sábado, fevereiro 28, 2009

Impressões digitais

Há mais de dois anos que eu próprio, e não sou economista, vinha anunciando a actual crise. E nem era preciso ter lido as inúmeras vozes de alerta actuais que o vinham diagnosticando: bastava ter lido as tragédias gregas, bastava perceber o significado de "hubris". Crise mais anunciada e previsível, a não ser para o nosso (des)governo da nacinha, seria difícil. Era como olhar para o céu a encher-se de nuvens escuras e não adivinhar chuva; ou perceber uma sala a encher-se de varejeiras e não calcular excremento ou cadáver, passe o pleonasmo, a qualquer canto da habitação.
Mas a actual crise não é apenas lógica: é também, e desconheço em que dimensões, artificial. Algo em tudo isto é forjado, premeditado, planeado. É, muito provavelmente , uma catástrofe; mas uma catástrofe pilotada. Ou teleguiada. Eventualmente, os efeitos poderão ultrapassar os desígnios do piloto, mas isso já é outra conversa.
Porém, embora desconhecendo honestamente os contornos exactos da marosca, sei, com a certeza que a convergência do estudo e dos indícios solidificam, donde emanam alguns cordelinhos: JP Morgan.
Esta notícia é só mais um sintoma disso mesmo:
«JPMorgan Chase faces lawsuits after pulling cash from Madoff».

Note-se, a crise seria mais ou menos fatal, quer dizer, natural; a transformação da crise numa catástrofe é que já requer dedo humano. (Leia-se: "desumano"). É como aproveitar o barulho dos trovões para dinamitar a caixa-forte do banco.

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