«Para ser franco, eu acho que não há Ano Novo nenhum. É uma anedota - e um logro - chamar-se novidade a uma continuação. 2oo8 é só aquele pedaço de Limbo que fica entre 2007 e 2009. Um mero marco na estrada para Nenhures. O bêbado-ao-volante chamado Humanidade zurra e comemora de cada vez que passa pelos marcos. A seguir estampa-se. Abalroa árvores, casas e ciclistas; atropela peões e velhinhas; varre sinais, candeeiros e semáforos. Sempre com grande algazarra e festividade. Leva a televisão com ele (a servir, em simultâneo, de pára-brisas e retrovisor). E o diabo lá dentro.
Busca desalmadamente o estampanço definitivo. Há-de, mais dia menos dia, encontrá-lo. Acelera com fúria porque procura desesperadamente um freio. Tenta, pois, acertar em cheio, mas apenas colhe de raspão. Enquanto o estampanço terminal não chega, o mais que alcança, na ponta do zigue-zague, é resvalar.»
Mantenho integralmente. Basta acrescentar uma unidade aos números. 2009 é só aquele pedaço de Limbo que fica entre 2008 e 2010.
«E nós cá continuaremos, a calafetar-nos, muito bem calafetadinhos, no nosso casulo onfalofântico. A nossa bela cela almofadada. Para nos podermos despistar e estampar pela Eternidade. Sem nos magoarmos muito. Aliás, sem nos magoarmos nada. Porque, enfim, em êxtase, absolutamente anestesiados à dor dos outros.»
Mantenho integralmente. Basta acrescentar uma unidade aos números. 2009 é só aquele pedaço de Limbo que fica entre 2008 e 2010.
«E nós cá continuaremos, a calafetar-nos, muito bem calafetadinhos, no nosso casulo onfalofântico. A nossa bela cela almofadada. Para nos podermos despistar e estampar pela Eternidade. Sem nos magoarmos muito. Aliás, sem nos magoarmos nada. Porque, enfim, em êxtase, absolutamente anestesiados à dor dos outros.»
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