quarta-feira, junho 29, 2016

Upstairs, Downstairs



Mas não se angustiem tanto as alminhas. Se há uma coisa que o Reino Unido não é, é democrata. De longe, aquela ilha é a menos democrata das "democracias". Aquilo, ninguém duvide,  é uma mescla de oligarquia  e aristrocratice esquisita de pedra e cal. A democracia é uma peste para exportação e à qual, por natureza, estão imunes e vacinados. Um cobertor de varíola para tratar o "indigenato" adverso, enfim. Daí, aliás, uma das suas grandes vantagens sobre qualquer tipo de competição. Espetaram com a revolucionite nos franceses e eles nunca mais foram ninguém. Inocularam o bacilo nos russos e só agora os infelizes estão a recuperar do envenenamento tóxico. Por conseguinte, o que conta não é nem o resultado de referendo nem o resultado de eleições. O que realmente importa e, no fim do dia, determinará os eventos, é o caminho que quem realmente governa escolherá. A verdadeira eleição nunca decorre cá em baixo, mas lá em cima. Upstair, downstairs, como dizia o popular romance (e série televisiva).
E o critério é simples: se o resultado do referendo está de acordo com as intenções superiores, então, posso garantir-vos: esta bacoquice da "união europeia", que de união tem tanto como de europeia, ou seja, quase nada, tem os dias contados!
Só de imaginar a fussa asquerosa do Durão Barroso, apenas me ocorre um lamento: pena não ter sido já anteontem!...


8 comentários:

Anónimo disse...

São liberais, o que é outra coisa que não impede o funcionamento do dito sistema político por eleições. Não têm grandes vícios estatistas nem totalitários.

;-) disse...

Texto deveras surpreendente nesta casa.

"... é uma mescla de oligarquia e aristrocratice esquisita de pedra e cal."

Sim, sim...as mesmas (a oligarquia e a aristocracite) que, juntamente com algumas outras (urbi et orbi como a generalidade das casas "reais" (ahahahahha) da Europa, ou do que resta dela), constituiu (e constitui e esteve na ORIGEM) do Clube de Bild não sei das quantas e dos Bué Mian Grouves, dos Có-un-cils ove Fórein Aférres e quejandos......

O que vai acontecer é exatamente o que lels querem. Não o que o Povo quer.

"A verdadeira eleição nunca decorre cá em baixo, mas lá em cima."

Claro que é assim fora do Continente. Lembre-se do que aconteceu a Ceausescu, a MIlosevic, à defunta CCCP....não importa os de "cima". Quando os de "baixo" (são interessantes estas noções totalitárias e verticais, comuns à esquerda e à direita, irmãs desavindas paridas pela Convenção, recorde-se) não querem.....ACABOU e os de CIMA......MORREM.

Ainda hoje recordo a sensação de alegrai ao ver a execução de Nicolae e Elena Ceausescu, numa ruela de Bucareste.
Há dias um documentário falou com os soldados que fizeram parte do pelotão de execução...resposta?! Fariam tudo de novo e continum a odiar os que ali foram fuzilados e o regime (asqueroso e hediondo) que, com eles, caiu.

Quando os oprimidos se chateiam a SÉRIO.......NÃO HÁ "cima" que valha.
É metralha. E bem-

;-) disse...

Mais surpreendente é parecer estar contente com estas brincadeiras da rapaziada de Eton. Só falta mesmo um panegírico aos de Yale!
E quer um esquadro e um compasso?! Dão jeito para o desenho.
E um avental? Pode-lhe dar jeito para a cozinha

:D

;-) disse...

Nem de propósito corre à "boca cheia" que foi proposto no Conselho Europeu (sítio mal frequentado pois é composto pelos de "cima" e pela "aristocracite"....bem diferente de Aristocracia e Elite que, por cá, faleceram todos a 4 de Agosto de 1578 e acoisa só foi tendo algum tino, durante algum tempo, por causa de um de "baixo" de da Beira Alta e de um professor de direito também com origens modestas) que sejam impostas a Portugal não as pesadas sanções esperadas mas sim uma sanção simbólica de......1€. Sim: 1€!

E se fossem gozar com o c@r@lho!

A UE, pelo que se vê, e por tudo o que está a acontecer parece estar presa na ortodoxia ultra-liberal (uma estupidez) e está completamente cega perante o que se passa em vários Estados-membros e perante a sua desagregação caótica (pior cenário possível).

Como bem dizia o meu saudoso pai: nunca deveria ter passado de uma CEE, tudo o resto foi um erro.
Para bom entendedor.....

Vivendi disse...

A criação de uma Federação Europeia constitui uma das ideias dominantes da política actual, pelo que os problemas que se levantam à sua volta e as decisões já tomadas, orientadas nesse mesmo sentido, têm sido objecto de atenta consideração por parte do Governo Português.
Por se tratar de uma questão que continua a manter a maior actualidade, convém marcar a nossa posição em face de tal política.
(...)
A Europa nasceu de certo modo e o processo da sua formação imprimiu-lhe carácter. A sua diversidade, se por um lado é motivo de fraquezas, verificou-se por outro ser fonte de radiação universal. Há neste conjunto nações de tão antiga independência que o arreigado nacionalismo quase se confunde com o sentimento, com o instinto de propriedade e de uma propriedade não transmissível (caso português – Constituição, art.° 2.°).
Nestas circunstâncias é duvidoso que se possa constituir por combinações ou tratados um Estado Europeu.
Ou melhor: podem os governos acordá-lo, mas os povos dificilmente se ajustarão a ele.
(...)

Vivendi disse...

Não me parece oferecer dúvidas que essa federação, em cujo seio entrariam de começo três grandes repúblicas e três pequenas monarquias, se faria ou fará sob a égide republicana. Nem a força representada pela Alemanha, França e Itália e a dificuldade de escolha duma dinastia permitiriam outra solução nem os Estados Unidos compreenderiam coisa diferente. E tem de pôr-se de lado a hipótese da coexistência dos dois regimes. A Bélgica, a Holanda e o Luxemburgo teriam pois de desfazer-se das suas instituições. Acontece porém que a monarquia é na Bélgica o factor de integração de populações nas quais coexistem fortes elementos de diferenciação como a língua, a religião e até as concepções políticas. Quer dizer que, por imposição dos acontecimentos, a Bélgica, nem mesmo como província ou Estado secundário da federação, poderá subsistir, pois a breve trecho se deverá dissolver no conjunto.
(...)
A federação europeia, como pretende constituir-se, suscitará mais problemas do que os que resolve, e não contém em si aquele reforço da defesa que se deseja para um futuro imediato; antes constituirá por muito tempo uma construção política frágil. Economicamente, pondo-se de lado os sacrifícios e sofrimentos a impor às gerações actuais, a federação apresentar-se-á como um grande espaço em que os vários sectores da produção podem ser mais facilmente racionalizados, e disporá de territórios ultramarinos que aumentarão a base económica do conjunto. As monarquias serão banidas. Como elemento mais forte pela extensão do território, população e conjunto das suas qualidades e espírito industrioso, será a Alemanha quem deverá conduzir efectivamente a federação para todos os seus destinos. Para isto, talvez não valesse a pena ter feito a guerra.
(...)
Se posso ser intérprete do sentimento do povo português, devo afirmar que é tão entranhado o seu amor à independência e aos territórios ultramarinos, como parte relevante e essencial da sua história, que a ideia de federação, com prejuízo de uma e de outros, lhe repugna absolutamente. Precisamos aliás ter presente que o Ultramar lhe tem interessado sempre mais que a Europa continental: raras vezes Portugal interveio nos seus dissídios e sempre que o fez foi com prejuízo de outros interesses mais altos. A expansão ultramarina – descobrir, missionar, fazer nações além-mar, como o Brasil – é o traço mais saliente da sua história, é decididamente a sua vocação. (...) A nossa feição atlântica impõe-nos, pois, limites à colaboração europeia, quando esta colaboração revista formas de destruição daquilo que somos e integração naquilo que não nos importa ser.
(...)
Nestas circunstâncias, a questão da federação que se pretende fazer nascer no centro e ocidente da Europa não nos interessa senão na dupla medida em que pode diminuir a capacidade europeia de defesa e em que, pretendendo alargar-se para além dos limites primários, nos embarace ou impeça de seguir o nosso caminho.

António de Oliveira Salazar in «Circular enviada às embaixadas e legações de Portugal», 6 de Março de 1953.

Cortesia via:
http://accao-integral.blogspot.pt/2016/06/salazar-sobre-uniao-europeia.html

;-) disse...

Backpedalling!

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/europa/uniao_europeia/detalhe/john_kerry_convencido_que_o_brexit_nao_vai_acontecer.html

Continuando numa onde de citar Oliveira Salazar (ou seja, realpolitik), após este divertimento entre Eton e Yale volta tudo à célebre frase de Salazar: "manda quem pode, obedece quem deve"


PS: a ingenuidade, mesmo que momentânea (e acredito espontânea) sempre a achei comovente.

Laoconte disse...

É interessante que depois do Brexit, os ingleses publicaram agora o Chilcot report quando está a decorrer a cimeira de NATO em Varsóvia. Pura coincidência?