terça-feira, agosto 02, 2022

Hermenêutica da baboseira

 



Decifrando esta notícia do "Expresso":


«Os ataques da Rússia prosseguem na zona do Mar Cáspio, e esta terça-feira o porta-voz do Comando da Força Aérea da Ucrânia, Yury Ihnat, adiantou que foram intercetados sete dos oito mísseis lançados pelos russos.

Nestes ataques, a Rússia utilizou mísseis Tupolev Tu-160, que causam bombardeamentos supersónicos pesados, com vista a atacar localidades a sul, centro e oeste da Ucrânia, segundo especificou o porta-voz da Força aérea da Ucrânia...»

Caso o vosso domínio da geografia não seja excelente, tenham a bondade de atentar no mapa acima... Estão a ver onde fica o mar Cáspio? Portanto, se os russos estão a atacar a zona do mar Cáspio, ou estão a atacar o Turquemenistão, o Irão, o Casaquistão, o Uzbequistão, a Azerbeijão, ou a eles próprios; aos ucranistões é que não. Que, como é bom de ver, estão ainda consideravelmente afastados. 

Depois, nestes ataques na "zona do mar cáspio", utilizaram, os tais russos, "mísseis Tupolev Tu-160". Nem mais.

Passo a mostrar-vos a imagem dum Tupolev Tu-160:


 Vêem? É um míssil? É um avião? É o super-homem?... Não, é o Tupolev Tu-160, Blackjack, famoso bombardeiro estratégico  que já vem do tempo da União Soviética.

Com estes dados, reais, bem presentes, tentemos agora decifrar a notícia.

Hipótese 1: Eles pegam nos comunicados directos dos ucranistões, pespegam-lhes em cima com o google traductor e fazem do resultado "notícia". Já nem sequer é fake-news: é fake-fake, sendo que neste caso, a negação do falso não dá verdadeiro, mas apenas ultrafalso, hiperfalso ou falso como o caraças.
Uma tal fancaria de sub-cave revela, mais ainda do que um desprezo olímpico pela verdade, um desprezo completo pelos leitores, ou seja, pelo vulgar cidadão. Não que este, dum modo quase geral, não faça tudo para merecer um tal tratamento. Esmera-se até. Mas, tudo somado, entramos na velha questão entre o ovo e a galinha: eles agem assim porque os condicionam avassaladoramente; ou condicionam-nos a agir assim porque eles transportam neles uma predisposição atávica à bimbice? Confesso que não encontro uma resposta peremptória e certa a um tal dilema.

Hipótese 2: A mesma que a hipótese 1. Afinal, vivemos a lógica das democracias, não é?... Há que respeitá-la, se é das suas culinárias que cuidamos.

Em todo o caso, tragam-me qualquer notícia, em qualquer órgão de "informação" oxidental acerca daquela salsicharia na Ucrânia, e, garanto-vos, é tão mal atamancada e inverosímil quanto esta. Carrega em si, invariavelmente, o seu próprio contraditório, a sua intrínseca anulação. Há nisto tudo qualquer coisa de completo desatino, de fulgurante estupidez alcandorada aos lemes do universo. A mediocridade, agremiada e reforçada em forma de bando auto-mesmerizante, conduziu a uma pessimização fogosa da política americana. São mesmo mongos elevados à enésima potência. E depois há todo um efeito de cascata, desde o fundo da esterqueira, onde ubuficam, até ao fundo do abismo, donde os merdia (e remerdia) descendentes ( mais seus derivados e estalactites dejectivas) cacarejam em repetição ad nausea. Acresce nisto tudo a velha definição de Platão que equaliza ignorância e mal. Ora, a ignorância no mundo actual é proliferante e endémica, no que o mundo actual não se distingue por aí além dos anteriores. Mas se, por um lado, a ignorância tem aumentado apenas na medida e proporção que a população aumenta, por outro há um tipo de ignorância que, não sendo novo, tem, todavia, disparado: a ignorância voluntária. O não poder saber e o não deixar saber têm-se escudado e alicerçado, crescentemente, no não querer saber. E é quando este não querer saber se incrusta no poder político que a ignorância se torna especialmente maligna, porque mero exercício de perfídia.

O que, convenhamos, não é exactamente o caso do actual secretário de Estado americórnio, um tal Blinken. É apenas atrofiado mental. Só para encerrar a prédica, que já vai longa, dou-vos um exemplo simples. Citando a criatura:

Olha que revelador, no presente do indicativo. Então se as elites russas administram empresas que geram enormes receitas, serve para quê o arraial de sanções que a manada oxidental, capitaneada pelo declarante, desovou pelas pernas abaixo e a condenou agora a patinar, atolada e mugibunda, na própria bosta? Vão dar cabo da Rússia como: fazendo-a rebentar por  super-enfarte de lucros?... 

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