«Lisboa, 10 de Abril de 1965 - Entretanto, pelo país, continua intensa a propaganda norte-americana, junto de militares, de funcionários médios, do clero, da imprensa, e dos meios de informação geral. E muitos socumbem.
(...)
(...)
Lisboa, 6 de maio de 1965 - Salazar ficou particularmente irritado com os americanos: com efeito, Williams (o dos sabonetes), disse a Garin que a nossa política em África estava a pôr em perigo a segurança dos Estados unidos. Por outro lado, um americano de alto nível (Salazar não me disse quem) teria afirmado ser necessário modificar a situação interna portuguesa, na metrópole. "Mas não o conseguirão", diz o chefe do governo com ênfase, "mas temos de ter cuidado porque são brutais. Quando rompermos, é porque está perdida a esperança duma solução amigável".
(...)
Lisboa, 21 de Janeiro de 1965 - Poucas vezes, muito poucas vezes - se alguma - vi Salazar tão colérico. Disse-me que os americanos, por pressão junto do Ministério da marinha, haviam conseguido que este não mandasse a Luanda a nova fragata Pereira da Silva para saudar a esquadra brasileira. "Não se podia, não se devia ter tomado tal decisão. Apanhámos uma bofetada, uma humilhação estúpida. O navio é nosso, vai para onde quisermos". Sempre com voz a sibilar, acrescenta: "Agora temos de ser brutais com os Estados Unidos. está a chegar o momento em que temos de rebentar com as relações com os americanos. Estou ansioso por isso. Espero que seja ainda na minha vida".»
- Franco Nogueira, "Um político confessa-se (Diário 1960-1968)
Uma vez em conversa com um coronel britânico, dizia-me ele: "Somos velhos aliados". Contemplei-o friamente, lá do antanho, e respondi-lhe: "Com amigos como vocês, quem é que precisa de inimigos?"... (tradução minha)
E se isto já era e é assim com velhos aliados, imagine-se agora com os novos, ainda por cima descendência bastarda daqueles...
A geopolítica africana, em termos alegóricos, traduz-se numa savana donde desapareceram os leões. A lei agora é imposta pelo super-predador remanescente: as hienas.
47 comentários:
Faz lembrar as posições do syriza. Garnizés de capoeiro. Só q em vez de usar mandato popular e eleitoral, usaram as vidas dos portugueses. A bem do regime, para mal da nação como podemos experimentar, para mal das colónias como podemos constatar.
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Rb
Dedicado a salazaristas empedernidos, por analise baseado nos estudo do Pedro Lains:
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Salazar governou desde 1933 a 1968 e é este periodo que deve ser considerado.
De 1968 a 1974 foi Marcelo Caetano quem liderou a governação.
Então, vejamos:
1º Periodo Salazar:
PiB per capita em 1933 – 40%
PiB per capita em 1968 – 47%
Aumento de 7% em TRINTA E CINCO anos.
2ºPeriodo Marcelo Caetano:
PiB per capita 1968 – 47%
PiB per capita 1974 – 58%
Aumento de 9% em SEIS ANOS.
3º Periodo Democratico
PiB percapita 1974 – 58%
PiB percapita 2000 – 65%
Aumento de 7% em VINTE E SEIS anos.
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Conclusão:
Convergência anual médio do PiB com a Europa desenvolvida:
Periodo 1º – 0,20% ao ano
Periodo 2º – 1,50% ao ano
Periodo 3º – 0,27% ao ano
O melhor periodo foi o de Marcelo Caetano. O segundo melhor periodo foi o Democratico. O Pior periodo foi o de Salazar.
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No entanto, várias outros considerandos teriam de ser ditos:
a) Salazar apanhou uma situação financeira gravissima em 1928 (ainda min das finanças).
b) Salazar apanhou uma guerra mundial que beneficiou fortemente, mas pontualmente, a economia devido ao facto de Portugal fornecer produtos aos países em guerra.
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Rb
Continuando a provocação aos fiéis disciplos do senhor doutor:
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Portugal tem 800 anos de vida. Está de parabéns. Nos últimos 80 anos demos cabo da nação além mares. Literalmente.
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Impusemos-lhes uma guerra que só podia acabar em inglória e perda absoluta.
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Colocado o dedo molhado no ar e, porém, não souberam enxergar os salazaristas de onde vinham os ventos. Combateram moinhos de vento, portanto. Hostilizando quem nos podia ajudar. O texto acima ilustra bem essa mentalidade.
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Sendo assim abrimos o campo para a entrada de regimes menos católicos - a urss - nas ditas colónias de áfrica.
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Perdemos tudo e todos os portugueses além mares perderam os seus bens. Ao contrário daqueles países europeus, tambem eles coloniais, que souberam preservar os interesses dos seus cidadãos que ainda hoje mantêm os bens.
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Podia ser diferente?
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Podia, mas a cadeira ainda não tinha dado sinais de fraqueza nessa altura e quando deu o substituto não conseguiu desinfestar a maquina militar que apenas queria manter-se na guerra. Esses, sim, esses não foram as hienas do regime. Foram os lobos.
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Chegados aqui vemos claramente quem são os lobos. São os mesmos que apadrinham o senhor Putin que se aliou recentemente aos sempre amigos da Siria e da Coreia do Norte.
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Rb
Já a democracia impôs chulecos de terceira que vão lá tomar conta dos esquemas dos pretos e receber o dinheirinho que o ditador suga ao povo, para o ajudarem a fingir que aquilo "se desenvolve".
Esses chulecos ainda pretendem dar lições de moral sobre "colonialismo".
E então quando são fan(ático)s dos israelitas e os seus milhares de crianças liquidadas e presas sem acusação, ou esterilização forçada de pretas e racismo generalizado, é mesmo de rir.
Porque o que dá para rir dá para chorar, já dizia o samba.
Ou seja, como diz o postal, foram-se os leões e os lobos e ficaram as hienas.
Umas delas anda aqui a ulular.
Mas explica-nos uma coisa hiena: quando andas lá nos áfrica, para além dos pretos manda-chuva, também tens de dar o cuzinho aos americanos como o ministro da marinha?
Nada disso. Mas as tuas primas que também estão aqui parece q o dão. As chulecas.
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Rb
Não gostas da conversa? Tens bom remédio.
Mas são mentira todas aquelas histórias de paleios com os pretos?
A não ser que para lá vás em caridade, significa que, de uma ou outra forma, directa ou indirectamente, o que te pagam vem de dinheiro africano, não é? Que todos sabemos é limpinho limpinho...
E recebes o mesmo que os africanos?
Afinal de contas, quem é o colonialista?
Portanto, antes de abrires a boquinha farias melhor em enxergar-te a um espelho.
«Garnizés de capoeiro».
Pois, faltava-lhes uma Faixa de Gaza onde pudessem treinar para galos de aviário. Aviário kosher, bem entendido.
Porém, até tenho uma pergunta: afinal, qual era, ao certo, o problema de os portugueses defenderem os seus territórios ultramarinos?
Eu pensava que tinha que ver com a opressão sobre os povos e a liberdade.
Afinal, agora, parece que tinha mais a ver com os bens que se perderam e não fazer a vontade aos americanos.
Por um lado, o "colonialismo" português não tolerava certas coisas que agora fazem os que vão para África "ajudar ao desenvolvimento". Isso explicaria certas atitudes. Por outro, se se tivesse descolhonizado à maneira, "preservando os interesses", essas mesmas coisas poderiam ser feitas sem ter que dar o cuzinho.
E agora estou-me cá a lembrar: o 44 também andou a dar o cuzinho em África para o grupo Lena.
Vai daí, e talvez seja necessário equacionar uma certa solidariedade ultramarina para se compreenderem certas atitudes...
Isso mesmo Muja. Vc com o tempo lá vai aprendendo. A descolonização era inevitável. Os tais ventos da mudança que começaram dez anos antes com as colinias inglesas e francesas e espanholas. O que era evitável mesmo era não o fazer e, com isso, fazer perorar os portugueses.
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É como lhe digo, os bifes mantiveram os bens. Não os perderam. porque souberam perceber os tempos. Coisa que Salazar obviamente não soube.
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Rb
Mas isso já passou. Tempos passados. Nem precisamos de aprender com esses erros porque nem temos mais colonias a perder.
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O que temos é mesmo de retomar e aprofundar a relação com eles. Muitissimo mais. Sem dar o cuzinho, nem pretender o deles. O cuzinho dá-o vc (em sentido figurado claro) ao seu chefe todos os dias e não bufa.
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Rb
Aprofundar. Temos uma posição previgiliada nestes países. O povo em geral até é simpatico. Os mais novos nem nos identificam com os tempos da guerra.
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Mas estamos a perder paulatinamente influência. Esta nova machadada dada pela UE, alimentada por Portugal imbecilmente, para os bancos angolanos vai colocar as relações muito frias. Perdemos o Besa, vamos perder o BFA (bpi de angola() e os restantes. Estão à espera que sejam os Gringos e o Chinocas e os Arabes do dubai a tomar conta da banca angolana?
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Cambada de palermas. Para mim é indiferente. O dinheiro não tem bandeira. Mas custa-me observar a falta de diplomacia que grassa no governo de portugal e não gosto de sermos substituidos por outros sem qualquer relação com este país.
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Portugal, em vez de se afirmar na portugalidade vai fazer queixinhas a Frankfurt para instigar a UE a puxar as orelhas aos bancos angolanos. Que palermice pá.
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E depois esperam que angola beneficie Portugal nos imensos investimentos que ainda tem para fazer?
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Ora porra.
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Rb
O que vale é que os Portugueses aprenderam a desinvicilhar-se. Já contamos com a oposição dos governos. De forma que para fazer negócio, os tugas abrem empresas no Dubai para, por essa via, parecer que somos aquilo que realmente não somos.
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Dá-mos a volta, digamos assim. Mas na verdade muito portugues assalariado vai ter que regressar a Portugal por causa destas merdices. Não sei o que vão fazer, mas lá que vão vão.
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Já estão a ir. Dêm os parabens ao nosso prezado governador que é burro como uma porta. Não, uma porta sempre abre e fecha.
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Rb
E no tempo de Socrates a coisa não era melhor. Qdo cá veio foi apenas para fechar uns acordos pontuais. De obras. O lena é apenas o bode espiatório. Foram muitas as empresas que participaram em investimentos em angola promovidos pelos governos de então. Se recebeu massa, terá recebido deles todos. E não era propriamente ele que fechava os acordos. Eram os ministros e secretários de estado com avenças nos principais grupos portugueses.
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Da mesma forma que os americanos tambem o fazem. E os chineses e os russos. Não há país que não faça.
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A principal vantagem dos Americanos é que vieram cá (a Hilary) e negociou impecavelmente. Trazia tudo estudado. As áreas que pretendia. As reuniões estabelecidas com parceiros locais. E fizeram acordos fantásticos e que vão permanecer no tempo. Ao passo que os acordos de socrátes e de outros são pontuais em obras que acabam.
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Os gringos até escolas montaram aqui para colocar cá trabalhadores americanos. Epá são fantásticos.
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Rb
Tomar conta da banca angolana hem?
Pois o que me constou é que os portugueses que para lá vão "tomar conta da banca", tomam é conta dos esquemas.
Tipo contas ordenado abertas nas próprias agências onde trabalham e coisas assim, que em Portugal são proibidas. E sê-lo-iam, certamente, no tempo do colonialismo mau. Agora, com o colonialismo bom, já se topa bem para onde sopra o vento, de forma que é a todo o pano...
É isso que fazes por aí também? Qual é o esquema?
Explica aí como é o colonialismo bom.
Caro Ricardi
Para que a sua análise esteja acabada e, apara que não possamos dizer que nos está a jogar areia para os olhos, só nos falta apresentar a base socio-esconómica com que Salazar parte para chegar aos 7 %, o mesmo para Marcelo Caetano e para os democratas.
“Os gringos até escolas montaram aqui para colocar cá trabalhadores americanos. Epá são fantásticos.”
lol desculpe a risada lol
Carlos
Qual base. Aqueles números são o PIB per capita em comparação com outros países da europa. Compreende?
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No fundo é a evolução do país comparado com outros países. Porque só podemos dizer q fomos bem ou mal governados se tivermos termo de comparação.
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É verdade. Pensam nas coisas com seriedade os gringos. Levar trabalhadores especializados tem de haver escolas para os seus filhos.
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Rb
Desses esquemas de contas ordenado falsas deves perceber melhor do q eu. Não uso créditos nem penso com cerebro emprestado.
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Rb
“Qual base. Aqueles números são o PIB per capita em comparação com outros países da europa. Compreende?”
Não/sim. PIB é PIB e convergência é outra coisa.
Para se poder comparar o PIB português com o de outros países, temos de 1º achar o PIB português (e o dos outros países, claro), certo? E para acharmos esse PIB temos de ter pessoas, certo? Um dos factores que influência sobremaneira o PIB é a instrução das pessoas, certo? O nível de instrução das pessoas vai determinar um melhor ou pior PIB, certo? Era desta base que gostava que falasse.
Eu não percebo nada. Nunca fui a África nem conto lá ir tão cedo. Sou colonialista mau: daqueles que sem bandeira posta não colonizam nada.
E longe de mim querer ir sugar a riqueza dos povos africanos libertados depois de tanta luta contra a opressão portuguesa.
Nem sabia essas coisas até me contarem. Quem me contou foi um bancário da Caixa que lá foi em visita de estudo.
Portanto, o que depreendemos é que estás em África em missão de caridade cristã, não é assim?
«...o que depreendemos é que...»
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Já falamos por todos é?
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«... em missão cristã, não é assim?»
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Por missão islamica é que não estaria concerteza.
A missão é simples, lapidar e pragmatica: ganhar umas massas honestamente. E depois comprar uma ilha grega com elevação suficiente para plantar uma vinha de um tintol maravilhoso que só naquelas bandas se pode produzir.
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Rb
Todos os comentários acima foram escritos porque os autores desconhecen o preço da base das Lages: "Não haver descolonização para Portugal"
Não soubemos atempadamente criar a nossa Comonwealth. Paciência.
Mas os facistass não eram traidores da Pátria.
Abraço para todos
Ricciardi,
Farto de falsificações de números em democracia estamos nós.
Em 1974 Portugal estava dentro dos 20 países mais prósperos do mundo e o pib keynesiano à moda de Lains da Treta colocou-nos actualmente na 34 posição.
No tempo da outra senhora tinhamos a 5ª maior reserva de ouro do mundo, contas saudáveis, uma população em mobilidade social, emprego disponível para quem quisesse trabalhar dentro de uma componente orgânica mais próxima do bem comum do que os tempos democráticos.
Sobre África nem vale a pena tecer comentários, basta olhar para fotos da década de 50 ou 60 e comparar, é que nem em 2050 terão o mesmo nível de desenvolvimento como aquele que já tiveram.
Portugueses ficaram mais ricos durante o Estado Novo
Afinal, Salazar não era um lacaio da Igreja. Afinal, a integração europeia não começou com Soares. Estas e outras conclusões estão no terceiro capítulo do livro de Henrique Raposo, "História Politicamente Incorrecta de Portugal Contemporâneo", que o Dinheiro Vivo publica em exclusivo.
"A taxa de crescimento de Portugal durante os anos 2000 foi de 0,6%; nos anos 90 e 80, o país cresceu a 3,1% e 3,6% respetivamente; nos anos 70, cresceu a 4,9% e nos anos 60 a taxa atingiu 5,8%. Os anos 60 são, portanto, o período dourado da nossa economia e, apesar do caos pós-1974, os anos 70 também merecem destaque. Como é que isso foi possível? Em 1970, 1971 e 1972, Portugal conheceu taxas de crescimento chinesas: 8,47%, 10,49% e 10,38%. E estes picos de crescimento asiáticos também surgiram obviamente nos anos 60: 8,8% (1960), 10,53% (1962), 6,05% (1964), 9,41% (1965). Estas taxas de crescimento representaram um quarto de século de convergência em relação aos clubes dos mais ricos.
Entre 1961 e 1973, a média de crescimento dos países da OCDE foi de 5%; no mesmo período, Portugal cresceu a 6,9% [...] A percentagem da população beneficiada pelos diferentes regimes da segurança social passou de 13,3% (1960) para 27,5% (1970) e 37,4% (1974). Olhe-se, por exemplo, para os pensionistas: em 1960, existiam 119 586 (56 296 no regime geral e 63 290 na CGA); em 1970, os sistemas abrangiam 260 807 reformados e o número já estava nos 607 084 em 1973; no final deste processo, em 1974, existiam 780 399 pensionistas em Portugal (701 561 no regime geral e 78 838 na Caixa Geral de Aposentações). Terá havido até hoje uma expansão do Estado social tão rápida como esta? [...]
E aqui entra em jogo um facto curioso: entre 1975 e 1980, o ritmo de subida do número de consultas médicas baixou. Pior: o número de consultas entrou em queda na primeira metade da década de 80. Resultado? Em meados da década de 80, o número de consultas era quase idêntico ao número de consultas de meados da década de 70 [...] Se a linha do analfabetismo continuou a descer nos primeiros anos da democracia, o mesmo não se verificou na linha ascendente das conclusões do ensino secundário. Na segunda metade dos anos 70 e na primeira metade dos anos 80, a percentagem de população com liceu concluído desceu para os níveis do início dos anos 70 [...] Estes números dizem uma coisa muito simples: o Estado social depende da riqueza produzida pela sociedade e não de leis que procuram garantir juridicamente aquilo que não tem garantia jurídica possível. Seja qual for o regime político, uma sociedade só pode criar e manter um Estado social se gerar a riqueza necessária para o pagar.
As liberdades políticas, civis e religiosas, sim, podem ser defendidas juridicamente, porque não dependem de qualquer condição material. Mas os direitos sociais só podem ser defendidos através da criação de riqueza e da revitalização demográfica. Entre 1950 e 1973, o PIB per capita português convergiu em relação à Europa ocidental a uma média anual de 1,85%, mas, entre 1973 e 1986, a riqueza dos portugueses entrou em divergência (-0,49%). A divergência foi o sintoma da crise que assolou o país; uma crise provocada por causas externas que afetariam o país mesmo num cenário sem 25 de Abril (crise do petróleo) e por causas internas (o PREC e os seus efeitos) [...]
Como tem uma concepção exclusivamente material e económica da política e da democracia, a intelligentsia portuguesa assume, de imediato, que um intelectual que regista a boa performance económica do Estado Novo só pode estar interessado no branqueamento de Salazar. Convém perceber que estas febres progressistas nascem da deturpação dos conceitos de democracia e de legitimidade política, um problema que infecta o debate intelectual em Portugal [...] Estão aqui em causa dois erros da visão economicista que a esquerda tem da democracia: supõe-se que a democracia cria mais riqueza do que as ditaduras e, logo a seguir, afirma-se que a democracia é superior do ponto de vista moral, precisamente porque cria mais riqueza e protecção social. Por outras palavras, coloca-
se um princípio moral na dependência de uma variável económica.
Esta visão da democracia e da legitimidade política está errada, e até se torna perigosa em tempos de crise. Porquê? Se fosse levada até à conclusão lógica, esta mundividência progressista teria de retirar legitimidade a uma democracia em empobrecimento económico e social, e teria de dar legitimidade a uma ditadura em enriquecimento e em processo de construção de uma rede de proteção social. Como é que se anula esta falácia? Com uma declaração moral: o constitucionalismo liberal e democrático é um princípio moral que vale por si, logo a sua legitimidade não pode ser transformada numa mera dependência de variáveis económicas que muitas vezes não são controláveis pelos governos (ex.: demografia). A utilidade económica de um regime vai e vem, mas a legitimidade da democracia constitucional não vai nem vem: está sempre no mesmo sítio.
A democracia dos EUA não deixou de ser legítima por causa do empobrecimento dos anos 20 e 30. A democracia indiana de Nehru (anos 40 e 50) não deixou de ser legítima por causa das políticas socialistas que empobreceram ainda mais os indianos. E esta moralidade política também funciona no sentido inverso: apesar de ter enriquecido os chilenos com acertadas políticas económicas, Pinochet não foi um líder legítimo. Embora apresente taxas de crescimento maiores, a autoritária China não é mais legítima do que a democrática Índia [...] Da mesma forma, a ilegitimidade autoritária de Salazar e Marcelo não é atenuada pelo desempenho económico e social do Estado Novo. O regime de Salazar e Caetano será sempre ilegítimo, porque usou censura, polícia política, tortura e corrupção eleitoral. Para diminuir o Estado Novo não é necessário esconder a formidável evolução económica e social de 1930 a 1973. As críticas morais e políticas chegam e sobram para deslegitimar o salazarismo [...]."
“Pobre, o país não se desenvolveu com Salazar, prejudicando as gerações futuras.”
Esta é uma das grandes falácias da história económica portuguesa que, de tão repetida, acabou aceite como verdadeira, mesmo entre os comentadores mais moderados. É evidente que Portugal era um país bem mais pobre do que é hoje no tempo do Estado Novo. Assim como o resto do Mundo. Quando quisermos comparar níveis de riqueza entre períodos de tempo, o mais correcto é analisar a situação em termos relativos, ou seja, quão mais pobres éramos em relação aos restantes países e como evoluiu essa diferença. Pedro Lains tem dedicado bastante tempo ao estudo da evolução do PIB per capita português em relação às economias mais avançadas. O gráfico abaixo foi retirado do seu paper “Catching up to the European core: Portuguese economic growth 1910, 1990″ e ilustra a evolução do PIB per capita português em relação a nove economias avançadas (Alemanha, França, Reino Unido, Holanda, Itália, Noruega, Dinamarca, Suécia e Bélgica.
PIBpc
Como se pode verificar, o maior período de convergência (ou seja, enriquecimento relativo) no século XX aconteceu entre 1950 e 1973. Neste período, o país atingiu um PIB per capita equivalente a 60% das economias desenvolvidas, partindo de cerca de 38%. Nos anos 30 e 40, não existiu convergência, mas foi travado o percurso de divergência que vinha desde o início do século XIX. No século XX, existiu apenas um outro período, já em democracia em que a convergência foi tão forte: os anos seguintes à segunda intervenção do FMI e entrada na CEE. Essa convergência estagnou nos anos 90 e inverteu-se no século XXI (números ausentes do gráfico). Estamos hoje mais ou menos aos mesmos níveis em que estávamos em 1973 em relação às economias mais avançadas. A III República trouxe imensos benefícios, mas economicamente foi um fracasso, pelo menos até hoje (O IDH da ONU, que inclui indicadores de educação e esperança média de vida, conta uma história semelhante). O regime do Estado Novo pode ser acusado justamente de vários atentados à liberdade, é um regime politicamente indefensável, mas o que não pode ser acusado é de ter empobrecido o país.
by Carlos Guimarães Pinto
A convergência da entrada para a CEE é fictícia. Entrada massiva de fluxos monetários não produzidos pela nossa economia. betão e obras públicas a puxarem ao "oásis" dos serviços, e assassínio premeditado do aparelho produtivo. Estamos agora a pagar por ela, por essa pseuido-convergência galopante.
Sobre estatísticas, favor consultar a citação do dia, aí, na lateral deste blogue.
Sim, Vivendi, mas eu distingo no estado novo, claramente, dois regimes. O de Salazar e o de Marcelo Caetano. Embora se possa dizer que um é consequencia do outro, na verdade são duas formas de abordagem politico-economica muito diferentes.
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Mas tambem não mal-digo a obra de salazar por completo. Apenas digo que, se formos pragmaticos, é o periodo de menor crecimento percapita. Ainda assim pode haver outras explicações, como aquela que o Carlos acima aduziu. A pouca instrução/educação da populaça quando Salazar pegou no país.
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A bem dizer, só lhe critico mesmo fortemente a politica ultramarina. E já não é nada pouco. Porque foi aí que todos oa males advieram para Portugal.
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Um comentador acima anónimo diz bem e claramente. Não soubemos criar antecipadamente uma comonwhelth que pudesse proteger os bens e negócios das populações das ex-colonias. Paciencia. Já passou.
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Agora é pensar adiante.
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E pensar adiante no mundo de hoje é muito diferente dos tempos de salazar. É um mundo sacana e que roda a uma velocidade estonteante. A educação é a prioridade. Educação à séria. Podendo ir buscar alguns conceitos a Salazar, como as escolas industrias e ensinos profissionais.
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Rb
Eu não falo por todos, mas sigo o exemplo de Cristo, pelo menos nisto: os que não estiverem contra mim, estão comigo.
Em relação à honestidade: desde já os meus adeantados parabéns. Creio que, se for na conduta e acções o que é nas palavras, estás bem a caminho de receber uma ordem com-decorativa, ou até duas.
Não sei se as têm lá disponíveis aí, mas em Portugal são de sobejo. Então para malta honesta com trabalhinho feito em África são quase garantidas. A da Liberdade é certinha.
Não, realmente não "soubemos".
Foi uma pena. É que agora há tanto sabichão que sabe tanto mas já não há wealth para o common. Mas há a EU, em se distinguem no cúmulo da sabichanice.
Na altura, porém, deviam andar todos a aprender, porque nunca ninguém explicou é como criavam a dita coisa. Como e em quanto tempo a faziam. Como, em quanto tempo e com que garantias que tal coisa seria reconhecida pelo estrangeiro?
Eram mesmo burros os que "não souberam" porque nunca se viu isto detalhado em lado nenhum, pelo que só pode ser coisa óbvia...
Não me dê parabens assim pá.
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A Honestidade, bem como quase todas as virtudes e defeitos humanos, não são coisa de sim ou não, de preto ou branco.
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Ninguém é 100% honesto ou desonesto se isso entrar em conflito com outras virtudes ou defeitos.
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Rb
Se me perdoarem o abuso, mas até porque é relacionado com o tópico em discussão, deixava aqui uma citação e uma objecção.
Disse hoje o José da portadaloja isto: "O salazarismo mesmo com esse defeito de origem- o de cercear a liberdade em nome do bem comum - [...]"
Sugiro modestamente que não era defeito. Era condição 'sine qua non' para o sucesso do tal bem comum.
Ainda é, hoje em dia. (Alerta de heresia impensável na formatação imposta pelos nossos donos.)
O que é a liberdade?
Pois, que será...
De qualquer maneira acho que aí o José generaliza um pouco, eventualmente de propósito (só li por alto, vou ler melhor agora), mas é evidente que essa "liberdade" tem um sentido concreto bastante específico: liberdade de propaganda e de associação.
Ora, está bom de ver que hoje em dia qualquer uma continua, se não mais, igualmente cerceada. A única coisa que mudou foi o tipo de propaganda e os objectivos da associação que se proíbem.
Portanto, penso que o José não diz mal quando diz isso. Geralmente falando, é sempre melhor não se ser forçado a cercear nada.
Porém, o que o Euro2cent quer dizer, parece-me, é que o critério usado na altura é melhor que o de agora e, nisso, concordo.
Salazar foi um guardião da tradição e por consequência do bem comum. Tinha uma excelente formação clássica enquadrada numa aspiração humilde.
Uma vez no Eixo do Mal da SIC (uma edição especial) com vários convidados, um deles de repente sai-se num tom jocoso com esta, se Portugal tivesse mantido o estilo arquitectónico de antes do 25 de Abril, Portugal seria actualmente o destino turístico mais fabuloso de toda a Europa.
O tempo de Salazar foi um tempo onde existiu um Portugal genuíno, onde cada região e cantinho de Portugal tinha a sua especificidade, um modo de vida e uma construção orgânica inspirada nos valores da comunidade.
Muja,
A liberdade, desde a antiguidade, surge como contraponto doutro conceito: a necessidade.
É-se tanto mais livre quanto menos coagido se é. Coagido, no seu âmbito mais fundo, pela necessidade.
Dou-lhe um tópico: o que é que o coage mais: a necessidade de comer ou a necessidade de exprimir opiniões políticas, estéticas ou o que seja?
está a ver o território minado em que estamos a entrar?...
De resto, não é por acaso que o conceito originário de "liberdade" é estritamente divino: só os deuses são verdadeiramente livres, porque não estão sujeitos á necessidade.
Na política de Aristóteles, o "homem livre" surge já como contraponto ao escravo. Nesse sentido já filosófico, "livre" significa não ser ferramenta ou mero instrumento de outrém. Donde nasce a "autonomia" e a "deliberação" como objectivo e condição da liberdade.
Sem dúvida. Tem toda a lógica.
Aliás, já não é a primeira nem a segunda vez que me ocorre que as gerações que agora começam a trabalhar são menos livres do que os que andavam para aí dantes a vociferar os ventos da história.
Esses podiam estar no seu país, tranquilos com uma vida melhor ou pior, mas no básico que é considerado "qualidade de vida" em Portugal, não pior que hoje.
A diferença, porém, é que, como diz, a necessidade cerceia a liberdade de desfrutar dessa qualidade forçando-os a procurar o sustento noutro país.
Ou seja, a necessidade engendrada pela incompetência, mendicância e incúria dos vencedores de Abril, no nosso caso concreto, cerceia hoje a e as liberdades de todos os portugueses.
* forçando-os, naturalmente, aos que começam a trabalhar.
E facilmente se demonstraria a aplicação a escala mundial...
Porque a coacção económica é muito mais opressiva e eficaz que a coacção estritamente política.
Não faz sentido apregoar-se uma putativa liberdade política (que é apenas fictícia e inócua), quando a opressão económica é cada vez maior e, dito em bom português, totalitária.
Por estranho que pareça, para a maioria da população portuguesa, em termos absolutos, havia mais liberdade no tempo do Salazar que agora. E havia mais liberdade também por uma razão fundamental: o país, enquanto tal, era mais livre, mais autónomo e independente. No presente, as pessoas vivem submetidas a uma troika interna que, por sua vez, está submetida a uma troika externa que, por seu lado, está submetida sabe Deus a quê.
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