sexta-feira, janeiro 21, 2005

A Grandessísima Loja

Encomendaram-me a análise. E como me apanharam num dia bem disposto, aí vai...

Eu –ignaro que sou – não sabia que existia maçonaria feminina. Julguei que nas lojas maçónicas normais, modelos de virtudes cívicas certamente, não praticavam o “apartheid” sexual. Que a descriminação genital não tinha lugar por aquelas bandas. Que eventualmente até cirandassem por lá encapuçados, numa espécie de Klu-Klux-Klan filantrópica, que era para dar estilo. Mas, pelos vistos, enganei-me. Engano-me sempre. Herdei a tara dum antepassado meu que cismava de dar porrada em moinhos.
Todavia, só uma mente cândida como a minha, descendente de tal ancestral, poderia conceber que não haveria necessidade de lojas maçónicas femininas. Mais: Grandes Lojas. A própria terminologia, está bem de ver, congrega um atractivo irresistível às damas: “loja”. Só isso já provoca tumultos, histerismo, pisadelas, correrias. Basta pensarmos em montras, modas, nova estação e –top of the pops!- saldos!!! A limite, uma espécie de Grandes Armazéns do Chiado do esoterismo. Ou o Grandela, que Deus tenha em eterno descanso!....
Estou mesmo em crer que, no que depender delas, não tardará muito a inaugurar-se o primeiro “shopping maçónico”.
Entretanto, do que por lá fazem, na mariológica loja, digo Grande Loja, apesar do mistério inerente a estes recintos, não será difícil adivinhar. A Grande Loja Maçónica feminina deve ter cabeleireiro, manicure, peeling, lipo-aspiração, ginásio, boutique, perfumaria, maquilhagem e todos esses tabernáculos essenciais a livre-pensadoras. As irmãs devem entreter-se em colóquios profundos a discutir a pele umas das outras, as unhas, o colesterol, a barriguinha, as úlimas da "Hola" ou da "Lux" e as lojas não maçónicas que urge peregrinar. Isto e uns cházinhos, umas canastas e uns bolinhos integrais pelo meio. Outrora fariam também croché, ou lavores (ou atirar-se-iam de paraquedas em frenesins enfermeiros), mas como agora se querem progressistas, falarão de sexo e orgasmos múltiplos ou tapetes de Arraiolos. A cavalo nisso tudo, farão o que os irmãos maçónicos também fazem: cuidarão de empregos, carreiras e sinecuras, para si, outra vez para si (que o multiemprego, para gente progressista, é um must), ainda para si, e, finalmente, para os entes queridos, esses querubins, e toda a família sagrada até à quarta geração.
Como a Abelha-Mestra da colmeia, uma bruxa chamada Maria Belo, tem consultório aberto e alvará de arúspice, digo psicanalista, aproveita o ajuntamento para ler umas sinas, lançar uns búzios e esquadrinhar horóscopos. Ocasionalmente, em datas festivas esotéricas, matam à facada um galo preto (ou branco, depende da lua), abrem-lhe as entanhas e espreitam lá para dentro... as analfabetas, claro está, com reverência e assombro; a maga, que é a única alfabetizada em tais vísceras, lendo as miudezas, decifrando o macabro puzzle, em suma: exercendo os poderes exegéticos que se lhe reconhecem. Depois, monta na vassoura e faz umas acrobacias, uns loopings e rasantes a pentear capim, que deixam a confraria ainda mais boquiaberta. A excitação atinge o clímax por alturas da aterragem, com cada qual a fugir para seu lado, espavorida e cacarejante; porque se descola que nem um pelicano e voa que nem uma andorinha, a bruxa-mestra, apesar do brevet tirado com Lacan sob o olhar benévolo de Derrida, aterra que nem um albatroz. Enfim, é - que ninguém duvide!- um nunca mais acabar de maravilhas e peripécias mirabolantes.
No meio de todo este deslumbrante cenário, remanesce-nos apenas uma singela minudência intrigante:
Se já há Lojas específicas para cada membro do casal (de resto como se passa em qualquer pronto-a-vestir ou sanitário público), haverá também, não direi Loja, mas pelo menos uma espécie de Quiosque para juvenis? Porque, não tenhamos dúvidas, um rebento da Maria Belo, lá pelas 13 primaveras, já deve ser um génio encartado, um progressista em rampa de lançamento, um foguetão de ideias pronto a tomar de assalto as galáxias. Filhos desta gente, nascem-lhes os sobredotes científicos (ou artísticos, tanto faz) ainda antes dos dentes.
Tudo isto, bem entendido, já para não falar nas Lojas Gay ou Unissexo. Não me vão dizer que os Macónicos, com aquele progresso todo a fervilhar-hes nas veias, são homofóbicos, pois não?!...



9 comentários:

zazie disse...

Ehehhe maravilha de escrita!! “ e uns bolinhos integrais” “:O))
Mas tu não sabias que também era para mulheres? Olha, eu andava a alinhavar um post sobre o assunto mas entretanto a Janela acabou. Mas fica aqui uma imagem de um desses rituais de iniciação das madames... neste caso do século XVIII (do abade Pérau). Tinham de dar o famoso “beijo do diabo”. Como a coisa já estava mais civilizada usavam um caniche de cera para o efeito “:O)))
Mas há relatos muito mais giros acerca das exigências físicas das ditas maçónicas... ai há, há... e olha que iam a detalhes bem íntimos...
Sempre que vejo algumas das da nossa praça na tv até penso mais nisso que nos bolinhos integrais “:O))))

http://zazie.no.sapo.pt/kiss-my-ass.jpg

zazie disse...

posso guardar esta maravilha, Dragão? estas coisas fazem-me o dia ":O)))
beijinhos

Mas tem cuidado ao falares da bruxa lacaniana que ela tem parentes muito caviar na blogosfera... ";O))

zazie disse...

e não me venhas pedir imagens de gays maçónicos para te provar que a história é bem antiga que eu não dou ":OP

ehehe dou pois, tenho-os aqui no "kiss my ass" que não chegou a saltar para a janela ":O))))

dragão disse...

Eu sei alguma coisa sobre o assunto, ó Zazie.
Mas estes galináceos nem são para levar a sério.
Em todo o caso, tudo o que tiveres (se quiseres até podes publicar aqui o que querias publicar na Janela), podes mandar, para compararmos informação.
Quando aos amigos da lacaniana megera, estou-me bem cagando para eles. Com micróbios desses, posso eu bem!...:O))
PS: E dos outros também!

Ah, e aquele retórica pergunta que tu sempre fazes: "se podes guardar?"...francamente!...

zazie disse...

Ahahaha, claro que tu sabes bem destas coisas ehehe e então na versão de clã modas e bordados, ninguém te ultrapassa. Obrigada pelo convite mas não só não tenho o poste acabado como creio que não fazia sentido aqui. Era coisa mais teórica à volta da iconografia dos rabos das gárgulas “:O)))
Mas se quiseres os bonecos gay mando-te já! E quanto à retórica olha, não há nada a fazer com estes bordões, sinto sempre que é obrigação pedir autorização...
Sou uma chata “;O))

Anónimo disse...

:)
Aguarda-se a Grandessísima... Loja parte 2.
:)

A

riacho disse...

... e seguindo o lema que lá propõem: "ser livre e de bons* costumes", lá seguirão as damas, após a sessão costumeira de relaxamento, para uma festa de 'swingers'. (só pode!)

*o que será que ela entende por "bons"?

Luís Bonifácio disse...

A MAçonaria não necessita de Quiosque Juvenil para atrair jovens. Tem uma fábrica que os fornece e chama-se "Casa Pia"

Anónimo disse...

Falta-me aí um S nessa grandessísima...
Não?
:)
A