Segundo o Despacho Nº 13 299/2006 (2ª Série) do Diário da República, (acabo de saber pelo caro José da Grande Loja, que soube, afirma ele, pelo "Público"), a licenciada Vera Ritta Branco de Sampaio foi nomeada para o esotérico cargo de "adjunta do Gabinete Dele", do Ministro da Presidência, um tal de Manuel Pedro Cunha da Silva Pereira.
Poderá haver quem se interrogue sobre os critérios para uma tal escolha, selecção, nomeação, compadrio, ou lá o que seja. Esse, aproveito desde já para esclarecer, não é o meu caso. Ainda me chamavam invejoso, populista ou anti-semita. Não senhor, para mim não tem espinhas: o gabinete é dele e ele, o tal Silva Pereira da Cunha, mete lá quem muito bem entende, lhe apraz, ou lhe mandam. Se o Gabinete fosse meu, eu fazia o mesmo: metia lá quem muito bem me apetecesse. O critério dele não sei qual foi (posso tentar adivinhar mais daqui a nada); já o meu seria límpido e cristalino. Quem me conhece sabe que não sou de arranjinhos, culinárias e, ainda menos, seitas, partidos ou capelinhas. Consigo até antecipar, para o efeito, o teor do meu preclaro, douto e, sobretudo, independente despacho em Diário da República: "Nos termos do blá-blá-blá frito-e-cozido, nomeio para exercer as funções de adjunta para o Fellatio e Massagens no Meu Gabinete, a Sónia Vanessa e a prima dela, que não me recorda agora o nome, mas tem um par de mamas deveras inspirador, amigo do ambiente e é boa rapariga."
Era um critério sexista e imoral, o meu critério? E vós sois uns sonsos beatolas do caralho, uns elitistas da merda! (Nada, enfim, que me espante, mas que a vós, ó escumalha perita em armar ao pingarelho, sempre vos devia envergonhar). A Sónia Vanessa e a prima dela, excelente moçoila, achariam um critério excelente. Os respectivos familiares e amigos, idem aspas. E eu, escusado será reforçar, considerá-lo-ia um critério soberano, inatacável, transparente. As pessoas na rua -o tal povo que é suposto ser o soberano desta república, lembram-se?- ao vê-la passar, à Sónia Vanessa, com aquele corpinho donairoso que Deus lhe deu, murmurariam, entre maravilhadas e divertidas: "Lá vai a Sónia Vanessa, a adjunta do Ministro Dragão!..."
-"E faz o quê, a adjunta?" -inquiriria, por certo e apenas algum estrangeiro ou inopinado nefelibata.-"Faz broches e massagens ao ministro, ora essa!" - Rir-se-iam todos com a candura do alienígena.
Episódio mais edificante que este não me ocorre de momento e duvido que exista. Já a Vera Ritta faz exactamente o quê? O povo, o tal que em tese é putativamente soberano mas na prática não passa de bobo vitalício, suspeita seriamente que nada, além de abichar os tais 2.800 euros ilíquidos, fora as mordomias, subsídios e ajudas de custo. Podem comê-lo por tanso, mas não é completamente tapado. Aliás, esse mesmo povo, no qual me incluo, nem sabe que raio de figura tem a bendita licenciada. Se herdou a inteligência do papá e a beleza da mamã, uma coisa posso já garantir: no Meu Gabinete não punha ela os pés, nem em mim as mãos ou sequer a boquinha. Desconfio dum coirão absolutamente áspero, deprimente e imprestável, mais digno de estar a espantalhar a passarada numa seara (ou a triturar papel numa repartição) que a combater o natural stress e o profissional tédio dum competente ministro. Posso estar enganado e que Deus me perdoe se assim é. Mas há aí alguém disposto a pôr as mãos no fogo pela estética da menina?
O Diário da República que passe a fazer acompanhar as nomeações de fotografia de corpo inteiro, em vestido de noite e bikini -como, aliás, seria da mais elementar curialidade - e eu já não me ponho com estas conjecturas e grungrunlóquios. Todos eles absolutamente legítimos e pertinentes, diga-se de passagem.
Agora vou ali armar uns canteiros, pôr canas nuns feijões, regar batatas e, mais lá para o fim da tarde, se estiver para aí virado, voltarei a este assunto. Assim Deus e a gleba o permitam.
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