Tenho para aqui um livro, que já adquiri e li há uns anitos, com um título deveras sugestivo:
"The neoconservative revolution".
Reparem como o "neoconismo" e a palavra "revolução" aparecem de mão dada. E faz todo o sentido. Assim como seria de todo descabido tentar conciliar o conceito "conservador" e "revolucionário", já "neoconas e revolucionário só espantará ou estranhará ao incauto.
Entretanto, se o título já brada, o subtítulo, então, é ainda mais deslumbrante:
«Jewish intellectuals and the shaping of public policy».
O autor é um sujeito chamado Murray Friedman, judeu daqueles muito vaidosos e ciosos da sua supremacia racial. O assunto é a tomada de assalto da política externa americana por um grupo de agitprop, que se vem reproduzindo (literalmente), proliferando e revezando, desde um mútuo background comunista/trotskista nos anos 30/40 até aos dias de hoje.
O livro constitui um encómio entusiasta a estes bravos e sagazes propagandistas que contribuiram em quantidade nada desprezível para o actual "estado de coisas". Ou de como o neoconismo não significa senão, de facto, um neotrotskismo, onde o conceito de revolução permanente deu lugar ao lema da guerra permanente.
É desta prendada obra que passarei a postar alguns trechos mais emocionantes.
De resto, o livro pode ser lido ou consultado online AQUI. Recomendo-o vivavemnte. Uma óptima - e instrutiva - leitura de verão.
18 comentários:
Ora muito obrigada.
Uma coisa que sempre me intrigou foi a ligação desses intelectuais judeus ao movimento de arte moderna americana (em particular a action painting).
Mas são judeus intelectuais de esquerda- o Harold Rosenberg e o Clement Greenberg, ao mesmo tempo ligados à revista Partisan.
Não sei como daqui se dividem e depois desenvolvem-se os Internacionais situacionistas e os neocons.
Não sei qual a ligação aos lobbies dos museus. é isso. Porque o valor das obras de arte foi todo alterado a partir daqui. E foram eles que começaram com as grandes colecções de arte e museus, como o Guggenheim
O livro é excelente em matéria de "genealogias". O tipo é exaustivo nessa matéria e leva a exibição ao nível da endogamia infestante (a par com a típica exogamia de conveniência, nunca esquecendo).
Sobre essa questão singular que colocas, faz imenso sentido. Como sabes, os tipos auferem do "Toque de Midas" à avessas: tudo aquilo onde metem a pata transformam em merda (caso flagrante da arte), que depois têm o especial condão de vender ao preço do ouro.
«"Commentary" often published articles similar to those appeared in the "Partisan Review" wich had "rejected Jewishness as a central defining feature". When the youthful Podhoretz asked Cohen about this, the editor offered a ready explanation. The principal diference between the two magazines, he said, was that "we admit to being a jewish magazine and they don't"»
- pp 38
Ehehe.
Pois eu estou mais interessado em
desde um mútuo background comunista/trotskista nos anos 30/40 até aos dias de hoje.
Oo de como o neoconsismo não significa senão, de facto, um neotrotskismo, onde o conceito de revolução permanente deu lugar ao lema da guerra permanente.
Isso vê-se lá na "obra"? É necessário saber-se filosofia para se perceber? ;)
É que o resto acerca da política externa, nada que se não saiba já. Este livro não só explica como tem lá as referências todas das notícias, etc:
http://www.amazon.co.uk/The-Israel-Lobby-Foreign-Policy/dp/0141031239/ref=sr_1_sc_1?ie=UTF8&qid=1344518764&sr=8-1-spell
Como os tipos são judeus, levaram com o meu epíteto preferido: "self-hating jew". Ahahah
V. diz que pode ser lido lá na morada, mas eu não vejo como. Só consigo ver extractos...
Os seus conhecimentos de filosofia são mais do que suficientes para o efeito. E a obra não apenas o manifesta: assume-o.
É claro que os gajos, como de costume, tentam dissimular através do seu ardil atávico: o chamado método do cuco. É por isso que colocam o seu ovo no ninho "conservador".
É que da mesma forma que os "liberal jews" são pseudo-liberais, os "conservative jews" (ou neoconservadores) têm tanto de conservador como eu tenho de judeu.
É chamemos-lhe assim, um assalto pelas duas vertentes. Um tandem, mais que um antagonismo genuíno.
Bom, ok.
Mas continuo sem conseguir dar com ele lá no sítio indicado.
Não faz mal de qualquer forma porque também só o ia ler daqui a uns tempos. Ando ocupado com a História da Filosofia Ocidental do Russell. (aconselha, já agora?)
Como vê, decidir seguir os conselhos seus e da Zazie. ;)
sugestões, vá...
Sobre a Filosofia...
Filosofia é uma coisa; História da Filosofia é outra bem diversa. Digamos que a primeira é um exercício do intelecto activo; e a segunda um simples objecto do intelecto passivo.
Dito doutro modo: a filosofia é intemporal e intempestiva (no fundo é a forma mais elevada de amor); a história da filosofia, como todas as histórias, cumpre datas, calendários e, quase sempre, receituários.
Mas a história da filosofia é importante: desde que norteada por uma motivação filosófia, isto é, desde que "consultada" por alguém dotado de intelecto activo, que é como quem diz, de inteligência (e não apenas da tal "razão").
Ora, eu acho que no seu caso, essa inteligência existe. Portanto, o mais difícil já tem. Quanto à "História", a do Russell é a do Russell - reflecte as lacunas e as manias (que são muitas) deste. Lê-se bem, o que já não é mau. Não diz só asneiras, o que, dado o anglocapto em questão, já é quase um milagre. Mas todas estas súmulas sintéticas são assim. Digestivos para o reader; facilitadores da digestão intelectiva.
A única história da filosofia que eu lhe recomendaria é aquela que eu próprio uso: a leitura dos filósofos. Daí cheguei a uma história da filosofia, que é a minha. Você também tem que procurar fazer a sua. E não entregar-se apenas à preguiça dos digestivos para a digestão fácil.
Tudo o que é fast não presta.
Quer uma sugestão sincera? Não perca muito tempo com "histórias da filosofia". Até porque, eventualmente, comprreenderá muito melhor certos problemas e questões com "histórias das ciências" - como, por exemplo, a "História da Ciência" (Augustine to Galileo, no original inglês) do A.C. Crombie ou a "História das Teorias Biológicas", do Radl.
Curiosamente, a única "história da filosofia" de jeito que foi escrita até hoje debruça-se sobre esse período tenebroso em que é suposto, segundo os "iluministas" não ter havido filosofia: a Idade Média. E é a "Filosofia na Idade Média", do E. Gilson.
:O))
Sobre o tal link foi erro meu. É preciso estar registado para ler o PDF do texto integral.
Mas entretanto, pode ler on line uma recensão crítica, donde retiro este trecho que julgo avivar-lhe ainda mais o apetite:
«The term “neoconservative” was coined by socialist Michael Harrington as
a derisive term for leftists and liberals who were migrating rightward. Many
of the fi rst generation neoconservatives were originally liberal Democrats, or
even socialists and Marxists, often Trotskyites. Most originated in New York,
and most were Jews. They drifted to the right in the 1960s and 1970s as the
Democratic Party moved to the anti-war McGovernite left.
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The Jewish nature of the neoconservatives is quite obvious. Those individuals who became neoconservatives were perceptive enough to see that in
the 1960s liberals and the left were identifying with issues—group quotas,
anti-Americanism, Third World causes—that were apt to be harmful to the
collective interest of Jewry.
When they fi rst emerged in the early 1970s, the neoconservatives worked
primarily through the Democratic Party—they sought to combat the leftist
orientation that had enabled George McGovern to become the Democratic
presidential standard bearer in 1972. McGovernites were not simply opposed
to American military involvement in Vietnam, they were opposed also to the
continuation of the Cold War with its global opposition to Communism and its
concomitant huge military spending. The military retrenchment they sought,
however, would have had negative repercussions for Israel, dependent as it was
on American military assistance, and especially since it was targeted as an ideological enemy by the Communist countries and the world left. “Increasingly,”
Friedman maintains, “neocons came to believe that the Jewish state’s ability to
survive—indeed, the Jewish community’s will to survive—was dependent on
American military strength and its challenge to the Soviet Union, the primary
backer of Arab countries in the Middle East.”
- in THE LEGACY OF THE TROTSKYITE RIGHT
link: http://www.toqonline.com/archives/v6n2/SneigoskiTOQV6N2.pdf
Muito interessante, de facto!
É curioso até porque estou precisamente a ler a parte do Judaísmo no Russell, e há sem dúvida aqui uma ideia comum.
Quanto ao Russell, compreendo tudo o que diz. Não estou à espera de ficar a saber filosofia depois de o ler.
Mas, como já tivemos oportunidade de discutir, a minha formação em filosofia é bastante deficiente pelo que necessito de um mapa, digamos, para ter noção do que existe. Ou melhor, de ter uma noção do encadeamento histórico e situar cada personagem no seu tempo.
E como foi a primeira coisa que me apareceu minimamente capaz e suficientemente abrangente, comecei por aí. Quando terminar, logo vejo então em qual dos personagens é que pego.
Quanto ao mais, estou já adequadamente vacinado...
Obrigadinha pelas referências! Vou anotar.
E esta ligação vai lá?
http://www.toqonline.com/archives/v6n2/SneigoskiTOQV6N2.pdf
Carlos
Pois é isso mesmo, Dragão.
Aqui que ninguém nos ouve, eu também penso que houve demasiado "modernismo" inventado por motivos desse género e para porem a render as colecções privadas que tinham.
Carlos,
Tente assim:
http://www.toqonline.com/archives/v6n2/SneigoskiTOQV6N2.pdf
Mas não vai ter ao livro, vai ter a uma recensão do mesmo.
Lol
Já tinha reparado...
Carlos
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