Desde pequeno que ouvi falar nos "Três da vida airada: Cocó, Ranheta e Facada". Isto dos Três, como todos sabemos, há séculos, é um número que tem muito que se lhe diga. Em múltiplos sentidos, para cima e para baixo, da teologia à sexologia, enfim, é toda uma variedade. Mesmo os três mosqueteiros... na verdade eram quatro, mas ficaram na lenda como "os três". Portanto, e resumindo, o 3 é um número com muita força. E não só na vida airada, mas também no mundo cão que nos cerca (sitia e confina), dir-se-ia que lá anda ele a impor a sua influência. Deve ser por isso que os dois excepcionais da História agora viraram três. Desde Fevereiro deste ano, mais precisamente. Já havia "o todo o imperialismo é mau, excepto o Americano"; e também o não menos famoso, "todo o colonialismo (ou apartheid, ou racismo, ou limpeza étnica, etc) é péssimo, excepto o Israelita". Pois, doravante, eis o terceiro: "todo o nazismo é hediondo e repugnante e merecedor da mais severa repressão e censura, exceto o Kievita". Por conseguinte, ao Cocó e ao Ranheta, eis que se junta o Facada. E a quem devemos mais este prodígio, este milagre dos diabos? Nem mais: a Santo Vladimiro (Putin).
Se pensarmos, entretanto, como também lhe devemos a extinção da Covid e o apagamento de toda a História antes de Fevereiro de 2022, é caso para, no mínimo se lhe erigir uma catedral. Daquelas góticas e abracabardantes.
São Vladimiro, com aquele acto arrojado de purgar a Kievlândia, não iniciou uma guerra: criou o Mundo. Deu início à História e à Civilização, quer dizer, à própria Linguagem e Pensamento. Antes era, como não se cansam de nos enfiar pelas pantalhas e folhas de couve a dentro, o Nada, o Vazio, o Caos inominável. Mesmo o Tempo, não contava. Não existiu. Ainda nem sequer relojoava. Antes do genesis Vladimirífico, tudo não tinha passado duma heteróclita nuvem de fragmentos e vapores a boiar no espaço. Entulho cósmico, em suma. Que para nada interessa à consideração das massas geniais, super-informadas, esclarecidas e psicomusculadas nos ginásios da certeza absoluta.
Lavou-nos, finalmente, de todo o pecado, o grande Taumaturgo. Nada de maçãs ou explosões siderais filhas de pai incógnito. Quatro mil e trezentas guerras, mais duas mundiais de imensa estupidez e fragor. E seus derivados também. Aquela Fria, altamente chata e paranóica, pela pia abaixo. Tudo lavadinho. Mandado para o esgoto do esquecimento e da nulidade.
Holocautos, holodomores, hologramáticas de fantasia e outras frioleiras que tais?... Bem, isso foi quando: no tempo em que não havia ainda tempo nem as galinhas tinham perdido os dentes? Antes da Criação do Mundo? Temos pena. Nem sequer há palavras.
PS: Dizem-me que os excepcionais detêm o poder exclusivo de inventar, engendrar ou aperfilhar novas excepções... Sim, são eles e os malucos internados no Júlio de Matos.
5 comentários:
Completando o argumento dos três mosqueteiros com a quarta asserção , " a má propaganda é exclusivamente sino-russa "
Acabou o fogo-de-artifício
Se por volta de Setembro era uma segredo quase público o do iminente esgotamento dos paióis checos, eslovacos e romenos, é agora um segredo de Polichinelo haver no RU apenas reservas de munições para dois dias de combate em cenário de guerra clássica e de duas semanas para o Exército dos EUA; ou seja, se por infortúnio se desencadeasse uma tormenta, nem as unidades britânicas, nem americanos teriam o alimento de fogo necessário para desenvolver qualquer operação de vulto.
Miguel Castelo Branco
" The US Govt created Al Qaeda and turned it into a contract army to fight Russia in Afghanistan. Then the US supported neo-Nazis in Ukraine to provoke a war with Russia. All of this to prevent Russia from becoming a peer competitor with the help of Germany "
https://twitter.com/kimdotcom/status/1600099769933864960?s=46&t=EI8XdaW3DHnYtsWXVESiJg
> to prevent Russia from becoming a peer competitor with the help of Germany
Ou vice-versa. Quem se está a amolar com isto é a Europa.
No século XX negaram-lhe a África que estava a desenvolver. No século XXI amputam-lhe a amplidão asiática.
E os cucos tolos cantam em coro loas ao descalabro.
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