É evidente que Portugal continua na bancarrota. Até porque a mais recente erupção da evidência foi combatida com a contracção descomunal de dívida ao FMI/BCE, e continua a ser "gerida" através da emissão rotineira de mais dívida (para pagar a dívida, dizem). A voragem estatal continua a mesma (embora doravante com as refeições gratuitas exclusivas a membros da seita, que os tempos são de austeridade para os outros). Portanto, basta um stressezito induzido e lá voltamos nós. Aliás, em menos de dois anos estaremos lá de novo; basta fazerem as continhas e largarem os alucinogéneos por um instante.
Mas será isto grave, ou sequer preocupante, o estarmos abivacados na bancarrota crónica?
Julgo que não. Como de costume, apenas seguimos a moda externa e aproveitamos a brisa. Os Estados Unidos também estão na bancarrota , todos pimpões (ao contrário de nós, como devem calcular, um fenómeno de proporções armagedónicas), e não parece que isso lhes cause grandes insónias. Nem a eles nem, pelos vistos, a ninguém: toda a gente corre a emprestar-lhes mais e a afagar-lhes e estimular-lhes mais o buraco, digo, o abismo.
Portanto, o que se depreende é que as bancarrotas só são graves quando são pequenas. Um pouco como as dívidas à banca: se um tipo lhes deve mil contos tem um problema; se lhes deve dez milhões é o banco que tem um problema.
Começo até a compreender a estratégia azougada e ladina dos nossos desgovernantes: tentam, a todo o custo, imitar os americanos. O segredo, presumo, é que se ela já fosse dez ou cem vezes maior, ninguém nos chateava. Quanto é que custa um porta-aviões?...
42 comentários:
porta-aviões: 4 a 6 mil milhões de dólares, segundo o que li recentemente...
Os EUA perderam a indústria. «Deslocalizou-se». Foi para a Ásia e para a América Latina.
Como dizia Fernando Pessoa, aqueles cujo nome não pode ser dito dominam o Capital, e o Capital não tem pátria.
Ainda assim, têm recursos para serem auto-suficiente a todos os níveis.
Nós em Portugal não os temos. Ou melhor, tínhamos... antes de descolonizarem em cima do joelho, sem cuidar dos interesses nacionais.
O panorama internacional é feito de uma competição feroz. Quem é parvo... que não o seja, como se diz na minha terra.
Mas o problema da dívida resolve-se em 20 anos.
Um corte decente nas pensões do funcionalismo.
Um corte nos penduras do Orçamento de Estado: Fundações, IPSSs & Misericórdias, escritórios de advocacia, empresas municipais, 300 e tal municípios, empresas regionais, RTP, rendas energéticas, associações disto e daquilo...
Ficaríamos com excedentes em apenas um ano!
Zephyrus,
tudo isso muito bem, mas não é seguro. Mal se apanhassem com excedente, corriam novamente à bancarrota. O mais seguro é mesmo com super-dívida: manda-se vir uma meia dúzia de porta-aviões e já ninguém se mete connosco. Nem as agéncias de ratice.
> largarem os alucinogéneos por um instante.
"Fat chance", como dizem os vúlgaros.
Isto das dívidas é como uma arreata. Depende do que é feita, e de quem está na outra ponta.
(Dívidas denominadas em USD são fáceis de pagar para quem tiver rotativas do Fed.)
Há, como bem disseram, duas diferenças colossais entre Portugal e os Estados Unidos: a capacidade militar (talvez uma dezena de porta-aviões, com os respectivos e pilotos, amenizasse o problema) e as impressoras de moeda.
O mais portentoso de quem, mais que super-dívida, cultiva a astro-dívida (que é já uma dívida que, de tão exorbitante, ascende a super-crédito) é que inverte - que digo eu, pulveriza! - as próprias regras económicas da emissão de moeda: emitem desenfreadamente, e o dólar não desvaloriza. pelo contrário, valoriza e devém safe heaven.
A última vez que os EUA tiveram uma dívida de tamanha dimensão em percentagem do PIB foi antes da Segunda Guerra Mundial. Depois da guerra, aquilo começou a compor-se.
Talvez precisem de uma grande guerra para resolveram o problema de novo. Eles já andavam a dizer que era preciso estoirar o Brasil e Angola, por causa do controlo do Atlântico Sul, e estoirar a China, atirando-a contra o Japão e metendo-lhes uma bolha. E pelo caminho têm sempre a moirama para ser atiçada contra Israel. A indústria de guerra agradece. E há a fuga de capitais e dos melhores para o mundo anglo-saxónico.
Uma achega de um ignorante : gente que se diz bem informada , garante que para aí uns 60/70 por cento dos "certificados de aforro" americanos estãos nas mãos da China.
Se isso for verdade, talvez a aparente acalmia económica americana se deva a uma monitorização por parte do Celeste Império...
E ainda um outro "talvez" : a súbita , e um tanto ou quanto surpreendente "primavera" surgida no State Department - Cuba, Irão, abandono da doutrina Monroe devidamente "vocalizado" na Conferência da Costa Rica, e o mais que vem a caminho...
É que os tipos, além de serem cedores, são muitos, que digo eu, são mais que muitos, são muitíssiomos - e dotados de armamento atómico...
Por estas e por outras Salazar amealhava ouro.
Putin faz o mesmo.
Os mestres do dinheiro:
http://vivendi-pt.blogspot.pt/2012/02/os-mestres-do-dinheiro.html
De acordo com um estudo do World Economic Forum, divulgado pela "Forbes", o maior número de empregados do mundo trabalha para Departamento de Defesa norte-americano: qualquer coisa como 3,2 milhões de pessoas.
http://portugalcontemporaneo.blogspot.pt/2015/07/os-maiores-empregadores.html
Lá está, ó Vivendi, aí uns dez porta-aviões, além de nos granjearem uma super-dívida, imune a sobressaltos, ainda criavam um monte de emprego. Cada bichinho daqueles é coisa para alojar aí uns milhares de alminhas, de emprego directo, e o triplo ou mais no apoio logístico e derivados.
Estados Unidos, el país basado en la mentira. No es solamente el gran explotador, sino el corruptor de los pueblos.
LA REVOLUCIÓN FRANCESA y su gemela la norteamericana marcan el fondo de inflexión en que la sociedad occidental rompe todo vínculo con la tradición y elimina de su seno cualquier vestigio de sociedad orgánica.
A partir de aquí el racionalismo en lo ideológico y el liberalismo en lo político-social dominan completamente.
Sin racionalismo no habría existido el jacobinismo y sin este no hubieran existido ni el socialismo utópico el socialismo científico, el comunismo y sus hijos bastardos : la democracia cristiana, la social-democracia y el neoliberalismo que hoy nos hunde en su cieno.
La historia no influye en los hombres, es la personalidad y la voluntad del hombre la que la construyen. Anoten eso los creyentes en conspiraciones por doquier.
Filosofía Disidente.
6000 homens, para a classe Nimitz... 1 milhão por homem, dividido o custo de o fazer pela equipagem... Ehehe
Dragão, já encomendei a Resenha Histórico-Militar. Mas não tinham o 14o volume, referente aos Comandos...
A Segunda Guerra estoirou o Reino Unido.
It's a blessed country, ouvi hoje.
Aqui em Cambridge, onde estou, conheço pessoas de todo o mundo. Odeiam Israel e os EUA. Mas amam este país, o Reino Unido.
Isto é o que poderíamos ser se não tivéssemos tido uma sucessão de erros. A alma de Portugal foi possuída por um demónio a meio do reinado de Manuel I, escreveu um maçom (daqueles que detestam o socialismo e os judeus) e desde então começou a queda.
O Portugal cristão dos primeiros séculos está quase morto. Tiraram-nos a bandeira, a Monarquia, os costumes, a paisagem, a Igreja (sim, nós somos cristãos, mas não necessariamente católicos... e Roma traiu-nos e enganou-nos mais que uma vez), as árvores, a moeda, o ouro, as riquezas, o Império, estão a tirar-nos a língua, o que restará no futuro?
Isso tem de ser tudo destruído com uma Revolução preparada em secretismo com os militares certos, a gente certa da Igreja e os maçons da maçonaria «boa». Refundar, restabelecer a bandeira, a Monarquia, as instituições, desmantelar tudo o que foi criado com a vitória dos Liberais. Tem de ser tudo refeito. E metade do país precisa de dinamite. Já não suporto ver os mamarrachos por todo o lado, o mau urbanismo. Parecemos um país da América Latina. Eu bem sei que regime político merecemos durante longas décadas.
«Dragão, já encomendei a Resenha Histórico-Militar. Mas não tinham o 14o volume, referente aos Comandos..»
isso é normal. A "pacaça" odeia-nos!
Nota: "pacaça" é o termo depreciativo com que os "Comandos" tratam a tropa normal.
Zephyrus,
a gente aqui discute os penculiares, os anglos, e há quem ache que a coisa está mais nas mãos de uns e quem ache que está nas mãos dos outros.
Uma coisa, porém, que todos partilham - e estamos a falar de élites em ambos os casos - é que os objectivos, meios e planos atravessam gerações (e é muito possível que aí se encontre o fulcro da relação entre os dois).
Portanto, desengane-se em relação a isso: cada vez mais penso que a única forma de opor resistência eficaz é fazer o mesmo. É planear e agir não para um, dez ou trinta anos, mas para cinquenta ou mais. No mínimo três gerações.
E mesmo isso não garante sucesso. Por causa do Dragão e do nosso cavaco aqui ando a ler o Anglo-American Establishment do Carroll Quigley, e três gerações foi o que foi preciso para se passar do Império à Commonwealth. Cá para mim foi um falhanço, até porque o que eles queriam mesmo era um império federal. Mas isto para lhe dizer que um grupo iniciado por Cecil Rhodes e Lord Milner, foi buscar gente à geração anterior - a de Lord Salisbury - e continuava activo três gerações depois, na 2ª GG... embora já algo degenerado...
E lá remontamos nós ao velho Platão... Que em termos de política prática era demasiado idealista, mas noutros estabeleceu os standarts. Até o J Cristo veio confirmá-lo. E assim temos aquele clássico "O mundo das aparências e o mundo das essências". Essas vossas considerações são totalmente pertinentes no "Mundo das aparências"... Agora, no outro...
Até o velho Aristóteles (e maior realista jamais houve nem haverá) já define a história como um parente pobre da literautura (entenda-se tragédia e epopeia). E é inferior porque nem sequer cumpre as regras da verosimilhança.
Já agora, sobre essas temáticas, há um livrinho de fácil acesso e proveitosa leitura, que recomendo a ambos (se calhar já leram): "Churchill & The Jews", do Martin Gilbert. Parece até um nome bom para uma banda punk-rock, não é?!... :O)))
Nunca li, mas amanhã já vou resolver isso. Obrigado pela sugestão.
Mas ó Dragão, a gente não sabe Platão! Explique lá melhor por favor as aparências e as essências. Ou como, ou porquê, estas nossas considerações são pertinentes num e no outro não.
Agora é que você me lixou, ó Muja!...
Voltamos áquela questão da política, da ética e da estética, lembra-se?
Bem, em política, já dizia o nosso Salazar, o que parece, é. E assim vossências podem obstar-me que, na política, o mundo das aparências e o das essências se coonfundem. Portanto, como se referem à política, às vossas consideraçoes são cabalmente pertinentes.
Resta saber se a política esgota o mundo. Os tais que reinam na aparência tudo fazem para fazer crer que si. Mas, que diabo, basta um meteoro de magnas dimensões acertar nesta coisa e lá se vai a reinação para o maneta. Estou a dar um exemplo limite, mas não é preciso tanto. Se pensar um bocadinho, encontra milhares de fenómenos que escapam ao controlo dos doxocratas (aparência e opinião, em Platão, de certa forma, são sinónimos). A doxocracia consiste no domínio através da simulação (sobretudo a simulação da verdade, que é a mera opinião arvorada em ciência, ou, dito platonicamente, o não-ser a parecer que é).
Agora repare noutra evidência bramante: num tempo em que campeia o relativismo mais desbragado para todos os usos e fins, eis que irrompe um absolutismo indubitável de conveniência: o do domínio hermético do mundo por uma seita qualquer, com mais ou menos elitose, seja dos anglos, penculiares ou alienígenas alternativos. Acreditar nisto é como acreditar que o homem tem astrocapacidades do estilo alterar o clima do planeta ou lançar a galáxia na guerra civil entre estrelas.
No tal parque onde , sob aparência de cada vez mais informação, as pessoas são cada mais fechadas e separadas da realidade e do cosmos ancestral (ondo somos o quê - a poeira dum cisco num grão de areia?...), cultivam-se e induzem-se esses funis mentais. Ora, é preciso que o entomólogo não se deixe absorver pelo mundo dos insectos que observa.
A política não esgota o mundo nem o mundo esgota o cosmos, nem a morte esgota a vida.
Eu tenho um argumento pessoal para certo tipo de panorâmicas claustrofóbicas... Essa da seita global toda poderosa. Costumo dizer para como os meus botões: bem, imaginemos que eles não existiam e tudo decorria em harmonia internacional. A velhice, a doença e a morte poupavam-me? Não. Nem a mim nem a ninguém. Ao pé disso, com tal comite de recepção garantido, vou ter medo de quê? - De insectos, de meninos, de títeres do diabo?...
Ah, acho que percebo agora: se eles nos levam vantagem no mundo da aparência, na essência, o mundo permanece o mesmo. E, como tal, sujeito às mesmas leis essenciais independentemente da aparente superioridade de outras que se lhes procuram substituir.
A questão é: é possível dominar de tal forma a aparência que esta se substitua, para todos os efeitos, à essência? Suponho que esta seja a questão da alegoria da caverna.
Sim.
Repare que um dos instrumentos dessa malta reside precisamente na proliferação e infestação de leis, leinhas e leiêtas a cobrir e armadilhar tudo. Cá e lá fora é todo um fartote em nome, por exemplo, do "estado de direito".
E se reparar nessa rede, constata, com cada vez mais evidência (e eu sei que o faz, porque já o conheço o suficiente) que ela se propõe encobrir as regras cósmicas, não apenas usurpando-lhes a legitimidade, mas invertendo-as e pervertendo-as.
Há um método nisto? Sim, e muito antigo e perseverante.
Digamos que a sofística se sofisticou imenso. O que se nos depara, enquanto aparência, é uma turbo-sofística. Todavia, por detrás há uma questão sombria e inquietante - a pergunta pela essência do "mal". E aqui retornamos a Platão: qual será a "essência" do "Não-ser"?
Mais que discutir o sentido (ou absurdo) da pergunta, prefiro um exemplo alegórico. Imaginemos que eu procurava aprendizes para construir guitarras (ou violinos). Como deve calcular, é um mister que requer grande perícia, conhecimento, prática e precisão (especialmente em relação ao braço do instrumento, onde se situa a escala). Não era qualquer um que manifestaria interesse, paixão, vontade, aptidão e perseverança. Acredito que seriam raros os efectivos candidatos e ainda mais raros os futuros artesãos.Todavia, imagine agora o oposto, que eu aceitava seguidores para, pura e simplesmente, destruir guitarras... Qualquer um servia, não era? Não há nada mais democrático do que a destruição. Dispensa conhecimento, cultura e, claro, não precisa de elites para nada.
Qual é a essência da destruição?... A mesma que do desgoverno.
Um exemplo apenas recorrendo à simbologia...
http://viriatosdaeconomia.blogspot.pt/2015/07/simbologia-qual-delas-o-obama-apoia.html
Já estou a fritar dos miolos...
Dragão, Muja...
A tirania é coisa má...
Só o bem, se pode sobrepor sobre coisa má...
A tirania do bem, pode se sobrepor sobre coisa má, sem que a passe a ser?
Aparência ou essência. Relativo ou absoluto?
Uma cadeira é um objecto de madeira perante a visão, mas perante a ciência é algo que desconhecemos (constituída por átomos, cujos protões e neutrões são por sua vez constituídos por quarks, que em última instância, desconhecemos pelo que são constituídos).
A cadeira é relativa ao nosso conhecimento ou é absoluta independente deste (visão)?
É absurda a questão?
Continuação...
Ora a razão nos diz que é absoluta, mesmo que o conhecimento demonstra-se que o objecto era uma ilusão...
Creio que biologicamente, fomos seleccionados para preferir o absoluto ao relativo...
Se os "homens do leme", as lagartixas espaciais e outros que tais existissem, poderiam não intervir na essência da morte, mas porventura sim na da vida.
Somos feitos para o viver da aparência ou para o morrer da essência?
O que nos importuna? A essência da vida ou a aparência da morte? Vice-versa?
Phi,
o exemplo da "cadeira" não é muito feliz. A "cadeira" é uma construção humana.Experimenta, pois, toda a volatilidade intrinsecamente humana: pode ser uma peça de mobiliário, pode ser uma arma (a minha acepção preferida, pois cada vez há mais politiqueiros a reclamar uma pelos cornos abaixo), pode ser uma peça de arte, etc, etc... O ser da cadeira, por assim dizer, é como o ser do escravo: depende muito da utilidade que lhe é projectada e aposta pelo utilizador possidente.
Se colocar uma ártvore em vez da cadeira, reduz desde logo a volatilidade e, com ela, a relatividade. Mas não a elimina. No nosso tempo, e desde o século XI/XII que isso tem vindo num crescendo, na medida em que o homem, satanicamente, se coloca acima de tudo e contra tudo e, por lógica sinistra e fatal, finalmente, dispensa Deus e toma o seu lugar, não apenas as cadeiras, como também as árvores e tudo no mundo devêm instrumento do homem. Ou seja, não só o Homem é a medida de todas as coisas, como o homem é o proprietário de todas as coisas. Mas como isto do homem é muito específico, na realidade, o que se passa é que cada proprietário, na medida das suas posses, se arvora autofundador de um sistema de valores. A democracia, caso não tenha reparado, bem no fundo, é um politeísmo egomaníaco. Cada umbigo é um sol. O Neo-absolutismo democrático medeia entre a goela e o olho do cu.
«Somos feitos para o viver da aparência ou para o morrer da essência?»
Viver da ou para a aparência é matar a essência.
Dragão, a minha questão prende-se mais com a essência da essência, vá lá...
Um fotão por exemplo, tanto se pode comportar como uma partícula ou como uma onda, segundo se está sob observação ou não... Então qual a essência do fotão? Tá a ver, tipo mecânica quântica...
Essa essência não é sempre relativa às propriedades imutáveis de uma coisa, propriedades essas que dependem sempre do nosso conhecimento mutável?
Podemos cair no extremo, que a aparência e a essência, são a mesma coisa?
Não sei se me faço compreender...
Simplificando, a essência advém do conhecimento?
O que eu diria é que a aparência deve corresponder à essência, mas não corresponde necessariamente.
Daí, a essência proviria do conhecimento, desde que verdadeiro i.é aquele que faz corresponder à essência à aparência.
No caso do fotão, o próprio conceito é apenas aparente na medida em que exclusivamente material - cuja propriedade nunca corresponde plenamente à essência porque esta terá que ultrapassar a materialidade (caso contrário, estaríamos no pleno materialismo, em que tudo é material e o material é tudo).
Mas claro que eu não percebo nada de filosofia, por isso deixemos falar quem percebe...
Porém, reflectindo melhor, se calhar o conceito nem é material visto que é uma ideia...
Mas o que é certo que é, é uma construção humana.
O que é engraçado, porque essa dualidade onda-particula ilustra bem o problema dos ditos cientóinos. Essa dualidade não é mais do que a sobreposição de dois modelos sobre o mesmo fenómeno. Nalguns casos um modelo adequa-se melhor, noutros casos é o outro. Do ponto de vista científico ambos funcionam bem, mas claramente nenhum dos dois é "completo" (se é que algum modelo pode sê-lo) pois nesse caso não seriam precisos dois.
Portanto, diria eu que nesse caso nem precisamos de subir à filosofia; a mera técnica é peremptória: estamos no domínio da aparência.
A essência das coisas existe independentemente do nosso conhecimento dela.
O cosmos não é uma mera construção do nosso intelecto específico: é por existir algo para lá dele, desse intelecto, que nos sentimos convocados e desafiados (alguns, enfim, como é da ordem) ao conhecimento.
O conhecimento é conhecimento de alguma coisa. Ou é estrita vacuidade inflaccionada.
A ciência não é pura. E na medida em que sempre foi usada, sobretudo pela actual dinâmica hegemónica do mundo, como instrumento para substituição da religião, pior um pouco. Está mais que patente que o conhecimento científico não nos oferece grandes garantias, fora as de utilidade tecnológica (e de rentabilidade mundana) que são mais que evidentes. Podemos ficar aqui até ao dia de S.Nunca, um a apresentar benefícios da ciência e outro a apontar malefícios e não chegamos, nem a consenso, nem a conclusão indubitável. A própria comunidade científica vive em perpétua guerra civil, servindo cada núcleo investigador aos quesitos e condicionantes do financiamento e interesses de certos estados. Isto não lhe retira a sua imensa utilidade e interesse prático, mas é assim. Convém ter sempre isto bem presente, para não embarcar em fantasias e hagiogramas.
Era precisamente aqui que queria chegar, ora segundo a definição da wikipédia:
"Em metafísica, a essência de uma coisa é constituída pelas propriedades imutáveis da mesma, adventos do conhecimento."
Ora isto arrelia um pouco um homem, como é que pode ser imutável e ao mesmo tempo depender de algo mutável - conhecimento? E aqui o muja contornou bem a questão, definindo este conhecimento como o verdadeiro. O que eleva o conhecimento ao nível de uma existência separada. Talvez pudesse até ser designado corriqueira-mente como Deus...
Ainda segunda a mesma:
"O oposto da essência são os acidentes da coisa, isto é, aquelas propriedades mutáveis da coisa, possíveis apenas durante a fase dedutiva."
Aqui então, a fase dedutiva terá que ser encarada como o conhecimento actual - mutável, ou também de aparência...
Então a aparência é o oposto da essência, se a primeira correspondesse à última deixaria de o ser para se designar como aquela...
As voltas que um homem dá!
Conhecer uma coisa não é saber essa coisa. Quer dizer, pode ser saber alguma coisa dessa coisa, mas não a coisa completa e, sobretudo, única que ela é. No caso das pessoas, correndo a um exemplo corriqueiro, conhecemos fulano mas não sabemos verdadeiramente quem ele é.
No caso do conhecimento científico, o conhecimento também só alcanca a espécie a que fulano pertence: a fulanidade de Fulano escapa-lhe. Aí, indo de encontro ao vosso raciocínio, que não está tosco, só Deus sabe. Porque Deus é o mais excelente de Todos os indivíduos, se assim podemos referi-Lo sem que nos despenquem as penas do inferno em cima.
Como é que contornamos/deciframos então a mutabilidade própria do mundo, onde as coisas não páram quietas e só sabem é manifestar-se através duma multiplicidade de acidentes e acessórios?
Ou temos alguma ferramenta que Deus nos concedeu para o efeito, ou não temos e, nesse caso, não contornamos/deciframos e apenas vamos no embrulho.
Parece que uma das tais leis frescas da modernidade é "Deus não existe". Bem, se não existe, então não temos como decifrar coisa nenhuma. O mundo é um labirinto e, como já avisaram os antigos, quem lá reina é a Besta.
PS: Contra-argumento cientóino: não precisamos de Deus para nada: com a ciência e muito trabalho vamos conseguir inventar muitos instrumentos que nos permitem espreitar para dentro de todas as coisas e espiolhar o cosmos de fio a pavio.
Está à vista: é toda uma plêiade novilinguística. Como é que se resolve o problema do conhecimento das coisas? Simples: atirando-se-lhe nomes para cima. Pormenor delicioso: o léxico da ciência continua a ser o grego. Em rigor, são os únicos que, não em conteúdo, mas em forma permanecem fiéis aos fundadores. Guardam a aparência e fazem guerra à essência. O tal método ancestral e perseverante. :O))
Notem que o mesmo homem que dispensa Deus, dispensa a filosofia. Porque entrou na propriedade da ciência. È um acto de soberba contra a humildade e a prudência antigas? Sem dúvida. Coisa de pato-bravo cósmico. Detrito á deriva.
"Talvez pudesse até ser designado corriqueira-mente como Deus..."
Correcção ao corriqueiramente à parte, a razão nos diz, que esse conhecimento "verdadeiro", essência vá lá, não é Deus, apenas um atributo do ser...
Parece-me pertinente a autocorrecção...
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