domingo, fevereiro 01, 2015

Insectodromo esfuziante




Dizia Aristóteles que não é forçoso que o bom governado seja um bom homem; mas o bom governante tem que ser necessariamente um bom homem.

Penso que devia ser esta uma regra básica da política. E acabar de vez com todo este maquiavelismo de vão de escada, onde o lema campeão é "os fins justificam os meios". Este mandamento geral resulta da ausência de princípios e redunda na falsificação de fins: os meios empregam-se com a exclusivo finalidade de ter mais meios. pelo que, em boa verdade, a ausência de princípios descamba na mera proliferação de meios, que passam a transformar-se em princípio e fim de si mesmos. Ou seja, o instrumento torna-se sobre-humano; o homem degrada-se a servidor do  instrumento.  Aquele que outrora poderia ser perspectivado como um meio para a felicidade e realização humanas, arroga-se doravante como a própria felicidade e a própria realização do homem. Daí à idolatria do meio e às múltiplas superstições subsidiárias vai um instante.
Como  o estatuto de superioridade (de triunfo, de sucesso, de preferência ôntica) se resume assim ao ter mais meios, sobretudo económicos, a moral daqui resultante reduz-se a um estrito e rasteiro materialismo contabilístico, tão tecnoeficiente quanto auto-suficiente. Quem tem mais meios (seja pessoa ou Estado) estipula os fins e escolhe os princípios que, no momento, mais lhe convém.. E que coincidem simplesmente em ampliar os meios que possui, se possível diminuindo os dos outros em geral, mas sobretudo daqueles que de algum modo lhe poderiam mover algum tipo de competição. Visto do espaço, a alienígenas inteligentes, este planeta parecerá assim, decerto, tanto quanto um sítio mal frequentado, um parque do absurdo e da saga auto-destrutiva. Onde chafurda uma espécie particularmente agressiva cujo progresso mais evidente, ao longo de trinta séculos, se manifesta e atesta na contabilidade fria e arrepiante dum macabro fenómeno: o genocídio.
Como se num universo destituído de princípios e amputado de genuínos fins, os meios não servissem à Vida, mas todos, os meios e os seus servos humanos, apenas servissem a Morte.
Efectivamente, estamos a competir com quem e para quê? Com os insectos?...E para insectos?...


1 comentário:

Ricciardi disse...

Lindo menino. Continue assim a portar-se bem. Senão leva tau tau, já sabe.
.
Rb