quinta-feira, novembro 16, 2023

A Síndrome de Gaza

 

Quem pense que toda esta actual carnificina em Gaza é algo de extraordinário, dada a fúria justíssima dos enxofradinhos por via da inaudita petulância hamasiana em 7 de Setembro, anda a comer muito queijo e a memória junto com ele. O que, de resto, não é novidade: todos estes jagunços de psico-aluguer e culturistas da tanga apenas sabem exercitar e promover a monomania instilada pelo momento mediático a ferver. A sua efervescência é tão fulminante quanto instantânea e esgota-se na sua própria guturalidade repetitiva. Operam, invariavelmente, num misto de disenteria moral e retro-alimentação conceptiva, ou seja regurgitando e destilando, em canora matraca, a substância vácua  daquilo que desovam. Chafurdam e refocilam, assim, em perpétuo e fétido êxtase.

Só que não há nada de extraordinário neste mais recente episódio. Nada do apregoado e grunhido "acesso agudo": apenas manifestação duma arreigada síndrome. Crónica, incurável, sistémica e auto-imune.

Basta relembrar, ainda há meia dúzia de anos o célebre "Método Mordechai". Bem como o postal seguinte, de 2016, que me permito repostar para avivar as memórias:


Se pensarmos que o professor Mordechai é um caso patológico isolado estaremos a ser  desenfreadamente optimistas. Passo à apresentação do não menos emérito professor Amitai Etzioni. Qual o seu método?

- Varrer Beirut  inteirinha do mapa.

A que propósito ou pretexto severo?  Simples: porque é em Beirute que o Hezbollah esconde os mísseis. Ou pelo menos ele imagina que sim. Donde que,  pelo sim, pelo não, arrasa-se a cidade inteira e depois logo se vê. Mas primeiro avisam-se os habitantes, para  que, de livre vontade e com sorridente compreensão, abandonem a área e entreguem as suas habitações, comércios, indústrias e infraestruturas públicas (escolas, hospitais, monumentos, etc) à devastação metódica e solene. O exército libanês, reforçado pela ONU, presumo, deverá até supervisionar e fiscalizar pressurosamente a retirada.
Estou a mangar convosco? Infelizmente não:




E por aí fora. Trata-se, no fundo, de estender, paulatinamente, Gaza ao universo. 

Estamos perante um indivíduo alucinado e psicótico? Tirem o "indivíduo" da equação. Estamos perante uma mentalidade. E também perante uma ideologia, radicalmente perversa, racista e agressiva, que, na medida em que goza de impunidade e facilitação sempre crescente, já raia o carcinoma planetário. Isto já nem sequer é o sionismo: é a malignização desarvorada do sionismo. Descambaram. Como os nazis depois da Noite das Facas Longas descambaram. E enquanto não se compreender que Israel não é uma teocracia (como os detratores de esquerda invocam), mas uma teofania, como a deriva satânica exibe cada vez mais a bandeiras despregadas, não percebem nada.
O que o Estado de Israel proclama - com farronca e arrogância desatadas - a quem quiser ouvir, é:  Iahvé
 sou EU.

Um dia destes Ihavé vinga-se da soberba ímpia? Não confundam o Chefe dos Exércitos de Israel com o Deus de Aristóteles e de São Tomás. Há milhares de anos, os Hebreus inspiraram-se no deus maior do panteão Assírio - Assur, o senhor da guerra e dos exércitos, para cunhar Iahvé. Na mentalidade semita, desde há milénios, o massacre e a razia das cidades não é impiedade. Pelo contrário, é o tributo devido ao deus, e, por conseguinte, é a forma mais pia e superlativa de culto. 
Freud era um manhoso que dum modo geral projectou as próprias taras na própria teoria. Mas teve um discípulo que não é desinteressante de todo: Jung. Falava dum "inconsciente colectivo". Resta-nos a nós adivinhar, ou tentar decifrar, nas deambulações de certos povos sonâmbulos, os monstros arcaicos que os obsidiam e tripulam.
O Cosmos não cabe em certos becos. E toda a Hubris, é fatal, convoca uma cobradora: a Némesis. Não há paleio contra isto.


PS: falta acrescentar um pequeno mas importante ponto: os deuses semitas não são "deuses morais". A questão da moral enquanto confronto entre o mal e o bem, a liberdade subjacente à "escolha moral" e até os conceitos de salvação e redenção não são oriundos das culturas semitas, mas sim da cultura persa. Segundo  Zoroastro, também conhecido por Zarathustra.  Não é por acaso que a mais bela obra literária da Filosofia se intitulou "Assim Falava Zarathustra". Caso não saibam, é a obra com mais edições e traduções da história da humanidade. Sim, mais ainda que a Bíblia. O que é que herdámos da cultura judaica (notem que judaico não é sinónimo de hebraico, apenas uma degradação/decadência)? Segundo Nietzsche e aí, em boa medida concordo com ele: o Ressentimento. Aparece sobretudo nas épocas de decadência avançada e nos grupos socio-marginais ou contra-culturais. Exemplos: os migrantes transatlânticos,  de trânsfugas sectários variados, que viriam a corporizar o "evangelismo americano"; os kazares judaizados do Pale of Settlement , que viriam a corporizar a esbirraria soviética; dum modo geral, todos os medíocres ou mesquinhos que invejam a grandeza - e por isso ao judeu se chamava tradicionalmente o "Invejoso". Ir empenhar no agiota também se dizia "entregar ao Invejoso".  O judeu como "filho do diabo" , segundo a Idade-Média - ou "enteado do mesmo cornúpeto", segundo mestre Gil, pois... Enfim, ainda hoje se pode reconhecer esse carácter ou, de certo modo, esse atavismo cultural quando nos deparamos com um indivíduo invejoso ou ressentido, ou, dito com propriedade, "um judeu". Não é forçoso que partilhe a raça, o credo ou a fortuna: basta que partilhe o espírito, entenda-se, a ausência dele. 

PSS: Evidente e felizmente, também existem, quero acreditar, muitos judeus, de raça ou de credo, que não são nem invejosos nem ressentidos. São pessoas.  E de valor. Precisamente porque não respeitam o estereotipo e estão-se nas tintas para a idiossincrasia da tribo. Deus os proteja e abençoe!

2 comentários:

Anónimo disse...

«Evidente e felizmente, também existem, quero acreditar, muitos judeus, de raça ou de credo, que não são nem invejosos nem ressentidos. São pessoas. E de valor. »

E Um desses, com tanto valor que foi crido como Pessoa divina...

dragão disse...

«E Um desses, com tanto valor que foi crido como Pessoa divina...»

para morrer como pessoa humana. Vá, coragem... beba o cálice até ao fim.

Já viu? Nada de histerias proféticas e basófias descabeladas: uma pura Tragédia grega.