quinta-feira, abril 15, 2010

A substância do substantivo

Evadidos do armário de sacristia onde criavam bolores e outros fungos, galvanizados pela hóstia-supositório e vários outros elixires e óleos modernaços, os homossexuais católicos saem em defesa da classe (sim, porque essencial é o olho do cu, a alma é mero acessório) e barafustam contra o Cardeal homofóbico e, de caminho, contra o hediondo celibato dos padres.
Já todos percebemos que o ideal, para toda esta gente culta, sensível, sofisticada e fascinante, era os padres poderem casar uns com os outros. Assim, devidamente acasalados, protegidos das más línguas porque ultra-lambuzados pelas boas, podiam adoptar as criancinhas que muito bem entendessem e ninguém tinha nada a ver com isso.
Em todo o caso, agora que os homossexuais católicos (uma delícia este casalinho substantivo/adjectivo, não me canso de admirar!) se manifestaram, o Papa e a hierarquia eclesiástica estão já todos, além de deslumbrados, reunidos certamente de emergência. Se a paciência é uma virtude, preparam-se para tomar de assalto a santidade. Depois dos homossexuais católicos, só já lhes falta escutar - calculo em que excruciante angústia e não menos gulosa ansiedade! - os carecas católicos, os proxenetas católicos, as putas católicas, os bestialistas católicos, os sado-masoquistas católicos, os satanistas católicos, os ateístas católicos, os calvinistas católicos, os darwinistas católicos, os comunistas católicos, os muçulmanos católicos e toda essa súbita catolicidade aos molhos, às dúzias e aos saltos, que, afinal de contas, palpita, recheia e avassala o mundo.


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