Numa apreciável quantidade de casos, a filosofia, em todo o seu aparato livresco, não excede a ficção de má qualidade. Péssima literatura, enfim. Pelo contrário, a História é toda ela ficção, mas de razoável qualidade em muitos casos. Já a literatura propriamente dita é de baixa extracção em quantidades industriais, mas, nos seus raros génios, consegue produzir filosofia e história de excelência, bem acima dos respectivos - e putativos - especialistas ou catecúmenos.
O nosso tempo, entretanto, já não produz nem filosofia que se apresente, nem literatura que se recomende. Quanto à história, desde há mais de cem anos que anda a prostituir-se no bordel da propaganda (não que antes fosse virgem no estabelecimento, mas agora salda-se em moldes estritamente comerciais - no prévio, a vocação era mais de índole religiosa, benemérita, estilo babilónico). A pessimização, não admira, é sinónimo de anglo-saxonização. Estou a empalar de palito uma miríade de lombrigas estéticas e microcéfalos da cultura? Ainda bem. A ideia é mesmo essa. Da literatura é melhor nem falar. Até por falta de assunto ou caso real.
Serve este justo e sempre oportuno introito para falar na mais recente erupção ficcionista do Oxidente. Como é sabido, e está vastamente documentado, este, na sua guerra encarniçada à Realidade, tudo submete à ficção. Mas à ficção de péssima e intragável qualidade. Muito pior que a filosofia medíocre ou a história de pechisbeque. Na forma, consiste numa espécie de pantanovela (panta de totalitária e panta de pantalha) em emissão ruidosa e ininterrupta. O clima é uma das suas peripécias principais. Querem o mais recente exemplo? Leiam só este cartaz parangonal:
«Vem aí um episódio de chuva forte»
Portanto, a meteorologia, como tudo, virou telenovela. Em episódios. E a nós, perante a mesma, compete-nos o papel de consumidores/espectadores. Assistimos às chuvadas, às ventanias e enxurradas, como a qualquer outra série da Netflix ou equivalente. E se na forma telenoveleja, no conteúdo, segundo os argumentistas de plantão e produtores de pornochuvada, limita-se a meia dúzia de dogmas parolos, mascarados de "estudos" e repetidos ad nausea. Quanto ao título para tão trepidante quão deprimente espectáculo... Não lhe chamam "E tudo o flato levou", como o apocalipse de alguidar sugeriria. É algo mais solene e minimalista, como decerto já adivinharam: "CIÊNCIA".
10 comentários:
Os novos deuses - o progresso, a liberdade, a ciência, o ambiente, etc - são implacáveis.
Aquelas cenas do Homero, em que a camarada Palas Atena ia meter veneno para lixar A ou B, eram coisas de meninos.
Isto desde os camaradas Gutenberg e Bernays pia muito mais fino.
Sem dúvida. Se bem que tudo espremidinho nem a deuses chegam: é mais da ordem dos ídolos fetichistas de tribos neocanibais.
o clima dá jeito para coisas como lítio e hidrogénio verde. e carros eléctricos. rende muito, o clima.
https://x.com/wolvescanriot/status/1722428156311749010?s=46&t=7MihXQ20SH3js_gIRmDlfQ
https://x.com/stillgray/status/1722567721551053300?s=46&t=7MihXQ20SH3js_gIRmDlfQ
Bronca : os pencudos fizeram merda .
https://x.com/narrative_hole/status/1722594988867916130?s=46&t=7MihXQ20SH3js_gIRmDlfQ
ehehe
Maravilha!
Draguito, essa chama está cada vez mais esclerosada... Vá lá respira pá
Elaites
Viva, Zazie!
Pelo contrário, ó Elaites.
Esse seu comentário beato e a tresandar neo-sacristia laica só atesta de como as minhas labaredas não perderam a testosterona, pá! Foram-lhe ao ídolo, foi?... Nunca falha. Chegam a ser mais melindrosos que os kosher de imitação!... :O))
A agenda também é climática e tem data para se cumprir, 2030.
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