quinta-feira, janeiro 29, 2015

Ausch-Ritz?

«Parlamento aprova nacionalidade portuguesa para judeus sefarditas de origem portuguesa».


Afinal temos um governo que tem, ao menos, uma qualidade: parece um sketch de Monty Python. Este desarrincanço é, todo ele, um programa. Deixem que proceda a um conjunto de pequenas interrogativas óbvias..

1. Para que diabo quereriam os judeus sefarditas ser portugueses? Quando uma grande quantidade de portugueses, a grande maioria, gostaria de ser outra coisa qualquer, e uma pequena minoria ruidosa de israelótras untuosos e gananciosos adoraria ser judeu sefardita, está-se mesmo a ver o interessse que esta parvónia degradada e falida tem para os judeus sefarditas de Sabe-se-lá-Onde!... (Mais ridículo ainda: se elespodem ser israelitas, porque lhes interessaria serem portugueses?...)

2. Como é que vão detectar, com rigor, o "descendente do judeus sefardita de há 500 anos"? Vão vender rifas? Uma tômbula especial, semi-kosher? (Sim, porque sefardita não é askenazi, não é bem a casta superior, dizem) Não, esperem, é por hemoanálise subtil, num alambique inefável adaptado a máquina do tempo? Nasometria? Probosciência cabalística?

3. Com os problemas que estão com os vistos-gold, em desespero, estas bestas desgovernantes decidiram sobrevoar burocracias e ir logo directo à "atribuição sumária de nacionalidade"?... Basta que os putativos sefarditas demonstrem, presumo, que são ricos e dispostos a trazer o carcanhol para Portugal (como se consegue fazer parecer obsceno o próprio nome desta infeliz terra...) Fazem, exactamente, os hebraicos, como no tempo de El Rei D.João II, quando vieram fugidos de Espanha: pagam a bom peso o direito de entrada e residência. Ah, afinal deve ser esse o teste infalível: sefardita pobre não descende dos nossos queridos sefarditas de Quinhentos. É o neo-simplex em todo o seu esplendor.

4. Com a carga de taxas, impostos, corveias e execuções sumárias com que os desvalidos indígenas desta terra são oprimidos e triturados, está-se mesmo a ver alguém ansioso de ingressar num tal parque de suplícios, flagelos e torturas. Os judeus podem até ser sefarditas, mas não são parvos, nem malucos e, muito menos, masoquistas compulsivos. 

5. Vão garantir-lhes privilégios e isenções especiais, prioridades nos serviços públicos, passagens e sobrevoos administrativos, subsídios múltiplos e variados? Ah, vão portanto fazer companhia à restante ciganagem, podemos depreender... Numa espécie de recriação, agora benigna, turística e compensatória, dos Auschwitzs do século passado?... Por conseguinte, um autêntico Ausch-Ritz, se bem entendo. Óptimo. Catita. Assim como assim, já estamos habituados... E agora que somos colónia alemã, nada como arcar também, por delegação, anexo e tarefa, com a grande e sempiterna dívida deles. E com juros mais altos que é por causa dos retroactivos, deslocálias e moras. Até porque se por crimes com 50 anos são as indemnizações que se sabe, imaginem-se agora prejuízos com 500!... E o Rei não representava o estado naquela altura? Isto vai custar, não direi os olhos da cara ao contribuinte (porque esses já estão mais que penhorados e arrestados), mas seguramente o olho que resta.

PS: Todavia, reparem, confrades e conterrâneos, como temos o melhor dos governos e a mais sublime das oposições! - Não havendo já reais problemas nem carências  dignas de nota ou registo entre a maioria esmagada da população, a oposição entretem-se com os gays e o governo combate o tédio correndo em socorro, afago e amnistia dos sefarditas do século XVI!... Puta de sina, a nossa, irmãos!...


6 comentários:

Vivendi disse...

Dá-se a nacionalidade e eles sobem os muros.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=4368857

E parafraseando aquele que agora vive enfiado entre muros:

Porreiro pá.

Ricciardi disse...

Quinhentos anos é como, hummm, meio dia que passa aos nossos olhos.
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Olhe, é o tempo que a familia Dragão levaria a produzir, digamos, seis ou sete ovos. Se durar cem aninhos cada um bastam 5 ovinhos.
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O que se pretende agora é que o quinto ovinho obtenha a nacionalidade perdida pelos 2º e 3º e 4º ovinhos que foram forçados a partir para além mares nuns casos e ali mais para norte noutros casos.
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O que tem sido normal é que os filhos dos primeiros ovinhos ganhem nacionalidade. Os filhos e os filhos dos filhos dos emigrantes. Por exemplo, os filhos dos filhos da sô dona Antónia e do sr. Bernardino que emigraram para o Brasil em 1800 tem descendência nascida no Brasil, mas todos os ovinhos requereram e obtiveram nacionalidade Portuguesa.
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Conheci recentemente (nas festarola de passagem de ano) um desses ovinhos eclodidos no Brasil que ia trabalhar para Marbella como músico. Sortudo. A tia da tia da tia era de Famalicão, afiançou-me. Ia visita-la que não a conhecia. Eu pensei que vc tinha bigodji cara, disse-me. Nãa meu, bigode tinha a tua avó, respondi-lhe.
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A sô dona Antónia e o sr. Bernardino começaram por produzir café no Brasil e depois investiram na Argentina nas carnes e numas lojas de tecidos de algodão. Um dos filhos, não sei se o 2º ou 3º ovinho, espante-se, resolveu instalar-se em Portugal. Dava-se mal com os ares do Brasil por questões de saúde. Era Engenheiro. Foi ele que construiu a Ponte de Entre-os-Rios que entretanto colapsou.
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Tudo isto está devidamente documentado num livro de familia. E vc pergunta: bolas, como vamos saber que quem eclodiu o primeiro ovinho eram portugueses?
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É simples:
- A avó tinha bigode.
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Rb

zazie disse...

Subserviência imbecil em último grau.

O racismo só é problema se for "nazi".

Quanto ao "se não estão bem, mudem-se" também só se aplica aos outros.

Defendem a expulsão de islâmicos que "não se integram", mas acham que todo o mundo lhes deve se fizer o mesmo.

Os juros são como dizes.

lusitânea disse...

Repare-se que até estão a criar o ambiente de quando foram expulsos os judeus por não se quererem converter.Temos no go zones de legítimos portugueses coloridos, portagens em tudo o que é estrada e ponte e estacionamento automóvel.Vamos ter muros altos em muito lugar.Pelos vistos o fisco é que anda necessitado de especialistas...

lusitânea disse...

E cereja em cima do bolo os eleitos vindos de fora com ideias de fora que o indigenato só tem que ir ficando mais escurinho...

Ricciardi disse...

«Até porque se por crimes com 50 anos são as indemnizações que se sabe, imaginem-se agora prejuízos com 500!»
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Bem, uma indeminização não era nada mal pensado. Mas já deve ter caducado esse elementar direito.
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Já nem falo em indeminização pelos bens sonegados, nem pelas deportações de criancinhas para São Tomé. Isso é coisa de somenos importância. A vida de um judeu ou a de um cigano tem o valor em forma de direitos de entrada e barreiras alfandegárias à saída. Como o gado.
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Mas uma indeminização pelos direitos de passagem dos espanhois em debandada pagos ao Rei portugues era coisa bem metida. Com juros de 500 anos podia perfeitamente dar direito a ficar com as canárias ou com ibiza, que tem muitos Ritzs.
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Eu como sou mais comedido e não vejo para além de 50 anos apenas pugno por indeminização por factos ocorridos no 25 de Abril quando tambem expulsaram e despojaram algumas pessoas. Desta vez sem distinção racial.
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Ora, por factos ocorridos há 5º ovinhos de gerações passadas é coisa dificil de restituir ou repôr. Isto apesar de haver listinha dos direitos de entrada pagos e recebidos. Listinha precisa e acutilante. Embora um bocado velha e gasta.
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De qualquer forma, estes bandalhos não vão dar indeminização alguma. Nada disso. Vão dar um papel a reconhecer a nacionalidade à descendência.
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Se russos, chineses, angolanos podem ter um papel dourado se tiverem muito dinheiro, já no caso em apreço não precisam de dinheiro algum.
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Porque é que haveriam de gastar dinheiro?

Só se não fossem judeus.
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Rb