domingo, junho 05, 2011

À espera do Milagre


De boas intenções está o inferno cheio... e o erário vazio. Quanto ao negócio da contrafacção de promessas é melhor nem falar.
De tanto o pagode obnubilado ir às urnas, lá vai o país à sepultura.
Atrás de flautistas não são homens que enfileiram.

O grande e tortuoso mistério: se aquele que conduziu o país à bancarrota é o menos capacitado para o retirar de lá, como é que o processo que o conduziu a esse cargo é o mais adequado para reverter o desastre?
Em palavras mais simples: Como é que a mesma cegada que nos transportou ao abismo é, ao mesmo tempo, a mais capacitada e clarividente para nos retirar de lá? Como é que com a mesma máquina de fabricar sapos queremos agora fabricar príncipes?
Somos mesmo, como dizia Fernando Pessoa, uns perfeitos bolchevistas militantes: uma espécie tardia e gora de cristãos sem Deus, mas com uma crença obsessiva e redobrada no milagre. Só que, ainda por cima, o milagre por obra exclusivamente humana. A Santidade ao alcance das massas. Uma classe toda ela santa e angélica... Santa imbecilidade!

E de modo a que não falte inspiração a mais um dia de fúnebre peregrinação gaiteira, aqui deixo uma reflexão extremamente apropriada:

«Nas sociedades tradicionalistas são talvez os Mortos que mandam; nas sociedades democráticas, porém, é a própria Morte.»
- Fernando Pessoa



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