Digamos deste modo: Deus (ou o Divino, para sermos mais abrangentes através dos milénios) é o objecto natural da crença. Não vou batalhar que isso está muito bem, muito mal ou mais ou menos: é assim. O Homem desenvolve uma religião como desenvolve uma anatomia, uma família, tribo ou instrumentália. Mostrem-me uma cultura, ao longo dos séculos, em qualquer latitude do planeta, onde os indígenas não tenham desencantado uma religião - isto é, uma relação com o divino - e eu ofereço-vos uma viagem interestelar, com estadia e tudo pago, durante um mês, no melhor hotel da galáxia Andromeda.
Também sobre a qualidade, superioridade ou verdade das religiões não me compete, nem interessa, aqui, esquadrinhar. Esta não é uma investigação ou manifestação de índole "religiosa". É apenas a crença, enquanto crença - isto é, enquanto natureza psicológica humana - que me convoca. Ora, quando Chesterton, na sua célebre (e justa) proposição proclama que "quando se deixa de acreditar em Deus, passa-se a acreditar em qualquer coisa", está, precisamente, a colocar a questão no plano desse "instinto ou vocação natural" para a crença. Se lhe retirarmos o seu curso e destino natural, ele desvia-se para fancarias e artifícios de conveniência, contrafacção ou recurso. É notório, naquilo a que se chama, hoje em dia, Oxidente, que a crença em Deus recua significativamente, enquanto, por lógica implícita e intrínseca, a crença em tretas, de conveniência e verosimilhança duvidosa, aumenta. Acredita-se no apocalipse global por uma série de factores bombeados ad nausea pelos megafone de serviço - aquecimento, pandemia, flato bovino, etc; acredita-se na "democracia" (arque e telos de todas as coisas, redentora do céu e da terra); acredita-se - piamente! - nas notícias mais contraditórias e inverosímeis, algumas mesmo descabeladas de todo, desde que passevitadas pelos mass-media sacrossantos; acredita-se na última moda em matéria de revisão do passado; acredita-se na "ciência" por via do milagre da multiplicação das próteses, pinchavelhos e tecnobugigangas; acredita-se na panaceia farmacológica; enfim, acredita-se em qualquer pastor evangélico de vão de escada e em qualquer bibliofania de carregar pela boca que, no fundo, é o que todos esses epifenómenos, na essência e recorrência, protagonizam.
Todavia, sobressai uma ironia trágica em todo este circo ambulatório: é que à medida em que o "instinto religioso" se degrada e achincalha a Oxidente, também de mãos dadas com ele, se atrofia e definha a olhos vistos o próprio Instinto de Sobrevivência. Como se a relação com o Divino constituísse, no Homem, uma manifestação e exercício de Vitalidade; e o seu abandono ou desprezo, fatalmente, um sinal de submissão ao estertor e à morte.
Assim, quando se enuncia ou evoca "civilização ocidental", em bom rigor, significa-se o "ocaso da civilização". Culturicídio em larga escala.
10 comentários:
Em Espanha há uma centelha de Esperança. O PP deve vencer e vai Governar com o VOX. Pelo menos os Socialistas e o Avental catalão vão ser corridos do poder. Em França também a coisa se encaminha para Le Pen. Cada vez mais Portugal é uma ilha socialistas e franco-maçónica dentro da Europa. Até já meteram a Igreja Católica no bolso com a campanha para nomear Patriarca o Danoninho socialista e aventaleiro.
Muito bem, Dragão!
Portugal ficou encalhado com o Marquês, o primeiro enfrentamento maçónico contra o catolicismo, e onde só Salazar conseguiu de novo ressurgir a nação de Cristo, mas logo depois, Abril tornou-a submergir.
A história não mente:
https://www.youtube.com/watch?v=X0D2ItxlFuQ
Engraçado é como a história do senso comum e dos mais incautos retrata o declínio de Portugal com a expulsão da judiaria...
O que não é verdade. A queda foi quando a maçonaria chegou ao poder, com o Marquês e com a revolução liberal.
Ocaso , acaso , já alguem reparou na boquinha de Pedroso , digo , de Kuleba que o neocardeal tem ? Estão a chegar resmas de " jovens " , exultemos
"O presidente brasileiro, Lula da Silva, salientou esta quarta-feira o "momento excecional" das relações diplomáticas entre Brasil e Portugal, ironizando que, "daqui a pouco", o número de brasileiros em Portugal "será maior do que o da população portuguesa".
Quem me dera mamar em cana de açúcar brasileira todo o dia! Venham, negões!
"Como se a relação com o Divino constituísse, no Homem, uma manifestação e exercício de Vitalidade".
Eu diria, pura e simplesmente vida. Porque só por apelo ou reminiscência daquela se pode ainda chamar "vida" a este ir morrendo desde que se nasce (se chegamos a nascer).
Figueiredo, já estás bêbado, cabrão.
O meu primo na França que tem um filho na Alemanha diz que os alemães, os suíços, os holandes, continuam a emigrar de mansinho para a Rússia sem ninguém noticiar nada. Não há professores em Zurique, e os russos deixaram de mandar os filhos para Inglaterra, porque o lobi gay-sionista conspira contra a sagrada ortodoxia, os russos na Alemanha voltaram todos para defender a pátria dos nazis, não há electricidade em Berlim e aquecem a casa a lenha, milhões de mortos por causa do frio.
Grande texto Dragão!
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