Há pouco tempo, a seita que nos desgoverna acusava o PS de estar a resgatar Sócrates. Convenhamos, na sua qualidade estanhada de associação de malfeitores, o PS não dispunha, nem de perto nem de longe, dessa miraculosa capacidade. Podia tentar as piruetas e funambulices que bem entendesse, os pensos e cataplasmas que mais lhe aprouvesse, que jamais, em tempo algum, alcançaria tão descomunal prodígio. E, não obstante, eis que Sócrates resplandecia, mais que resgatado, redimido, indultado, repimpão! Por que artes e magias, senhores? Ora, por obra e graça daqueles que, pelos vistos, possuíam a peçonhenta receita para tão quimérica alquimia... Exactamente, os mesmos que acusavam o PS de tentativa: Passos Coelho e respectiva pandilha. Para que precisava o PS de tentar algo já tão profusamente realizado?
Na verdade, o actual desgoverno não apenas resgata Sócrates com todas as suas forças: resgata Miguel de Vasconcelos, Cristóvão de Moura, o Conde Andeiro, o labrego que traiu Viriato e toda a resma de traidores, vendidos, aleivosos, cobardes e renegados que, séculos a fora, conspurcaram e aviltaram esta infeliz nação.
Resgata ainda, com destreza não menos inaudita, os comunistas, bloquistas e demais verduras palrantes... Todos eles, doravante, e por contraste, enfileiram no rol das forças patrióticas, moderadas e alcandoram-se até, pasme-se, com inusitada regularidade, a promontórios de prudência, probidade e sensatez. A sério, os tipos da Primeira República eram gigantes benfazejos ao pé destes escroques completamente destituidos de ponta de vértebra ou pinga de sangue quente. E tudo isto calafetado duma olímpica burrice, duma alarve incompetência e duma tonitruante desfaçatez.
Esta gentalha, em bom rigor, conseguiu mesmo o inconcebível: estar para lá da possibilidade do insulto. Tudo o que disséssemos ficaria àquem da realidade; soaria a suavização e encómio. Por isso não insisto no baldado esforço.
Desenganem-se apenas aqueles que presumam nesta praga o mal absoluto. Essa pureza do mal não está ao alcance da humana condição. Até porque se lhes vislumbra, nestes magarefes, pelo menos, uma virtude: ao contrário dos antecessores, depois deles já não é possível advir um pior.
3 comentários:
Vejo a dracónica figura com um optimismo perigosíssimo e a confundir gamas com mouras. É do caraças. Tempus fugit.
Tem toda a razão no Cristóvão. No resto, nem por isso. Suum cuique tribuere.
passos é irmão do pinto de suza, foram foi, separados á nascensa.
Tem outro gegisto e discurso, também se tapa com aventais.
Mas o cumulo do situacionismo é o monsieur portas, tira-me do sério, os outros, são morgados a fazer fretes e á espera de um milagre.
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