Um leitor não identificado, nem precisa, deixou-me aí abaixo um conjunto de questões pertinentes.
Vou tentar acudir-lhe na medida do possível.
Vamos por partes. Diz ele:
«O autor deste texto parece estar tão familiarizado com a teoria marxista, como aqueles a quem começou por lançar um aviso.
«De facto, as várias questões "essenciais" que colocou revelam, antes de mais, que não compreendeu o essencial do chamado materialismo histórico e dialéctico. Porquê? Porque são questões que só têm sentido se se parte do pressuposto dualista que opõe mente e matéria, teoria e prática, sujeito e objecto, propriedade e trabalho.»
- No mínimo há sempre, não direi oposição, mas contraposição. E (pré)disposição. O próprio Marx teve que tomar como objecto a história, a economia do seu tempo, vários pensamentos antes do seu, etc. A não ser que tenha agido por revelação divina (ao belo estilo mosaico, hipótese que não afasto liminarmente, as barbas proféticas até o indiciam, mas enfim...). Que ele depois diga que não, que fornicou mas permaneceu virgem, ou que não coisou, foi apenas a realidade a coisar-se na sensibilidade dele, também posso admitir, embora não louvando. Por outro lado, dialéctica significa o quê? Foi buscar a chavão a Hegel que o foi buscar onde? À história (Heraclito, Platão, Aristóteles, Plotino, essa malta), eventualmente. A dialéctica estava onde na materialidade aos saltos? Nos ventos, nas marés, nos astros, na natureza irrequieta, por aí fora, onde é que se colhia a dialéctica concreta? "Dialéctica", sem querer alongar-me na casuística, é um conceito. Os conceitos, como todos sabemos, provêm da árvore dos Conceitos (a mesma, quiçá, cuja maçã, por dentada imprevidente dum antepassado nosso, causou toda esta confusão). Mas o Hegel, coitado, ainda dizia o "espírito" (em processo épico de auto-conhecimento, parafraseando Plotino); porém o Marx, aproveitando não sei que embalagem, miniaturizou: os homens concretos e históricos, em processo de auto-libertação. As classes acabarão por desaparecer, graças à providência histórico-dialéctica. A esta redução do cosmos hegeliano a uma Liliput onde o mini-homem é determinado pelo que come e caga, é aquilo que, eventualmente, o caro leitor (e os marxistas) chamam pomposamente "superação". Ao contrário da superação Nietzschiana que aponta para um indivíduo superior, esta superação à la Marx (menos imune a Kant do que (se) julga) despeja para um colectivo animal que, no fim da revolução proletária, doravante patrão das leis naturais, ascenderá finalmente a humano. Porque é que tudo acontecerá fatalmente assim? Simples: determinismo histórico (e económico). Dialéctica de conveniência, da loja dos trezentos, dirão as más línguas. Qualquer semelhança entre o colectivo de Marx e a espécie para Kant não é pura coincidência. Atavismos germanoides, se calhar...
«Ora, o fundamental da teoria marxista consiste na superação destas oposições, com raízes históricas, sociais e materiais/económicas, e por isso mesmo se denomina de dialéctica, de histórica e de materialista. O que está em causa na teoria marxista (e antes também em Hegel) é a passagem de uma concepção abstracta do que são os homens para uma concepção concreta, isto é, para uma concepção dinâmica e histórica da realidade e que não se abstrai do contexto sócio-económico em que os homens se fazem, se relacionam e pensam.»
- Já ficou esclarecido atrás. Superação e água benta, cada qual toma a que quer... Falta talvez referir que a "concepção concreta" é sempre "abstracta" na medida em que consiste num conjunto de conceitos, lógicas e pressupostos sobre determinada realidade (seja ela objectiva ou não). E não é porque se diz "já chega de interpretar o mundo, impõe-se agora transformá-lo", que se fica automaticamente mais concreto que qualquer outra teoria ética ou método de acção. Que o cristianismo, por exemplo. Abaixo a metafísica! Morte ao idealismo para-físico!, também não é especialmente concreto. É apenas uma opção de vida. Por exemplo como dizia aquela cantadeira, Ágata ou lá o que era: "sou pimba, mas tenho um mercedes!" Lá está, a materialidade é que interessa; que se auto-copulem considerações idealistas ou estéticas. Ou como me dizia a mim, como já aqui atrás referi, aquele pato-bravo endinheirado á pressão: "dispenso filosofias". O Marx também dispensou a filosofia toda para trás dele (excepto as peçazinhas de lego que lhe convinham), mas isso não significa, nem obriga (pelo menos, onde não há gulags compelitivos) que a filosofia se dispense de analisar o marxismo. O próprio realismo Aristotélico (ou Tomás de Aquino, passe a redundância; ou uma série de medievais dos quais, se quiser, passo receita) não eram menos concretos que Marx; e o Escoto Erígena dá dez a zero no concretismo do Hegel. E se quer histórias a sério do senhor e do escravo, classe dominante e dominada, então vamos ao mais concreto de todos: Sade. Marx, por conseguinte, em matéria de concreto, inventou a pólvora; ou arrombou uma porta escancarada. Desculpe lá se eu não debito os manuais, mas tenha paciência, além de defeito é feitio.
- Muito bem referida esta parte. Não estou a ser irónico. Como, ergo cogito. Até porque mais que uma putativa constatação na realidade (que eu lhe desmonto em três tempo), isto elenca todo um programa de viagens. Destino? Vejamos na prática onde conduziu esta imposição da sociedade à consciência: purgas, gulags, hospitais psiquiátricos, etc. Repare, dispensa-se Deus, dispensa-se o espírito e dispensa-se a consciência - a lógica e o desenlace são óbvios. O colectivo concreto, de sentinela contra a abstracção retrógrada, desata a purificar-se dos indivíduos renitentes ao materialismo dialéctico e à história científica, ou seja, desata a dispensar uns quantos homens concretos. (Ah, mas já me esquecia, ainda não são homens: são apenas animais). Por outro lado, e nada despiciendo, esta subordinação da consciência ao colectivo social avançado gerou a fatal nemésis: os fascistas e os nazis sentiram-se não apenas no direito, mas no dever de conduzir os crentes comunistas a parques fechados de idêntica expiação colectiva.
«Frase esta que revela a tal inversão do idealismo absoluto hegeliano, que, se teve o mérito de mostrar a relatividade ou a historicidade dos pensamentos políticos, religiosos e filosóficos, não estabeleceu qualquer relação entre estes e os modos de produção que os acompanham ao longo do tempo ou história.»
- Não está apurado se Hegel mostrou, inventou ou imaginou a tal "relatividade" dos pensamentos políticos. Sem querer elencar dignos pensadores que se riram dele, apresento apenas o seguinte caso: o facto de haver relatividade entre alguns pensamentos políticos não implica necessariamente que haja em todos. Não é possivel, concretamente, apurar isso na história, porque a história política é uma falsificação da classe dominante, e o rol secular das formas e relações de produção não resiste às objecções de Hume à causalidade. Ou à moral daquela anedota de intuitos pedagógicos: um dia o galo, fazendo fé no seu historial da capoeira, está todo satisfeito que lhe vêm dar de comer e afinal vêm é cortar-lhe o pescoço. Ora, sabemos bem como entre as relações sociais e as pecuárias muitas vezes medeia um cabelo.
«Portanto, o essencial não está em o proletariado ser "melhor" ou mais "justo" que os capitalistas, pois o ser mais "justo" ou "melhor" quando especificados não deixam de ser conceitos ideológicos indesligáveis de um determinado modo de vida e existência social.»
- Essa objecção não colhe, embora eu perceba o seu ponto. No caso em questão eu coloco as questões que me interessam e que entendo colocar. A investigação é minha (argumento torpe de propriedade, eu sei), e verte sobre a praxis do marxismo. Mais que o pensamento de Marx, a questão que se demandava era a motivação e a persistência da crença nos nossos dias. O caro amigo, acha que a pergunta pelos valores éticos de uma teoria de acção não faz sentido, ou que em Marx não existe. Bem, eu entendo que não só existe, como atravessa todo o cenário. "Proletários de todo o mundo, uni-vos!", não é alucinação minha, pois não? Ou então, há fases de médico e de monstro: de dia o economista-político; à noite o propagandista sectário. Repare ainda na seguinte hipótese construtiva: por um qualquer milagres celeste, de repente todas as pessoas do mundo acordavam transformadas em pequeno-burgueses remediados (o sonho do nosso PCP, em suma)... a teoria Marxista ia para o desemprego. Portanto, existe sim a questão da "superioridade" proletária: porque no processo evolutivo histórico, eles são o estágio mais avançado. São, por assim dizer, a classe em estado interessante, fértil...
« Como mais tarde dirá Nietzsche (sob outro ângulo de análise) o ser bom para o pensamento grego (pré-platónico) identificava-se como o ser belo e forte, com valores aristocráticos, mas com a moral dos escravos cristã passou a identificar-se com a compaixão e o amor, o que revela a tal relatividade dos valores. Ora, no caso da teoria marxista o comunismo é melhor que o capitalismo por uma simples razão: porque, de acordo com a sua teorização da alienação, no comunismo os homens deixam de viver platónicamente em dois mundos, ou seja, dá-se uma identidade entre aquilo que os homens são e a forma com se concebem, e nessa medida deixa de existir oposição entre a praxis e a teoria, o sujeito e o objecto, etc, etc.»
- De Nietsche não percebo nada. Mas por causa dele não gostar nada da relatividade é que se propunha criar uns valores de categoria superior e mais duráveis. Não sei, ouvi dizer. Quanto a esse estado ideal do Fim dos Tempos marxista, sejamos concretos: enquanto não o virmos, em toda a sua pujança na materialidade concreta, não nos poderemos deslumbrar. Nem tão pouco aceitar (como séria) essa tal superioridade (quer dizer, superação) do comunismo sobre o capitalismo (escarro, cuspo e imprecação!). Por enquanto ainda estamos na revolução capitalista, e os marxistas estão poisados no parlamento. Quanto aos freudo-marxistas e outras beldades da escola de Frankfurt, estão ainda na ressaca do maio 68. Aguardemos que acordem. E se no comunismo, como assevera, "o que os homens são coincide com a forma como se concebem", isso significará, suspeito bem, que é banida a imaginação. O que, convenhamos, ultrapassa Platão a todo o galope, pois este só proscrevia os poetas da república. E fico para aqui a matutar como raio se instala num homem concreto um cinto de castidade contra a imaginação...
«Depois convém não esquecer que para Marx o fim da História não consiste num Estado governado por qualquer vanguarda ideológica, até porque isso seria a negação da sua teoria materialista que considera o Estado como uma objectivação dos interesses da classe que detém o poder. Por isso o fim da História só pode ser o fim do Estado, que reflectiria o fim das diferenças entre classes, o fim das oposições ao nivel das relações económicas.»
- Exactamente. É isso mesmo. Não esqueço e corroboro a sua óptima descrição da coisa. Essa é a parte idealista da teoria de Marx. Aquilo que eu taxei no postal de "utopia científica". Sem ofensa.
«E, nesta medida, a analogia feita entre um formigueiro ou uma colmeia e a sociedade marxista está mal feita, pois naqueles há sempre uma rainha para a qual trabalham as operárias (por assim dizer), o que até é mais parecido com a sociedade medieval ou feudal, constituida por um rei, senhores e servos da gleba.»
- Aqui, o meu caro amigo (como disse um excelente professor meu, em tempos e que saudades!) tresleu. Se voltar a ler com atenção, eu referi que a função do formigueiro (o tal colectivo) é construir o paraíso. E foi isso que constatámos na praxis concreta dos marxistas ao longo da dialéctica histórica dos últimos cento e tal anos. Primeiro, recua-se a formigueiro, que é para tomar balanço para a sociedade parangélica. Depois salta-se em bloco para o éden humano. Parece que não tomaram foi suficente balanço. É claro que a sociedade ideal marxista não é um formigueiro (como me diziam os jovens marxistas dos meus tempos de jovem anarca - "eh, pá: tu és anarca por princípio, nós só somos lá no fim!). Anarquistas platónicos, enfim. O caso é que o formigueiro (com o rainho - o feminismo é só pra exportação - e nomenklatura) foi apenas uma contingência concreta na história, uma contrariedade, um percalço, por assim dizer. Quanto à sociedade feudal, devo dizer-lhe que a prefiro em relação à capitalista. Como mantenho ainda uma costela anarca, aprecio a boa ordem. Para ter algo contra o qual me rebelar, paradoxalmente. No meio do caos e da balbúrdia, um gajo rebela-se contra quê? Agora são todos escravos. Já não há senhores. Só escravos: Uns de outros escravos ainda maiores que eles, e todos de coisas, nadas e maquinices. E do diabo que preside à metafísica.
«Enfim, o grande erro de análise do autor deste texto consiste em olhar para a teoria marxista como uma teoria que se opõe à prática e que não resulta no terreno, quando o que está subjacente na teoria de Marx é o contrário: a indissociabilidade da existência prática e do pensamento teórico.»
- Grandes erros é comigo. Nada de niquices ou nanufos. Não obstante, desculpar-me-á, mas eu estive sobremaneira a olhar para a praxis marxista e não tanto para a teroria (que referi mais como entrada do que como prato principal). E a teoria - infelizmente, dirá - tem manifestado uma concretização nada recomendável. A praxis tem andado a trair a teoria? Mas se, como o caro amigo nos garante, não há dissociabilidade entre a teoria e a prática, então a teoria ter-se-á andado a trair a si própria? Pode um onanista praticar adultério?
Deixo-o com mais esta questão essencial. Não leve a mal o tom pouco académico, mas nesta vida, e no estado a que isto chegou, se não levamos a coisa com um certo humor,. ainda nos desaba alguma dialéctica nos costados.
E nada a obstar à correcção da sua apresentação da teoria.
89 comentários:
ahahahahaha
Já avacalhaste o materialismo dialéctico todo.
"sou pimba, mas tenho um mercedes!"
":O))))))
«Ora, sabemos bem como entre as relações sociais e as pecuárias muitas vezes medeia um cabelo.»
ahahahah
És completamente maluco.
É nestas coisas que não há pai para ti
":O)))))
mais outra:
«São, por assim dizer, a classe em estado interessante, fértil...»
eeheheh Umas parideiras fabris
":O)))))
«É nestas coisas que não há pai para ti»
Isso, suponho, dispensa-me do complexo de édipo, não?...
:O|
Mas não tive nada a avacalhar. Só queres é espantar-me a clientela.
estive, chiça
ahahahahaha
Não quero nada.
Gostei muito de todas as passagens.
":O)))))
Mas, a brincar, tens razão que o Kant anda por lá, naquelas cenas do em si e para mim.
Ao terceiro salto és o que imaginas ser ":O))))
Basta um niquinho para o trabalho saber melhor que o ócio e prometê-lo no fim dos tempos
":O)))))
E o rainho
eehehhe que diabo é um rainho de formigueiro que nem se exporta
Completamente louco
":O))))))
Então não sabias que a receita do feminismo está no Marx (no Engels, mais propriamente, na "origem da Família, da propriedade e do coiso")?
Está lá, preto no branco. A mulher é a primeira grande explorada, a proletária do casamento...
Mas na secretaria-geral do partido, mulher não entra. Por isso, o formigueiro tem que ter um "rainho" (o feminismo não é para consumo interno)...
:O)
ehehehe
Mas no estádio primitivo do comunismo elas servem para a desbunda.
O gajo foi buscar isso aos milenaristas da Reforma.
O deboche é só para treinar. Depois a coisa supera-se e tudo sublimado no colectivo
Para tomar balanço, como dizes
aahahahahah
O Dragão quando cospe fogo... Sai é da frente.
Essa malta dos milenaristas conheço bem. São uns pãndegos. Tenho que postar sobre esses alucinados.
Eu até ia jurar que ele e o Engels foi mesmo a esses que foram piratear a panca comuna.
A guerra dos camponeses alemães. Aquilo era um milenarismo que começava na flagelação e purirficação e acabava em grandes prândios de mulherio e salsichas.
Aí e na gaiola em Munster, também
Salsichas na Quaresma, para chatear
ehehehehe
Como diz um amigo meu, agora célebre...não tenho estudos para isto.
Mas gostei de ler porque estimula o bestunto.
No outro dia percebi que a Filosofia pode ser tão interessante quanto a música se se souber escrever bem.
Li uma coisa de Heidegger sobre máquinas e fiquei fascinado com as ideias.
Pois, ó caro José, para alguns tresloucado, como eu por exemplo, a filosofia, mais que interessante, chega a ser apaixonante.
Embora os meus detractores, e provavelmente cobertos de razão, me inscrevam no classe dos violadores platónicos.
Mas se te caíu bem o Heiddeger, tens futuro para a coisa.
:O)
Pois obrigado, mas o meu futuro neste domínio já é passado, porque já não tenho tempo. Por isso é que o Heidegger me seduziu: por causa das máquinas e principalmente da do tempo que ainda não se inventou, mas há filmes que falam disso e eu gosto de ver.
Aliás, é o tema que prefiro.
Fascina-me como houve ( e há) gente que conseguiu aprender tantas coisas, falar tantas línguas e se tornarem eruditos sobre o que estudaram.
George Steiner, para citar um. Ou Umberto Eco para citar outro no domínio das ciências humanas.
O Borges...e se queres um filósofo que escreve estupendamente, sobre tudo e todos: o Cioran. Não vais concordar com nada, às vezes até te arrepias, mas aquilo é autêntica música.
Bem, bagagem filosofico-histórica tem v.exas de sobra. Conceitos bem arrumados que, quase sempre, tem apenas a ver com definições em torno de palavras.
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Em contrapartida (ninguém é perfeito) ficam-se na análise e centram-se na critica (uns contra os outros a ver quem usa o melhor caminho linguistico no labirinto); tenho para mim, que a analise e a critica, bem como o conhecimento do passado, podem ter uma utilidade não exclusivamente lúdica ou ego-centrada nos dotes de escrita, oratória etc.
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Um capitão deve ter o conhecimento do passado, mas sobretudo deve usa-lo para melhorar o futuro.
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Ora, é aqui que a porca torce o rabo. Entre dialéticas marxistas e outros queijandos afins anda um gajo desesperadamente farto.
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O Pedro Arroja, que andava às voltas (e andará) com o a analise do passado, quando chegou ao momento de o usar para descobrir um futuro melhor... parou.
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Deve ser defeito tuga. Não sei. Dizem que o passado aponta para o futuro. Esperam que o passado volte. Dizem que é importante estudar a vida e obra de Salazar porque ele aponta um caminho. Mas quando se lhes pergunta que caminho estará ele a apontar, calam-se. Replicar o passado é... passadismo.
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Usar o conhecimento do passado com uma ideia para o futuro parece-me bem, mas não há quem o faça. Ficam-se a lamentar e esperar sebastiões e salazares...
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Como Socrates (o grego) tambem eu não encontro virtude em ninguém que tenho vindo a ler. Consigo, oh Dragão, tive esperança. Não a perdi, mas ando desconfiado. Com tanto conhecimento, com tanta capacidade de relacionar os acontecimentos do passado, era bom que produzisse inovação. Vc consegue.
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É como nas artes. Ele há criticos das obras e analistas contundentes aos magotes. Mas o artista é o criador. É isso que o distingue dos outros.
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Rb
"Mas quando se lhes pergunta que caminho estará ele a apontar, calam-se."
Queria um líder? Um guia?
É por isso que estamos como estamos: as pessoas preferem que pensem por elas...
Quando se aponta alguém que merece ser lido, como Salazar, descarta-se logo porque outros disseram que é fascista ou pior...
O Soares Martinez que é um salazarista empedernido segundo julgo, anda a escrever no O Diabo sobre filósofos da Antiguidade. Numa meia página cita algumas passagens das suas obras. Certamente as que lhe interessam para provar um ponto de vista, mas interessante na mesma.
Esta semana, Aristóteles é o citado e algumas ideias estão igualmente nos postais daqui. Por exemplo a ideia de que o governante seja um bom homem e não um qualquer Pinto de Sousa.
Quem quer aprender, pode aprender se não estiver sempre á espera de confirmar o que julga saber.
Os pensamentos políticos de Borges não andam longe de Salazar.
A filosofia política de Jorge Luis Borges
"Para mí la democracia es un abuso de la estadística. Y además no creo que tenga ningún valor. ¿Usted cree que para resolver un problema matemático o estético hay que consultar a la mayoría de la gente? Yo diría que no; entonces ¿por qué suponer que la mayoría de la gente entiende de política? La verdad es que no entienden, y se dejan embaucar por una secta de sinvergüenzas, que por lo general son los políticos nacionales.
Estos señores que van desparramando su retrato, haciendo promesas, a veces amenazas, sobornando, en suma. Para mí ser político es uno de los oficios más tristes del ser humano. Esto no lo digo contra ningún político en particular. Digo en general, que una persona que trate de hacerse popular a todos parece singularmente no tener vergüenza. El político en sí no me inspira ningún respeto. Como político."
Sobre os políticos:
"Em primeiro lugar não são homens éticos; são homens que contraíram o hábito de mentir, o hábito de subornar, o hábito de sorrir o tempo todo, o hábito de agradar todo mundo, o hábito da popularidade... A profissão dos políticos é mentir. O caso de um rei é diferente, um rei recebe tal destino, e portanto lhe cabe cumpri-lo. O político não; o político deve fingir o tempo todo, deve sorrir, simular cortesia, deve submeter-se melancolicamente aos coquetéis, às cerimónias oficiais, aos feriados nacionais."
Borges
José, os passadistas é q vivem à espera de um querido líder. Eu não. O q pretendo é ler discussões acerca de ssistemas que os possam gerar com consistência.
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É importante ler o passado e os bons exemplos, mas é preciso abrir uma janela para que eles possam surgir naturalmente.
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Salazarismo é passado. Não é replicavel. A monarquia tradicional pode ser essa janela de oportunidade capaz de produzir salazares em todas as épocas.
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Rb
Mas, enfim, a maioria do pessoal leva invariavelmente a coisa para o bairrismo. Põe se à defesa como se lhes quisessem tirar o pão da boca.
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É o tribalismo. De forma q não se pode tocar em certos assuntos. É antipatriótico aafiançam. De um lado e do outro o pessoal cerceasse em clubes privados. Fetichismo. Um salazarista não está disponível para aceitar que morreu e com ele o regime ou sistema. Nem está disponível a perceber como se produzem mais salazares. É aquele e mais nenhum. Uma quasi religião.
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Do outro lado é a mesma coisa. Os anti fascismo anti salazarismo sonegam a realidade passada como forma de fazer desaparecer as figuras que não gostam
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Nenhum dos dois clãs, porém, pensa para além disso.
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E se há pessoas com boas ideias n se atrevem a pública las. Arriscam-se a ser enxuvalhados pelas duas tribos ao mesmo tempo.
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Rb
Rb
Tu só sabes ouvir-te a ti próprio.
Assim não aprendes nada.
Tens palas. Colocaste uma etiqueta no blogue do José e nem consegues entender o que lá se faz.
Que nada tem a ver com passadismo, ou salazarismo ou o raio de parta de chavões com que v.s vivem tão bem.
Qualquer pessoa com um mínimo de intelgência percebe que o José não tem tribo nem papagueia nada e muito menos procura gurus ou voltar ao passado.
O que ele faz é para ele. Para compreender aquilo que tu achas que é melhor que nunca seja comprreendido porque está morto.
Está morto, enterrado, sim. Mas não compreendido porque é um hiato histórico que atrapalha.
Se não fosses burro percebias que nenhum povo pode viver sem História.
Isso e outra coisa- não se cria nada sem deitar abaixo barreiras que impedem perceber-se a diacronia histórica.
Tu é que tens fé numa salvação com Portugal a nascer no 25 de Abril.
E com as pessoas a viverem de fantasmas criados a partir daí.
Tu repetes essas fantasmagorias.
Não as enchergas.
Tens medo. E depois dizes que os outros é que vivem em tribos e querem arregimentar gente.
És burro.
Aliás, o teu problema é mesmo seres burro a um ponto que atrapalha
ehehehe
És mesmo. Ás vezes dá vontade de rir as palermices que consegues dizer sem notares.
Por exemplo- a tal fuga de informação que dizes que é vendida por tipos do MP aos jornais.
Dizes que são mentiras fabricadas por agentes do MP que depois vendem essas patranhas aos jornais.
E que isso é muito grave porque é "fuga de infrmação".
Qualquer criança era capaz de perguntar para que é que um jornal andava a pagar historietas se as podia inventar à borla.
E qualquer criança era capaz de apontar a bruta falta de lógica que uma patranha não é nem nunca poderia ser "fuga de informação"
enxergas
Ahaha!
Aproveita, ó caridoso das Áfricas (quantos foram hoje?), a caridade alheia!
Por compaixão, por piedade de ti, ofendem os pobres animais de tiro, sujeitos a que apareça aí a peta ou outra qualquer a protestar os direitos ao bom nome das alimárias!
Eu, que aliás gosto muito de bichos, acho que tens é má fé e és aldrabão. És macaco, pronto (perdido por burro, perdido por toda a fauna).
Já te disseram muitas vezes qual é o caminho apontado - e seguido - por Salazar.
Mas tu não gostas de caminhos "passados". Queres tudo novo! Um "progressista" portanto.
Só que, Isto quando se quer sempre tudo novo, o mais das vezes sai asneira velha.
Quando dizes que se calaram quando perguntaste o caminho mentes. Mentes duplamente. Primeiro porque nunca perguntaste, e segundo porque, no essencial, estão-to sempre a mostrar.
Mas olha, quantos apadrinhas-te hoje? Quantos amparaste na senda do desenvolvimento? Quantos kwanzas chuveiraste pela imensa terra angolana quais sementes das quais florescerá o progresso daquele povo?
Nossa Senhora da Mixuca creio que terá vertido outra lágrima...
*apadrinhaste, obviamente. Mas também dá como está, porque ao apadrinhares os outros, apadrinhas-te a ti próprio. Ou assim...
Rb:
A arrogância do desconhecimento voluntário é o que me custa mais.
Quem já sabe tudo é porque nasceu ensinado, o que obviamente é uma impossibilidade física porque os neurónios não trazem toda a informação e metafísica porque nunca tal sucedeu com ninguém. Nem com Cristo que teve de passar pela Paixão.
Substrato é q nem vê-lo.
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Aproveitar bons exemplos para construir?
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Nada. É puro passadismo. Que também tem o seu lugar, vá.
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Deve ser defeito meu. Espero sempre q desenvolvam e peguem nas obras do passado para algo útil para o futuro. Mas não. Revivem o passado como se mso houvesse futuro.
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Salazar deve dar voltas no tumulo: que raio de fieis me foram cair no goto. Ele q tinha ideias próprias e inovava soluções vê-se agora a braços com uma tropa fandanga q não tem nada a apresentar q não seja o revivalismo. Parecem os fieis adoradores do che e do mao.
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Repito: tomando firme a ideia q Salazar era uma figura extraordinária q sistema pode garantir a produção regular, e não ocasial, de homens de excelência?
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Rb
É pá, porque é que não inventas tu o tal sistema novo?
Não te achas capaz?
e porque é que não procuras companhia entre iguais?
Tens o Vias de Facto ou os Ladrões de Bicicletas ou mesmo o Jugular em momentos de mais angústia.
Agora essa de andar a chagar as pessoas por não escreverem o que tu queres é que não se entende.
O José tem um arquivo fantástico. Tem gosto desde sempre por jornalismo. Tem questões que gosta de pensar.
Usa o blogue dele para isso.
Não é político. Se não encontras lá o que queres, procura outro mas não chateies porque a paciência tem limites e a estupidez também devia ter.
Fazes lembrar o bacano do Professor Denzil Dexter.
Esse também mandava "levantar o cuzinho do banco" e toca a fazer coisas novas.
Deixou-se disso e agora pára pelo Aspirina B
Não falei do José. Nem sabia q o José destes comentários era o José do porta da loja.
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Mania da perseguição ou espírito de clã?
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Rb
És muito burro, caraças. Falas do José, ele responde-te e depois dizes que não sabias que era ele
ehehehehe
Mas olha que também tenho saudades do Professor Denzil Dexter- só que queria do Dragoscópio o que descobriu que encontra no Valupateta.
É assim a vida
Se não queres e te maço muito, não respondas. Agora essa atitude de "espanta clientela" é coisa um bocado acriançada, oh zazie.
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Rb
Joses há muitos. Sabia lá q era o José da porta da loja. Não sabia. Mas tb é-me indiferente porque não escrevo a pensar nele.
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Rb
Vamos fazer uma coisa. Não me respondas. Se eu não me dirijo para ti e nao estou na tua casa porque raios tens de vir em defesa de outros q nem estava a pensar?
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É coisa estranha. Embora compreensível quando se quer muito agradar a alguém. É como aqueles funcionários q vem fazer queixa dos próprios colegas bajulando o chefe.
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Rb
O José tem um arquivo fantástico. Tem gosto desde sempre por jornalismo"
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Certamente. Não disse o contrario.
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Rb
Vai levar onde levam as galinhas.
Eu não preciso de agradar a ninguém.
Conheço o José aqui da net há uns 12 anos e sou amiga dele.
"É pá, porque é que não inventas tu o tal sistema novo?"
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Não tenho competência para isso. Mas tenho ideias. Faltam-me virtudes q alguns daqui tem em excesso. Apenas lamento q não façam bom uso dessas virtudes para inovar e pensar mais à frente.
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O Pedro Arroja é um bom exemplo e por isso gosto de o ler.
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Fazem falta pessoas assim. Se pegasse bagagem do passado, nas ideias e na sintese, do dragao ou no josé, respectivamente, e os coordenasse com o pedro daí sairia coisa boa.
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Rb
"Vai levar onde levam as galinhas."
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Esse teu fetiche por e esses lugares é espantoso.
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Brega.
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Rb
Em suma, parece-me que suscitar, em jeito provocatório é certo -cada um tem a sua forma de o fazer-, mais daqueles que escrevem em blogues é coisa boa e salutar. Não sei porque levas isso para a arruaça e brejeirice em defesa de uma alegada pertença de clã. Imagem de marca que granjeaste blogosfera afora.
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Até o Anónimo que acima escreveu acerca do Marxismo fê-lo com elegancia e compostura, independentemente do que ele disse, e respondes-te-lhe com arruaça e malcriadice. Até o dragão te corrigiu delicadamente a ver se compreendias essas atitudes. Dahhh
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Mas quem és tu para me dizeres onde e como escrever?
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Não gostas? Não compres.
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Quanto a noticias compradas, tu não percebes NADA deste mundo. Queres ensinar o padre nosso ao vigário?
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Um dos meus negócios é na área da comunicação social, oh moça. Sei bem como se fazem noticias. E o que me pedem para fazer ou para não dizer. Estás a brincar comigo, só pode.
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Noticias fabricadas e compradas é o que não falta. Mais, algumas em alegado segredo de justiça, nem são verdadeiras. Simulam noticias para despistar quem julgam poder estar envolvido. Para que relaxem a vigilia os suspeitos. Como pensas tu que o Garçon foi acusado? porque suscitava ilegalidades na procura de provas para suspeitos.
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Rb
Mas eu até compreendo isso. Na volta se fosse funcionário do MP fazia o mesmo. Para despistar passava informação falsa, juntamente com algumas verdades. Os jornais aproveitam porque querem vendas. Às vezes querem outras cenas que tem a ver com poder, concorrencia etc.
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Rb
Mas pronto. És um bocado totó. Uma totó bacaninha, mas totó.
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E não, não pretendo ter mais do que um Bobo por blogue. Já me chega o Muja para me divertir neste. Até é bom e competente na função, em abono da verdade.
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Rb
Pois é. Olha, esqueceste-te a história do pretinho de hoje.
O que te já não deve divertir tanto é falar do que fazes em África.
Dize lá, pagam-te em kwanzas como aos pretinhos a quem apadrinhas? Ou recebes dinheiro de branco?
Tens sempre a moral na boca, mas engasgas-te um bocado quando se trata da tua...
Dizes que os outros são bacanos, são bacanos, vais dando graxa, mas volta não volta revelaste.
Como essa cena do "chefe". Confundes respeito com subserviência, lá saberás porquê. Ou talvez nem saibas. Mas a forma como manifestas é venenosa, e isso é intenção porque só é venenoso quem quer.
Eu não me entendo com gente assim. Hipócritas, ainda por cima sarcásticos. E toscos. Por isso, de mim, só levas África, que é para que todos saibam que és branco e andas lá a mamar quando te puseres com merdas sobre quem não fez mais que defender, com justiça, aquilo que tinha o dever de defender e que até incluía estúpidos como a tua pessoa.
E caso não tenhas ainda reparado, o único bobo aqui és tu.
Falta o hífen que há bocado sobrava, mas também te não faz falta. Para quem é, bacalhau basta.
mas ele explicou muito bem pq falha o marxismo : a teoria opoe se a pratica !
graças a deus que eh so no marxismo q a teoria se opoe a pratica , na medicina , por exemplo , podia ser uma desgraça :)
aiii , afinal nao percebi nada . o marxismo eh lixado.
muja:
mandei-lhe um mail
Mujinha, diz-me por favor q és baixinho, do tipo anão. Não basta dizer bobeirices para ser um bom bobo. Os olhos tb comem e ficava a coisa perfeita se confirmares a imagem q tenho de ti.
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Ahhh e os dois dentinhos da frente salientes é um pormenor importante.
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Rb
"só levas África, que é para quee todos saibam que és branco e andas lá a mamar"
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Sou branco, loiro, olhos verdes, 1,93 de altura, magro, sem penca, 22 cm de altura quando estou deitado, e mamo todos dias uma cuca ou um grego tinto q mamo com prazer ou um douro.
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Rb
Não costumo dar infirmacoes e medidas a qualquer um, but hei, tu és o meu bobinho. Para ti digo tudo.
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Rb
Mais uma coisa Mujinha. A Nossa Senhora da Muxima não é a Nossa Senhora da Mixuca. Assim como tu não és Mijinha, mas sim Mujinha.
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É um bocado feio gozar com a Senhora. Mas cada um é como é. Se é porque pensas que Ela é representada com cor de pele preta, que te meterá urticária, fica descansado: a representação da Virgem é branquinha como a cal. Se isso for motivação para te retratares, pois então, fico à espera.
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Rb
Ninguém disse que o Marx teve uma revelação divina, nem que ignorou o pensamento e as filosofias anteriores. Pelo contrário, ele próprio reconhece que foi hegeliano e depois feuerbachiano. E, sim, o conceito de dialéctica está presente em muitos filósofos, mas é restringido ao domínio do pensar, sendo que com Marx se torna também naquilo que regula as relações sociais e materiais, isto é, as relações dos homens entre si e com o mundo. A dialéctica está, por isso, não nos ventos, nas marés ou astros (ainda que Engels tenha elaborado uma Dialéctica da Natureza), mas nas relações e no agir humanos expressos na existência social e histórica. Ora, dizer que o Marx miniaturizou o Hegel é fazer uma caricatura do que realmente aconteceu, porque ainda que aquilo que Hegel considera ser o Espírito (divino) do Mundo em processo histórico de auto-conhecimento e realização seja Deus, e depois em Feuerbach e Marx passe a ser "apenas" a humanidade como um todo e a sua História, a verdade é que esta "redução" já está implicita em Hegel quando este considera que Deus só se conhece a si mesmo através da consciência (e história) dos homens, que culmina na conceptualização filosófica e no sistema do próprio Hegel. Portanto, a evolução do tal Espírito/Consciência é, ao fim ao cabo, a evolução da consciência dos homens desde a animalidade até à consciência de si mesmos. Não me parece que Marx negue isto (ou não fosse ele um hegeliano de esquerda), e por isso não faz qualquer redução, mas, ao contrário, acrescenta à teoria de Hegel aquilo que lhe faltava: a relação disto tudo com os modos de produção, ou seja, com a existência material. E desta existência material faz parte o ser "determinado pelo que se come", ou melhor, pela fome, que como disse um marxista heterodoxo (Ernst Bloch) é a pulsão básica e primária que leva os homens a sonhar acordados (fome, essa, que ele não reduz ao seu aspecto físico, mas também não considera este uma questão menor ou irrelevante, já que isso é que seria uma redução grosseira).
Quanto à questão da consciência ser determinada pela existência social, você continua a incorrer no erro de análise de que tal expressão significa a eliminação da consciência, quando o que aquela estabelece é que o pensamento é indesligável da vida social. Porque, ao contrário do que disse a Thatcher, a sociedade, o "colectivo social", é uma coisa que existe, e não uma mera soma de indivíduos pensantes (ou coisas pensantes, como disse Descartes) que existem independentemente uns dos outros e do contexto social. Portanto, a expressão "como, ergo cogito" não passa de uma caricatura sua, que não é adequada para caracterizar a doutrina marxista: mais correcto seria dizer "socializei-me, ergo cogito". Referir que tal expressão conduziu, ou conduz, aos gulags, às purgas, etc, é o mesmo que dizer que a Boa Nova cristã conduziu às cruzadas, à Inquisição, etc, esquecendo-se o fundamental. Até porque, como disse o Dostoyevsky, "se Deus não existir tudo é permitido", o contrário também pode ser considerado válido se se aceita que Deus é um ser omnipotente e absolutamente livre, como defendiam os nominalistas da Idade Média. A respeito de Hume e da sua negação da causalidade necessária entre fenómenos, o que tem piada é que tal negação também se vira contra ele próprio, já que o que ele nos diz é que a associação que fazemos entre os fenómenos é DETERMINADA pelo hábito. O que, ironicamente, não deixa de ter algumas semelhanças com a ideia marxista de que a consciência (onde se inclui a associação de fenómenos) é determinada pela existência social (caracterizada por práticas económicas habituais).
(continua)
Depois, a propósito do Nietzsche, sim, é verdade que ele se propunha criar novos valores, mas tal projecto vem no seguimento do "seu" anúncio da morte de deus, da morte do absoluto, e nessa medida a sua defesa do perspectivismo, e a sua ideia de que "não há factos, só há interpretações", conduz ao relativismo (gostasse ele da coisa ou não).
Quanto à sua questão final é de facto uma questão importante, e é-se tentado a concluir que a praxis tem andado a trair a teoria. Só que verificando o que se passa na Coreia do Norte, por exemplo, a verdade é que tal regime está nos antípodas do que seria uma sociedade socialista, pois é um sistema que mais se assemelha a uma monarquia absoluta hereditária, onde o poder está concentrado numa só pessoa. Se o socialismo é, por definição, um sistema em que o poder é colectivo, então é evidente que o que resulta da unidade da teoria e prática nunca pode ser um regime desse género. Concordo que se pode acusar o Marx de ter ultrapassado os limites da sua teoria, na medida em que descreve (ou pensa) uma sociedade futura sem que se tenha verificado qualquer alteração estrutural nas relações e modos de produção, mas não me parece que regimes como os da Coreia do Norte ponham em causa essa mesma teoria.
Só para arreliar metaforicamente porque nem me atrevo a discutir Filosofia com quem percebe mais e estudou:
"não me parece que regimes como os da Coreia do Norte ponham em causa essa mesma teoria."
Ora parece que em todos os países nos quais se pôs em prática a praxis marxista, com as suas variantes personalizadas nos intérpretes do momento, sucedeu sempre a mesma coisa, ou seja, a instituição de um regime de tipo monárquico e com sucessor designado pelo monarca, por vezes na linha genealógica, como na Coreia do Norte, o que não deixa de ser um epifenómeno.
Na Rússia, Lenine fez a escola que se sabe e a seguir Estaline foi o mestre-escola do terror. Nos países de Leste, satelitizados, foi do mesmo modo, com destaque para a Roménia onde a Ceausesca se julgava a Mãe de todos os romenos, a viver no seu palácio de mordomias.
Em Cuba é o que se sabe...
Quando se divergiu de tal prática, como sucedeu com Gorbatcev, o regime caiu.
Conclusão: o marxismo, nas suas variantes, conduz sempre à tirania porque é a mesma é intrínseca à doutrina que o mesmo exala nos escritos.
Portanto, o regime da Coreia do Norte põe mesmo em causa essa teoria explicativa dos modos de produção, que encerra em si mesma a forma de superação das desigualdades que vai apontando ao longo dos séculos.
A teoria marxista não se ficou pelas análises porque quis ir mais além como o Buzz Lightyear...e de tal modo que me parece inextricável essa parte da outra.
Mas é um parece-me, não uma afirmação peremptória.
Quem separa as duas facetas, artificialmente, pretende colocar Marx no papel de Historiador. Ora nem isso será...
Claro, José.
E os motivos até são simples.
Ao contrário do que o sem nome disse, o marxismo preconiza uma moral de iluminados (aliás, vem daí) e esses iluminados tornam-se os apparatchiks.
O problema da carne para canhão também é um problema moral. Por isso é que ele andou por lá à procura do proetário ideal que não fosse o lumpen ou o pfahlburgerschaft.
Como é óbvio- nos tempos que correm- o que temos de marxismo está à vista- ou é de corte de cabelo à Kim Jong Un ou barbies à BE-
Destas:http://i19.photobucket.com/albums/b159/panotea/herois-da-revolucao-1.jpg
E assim não há classe dominante que trema
":OP
A fezada nas leis da estrutura económica, nessa tal que até consegue transformar bicho em gente, é a mesmíssima que têm os neotontos.
Não foram mais longe que o Descartes nem que os materialistas mecanicistas- é sempre a fezada na progressão do sistema económico e na mãozinha invisível a fazer de divina.
Vê-se também no que dá. Depois lembram-se dos espíritos animais e tal e coisa mas também ainda estão na fase cartesiana de não saberem como essa bicharada materialista se liga à pineal e insufla espírito social na coisa.
Aquilo é um milenarismo a sonhar com a pança cheia mas só para os líderes- para a inteligentzia que compreendeu a teoria e a vai ensinar à populaça.
Os restantes, tal como o anónimo citou, bem podem tentar sonhar de barriga vazia.
(Ele não citou assimm disse que a fome é que leva ao sonho, mas a realidade também estraga a patranha)
O Dragão até resumiu melhor essa superação que o anónimo diz que vem da fome e leva ao sonho.
Na prática é mesmo o "mini-homem que é determinado pelo que come e caga".
Ah, só por coisas que isto dos estudos amrxistas da Nova anda muito por baixo.
O Marx não inventou nada com essa cena da superação pela consciência do estádio sócio-político.
o Aristóteles já tinha explicado muito melhor a passagem de zoe a bios e do animal para a vida ao animal político.
Caro anónimo,
Que o homem era um animal social, entre outras coisas, já Aristóteles definira. Mas lá está, em ser um animal social, como se distingue de outros animais sociais, como as formigas ou as abelhas?
Volto a insistir, inúmeros pensadores cristãos apontam para uma praxis social e de realização terrena do bem, da justiiça, da fraternidade e até duma certa igualdade (perante Deus). O que não submetem é a consciência ao estrito social, porque há um referente supra-humano.
Se Marx, na senda de Feuerbach, como muito bem aponta, prescinde desse referencial superior, as consequências são independentes das intenções. Vossência dir-me-á que ele o pensou com a melhor das intenções, mas a experiência depois, invalidou-o. Ou aquilo não é passível de aplicar na realidade, ou quando se aplica não funciona como previsto. E este tem que ser o critério, porque estamos perante um pensador que se arroga e auto-reveste de "cientificidade". Quer dizer, que proclama "isto não é filosofia, não é religião: é ciência". É uma receita, se reparar bem, para conduzir o animal social à sua "humanidade", isto é, à soberania sobre as leis naturais. Então temos que julgá-lo na história. E temos o dever de fazê-lo porque já aconteceu imensa história.Vossência relembra-me a tese, mas não precisa. Eu conheço-a. E o que lhe faço, faço a todas: experimento-as, tento identificar vulnerabilidades e contradições. Se atentar bem, muito do que me refere está impregnado de contradição intrínseca, mas como se trata de Marx, pode sempre furtar-se ao castigo, disendo: "não é contradição, é dialéctica. É mesmo asssim."
Pois, mas não vale. Precisamente, por ter posto ovos no ninho do Hegel é que Marx padece dos mesmos males: é que há naquilo tudo muito artifício. A tentativa muito protestante do Hegel em remendar aquilo que Kant mandara ao fundo, não passa disso mesmo: hastear bandeira num mastro à deriva e arvorar-se capitão duma nau inafundável. Pois, inafundável não será, mas estamos apenas perante um náufrago delirante. E repare que não é apenas o Marx (até porque nunca poderemos esquecer em que é que o Lenine interferiu indelevelmente sobra a praxis marxista) que conduz a sítios feios: o Hegel está por detrás dos piores totalitarismos. Há perversões de Marx? Sem dúvida. A maior parte dos comunistas, se calhar, nem o conhecem, ou apenas tomam contacto com a vulgata. Há perversões de Nietzsche? Pois há. Há perversões de Hegel? Duvido muito. O Schopenhauer topou-o bem. E serve-lhe de perfeito contraponto.
Em suma, a questão essencial da consciência que coloco é que a consciência, em sendo uma determinação social, acaba necessariamente por dissolver a individualidade. Vossência obsta-me "mas ele não elimina a consciência"; pois, mas converte-a numa determinação do colectivo histórico, o que vai dar ao mesmo em termos de "consciência pessoal". E aqui reside o busílis: o proletário não é uma pessoa. Isto desembaraça-o bastante. O tal desembaraço para que o Dostoievski avisava.
eXistenz- a colectivização dos sonhos pela biotecnologia
":O)
"dizendo"
Errata:
onde está "inafundável" dever ler-se "afundável"
Ó Dragão, o hegelianismo ainda é mãe para muito disto mas já passou a madrasta para outras coisas.
Estou a lembrar-me do darwinismo dos ossinhos- sempre que encontram um lá inventam mais uma espécie hominídea para arrumarem no cacifo.
A coisa fica mais madrasta para a variante psicanalítica- os traumas e patologias, cientificamente iguais para todos, andam mal vistos.
Deve ser o tal problema das margens ocuparem os centros e o mundo-às-avessas fazer a vez de nova ordem.
E lá vem outra vez a ideia das máquinas que pensou ter lido sobre o Heidegger~.
Tenho que ler. Tenho que ler, como dizia a personagem de Lewis Carroll. Humpty Dumpy?
I´m late, i´m late.
Ou o Coelho? Acho que era mesmo o Coelho.
Era o coelho.
São coisas cada vez mais in porque os fósseis também estão de volta.
Os fósseis por natureza voltam sempre porque vivem no âmbar. Só desaparecem se forem expostos ao ar puro.
Como vivem em atmosferas viciadas pouco haverá a fazer para além de lhes insuflar algum oxigénio a fim de os exterminar como às térmitas.
O mais estranho é que se reproduzem
":O)))))
Cissiparidade.
São como as bactérias. E por isso carecem do devido antibiótico.
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