Da raíz latina "nascor" (nascer) , cujo particípio "natus" originou o português nato - nascido, proveniente, filho -, decorreram dois outros termos bastante conhecidos e importantes: natureza e nação. No latim "natura" refere a índole, disposição natural, temperamento, etc.. Por seu lado, "natio" designa povo, nação, conjunto de indivíduos nascidos no mesmo lugar.
Entretanto, de "pater" (pai), descende "patrius" - paternal, autoridade paterna, tradicional, hereditário, transmitido de pai para filho.
Em suma, o nacional designa etimologicamente os filhos; o pátrio designa os pais, os antepassados. O que é curioso é que geralmente aqueles que dão mais valor aos filhos (ao mais recente) dizem-se "patriotas", por contraposição e antagonismo à "nacionalidade". E aquele que colocam como um dos deveres cimeiros do presente a lealdade e a honra aos pais, vêem-se vituperados como "nacionalistas". Naturalmente, os nacionalistas variam de acordo às respectivas nações, ao contrário dos internacionalismos que se pretendem e arvoram iguais ou idênticos em toda a parte. No caso do nacionalismo português corporizado no Estado-Novo não subsistia qualquer conflito entre a "nação" e a "pátria". Os filhos não negavam nem abandonavam os pais e, ainda menos, os trocavam por outros pais adoptivos mais convenientes ao seu conforto ou ganância. Já no que concerne aos "patriotas" actuais, além do termo ser usado do avesso (e portanto para designar o oposto daquilo que significa genuinamente), os filhos renegam e abandalham os pais naturais, substituindo-os por progenitores artificiais, geralmente contraídos por ideogénese. Existe ainda uma terceira espécie, onde se circunscrevem, por exemplo, os actuais desgovernantes, respectivos acólitos, apaniguados e moços de frete. Não são nem "patriotas" nem "nacionalistas". Desconhecem, com exactidão, os pais (sejam eles naturais ou adoptivos). São, assim, puros, compenetrados e absolutos filhos... Da puta. Ou, enfim, da vida fácil, para quem preferir eufemismos.
9 comentários:
Filhos da puta é de facto o que mais há no meio democrata que está
Continuo a dizer-lhe que houve uma mudança qualitativa entre os séculos XVI e XIX.
Os antigos eram obrigados ao seu povo, à sua família, ao seu patrono ou suserano, aos seus deuses, aos seus costumes e leis, por aquilo que lhes deviam pessoal e colectivamente.
Os modernos são obrigados à sua nação - definida como um território a que pertencem - que pode mudar ou apagar todas essas coisas conforme as conveniências dos proprietários actuais, por muito que isso incomode os residentes.
O pessoal e directo foi substituido pelo remoto e abstracto, e isso nota-se nos relatos contemporâneos de cada época.
Até ao século XVI havia (e bem) em Portugal os Forais, o Municipalismo.
Mas nunca descurar o conceito nação...
"Aos três vazios idealismos franceses: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, opomos as três realidades germânicas: Infantaria, Cavalaria e Artilharia".
Fürst Bernhard von Bülow.
Toda a razão à citação de von Bülow, por Vivendi.
Tive um tio, muito querido por toda a gente, que não dizia um palavrão. Em vez de FeP, dizia:
Filho De Uma Mãe Querida
Abraço
Estimado Euro2cent,
Sem querer bulir com as suas convicções, mas eu não subestimaria assim tanto (com essa estanquicidade) as "modernidades" dos antigos e as "antiguidades" dos modernos. Lembrar-lhe-ia que o pai da Filosofia, mãe (a Filosofia) disso tudo, foi o inventor do abstraccionismo (a ponto de expulsar os poetas da república). Ainda não há muito, também a nossa Miss Culturista me expulsou a mim da razão pelo mesmo crime- poesia. E se procurar os pais do "relativismo" também os encontra na Grécia Clássica, na figura desses proto-pedagogos mercenários que foram os Sofistas. Curiosamente, um dos principais também dizia que era "o homem a medida de todas as coisas"... Quer "antropocentrismo" mais modernaço?
A idade Moderna foi gerada no útero da escolástica. Em plena Idade Média vai encontrar Bernardo de Claraval (S.Bernardo) e muitos outros pensadores da "natureza" a insurgirem-se contra a decadência, o malefício e o vício das cidades e, sobremaneira, dos sorbónicos e cmpª. O intelectual nasceu onde? E a verdade é que os sofistas revivem entre muitos clérigos universitátios. Os jacobinos granjearam o título por se reunirem num mosteiro dominicano (onde se ímbuíram do espírito esbirro e inquisitorial que irmana ambas as seitas)...
A ciência moderna, ergue-se contra Aristóteles, pois. Mas a cavalo em Platão e nos esquemas abstractos da realidade - as estruturas matemáticas do universo. Galileu proclama-o.
Se houver alguém mais anti-moderno do que eu, que se apresente: irei aprender na sua escola. Apenas mantenho este hábito militar de conhecer bem aquilo que combato. Precisamente para não fazer figuras de quixote.
E aquela vírgula entre "idade moderna" e "ergue-se" está lá apenas para testar a atenção do Haja Pachorra. Um tipo que eu até prezo e acho que ele sabe disso.
«Não discutimos a Pátria, quer dizer, a Nação na sua integridade territorial e moral, na sua plena independência, na sua vocação histórica. Há-as mais poderosas, mais ricas, porventura mais belas; mas esta é a nossa, e nunca filho algum de coração bem formado teve o desejo de ser filho de outra mãe. Deixemos aos filósofos e aos historiadores o entretenimento de alguns devaneios acerca da possibilidade de diferente aglomeração de povos e até das vantagens materiais de outras combinações que a História não criou ou desfez; no terreno político e social, para nós portugueses que somos de hoje e velhos de oito séculos, já não há processo que possa ser revisto, debate que possa ser aberto, pedaço de soberania ou de terra que nos pese e estejamos dispostos a alijar de cansados ou de cépticos.
Sem receio colocámos o nacionalismo português na base indestrutível do Estado Novo; primeiro, porque é o mais claro imperativo da nossa História; segundo, porque é inestimável factor de progresso e elevação social; terceiro, porque somos exemplo vivo de como o sentimento pátrio, pela acção exercida em todos os continentes, serviu o interesse da Humanidade. Vocação missionária se tem podido chamar a esta tendência universalista, profundamente humana do povo português, devido à sua espiritualidade e ao seu desinteresse. Em qualquer caso ela não tem ponto de contacto com o suspeito internacionalismo humanitário de hoje a defender que as fronteiras se abatam para alargar as próprias em prejuízo das alheias. - Não discutimos a Pátria».
Oliveira Salazar («As Grandes Certezas da Revolução Nacional», discurso proferido em Braga, da Varanda do quartel de infantaria n.º 8, em 26 de Maio de 1936, por ocasião da grande parada e festas ali realizadas em comemoração do décimo aniversário do movimento de 28 de Maio).
http://liceu-aristotelico.blogspot.pt/2015/06/25-de-abril-de-1974-revolucao-da.html
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