terça-feira, agosto 18, 2015

O colosso Rhodes

«Estive ontem no East End [bairro operário de Londres] e assisti a uma reunião de desempregados. Ouvi aí discursos arrebatados. Era apenas um grito: "Pão,Pão!" Revivendo toda a cena ao regressar a casa, fiquei ainda mais convencido do que dantes, da importância do imperialismo... A ideia que me é mais cara, é a solução do problema social, isto é: para salvar os quarenta milhões de habitantes do Reino-Unido duma guerra civil  mortífera, nós, os colonizadores, devemos conquistar novas terras afim de aí instalar o excedente da nossa população, encontrar novos mercados para os produtos das nossas fábricas e das nossas minas. O Império, sempre o disse, é uma questão de barriga. Se quereis evitar a guerra civil, é preciso tornar-vos imperialistas.»
- Cecil Rhodes, 1895

O colonialismo britânico, que tem em Rhodes o seu sumo pontíficie, surge assim como uma primeira forma de desarmar uma tensão social que o ímpeto inaugural do capitalismo resfolgante instaurava a passos largos nas sobrelotadas urbes britânicas. Colonizar era, pois, segundo Rhodes, uma forma benigna de desinfestar as Ilhas e ampliar os negócios. A ideia tinha a sua lógica e não se pode dizer que fosse destituída de senso. Acudia, em simultâneo, às angústias prolefóbicas do reverendo Malthus e apresentava trampolins providenciais às efervescências social-darwinistas da época. E até Stuart Mill, em bênção antecipada, já proclamara: "Pode-se afirmar, no estado actual do mundo, que a fundação de colónias é o melhor negócio em que se possa aplicar os capitais dum velho e rico país.»
Desta peregrinação desembestada  resultaram muitas coisas que a história documenta. A guerra Bôer foi uma delas e merece referência especial por uma invenção que faria furor no século vinte: o Campo de Concentração (british made, registe-se). Conheço uma rapariga aul-africana (bastante jeitosa, por sinal) cuja avó penou num desses beneméritos estabelecimentos. Além do rapinanço das vastas minas de diamantes e ouro aos Boers, os Ingleses acharam também de bom tom expropriar aos Portugueses (seus velhos aliados, aspas, aspas) os territórios entre Angola e Moçambique (baptizadas logo de seguida como Rodésia do Norte e Rodésia do Sul, em homenagem ao chefe flibusteiro). Para o efeito, apresentaram o famigerado Ultimato à coroa portuguesa, sob ameaça de bombardeamento sumário por vaso de guerra entediado, caso o deferimento não fosse imediato. O rei encolheu-se (entalado entre a partidofagia interna e patifofagia externa, não seriam abundantes os seus recursos em campo de manobra) e acabaria removido pouco adiante, muito em consequência desta prenda dos prestimosos aliados. Agradeceram os auto-proclamados republicanos (qualquer bando de malfeitores e ladrões, uma vez na posse dum palácio, estima de arvorar-se em nobre e bestialmente digno). E trataram de materializar a sua gratidão aquando da carnificina industrial na esquina logo adiante, enviando milhares de portugueses para o matadouro da Flandres. Ao lado dos ingleses, pois claro. Para que estes (mai-los franciús)  não nos larapiassem o resto do ultramar, impunha-se que nos deixássemos massacrar pelos alemães. Não há colónias grátis. E a rapaziada lá foi; e lá cumpriu a rigor.

Podemos dizer que a república portuguesa é uma engendradela do colonialismo britânico?  O que é que acham?


PS: Não será mesmo a evolução lógica da esngendradela que já "constitucionalizara" a monarquia portuguesa?... Só perguntas difíceis...

31 comentários:

Bic Laranja disse...

As perguntas são toda uma theoria.
Não foi das ilhas que brotou a calhauzaria livre? Outra engendradela.

Ricciardi disse...

http://observador.pt/2015/08/19/bpi-coloca-operacao-angolana-a-venda/
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O mapa cor de rosa não passou duma intenção. A ver se colava. Na altura falava-se nas cortes portuguesas no triangulo virtuoso q se formava entre o congo e angola afunilando até à África do sul. Era aí q se supunha haver muitas riquezas. Em ouro e diamantes. E não estavam errados esses suposios. O problema é q a coroa não tinha sustentação histórica, embora tenham feito à pressa umas expedicoezitas a ver se enganavam a comunidade internacional. Os bifes apresentaram sustentação porque foram eles q exploraram aquela zona. A realeza portuga fez bem em recuar, caso contrário perderia as zonas onde tinha sustentação... e Moçambique seria a primeira. O rei soube arriscar e ler as consequências. Clap clap para ele.
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O problema maior dos ultimatos não foi esse. É outro, e bem actual.
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http://observador.pt/2015/08/19/bpi-coloca-operacao-angolana-a-venda/
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Não são, porém, desta vez, os bifes a fazê-lo. Com estas operações trokeanas ao país vamos perder por completo qualquer influência em angola. O BESA é o banco económico agora. E o BFA vai ser vendido. Dois bancos influentes em angola.
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Parabéns.
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Rb

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muja disse...

Bom, já cá faltavas com o despejo de efluentes sanitários habitual a que hás-de chamar “tua opinião” - particularmente no que respeita a nós (pronome de conveniente ambiguidade pois não sei se te hei-de incluir ou se te incluis), portugueses.

Esclarece-nos porém, sobre essa tal "comunidade internacional”. Era o quê, a "comunidade internacional" em 1880, tão difícil de enganar?

Fico sempre na dúvida se serás mesmo burro - ou “denso” como dizem os da “comunidade internacional”, ou se disfarças bem.





muja disse...

Agora para os portugueses.

Dragão, não sei se já leu um livro que aqui fiz referência há uns dias - o Anglo-American Establishment. Essencialmente dá conta de como esse Rhodes fundou um grupo de interesses - ele próprio lhe chama sociedade secreta - para fazer avançar o imperialismo. Havia outros altos passarões envolvidos a vários graus: um certo Lord (Alfred) Milner, Lord Halifax, Balfour, A. Eden, W. Astor, Lionel Curtis e ainda outros. Tudo gente casada entre si, dos mesmos círculos sociais, etc. Em suma: a quintessencial elite para lhe carregar forte nos barbarismos eheh!

Bom, mas o que importa para já é ter aqui o noção de dois aspectos importantes. O primeiro é que o objectivo desta gente - ou, pelo menos, o ideal - era a constituição de um império federado, ou de uma federação imperial de estados sob a coroa britânica, incluindo todos os domínios da dita, mais ainda os EUA.

O segundo aspecto importante é que foi no decurso da prossecução deste objectivo que acabaram por dar origem à chamada Commonwealth - primeiro “British” depois “of Nations”.

Estes pássaros convenceram-se - ou diziam-se convencidos - de que a melhor maneira de evitar o que tinha acontecido com os EUA - a secessão à bruta -, era fazerem o que se fez no Canadá, em todos os domínios. Foram eles que criaram a União da África do Sul, que provocaram a dita guerra dos Boeres, e que, efectivamente, deram a independência à Índia. Tudo isto fiados na tal ideia que toda esta gente se havia de filiar alegremente, obtidas as respectivas independências, no tal império federal.

Escusado será dizer, não foi isso que se passou. E assim o que temos é isto: a tão alardeada Commonwealth não é tanto uma criação de clarividentes ingleses como é o conjunto dos destroços resultantes do projecto de um grupo de (nem sei bem que lhes chame) idealistas ingleses.

O mais irónico de tudo isto, para mim, é o seguinte: temos por aí as fossas sépticas ambulantes a despejarem o seu conteúdo sobre os esforços de integração portuguesa ultramarina, chamando burros aos que tal defendiam (e defendem), para depois tecerem loas aos outros pássaros ingleses que no fundo queriam fazer mais ou menos a mesma coisa (a uma escala muito maior, megalómana), por meios diferentes e com gentes ainda mais díspares - desde logo eles dos outros todos - e falharam redondamente.

A essas fossas - e outros que podiam e deviam ser mais esclarecidos - não lhes ocorre almejar a melhor que os falhanços alheios. É a nossa triste sina.

Anónimo disse...

Se me permite uma pergunta, não sei se difícil se fácil, e se aos apelos de "pão" em vez de se responder com imperialismo se respondesse, cruzes canhoto, com redistribuição?

dragão disse...

Muja,

ainda não li, mas vou ler.

Até porque vem muito a propósito.

dragão disse...

«Se me permite uma pergunta, não sei se difícil se fácil, e se aos apelos de "pão" em vez de se responder com imperialismo se respondesse, cruzes canhoto, com redistribuição?»

caro anónimo,

a pergunta de difícil não tem nada. Mas de ingénua tem tudo.

Experimente ir sensibilizar um bando de ladrões, após o saque, para a "redistribuição". Eles, se tanto, redistribuem entre si.

Essas teorias de impor, por força legal, políticas de redistribuição às oligarquias cleptocratas mascaradas de "capitalismo" são a maior história da carochinha para engazupar papalvos que eu conheço.

mensagensnanett disse...

Quando não existia esse ‘guarda-chuva’ [que são as armas de alta tecnologia], os dirigentes de todas as sociedades tinham uma preocupação... que era colocada ACIMA de todas as outras preocupações: a sua sociedade tinha de estar preparada para a guerra (isto é, ou seja, luta pela sobrevivência)!...
Quando as guerras eram lutas corpo-a-corpo, para além do factor numérico ser de muita importância, frequentemente, o que decidia as guerras era a MOTIVAÇÃO com que os combatentes (os homens) lutavam.
Portanto, como é óbvio, ao permitir que fosse realizada uma Boa Gestão dos Recursos Humanos da Sociedade [os machos sexualmente mais fracos também estavam fortemente motivados... para lutarem pela sobrevivência da sua sociedade], o Tabú-Sexo fez com que as sociedades ficassem dotadas duma Vantagem Competitiva!!!...
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No entanto... aconteceu uma descoberta, que veio provocar uma autêntica Revolução Sociológica: o desenvolvimento de Armas de Alta Tecnologia (por exemplo: as armas nucleares).
Com as Armas de Alta Tecnologia, o factor numérico perdeu muita da sua antiga importância... na decisão das guerras. Consequentemente, nas sociedades (dotadas de Armas de Alta Tecnologia) deixou de existir a obrigação/necessidade de entrar numa 'Corrida Demográfica'... no sentido de garantirem uma Capacidade de Auto-Defesa.
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Com o declínio do Tabú-Sexo (como seria de esperar) a percentagem de machos sem filhos aumentou imenso nas sociedades tradicionalmente monogâmicas.
Mais, por um lado, muitas mulheres vão à procura de machos de maior competência sexual, nomeadamente, machos oriundos de sociedades tradicionalmente Poligâmicas [nestas sociedades apenas os machos mais fortes é que possuem filhos, logo, seleccionam e apuram a qualidade dos machos]... e... por outro lado, muitos machos das sociedades tradicionalmente monogâmicas vão à procura de fêmeas Economicamente Fragilizadas [mais 'dóceis'] oriundas de outras sociedades...
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Manifesto: Promover a Monoparentalidade - sem 'beliscar' a Parentalidade Tradicional (e vice-versa) - é EVOLUÇÃO NATURAL DAS SOCIEDADES TRADICIONALMENTE MONOGÂMICAS!
http://tabusexo.blogspot.com/ »]


pvnam

muja disse...

Leia que vale a pena. Não sei se diz tudo, até porque é 100% charlie (o autor é um Carrol Quigley, suposto mentor de Bill Clinton), mas está muito bem para um esboço do cruzamento de relações entre toda essa gente, familiares, profissionais, etc. E documenta bastante bem a rede de meios pelos quais exerciam a sua influência: desde as faculdades de Oxford, às bolsas Rhodes, ao Times, ao RIIA.

É fácil de encontrar na net em pdf.

Ricciardi disse...

Bem, mujahedin, comunidade internacional em 1880 era uma chusma de países que se reuniam em conferências e faziam acordos e tratados a ver se podia resultar alguma ordem nas desordens imperialistas levadas a cabo em África (e não só).
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Ele há comunidades locais, regionais e internacionais para dirimir conflitos e interesses entre pessoas, grupos de pessoas e, finalmente, países.

A aprovação da idéia do mapa cor de rosa foi unânime, até o momento em que a Inglaterra, que Portugal considerava sua aliada, se opôs veementemente e ameaçou, por meio de um ultimato que ficou conhecido na história pelo nome de Ultimato Britânico de 1890, declarar guerra a Portugal caso esse não desistisse de seus planos. Portugal agiu com bom senso, temendo represálias, abandonou a idéia. Estar orgulhosamente sós foi ideia q só apareceu mais tarde e q nos colocou muitos problemas com a, olha q giro, comunidade internacional, conseguindo a proeza de em 40 anos destruir aquilo q esteve unido 600 anos sob a inteligência e sagacidade das nossas realezas.
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Porém, essa tal comunidade não é um grupo de anjos q dirimiam argumentos de posse sobre o paraiso. Tambem ha paises com interesses no inferno. De forma q retalharam e fabricaram fronteiras. Como Portugal queria fazer ao anexar a Rodésia.
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Em suma, ter o agreement da comunidade internacional é essencial. Sem um punhado de homens valentes nas artes da negociação, só nos podíamos valer da força bruta. Ou isso ou ficarmos isolados como a Coreia....
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Rb
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muja disse...

Chusma?

Tens noção de que a maioria dos países foi inventada à pressão na segunda metade do séc. XX?

Na altura do ultimato havia sete potências coloniais em África: GB, França, Alemanha, Portugal, Espanha, Bélgica e Itália.

Portanto, a comunidade internacional era tão interessada em África como Portugal. Portanto, não se percebe que moral superior possa reclamar ou de que autoridade se possa revestir sobre a de Portugal. Que estúpidos como tu estejam sempre prontos a lamber as botas a estrangeiros é uma coisa, mas não segue daí que deva o país fazê-lo ou sequer prestar ouvidos a isso.

Olha aqui ó grunho o que se passou em meros trinta anos, e diz-me lá porque haviam os portugueses de ir atrás do que a "comunidade internacional" açambarcadora de África queria que fizessem

https://en.wikipedia.org/wiki/Scramble_for_Africa

Até tem direito a artigo na wiki: o Açambarcamento de África.

Orgulhosamente sós a defender a civilização ó estúpido. A falta da qual é a principal razão porque temos aí dessa gente aos milhares a bater-nos à porta a ver se também têm direito. Dás abrigo a algum, tu?

Mas aí é natural que te não agradasse. Afinal, é a mesma civilização que, em existindo, se calhar te não deixava andares lá a machambar dólares...

Não esqueçamos quem é quem, aqui. O único que continua em África a chupar o que lá há és tu. Por isso acho que só te ficava bem um certo pudor neste assunto.

Já agora, vê-se o que Israel, que tanto amas, liga à comunidade "internacional" - caga e mija por ela abaixo quando a comunidade não concorda com eles, e quando concorda caga e mija por ela abaixo na mesma ahaha! Mas aí, já não há quem te veja ou ouça...

Ricciardi disse...

É uma questão de saber actuar e, sobretudo, ter noção da nossa influência real. Um gajo pode e deve tentar, o mapa cor de rosa. Era bué de fixe. Eu diria mais. Owesome. Até imaginei uma route 66 cost to cost, de angola a Moçambique com paragens tão idílicas como as vitória falls que ficam na cidade de Livingstone na Zâmbia que conheço bem e recomendo. Era aí q a realeza passava férias num local agora transformado em hotel no zimbawe. Fantástico, por sinal. Livinstone é nome de um explorador inglês. O primeiro a explorar aquela região. É compreensível, pois, q a Inglaterra não aceitasse o mapa cor de rosa. Não só compreensível como natural. Tentamos, e fizemos bem. Desistimos e fizemos muitíssimo bem. Um gajo tem de saber viver. Evitar conflitos com sabemos q perdemos é patetice.
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Qto à minha pessoa e as tuas ideias falsas de machanbar dolares, pois será a tua única arma em forma de argumento infantil. Qdo se ataca a pessoa é sinal de inveja, desesepero ou faltinha de berço. Escolhe a quiseres.
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Rb

muja disse...

Eu não ataco a pessoa, ataco a conduta da pessoa. Tanto me faz que sejas o Ricciardi, o Rb ou a rainha de Inglaterra.

Porque tu tens o desplante e o descaramento de vir para aqui arengar que Portugal era colonialista e oprimia os pretos e roubava o que lá havia, que a guerra do Ultramar (a que chamas "colonial") não se podia ganhar, que não podíamos ir contra a "comunidade internacional", bla bla bla; em suma, que não podíamos ter porque os outros não tinham - quando tudo isto te foi já demonstrado como sendo falso, no mínimo duvidoso, se lesses o que as pessoas te indicam.

Ora um gajo que diz estas merdas - e ainda por cima toma a posição contrária, usando de dois pesos e duas medidas, em relação a outros países - e para cúmulo dos cúmulos ainda diz que dá esmola às pretas da Muxima, a mim parece-me é um filho da puta dum grandessíssimo hipócrita.

Ora hipócritas que se valham da hipocrisia para defender o meu país, ainda vá que não vá. Agora para arengar falsidades e mentiras de outros contra ele, podem sempre contar com a minha oposição em conformidade: intransigente e orgulhosamente só, se necessário for.

Portanto, vai-te encher de moscas ó machambeiro sionista mal-parido dum raio! Se não queres que te ataquem, modifica a tua conduta.

E pára de dizer merda sobre o (que dizes é) teu país.

Ricciardi disse...

Eheheh, oh muja vamos por partes.
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Eu nunca disse q os descobrimentos lusos foram maus. Pelo contrário, estabelecemos boas relações com os povos q lá viviam. Relações q duraram 600 anos. Por ex em angola foi a própria rainha ginga q pediu apoio à coroa portuguesa. Ela própria veio a Portugal negociar com a realeza e igreja prometendo até converter -Se ao cristianismo. As intenções eram arranjar um aliado para derrotar tribos inimigas como o reino do congo. A nossa realeza sempre teve o cuidado em estabelecer boas relações com a população nativa, tirando meia dúzia de casos. E estabelecia tratados e acordos com eles.
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Estando a coisa em sintonia tudo vai bem.
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Porém, a certa altura, já no séc 20, alguém não soube ler os sinais dos tempos e quis contraria-los. Salazar.
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Em vez de se aproveitar dos ventos de mudança, quis velejar contra eles. Debalde.
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Compreendo a opção. Mas foi a pior. Compreendo porque o Mercantilismo (teoria económica) pressupõe a existência de colónias e todo o sistema económico de Salazar estava assente na existência de colónias. O artigo q o dragão postou do inglês diz mais ou menos a mesma coisa.
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Em suma, os ingleses continuaram com os interesses nas ex-colonias porque souberam ler os ventos e sair sem perder património. Nós acabamos por perder tudo.
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E, espante-se Mujinha, algum poder q ainda restava foi agora sumariamente acabado com as exigências trokeanas e europeias. Perdemos a influência q alguns bancos tinham em angola.
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Rb

Ricciardi disse...

Portanto não é a pessoa, mas sim a conduta. Chamas hipócrita porque?
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Porque és totó.
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Ainda bem q te lembras do episódio da mama Muxima. Porque senti-me, quando fui aquele santuário, pela primeira vez na minha vida 'usado' pela nossa Senhora. Contei este episódio à zazie para descrever uma situação de sofrimento q presenciei numa angolana com um bebê. Tu cucustate a estória e utilizas para fazer troça. Não compreende até nada, nem compreenderá, porque só percebe o q eu escrevi quem lá vai e sente na própria alma os sofrimentos das outras almas.
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Rb

Ricciardi disse...

Sabes q chamar machambeiro é um elogio e até tem a ver com algumas actividades q desenvolvo. Chamar sionista também é um elogio q mui prezo. Portanto só tenho q te agradecer.
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Exceto o tom. Esse fica contigo e com a revolta q pareces ter de qualquer coisa q não abarco nem quero abarcar.
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Rb

Ricciardi disse...

Se bem q quem conhece as estórias da zona da muxima fica a perceber q fomos nós, os portugueses, q inspiraram os americanos qdo estes usam e criam guerreiros para levar a cabo alguns trabalhos porcos, como a criação da al caeda.
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Sim, fomos nós q demos a ideia. No séc 16 na zona da muxima os portugueses eram sistematicamente derrotados pelas imensas tribos q ali existiam. Um tuga, do tipo Chico esperto, pensou e engendrou um esquema infalível. Só tinha q fazer amizade com uma das tribos. Deu-lhes riquezas e armou-a dos pés á cabeça. A ideia era q essa tribo lutasse contra as outras rivais e trouxesse o maior número possível de escravos. Moço esperto. Por cada lote negreiro apanhado as condições de vida da tribo amiga melhorava. Até se fez um forte nessa zona para prender escravos. Forte q visitei. A igreja da muxima apareceu logo depois para afagar as magoas. Por milagre da nossa Senhora a igreja foi construída num dia. Por isso vai angola em peso em romaria aquela igreja. Uma espécie de Fátima de angola.
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Anyway, o qnos gringos eventualmente fazem nos dias de hoje, já sabes Mujinha, foi exemplo nosso.
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Rb

muja disse...

Não se já disse isto, mas às vezes fico na dúvida se és mesmo calhau ou se disfarças bem.

Tás-t'armar em Jack o estripador, mas está bem: vamos por partes. Do fim para o princípio. Do menos para o mais importante, portanto.

Essa de terem sido os portugueses a inventar usar os conflitos dos outros em proveito próprio é para os apanhados. Nem sei bem o que diga. Como se os romanos nem usassem e abusassem disso... E mais eram os génios militares que foram. Ou talvez por isso mesmo...

A seguir, o hipócrita. És hipócrita, sim, e já disse porquê: porque és um tipo que faz a vida, ou parte dela em África, e que portanto, directa ou indirectamente, beneficia da corrupção e da desordem que por lá grassa. Aliás, a denominação em que és pago pelos teus serviços, sejam lá eles quais forem, é ilustração suficiente. Portanto, quer queiras quer não queiras, levando às últimas consequências a lógica por detrás do anti-colonialismo, és um neo-colonialista.

Mas também és hipócrita porque não aplicas a Israel, por exemplo, o mesmo critério que aplicas a Portugal. Porque toda a gente sabe e compreende que os chamados judeus que lá vivem nada têm com aquilo nem raízes nenhumas concretas a que se possam agarrar. Se estivessem no Uganda era a mesmíssima coisa. Ora, os portugueses, mal ou bem, estavam lá - ininterruptamente, concretamente, fisicamente, culturalmente, e religiosamente - havia seis séculos. São seis centenas de boas razões que os chamados judeus não têm, nem que se gaseiem até ao último pêlo púbico. Ora, tu defendes Israel viciosamente ao passo que fazes o contrário a Portugal; quando, bem vistas as coisas, devia ser ao contrária ou, pelo menos, igual a posição.

muja disse...

Agora, o que importa:

Comecemos da tua perspectiva, a mercantilista (já que pegas no termo) - isto é, a perspectiva materialista/utilitária. Hás-de primeiro dizer quais são concretamente, especificamente, os tais interesses "britânicos" que ainda estão em África. Por exemplo, a BP é realmente um interesse britânico? As minas da De Beers são realmente interesses britânicos? Ou são interesses de quem é dono das respectivas companhias? Em que sentido e até que ponto esses interesses se alinham ou alinhavam com os da Grã-Bretanha ou do Império Britânico? Parece-me a mim que os interesses da Grã-Bretanha (para não falar dos africanos) é que foram sacrificados a esses tais interesses que queres passar por "britânicos".

Depois, é preciso ser muito ingénuo para se pensar que desvinculados politicamente de Portugal os territórios africanos (ou quaisquer outros), nos seria - ou lhes seria - possível manter os interesses económicos. É óbvio que não tardariam a ser ultrapassados pelos interesses económicos das potências rivais, imensamente, infinitamente, mais poderosos. Para esse efeito, haver 25, 26 ou 31 de "abril" era igualzinho ao litro. A partir do momento em que se sumisse a autoridade portuguesa, os interesses económicos estavam perfeitamente condenados. Isto é tão evidente que quase faz doer a vista.

De qualquer modo, se pensas que se me parte o coração por saber que tal ou tal banco dito português perde ou perdeu a influência que tinha em África, estás bem enganado. Serve-lhes bem por serem uns trafulhas e uns chicos-espertos. Os bancos ditos portugueses, ainda que portugueses, não constituem nem toda, nem a maior, nem sequer uma grande parte do que eu considero os interesses portugueses. O que nos leva à minha perspectiva.

muja disse...

Da minha perspectiva, apenas interessam os interesses portugueses. Se eu aceito a tese de que Portugal é uma nação unitária, pluri-racial, multi-continental e que todas as parcelas do território soberano português fazem parte integral da nação, tenho forçosamente de aceitar todas as conclusões que daí advêm: não há interesses portugueses e interesses angolanos, ou moçambicanos. Uns e outros são precisa e exactamente os mesmos. Não há nós nem eles quando se fala de Portugal somente. O nós são os portugueses - europeus, angolanos, moçambicanos, guineenses, macaenses, timorenses, goeses - e o eles são os estrangeiros: ingleses, americanos, indianos, etc.

Portanto, prosseguindo nas conclusões que forçosamente se têm que aceitar da tese, em que consistem então os interesses portugueses? Consistem, desde logo, nos interesses de todos os portugueses, ou seja, de cada um individualmente e de todos no seu conjunto. Mais, não estão limitados aos portugueses do presente: devem incluir-se os dos portugueses do passado e sobretudo os dos do futuro. Sobre todos esses, são mais importantes os que emergem desse conjunto e se podem considerar os interesses da Nação e da cultura portuguesa no seu percurso histórico.

Assim sendo, é um contra-senso, um perfeito absurdo, falar-se em Portugal deixar de ser Portugal, e preservar ao mesmo tempo os interesses portugueses. Ora, sem Portugal, como pode haver interesses portugueses? Está claro que não pode. A não ser que se reduzam os interesses à sua componente mais mesquinha: material ou económica. Os grandes interesses económicos portugueses são o menor dos interesses portugueses. Nem são bem interesses sequer: são ferramentas que podem, ou pelo menos devem, ajudar à preservação e adiantamento dos verdadeiros interesses nacionais.

Mas esta ideia de Portugal deixar de ser Portugal ao mesmo tempo que preserva os "interesses" no ex-Portugal tem raízes noutra, mais profunda e que é a nossa triste sina: a noção falsa de que é possível executar duas políticas contrárias, com os benefícios de ambas, e sem os sacrifícios de nenhuma. Porque a verdade é somente esta: a única razão pela qual os anti-colonialistas a várias concentrações queriam Portugal fora de África, era para evitar as admoestações do estrangeiro. Assim, padecendo dessa forma de demência tipicamente portuguesa, consideravam - como tu consideras - que nos era possível satisfazer o estrangeiro e preservar os nossos interesses, sem confrontar o primeiro, nem fazer sacrifícios respectivamente.

Não era, como nunca é, nem para nós nem para ninguém. E todo um rol de provas, demonstrações, evidências, testemunhos pode ser aduzido para o confirmar. Muito o tem já sido feito aqui e noutros sítios. Portanto, do ponto de vista realista, havia dois caminhos fundamentais a seguir para Portugal: ou aplacava o estrangeiro, transigia e sacrificava os interesses (tanto que sacrificava o país) ou, sacrificava outra coisa - sangue, suor e lágrimas - e preservava tanto o país como os interesses (que são uma e a mesma coisa, aliás). E ainda conservava a dignidade.

Optou-se, e bem, pela segunda alternativa até 25 de "abril" de 1974. Depois, executou-se a primeira. O resultado está à vista.

Josand disse...

Muja: Demora-te a candidatar-te !!!

Normalmente votaria no menos mau mas neste último comentário... Até faria propaganda por ti! Um abraço e um voto de que te chegues à frente.

PS: o RB até parece boa pessoa às vezes mas nestes assuntos que exigem gravitas... Percebe-se que não é a praia dele. Um bom comerciante não é uma condição para ser bom governante e este é manifestamente o caso do RB.

Zephyrus disse...

http://observador.pt/2015/08/20/expropriados-goa-portugueses-desesperam-sem-solucao-vista/

Zephyrus disse...

Esse texto que o Dragão colocou vai de encontro ao que disse semanas atrás numa caixa de comentários, aqui neste blogue.

Ora se somos uma nesga de terra encostada ao Atlântico, cercada por todos os lados por Espanha; se temos mais de metade dos solos destruídos por milénios de pastorícia, incêndios, erosão, sem condições para a cultura de cereais; se não temos petróleo nem nuclear; se não temos tecnologia para estudar e explorar a nossa ZEE; se não abundam recursos florestais e geológicos que paguem as dívidas e enriqueçam o país para as próximas gerações; se temos todos estes problemas, não nos seria útil termos territórios ultramarinos que colmatassem as nossas fraquezas? Não nos seria útil que a nossa relação com o Brasil fosse de outra natureza?

Bastaria Timor-Leste para termos uma fracção do problema energético resolvido: e o PIB daquela Estado falhado seria outro, se unido a Portugal. Com terras em África ou na América Latina teríamos o problema cerealífero solucionado. Com Cabo Verde, São Tomé, Timor e algum laço de união política com Angola e Moçambique haveria território para «fuga» em caso de guerra na Europa. E com a ameaça que emerge do mundo árabe, não estaremos seguramente livres desse problema.

Com energia barata poderíamos convergir o PIB com a Europa rica; e a população seguramente aumentaria. Pelo conhecimento que tenho do território, acredito que haveria margem para aumentarmos a população para 15 a 20 milhões de almas... e ainda reduzir muito a área urbana: isto com um planeamento urbano «europeu» ou «à moda de Salazar»...

O aumento da população teria inúmeros benefícios... um deles seria o crescimento do mercado interno, que ficaria mais forte, mais sustentável.

Contudo agora é tarde. Acho que Portugal pode estar a décadas de terminar. A não ser que volte a haver a intervenção da «Divina Providência». Pois pelos números demográficos, económicos e financeiros, e pelo estado de podridão do Regime, tudo indica que Portugal acabou.

Zephyrus disse...

«Essa de terem sido os portugueses a inventar usar os conflitos dos outros em proveito próprio é para os apanhados. Nem sei bem o que diga. Como se os romanos nem usassem e abusassem disso... E mais eram os génios militares que foram. Ou talvez por isso mesmo...»

Ora por vezes para atingir o Bem temos de manejar o Mal. Saber manejar o Mal para atingir fins elevados é uma Arte para os mais sábios. Uma das regras envolve dar sempre a opção de escolha à vítima: assim, as consequência da lei cósmica reacção-efeito não se aplicarão a quem oferece a proposta.

Vejamos o caso da romanização da Península Ibérica. Partiram deste mundo inúmeras almas das tribos celtiberas. Mas os romanos deixaram um legado extraordinário na arquitectura, agricultura, religião, ciência, administração pública. A tal ponto que quando ocorre o fim do Império, a Península Ibérica tinha mais de mil anos de avanço civilizacional em relação ao Norte da Europa. Sabemos hoje quais foram as consequências desastrosas da queda do Império. E como caiu.

Convém recordar: uma nação tem de colocar em primeiro lugar o Sagrado. Depois vem a Política. A Política deve orientar-se pela Verdade, que por sua vez só se conhece quando se respeita o Sagrado. Respeitar o Sagrado implica respeitar as leis do Cosmos.

Portugal só voltará a ser grande quando as elites estudarem e aplicarem a Verdade em vez de importarem constructos intelectuais importados do mundo Protestante.

A Verdade está dispersa nos grandes autores da Antiguidade clássica, nos mitos do Antigo Testamento e nos Evangelhos do Novo Testamento, em São Paulo e nos sábios da Idade Média, em autores portugueses como Camões ou o Padre António Vieira.

É a sabedoria do povo português, exposta em provérbios, lendas, contos tradicionais, sentenças, versos populares, que mais se aproxima da Verdade: e não as teses, doutoramentos, livros, estudos, da Academia Moderna.

A Técnica progride. Os costumes mudam. A Verdade é eterna.

Zephyrus disse...

O Islamismo é uma religião vocacionada para a expansão pela espada.

Como todas as religiões, tem a sua vertente EXOTÉRICA e a vertente ESOTÉRICA.

Em Meca está um cubo preto. Símbolo de Saturno. O demiurgo.

Portugal foi fundado em luta contra o Islão. Andámos em Marrocos a combatê-los. E na costa oriental de África. No Índico. Na Índia. Foram séculos de luta contra esta religião.

Agora fazem o que fizeram os bárbaros ao Império Romano: entraram, compraram terras, entraram nas legiões, mas a sua alma nunca se «romanizou». Conquistaram por dentro e cercaram por fora.

O ISIS cresce, o Islão da espada cerca por fora. Por dentro, paulatinamente, instala-se.

Não temos elites que vejam isto, nem se preparem. Precisamos de um plano de preparação para 2 a 3 décadas, em união com o Brasil e com Angola (triângulo geoestratégico Lisboa-Rio-Luanda).

Zephyrus disse...

Antes da Segunda Guerra, a Europa dominava o mundo.

A Europa unida concentra os esforços para dentro. Anula os esforços no domínio externo. Ora tal só interessa aos EUA, Rússia e China, e não aos europeus.

Quem mais perdeu? Reino Unido, França e Portugal.

Zephyrus disse...

A própria Ciência não tem grandes revoluções paradigmáticas desde a Segunda Grande Guerra.

Ricciardi disse...

Em suma muja, és um lírico.
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Rb

muja disse...

Pois serei. Já tu, que, por outro lado, fazes normalmente jorrar o teu liricismo às baldadas, por vezes falta-te o pio e ficas mais lacónico do que um budista zen em meditação.

Ricciardi disse...

A estória dos Lacoes que me ficou na memória foi aquela em que os gregos ameaçavam os Lacoes com contundência dizendo que se não se rendessem queimavam as casas, se não se rendessem estrupavam as mulheres, se não se rendessem degolariam as crianças, se não se rendessem escravizavam os homens. Enviaram mesmo um mensageiro com estas ameaças. Os Lacoes responderam de imediato usando o mesmo mensageiro. A resposta laconica na dita mensagem foi apenas: "se".
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Portanto, mujinha, para quê gastar energia a escrever palavras se és teimoso como uma mula?
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Rb

muja disse...

Pois, lá conversa fiada não te falta, reconheço-to eu.

Vens por aqui, largas uns ditirambos, fazes o teu chiste, ofereces as tuas ligeirezas; mas assim que a conversa se aprofunda, vêm-te à memória os lacões ou aflige-te subitamente a economia das energias e... nada.

É pena. Porque só aprofundando é que se chega a conclusões, se esclarecem os espíritos e se alteram as opiniões, se for caso disso.