terça-feira, agosto 23, 2016

Acromiomancia Ultramarina - O lado escuro da treta

 
Em epígrafe (carregar no link, e espero que lá vão dar) está um filme raro, feito por repórteres italianos, em África, 1964. Imagens ao vivo da Tanzânia  (antigo Tanganica) e, depois, do Congo. Os massacres de Zanzibar e a Rebelião Simba, mais propriamente.
Já sabemos e estamos cansados de saber como os portugueses, por via daquele indivíduo pouco sensível a correntes de ar (e apenas vulnerável a certo tipo de mobiliário quadrúpede), se obstinavam em não descolonizar à pressão e para alta recreação das putências internacionais. Mas antes de prosseguirmos com a exposição específica das luso-singularidades mai-la sua contra-corrente no Ultramar, vejamos, duma vez por todas, como decorria e em que consistia a tão festejada descolonização  - que tanto enlevo e volúpia moral causava na "comunidade internacional" da época´e, ao retardadador, ainda tanta devoção papagueante instaura nos politicamente eunucos do presente.
Portugal, decididamente, e enquanto a traição, a estupidez e a cobardia não esboroaram tudo, não entregou os seus territórios ultramarinos e as suas populações.  Mas não entregou a quê e a quem? O que é que estava do outro lado para receber?  Que raio era assim tão urgente, indiscutível e moralmente superior (um nec plus ultra da civilização e do progresso, senhores e meninas, pois então!...), que só o estúpido do Salazar e a sua pandilha de malucos não viam?
Vamos lá olhar para dentro daquilo que está dentro do armário e que, invariável e convenientemente, se branqueia e passa a esponja. 
Vejamos, então, em paralelo, os anos sessenta num território triste, sombrio e colonizado pelos fassistas metropolitanos do ogre Salazar - Angola, e num território feliz, descolonizado pelas mais civilizados métodos e potentotes, soberano, risonho e finalmente entregue à liberdade, ao desenvolvimento e à democracia, naturalmente - o Congo. Eventualmente, dois dos mais ricos territórios de África e do Mundo. Ainda por cima, contíguos, unidos pela mesma fronteira e partilhando tribos comuns (os bacongo e os Lundas).
Vamos lá a descer das fábulas e das mitologias de jardim escola à puta da realidade.
Para já, de introito, o filmezinho aí acima. Depois, e ao longo das próximas semanas, conforme a exígua disponibilidade o permita, virá a explanação copiosa. E mais, muito mais dados e testemunhos documentais. Factos. Uma avalanche deles. Para mim com um duplo prazer: massacrar insectos rastejantes e recordar gente com eles no sítio que tive, nalguns casos, anos adiante, o privilégio de conhecer ou meramente avistar nos caminhos da aventura.

Actualização: Conforme providencial e meritória informação do leitor Muja, que desde já louvo e agradeço,  o documentário completo pode ser encontrado aqui, no youtube:
Africa Addio

7 comentários:

Anónimo disse...

Mete-te na tua vida e deixa a pretalhada em paz.

muja disse...

As imagens são um pequeno extracto do filme documentário italiano "Africa Addio", de 140 min., que recomendo vivamente.

Deve encontrar-se no youtube, pelo menos, a versão em inglês. A original italiana anda pelas baías de piratas da net.



muja disse...

Aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=ICgj03-Jo0Y

Tem até um pequeno segmento com imagens de tropas portuguesas.

Anónimo disse...

Apesar do aviso: «Connection is not secure» aí vai:
São todos azuis:
No notável filme, azuis escuros.
Na festa do PCP, azuis claros.
Todos alarves.

Maria disse...

O documentário é extraordinário. Muja está de parabéns por tê-lo sugerido.
As imagens são horrendas. A maldade dos homens não tem limites. A matança indiscriminada de seres humanos só é concebível por outros seres que de humanos nada têm, mas sim seres irracionais. E quanto aos pobres animais bàrbaramente sacrificados pelos mesmos diabos, eu que sinto um amor imenso por todos os animais domésticos e mesmo os domesticados e uma enorme admiração pela beleza e porte dos animais selvagens, não suportei ver a selvajaria perpetrada por negros massacrando elefantes, zebras, hipopótamos e outras espécies maravilhosas recorrendo ao arremesso brutal e sucessivo de lanças sobre animais indefesos, isto a juntar a manobras criminosas e propositadas, agora "de brancos", que socorrendo-se de helicópteros e por força do forte ruído provocado pelos aparelhos conseguindo assim afastar os elefantes das suas adoráveis crias com o único e criminoso objectivo de as levar para as Reservas e Zoos doutros países e/ou Continentes, crias que difìcilmente resistem até aos cinco meses por falta da amamentação e protecção maternas. Tudo quanto vi é de partir o coração ao mais insensível. E foi forte demais para mim. E com pena minha vi-me forçada a interromper o visionamento do documentário.

Os genocídios levados a cabo em todas as descolonizações no Continente africano não têm perdão. "Todo o mal será castigado". So it was written, so it will be done.

marina disse...

e a história continuou : há-de haver centenas de actuais videos de milhares de africanos mortos a tentar chegar à terra dos brancos.

Euro2cent disse...

Anoto apenas a extraordinária habilidade com que uns tipos cuja "homebase" era uma massa continental menor do que as outras do planeta trataram de expelir possiveis rivais de zonas que lhes poderiam dar uma massa critica maior.

"Neato!".