Pia cheios de vaidade nas suas prendas salariais e na importância mais o favor do respectivo pederasta. E depois, cobertos de tanta riqueza, mental e patrimonial, desdenham e snobam dos que não alinham, esses simplórios pindéricos. Reparem ainda no pretexto "fracturante" para tanta excitação: Liberdade de Expressão. Parece-vos que é um dos problemas graves da nação?
Mas, mais intrigante ainda, como é que pessoas do desnível deste José Sócrates chegam a primeiro-Ministro? Mas não excepcionalmente, senhores: por regra imperial e quase absoluta!... Espantoso?! Mais espantoso ainda: já amarinham à Presidência da Comissão Europeia. Ou acham que o Barroso é melhor que esta abécula porta-fatos Sócrates? E o Constancio vai para onde? Devemos ficar orgulhosos com tais ascensões meteóricas? Devíamos ter inveja? Devíamos era ter vergonha, isso sim. Eu tenho.
Mas quem é que os planta, a estes espécimes daninhos, nesses vasos? E porque é que os planta, providencialmente armadilhados com um leque muito conveniente de rabos de palha?
Pois, é como quem planta bombas-relógio por controle remoto. Quando lhes convém, accionam o engenho (neste caso, o engenheiro) e lá se instala o desejado efeito.
Se não é exactamente isso que está a acontecer, imita muito bem. A quinta-coluna lança o mote, a malta, viciada no dominó e na salganhada, vai atrás.
Querem derrubar o Sócrates? Nem por isso. Eles próprios nem sabem claramente porque é que ladram. Recebem o estímulo, acatam a ordem e desatam no basqueiro que lhes compete. Repito, uns por profissão, outros por imitação, ou mero oportunismo. Aparentemente, anima-os a mais angélica das intenções; na realidade, são meros instrumentos tácticos duma estratégia muito mais vasta. Uma estratégia que, tudo o indica, neste momento tem o euro na mira e, quase aposto, visa, entre outros fitos mais obscuros, manter o dólar como "moeda global".
Para os europeístas que acharam que a Europa devia ser constituída sobre as fundações de Mamon, isto é, sobre os alicerces duma moeda, é muitíssimo bem feito. E é bom que se vão compenetrando: esta ficção dura enquanto os anglo-saxónicos quiserem. Que é o mesmo que dizer-lhes, a estes homens de palha, que quem os promove também os desmonta, que quem os carrega também os despenha. Se calhar, no tribunal divino, compete ao diabo a acusação.
A verdade, essa, é que nada do que parece é.



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