terça-feira, fevereiro 24, 2015

Teste de avaliação histórica

Como  referi aqui, ainda há pouco tempo, para Aristóteles é essencial que um bom governante seja um bom homem.
Por exemplo, para um navio pirata, o ideal é que o melhor deles seja o capitão. Só que neste caso, isso traduzir-se-á em que, em termos absolutos, seja o pior de todos para os outros. A mesma coisa em se tratando duma quadrilha de ladrões ou um bando de aassassinos.
Transposto agora para um grupo de cidadãos variados e concretos, a limite, para um país, a coisa é mais complicada: há de tudo entre os governados e não apenas homens bons. Os ladrões gostariam que fosae um super-ladrão; os sabujos, que fosse um super-sabujo; os honestos, que fosse um super-honesto, os corajosos, que fosse um valente, e por aí fora.
Em todo o caso, se pensarmos agora num país como um empreendimento colectivo entre outros rivais (os restantes países, mais e menos potentes), a coisa é indiferente que se reduza a uma nau angélica ou um navio pirata: o melhor de todos os tripulantes para a direcção (o capitão, portanto) será tanto melhor quanto pior parecer aos adversários e rivais. Alguém duvida da imácula deste raciocínio?
Pois bem, então, pela vossa alminha, poisem quaisquer antolhos ideológicos que vos atormentem, e apliquem-no aos governantes que temos tido ao longo da nossa história. Depois contem-me das conclusões a que chegaram. É que a qualidade de quem nos dirige não é tão pacifica e lucidamente avaliável pela nossa opinião quanto é pela dos outros - os estranjeiros que nos cercam..

Agora tenho que ir, que tenho uma série de chatices para resolver hoje.

PS: admito apenas uma objecção à explanação supra: é que o Portugal actual não é composto por um conjunto de cidadãos variados, mas avariados. Até logo. E não se acanhem, que diabo. Digam-me de vossa justiça. Mas sem aprestos nem arreios pouco dignos de bicho homem. Vá lá, vocês conseguem!...

3 comentários:

Vivendi disse...

O poder só pode agradar aos tolos ou aos predestinados. Os tolos desejam-no pelas vantagens que dele esperam. Os predestinados gozam-no pelo que para eles representa.

AOS

Euro2cent disse...

Os nossos donos já não se importam - encorajam-nos, até - com a prática de todas as trangressões perversas sonhadas por doentes como o camarada Donatien Alphonse de Sade.

De modo que eu, para ser do contra, começo a procurar trangressões que realmente os incomodem. Coisas tipo "o D.Miguel é que devia ter ganho em 1834".

Ou então, esta olhadela para o Estaline, anódina mas diferente do discurso habitual.

The Tyrant as Editor https://chronicle.com/article/Stalins-Blue-Pencil/142109

Euro2cent disse...

("Esprit d'escalier", como dizem os tailandeses:)

A importância da caneta que assina as actas vem reflectida na estranha passagem do "secretário-geral" (um cargo burocrático auxiliar) a dirigente máximo.