Vasco Graça Moura, o escritor - não confundir com o político (são e não são -neste caso, não - a mesma pessoa)-, escreve um certo número de verdades eloquentes no DN de ontem. São evidências mais que óbvias, que resplandecem, que bradam aos céus, que se têm vindo paulatinamente a acumular e a fermentar numa espécie de monturo regimental, mas que, todavia, não parecem perturbar seriamente ninguém. Mesmo o escritor Graça Moura, do alto da sua condolência retórica, é só às quartas-feiras que padece destas inquietações. No remanescente calendário, sobretudo quando o partido de que é luminária excelentíssima pasta no erário público, o escritor Graça Moura cede diligentemente o púlpito ao deputado Graça Moura, ao Comendador Graça Moura, ao Comissário Político Graça Moura, em suma: a toda uma vasta catrefa de avatares vorazes, todos eles demasiado catrafilados aos úberes do Orçamento para terem tempo a esbanjar com tão improfícuas lana-caprinices. Na verdade, mal a maré muda, o vate pio desce exausto do púlpito e adeja a refocilar, com volúpia, no bordel. Ora, a maré, abençoadinha, Deus lha guarde por muitos e bons anos, tem mudado sistematicamente, com regularidade providencial e cadência de alterne. Não espanta pois que, em perfeita sincronia, logo que a ressaca cede lugar à cornucópia, o campeão das virtudes se outorgue indulgências sabáticas e corra a retemperar-se, jubiloso, entre as rameiras.
Mas como agora estamos num daqueles interstícios severos por onde o fariseu, ocasionalmente, espreita e salmodia, não duvidemos: é o escritor. Quiçá mortificado ou descompensado por alguma síndrome de privação, dá gosto vê-lo a verberar contra o petisco, a denegrir no refogado, a escarnecer do pitéu. Quando não está ocupada com a mama, foge-lhe a boca para a verdade. Não obstante, nos trinta anos em que andaram a confeccioná-la, à monumental mixórdia, a maior parte do tempo, ele, o mija-versos, o besunta-formas, passou-o nas cozinhas. Desde o PREC que lá anda: ora de roda do Chef, a acolitar ao forno, ora de faxina ao lava-loiça, a resmungar e a branquear os tachos.
De secretário de Estado no lendário Gonçalvismo do IV Governo Provisório a Comissário Político no não menos épico Cavaquistão, foi vê-lo sempre a aviar-se, numa azáfama de videirinho a reboque duma pança insaciável de comensal.
Mas como agora estamos num daqueles interstícios severos por onde o fariseu, ocasionalmente, espreita e salmodia, não duvidemos: é o escritor. Quiçá mortificado ou descompensado por alguma síndrome de privação, dá gosto vê-lo a verberar contra o petisco, a denegrir no refogado, a escarnecer do pitéu. Quando não está ocupada com a mama, foge-lhe a boca para a verdade. Não obstante, nos trinta anos em que andaram a confeccioná-la, à monumental mixórdia, a maior parte do tempo, ele, o mija-versos, o besunta-formas, passou-o nas cozinhas. Desde o PREC que lá anda: ora de roda do Chef, a acolitar ao forno, ora de faxina ao lava-loiça, a resmungar e a branquear os tachos.
De secretário de Estado no lendário Gonçalvismo do IV Governo Provisório a Comissário Político no não menos épico Cavaquistão, foi vê-lo sempre a aviar-se, numa azáfama de videirinho a reboque duma pança insaciável de comensal.
Responsabilidades? Vão pedi-las ao Camões!... Porque neste país, responsabilidade, vergonha, memória, tal qual como o reconhecimento, são geralmente a título póstumo.
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