domingo, dezembro 24, 2023

Rogai por nós

 Não faz sentido falar na "existência" de Deus. Deus não pertence ao domínio da existência: transcende-a, na medida em que a precede e supera. Também o domínio da linguagem, enquanto mero adereço da existência, não O alcança. 

Poderemos, talvez, falar da presença de Deus. No domínio daquilo a que chamamos Arte. Com A maiúsculo. Aí, a presença de Deus, transparece no sentimento - ou pressentimento - de Deus.

Para mim, o Caminho para Deus manifesta-se não através da Religião, mas da Arte. É como eu O sinto.



Deus não existe fora de nós. Deus está em nós. Na medida em que nós não estejamos fora de nós; na medida em que nós não nos abandonemos.

6 comentários:

Anónimo disse...

Tal como eu gostaria de ter escrito, se de tanto fosse capaz.
Obrigado sr. Dragão. Um Bom Natal!

João Brandão

Figueiredo disse...

«...a Família é de hoje e é de sempre, e querer acabar com a Família ou diminuir as bases da vida em que assenta a Família, é atentar contra a vida, atentar contra a juventude, contra as crianças...» - Prof.º José Hermano Saraiva

Fonte: https://arquivos.rtp.pt/conteudos/e-natal-e-natal/

Unknown disse...

Sentidamente, Bom Natal.
JSP

Vivendi disse...

"Deus não existe fora de nós. Deus está em nós. Na medida em que nós não estejamos fora de nós; na medida em que nós não nos abandonemos."

Sublime!

Forte Abraço!

Vivendi disse...

"Quando se tem vivida uma vida já longa, e, sobre longa, intensa, de trabalhos, de fadigas, de inquietações, até de sonhos, o caminho que percorremos fica ladeado de numerosas cruzes - as cruzes dos nossos mortos. E se essa vida foi sobretudo colaboração íntima, soma de esforços comuns, inteiro dom das qualidades nobres da alma, eles não ficam para trás: continuam a caminhar a nosso lado, graves e doces como entes tutelares, purificados pelo sacrifício da vida, despidos da jaça da terra, sublimados na serenidade augusta da morte. Na verdade, há mortos que não morrem: desaparecem no seu invólucro terreno, na sua figuração humana, na fragilidade e nos defeitos e nas limitações da carne; mas o espírito continua a brilhar como as estrelas que se apagaram no céu há cem mil anos, vincam-se mais na terra os sulcos que o seu exemplo abriu e parece até que os seus afectos não deixam de aquecer-nos o coração (…). Há mortos que não morrem”.


António de Oliveira Salazar, 1953

Anónimo disse...


Deus está impedido de se manifestar na Religião? Nem mais nem menos do que na Arte ou por qualquer outro modo, conhecido ou desconhecido de nós.

E não há Arte sem uma linguagem. O caro Dragão, que tão bem usa da lusa linguagem, também tem parte eminente nessa Arte.