segunda-feira, janeiro 18, 2016

Repórter Flash - Entrevista com o Presidente da Liga dos Cateturéticos Anónimos (r)

Sobre esta questão do estado horizontal a que chegou a "virilidade" no Ocidente, vale a pena recordar um postal emblemático de há uns anos...(do já longínquo 2008).

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Passo a transmitir o "apontamento de reportagem,do Repórter Flash. Vai para o ar com algum retardo, porque tenho que fazer a tradução simultânea do Caguinchês para o português, de modo a que os leitores entendam sem dificuldades de maior. peço-vos que desliguem os telemóveis, de modo a não interferir na transmissão.

- Alô, repórter Flash!...



Alô, Dragão! Ora, cá estou eu, Flash Berto, o repórter enterprisas –aquele que vai onde nenhum humano foi antes. Após alguns precalços e um grande susto, eis tudo pronto para a nossa primeira reportagem de exteriores. Comigo está o Presidente da Liga dos Cateturéticos Anónimos, o Dr. Quitério Espigão. (A negritado, as minhas perguntas e reparos sempre inteligentes e oportunos ; a não negritado as respostas dele).

- Bom dia , Dr. Quitério!
- Bom dia, caro Flash Berto!
-Dr Quitério Espigão, em primeiro lugar, o que raio vem a ser um cateturético?
- Bem, meu caro, antes de tudo, o cateturético é um desgraçado, um tremendo dum infeliz. Porque sofre desse vício nefasto e auto-destrutivo que é a cateturese, ou seja, a mania de mijar de pé.
- Diabo, mas há outra maneira?
- Claro que há: a maneira saudável, higiénica, correcta. E conveniente, segundo as novas tendências comunitárias.
- Não me diga que temos que empontar uma perna contra a parede, como os cães!...
- Oh, nada disso. Essa, aliás, não só não é uma postura anti-cateturética como, pior ainda, é a variante cínica da cateturese. Acontece sobretudo nas fases de ressaca. Em noites de lua cheia, essa mesma fase cínica pode até degenerar em licantrópica: aí, nem quero pensar, mijamos alucinadamente e uivamos. Não, a postura moderna e aconselhável segundo a nova etiqueta e protocolo é mijar sentado. Na sanita. Como as gajas. E por imposição delas.
- Percebo, em vez de mijarem feitos cães ou lobisomens, mijam feitos galinhas. Fantástico! Mas fale-nos então da cateturese, ó doutor. Isso é assim uma espécie de alcoolismo?...
- Ah, pior, muito pior! A começar que o alcoólico, geralmente, ministra desopilantes sovas na esposa. Connosco é ao contrário: se a megera descobre, quem as amarga somos nós. São tareias monumentais. Acompanhadas de tortura psicológica, no mínimo. E trabalhos forçados aos pratos.
- Mas como é que ela descobre? Vocês mijam sob vigilância? A gaja escolta-vos feita polícia? Faz rusgas inopinadas ao WC?
- São os salpicos, senhor, os malditos salpicos! Nós bem recorremos a técninas ultra-subreptícias - regamos com furtividade de pele-vermelhas; estudamos tácticas camuflantes; um visionário chegou a vender um adicionante de cerveja, baseado numa fórmula alquímica medieval que, segundo ele, tornava o mijo invisível, à maneira dos espiões -, mas debalde. Elas têm um faro para os salpicos que só visto. É verdadeiramente infernal. Mirabolante. Acredite: é pior que um radar, um sonar e um scanar tudo junto. Sim, isso e a fisiognomia: adivinham-nos na cara. Lêem-nos na fuça e já está. Desatam a apitar. Parecem aquelas barras à porta das lojas. Uma algazarra que Deus nos acuda.
- Incrível! E E porque é que não tentam mijar fora de casa? Ir a um café, por exemplo?
- Não resulta. Dá-nos o stress pré-traumático. Bloqueamos da bexiga. Depois, para acalmar os nervos desatamos a emborcar canecas e imperiais de empreitada, o que só agrava a crise. Aqueles que têm coragem para despejar no urinol do snack ou cervejaria ainda é pior. Mal entram em casa, com ar selecto e descongestionado, aliviadinhos da silva, logo a fulana explode: “Quê, não vais à casa de banho? Aí há gato: ah, filho da puta que andaste a mijar de pé!” E se o indivíduo protesta que não senhor, nao bebeu nem mijou, ainda é pior: “ah, porcalhão imundo!, que andaste a regar as paredes e os candeeiros do município!...”, logo troveja ela. E lá vem borrasca. Devo dizer que as penas para a cateturese são mais severas do que para a bebedeira. Outrora, segundo relatam os antigos, a megera mais assanhada, de rolo da massa em riste, ficava de atalaia, à espera e, farejando o odisseu regressado, alvitrava: “andaste a beber! Andaste às cadelas!...” Agora não. Agora, de bastão eléctrico à cintura, respinga: “andaste a mijar de pé!...” E o pior é que, na maior parte dos casos, é verdade. Fila-nos em flagrante vertical, se assim se pode dizer. E à distância!...
- Espantoso! Mas como é que a gaja tem artes para telescopiar e pidejar num tal caso longínquo?
- Ora, em casa são as putas das pingadelas, as denunciantes; na rua são as cabronas das sacudidelas, as delatoras!... Aquilo tem uma visão infraurética ou ultravioleta que não perdoa. Ultravioleta e ultraviolenta logo a seguir.
- Mas... e vocês aturam um massacre quotidiano desses?...
- Que remédio. Até porque aqui ainda vamos nos preliminares, o cataclismo ainda vai no adro! É a fase idílica, por assim dizer, do casamento fresco. Rapidamente, a coisa deteriora-se. Depois da desgraça, chega a ruína. Logo logo, entediam-se de nos darem porrada e desatam a recorrer aos tribunais. Mal damos por nós, temos os bolsos esvaziados e as testas ernamentadas por exércitos de advogados e amigalhaços da onça em tirocínio para conselheiros matrimoniais. Já não falando nos tele-sexólogos. Em menos de nada, estamos com divórcios às costas, custas em cima e pensões cavalares nos filhos dela. É a todo este precipício que o maldito vício nos arrasta!...
- Mas vocês não o combatem com todas as vossas forças?
- Não, isso são as gajas: combatem-nos a postura eréctica com todas as forças delas. Nós é mais com todos os nossos cagaços. E olhe que são muitos e grandiosos. Começamos por prometer que não tornamos a mijar de pé nunca mais. Juramos a pés juntos e a debulhar-nos em lágrimas. Sentados, claro está. Verter água pelos olhos na posição vertical também não seria civilizado.
- Ah, quer dizer que também não convém chorar de pé? Eu, por exemplo, nem de pé nem sentado nem deitado, por mais que tente e esprema não consigo!...
- De todo. Um homem deve chorar, pelo menos, uma vez por semana. Convém manifestar a sua delicadeza e sensibilidade. Mas sentado, naturalmente. Munido de lenço de papel apropriado, isto é, descartável. É assim que determina a Televisão.
- Mas continue. Dizia-nos que juravam a pés juntos nunca mais derramar na vertical...
- Pois, pois é. Juramos e tornamos a jurar. Mas aquilo fica a moer-nos, a aguilhoar-nos. Se nos fechássemos numa redoma talvez resultasse. Ou nos criogenizassem por uns tempos. Mas assim é difícil. Chega a parecer impossível, sobre-humano. Mal saímos porta fora, as tentações são muitas. Os desafios ainda mais. O dilema do urinol, sobretodos, afecta-nos.
- O dilema do urinol, Dr. Quitério?...
- Estão mal concebidos. São arcaicos. Não cumprem os novos requisitos anatómicos e ergonómicos. Mesmo que quiséssemos, não conseguíamos...
- Isso tudo para dizer o quê?
- Então, não é possível um tipo sentar-se num urinol. Quando muito, põe-se de cócoras. Mas mijar de cócoras, embora não tão grave quanto mijar de pé, também não é aceitável.
- E já experimentaram mijar de joelhos?
- Bem, experimentar, já experimentámos de tudo. Até houve excêntricos das acrobacias que mictaram a fazer o pino. Porém, mijar de joelhos, o chamado genufluxório, além de nos arranjar problemas com a gaja, também nos metia em sarilhos com a sociedade laica, a respectiva constituição e os seus ferozes ateístas de guarda. Regar de joelhos, nem pensar!... Aliás, nem regar, nem pensar e, ainda menos, rezar!...
- Portanto, por falta de sensibilidade social e apetrechamento adequado no mobiliário público, vêem-se quase constrangidos a mijar de pé?
- Claro. Já viu bem a atrocidade, a violência? Um tipo guarda castidade catetotúrica um mês inteiro. Entre a retrete e o penico, abivacamos as nalgas e gastamos horas. Para depois, na primeira cervejaria ou marisqueira sermos confrontados, diabolicamente, pelo urinol obscurantista e obsoleto. E lá vem a recaída! Duas ou três canecas depois, e já mijamos de pé, em grande camaradagem. Seis ou sete mais à frente e, às vezes, em plena via pública, além da mijadela erecta, até já damos autógrafos às paredes. Regredimos à mais atroz das infantilidades, veja bem!...
- Entretanto, ó Dr. Quitério, ocorreu-me o seguinte: se agora têm que mijar sentados como é que cagam? - De pé? Quer dizer, como é que diferenciam uma coisa da outra?
- Ah, cagar na retrete lá de casa, nem pensar. Só em segredo, às escondidas. Quer dizer, sem emitir qualquer tipo de ruído ou odor, nem deixar o mais ínfimo vestígio. A gaja nem pode sonhar que fizémos uma coisa dessas! Por regra, para cagar em casa, numa emergência, agora temos a fralda conjugal: fazemos nela, deitamos no contentor do lixo e vamos lavar o cu à cagadoria.
- Cagadoria?!
- Sim, é análogo àqueles centros de lavagem automóvel, com aqueles jactos e escovilhões, só que é especialmente adaptado a peões. Digamos que é um centro de autolavagem do peão. Mas é relativamente oneroso e raro. Os menos abonados, fazendo uso do lendário sentido de desenrascanço português, vão de carro aos centros de lavagem automóvel e, uma vez lá dentro, baixam o vidro e põem o rabo à janela. Lavam o carro e, de bónus, abluem também o cu. Quem experimentou, sai de lá fresquinho e enxuto. Mas é preciso cuidado e algum comedimento, porque parece que cria habituação.
- Outra questão, ó Dr. Quitério: existe alguma lei, decreto ou portaria que obrigue um gajo a mijar como uma galinha?
- Bem, sabe que antes da lei jurídica e como seu fundamento alicerçafórico existe a lei natural. Ora, neste caso, embora ainda não exista propriamente uma lei jurídica –se bem que para lá se caminhe a passos largos de gigante -, existe, todavia, uma lei natural deveras importante: a lei de conservação da espécie.
- A lei de conservação da espécie, como assim?
- Então, se não mijamos sentados, elas, por superior e último castigo, não abrem as pernas nem nos deixam copular. E sem isso, a juntar a toda aquela panóplia de pílulas, borrachas, espumas espermicidas, clínicas de aborto e sexólogos esterilizantes, como há-de a espécie medrar e proliferar?...
Bem visto.

E agora, caro Dragão, vamos ter que fazer uma pausa na entrevista, porque o nosso convidado de hoje, o Dr. Quitério Espigão, deu-lhe a ansiedade e vai ter que ir ali fazer uma mijinha. Devidamente sentado, pelo que implica uma demora maior. Já voltamos. Mete a publicidade!

6 comentários:

Anónimo disse...

http://www.oversodoinverso.com.br/urinar-sentado-pros-e-contras/

Vivendi disse...

E este?
Este nem pede licença para urinar...
É do jeito que lhe apetece.
Aí vai uma mijinha para o jornal.

http://jornais.sapo.pt/economia/4107




marina disse...

alguém viu the big picture ...:) é um cromo , o apresentador.

Anónimo disse...

"E este?
Este nem pede licença para urinar..."

Alguém que enfiasse um picador de gelo nos corninhos desse,
fazia-a muito bem feita.

dragão disse...

Uma picadora de gelo?!... No mínimo uma picareta das outras, daquelas de abrir valas.

dragão disse...

Estimada (eufemismo para idolatrada) Marina,

o apresentador é um super-cromo. Ou dito à maneira genuína (a do Fred): um "uber-cromo".

:O)))