quinta-feira, outubro 18, 2007

De Mefistófeles, com elevada estima e consideração...

Lembro-me de em tempos ter lido este incontornável esboço lírico no "Terra da Alegria":
«- Gostava de viver uma igreja sem celibato.
- Gostava de viver uma igreja com as mulheres também no altar a celebrar como presbíteras.
- Gostava de viver uma igreja em que o sexo não é crime ou pecado.
- Gostava de viver uma igreja em que a secularização não é inimiga.
- Gostava de viver uma igreja em que todos são iguais perante Deus, independentemente de género, raça ou orientação sexual.
- Gostava de viver uma igreja que pega no megafone para protestar contra salários de miséria ou a pobreza das arcadas e que não abra a boca só porque um crucifixo caiu da parede ou a barriga é de todos.
- Gostava de viver uma igreja que rejeita o abuso sexual de menores, mas não tem medo de entregar os que prevaricam ou pecam, sem confundir com a homossexualidade, que é de outro reino.
- Gostava de viver uma igreja que é deste mundo, sem medo de se parecer demasiado com este mundo.
- Gostava de viver uma igreja que é de homens e mulheres.
- Gostava de viver uma igreja que não expulsa os que rezam de modo diferente ou que afasta quem não caminha na procissão das velas.
- Gostava de viver uma igreja que fosse Igreja»
Assina um crente -pelos vistos - devastado de angústias que dá pelo nome, de registo e baptismo (suponho), de Miguel Marujo.


Ora, como vale mais tarde que nunca, é no meu estrito avatar mefistofélico que lhe acudo. Não tanto por piedade, que é virtude que não ginastico (só de pensar disso até me dão vómitos), mas mais por fastio, que já estou pelos cabelos, digo cornos, com tamanhas lamúrias. E nem sequer lhe venho propor nenhum negócio obscuro que envolva rubrica com o próprio sangue, sossegue. Por muito que lhe custe entender, o demónio também tem princípios deontológicos. Um deles, basilar, tem a ver com um rigoroso método de selecção: só me interessam, em termos aquisitivos, almas grandiosas, a fervilhar de grandes paixões sublimes ou projectos mirabolantes - almas raras , enfim. Poder-se-ia mesmo dizer que nós, demónios, prospectamos almas com a mesma gulodice com que os humanos garimpam diamantes e outras jóias. Santos, artistas, pontifices, príncipes, filósofos congregam todo o nosso interesse. Desviar um portento desses, conquistar um tal baluarte, aí sim, aí é que nos realizamos. Ora, o que o caro senhor pede e invoca é bem irrisório. Ordinário até, desculpe que lhe diga. Se quer uma igreja igual ao mundo, para que precisa da igreja? Esse seu balido de ovelha descontente, reivindicadora, significa exactamente o quê? - que o pastor devia largar o cajado e por-se de quatro, a trotar e a tasquinhar tenros e verdejantes prados ao lado do rebanho? Que em vez, por conseguinte, de lhe ministrar firme bordoada e pedrada certeira, de modo a guiá-lo num qualquer caminho, passasse a segui-lo, em babélica pandilha, para onde, à carneirada lampeira, lhe desse na real bolha?...
Enfim, dir-se-ia que o terráqueo Marujo, não contente de ter o rebanho infestado de lobos com pele de cordeiro, urde por pastores nos mesmos e bizarros propósitos!... Raios!, como se em vez duma doutrina religiosa o obsidiasse um sistema de futebol, do estilo "tudo ao molho e fé em Deus!" Além do mais, é certo e sabido que no dia em que o pastor vestisse a pele do cordeiro, logo as sonsas das ovelhas e carneirada afim tratariam de ir, a correr, crucificá-lo, como sempre fazem ao pastor que condescenda nesses propósitos.
Co'a breca, serafins me despenhem, se vocês humanos não superam as minhas melhores expectativas!... E também as piores. Por este andar, acabo no desemprego. Trato de apresentar a minha demissão ao Todo Poderoso: com matéria prima deste quilate como é que Ele quer que um diabo da minha categoria trabalhe? Vou desviar ou tentar quem? Se andam já todos aos Deus dará, ao sabor de caprichos e apetites que nem a mim me lembram, mais tresmalhados que um ovino doido, chupado das canetas, vou subverter o quê?!... Vou para contaminar uma Criação, um belo edifício, e dou de trombas com um Cancro, um prédio em ruínas a cair de podre! E que diferença faz levá-los depois para o inferno lá em baixo, se eles fabricaram e todos os dias aperfeiçoam e burilam, com artes de filigrana, um inferno cá em cima?... Ora bolas! Ora merda! Ora um íncubo dos avantajados que os noctambulize a todos!...
Mas o que mais me irrita e desmoraliza, mais ainda que a falta de alma, é a falta de respeito. Não contentes de fazerem da maldade uma banalidade, quererem fazer dela uma (até me custa a soletrar o palavrão!)... virtude.
Deus me acuda, que já não consigo distinguir nada nesta salgalhada toda! Nem católicos de protestantes, nem protestantes de judeus, nem, o que é mais perturbante, os acólitos Dele dos meus!... O que sei é que onde dantes havia uma alma digna de ser roubada, um troféu apetitoso, agora deparo-me invariavelmente com um desmesurado umbigo, uma psicoprótese do tamanho da terra e do céu, promovida com o seguinte cartaz: ALUGA-SE!
Isto enfurece-me. Só não os mando enfiar a psicoprótese no olho do cu porque detesto interromper o pensamento das pessoas. Ainda mais com redundâncias.
E vossência, ó Marujo, estilhaço de asno, veja lá se percebe o elementar: este mundo tem graça enquanto o bordel e a igreja forem locais distintos.
Irra!...

quarta-feira, outubro 17, 2007

Descubra as semelhanças


(Catedral de Chartres, 1220)


(Igreja da Santíssima Trindade, 2007)

Religiosamente, não comento. É lá com eles, os católicos. Mas sempre medito: se a deterioração espiritual porventura acompanha a deterioração estética, então Deus lhes acuda.

Incentivos

Lido há minutos no rodapé do Telejornal:
«Portugal vai receber 10 milhões de euros por dia até 2013».

Mais um incentivo à chulice.

O 15 de Março - Para nunca esquecer.



O primeiro episódio da série "A Guerra", de Joaquim Furtado, teve alguns méritos. O principal foi recordar os massacres de 1961 sobre compatriotas nossos, brancos e pretos. Num tempo de amnésicos compulsivos e devoradores de queijo militantes, é sempre útil reavivar a memória.
Ora, o que o documentário mostrou foi algo que ficou evidente na época: que tinha sido uma amabilidade do nosso putativo aliado Estados Unidos da América, através da sua agência benemérita internacional (a CIA) , via pastores evangélicos do Congo. O resultado foi aquele.
É claro que hoje os nossos "americanos de imitação", que rasgam as vestes e se babam de indignação com o 11 de Setembro, não se incomodam nada com estes episódios do passado. Pretos actuais da América, a sua simpatia vai até para os pretos da Upa, seus predecessores no teatro da fantochice por controlo remoto.
Mas outra lição que ontem ficou também exposta foi uma muito ilustrativa, neste caso para vastas franjas da nossa juventude: é que os pretos, tal qual os brancos, não são todos iguais. Na verdade, as diferenças entre um preto do Sul de Angola (e já não falo num Mucubal ou num Cuanhama, mas fiquemo-nos por um Umbundo) e um do norte -Bacongo, no caso -, são até maiores -aliás, muito maiores - que entre um Bacongo e, por exemplo, a generalidade da nossa esquerda maquilhada de esquerda ou travestida de direita. Ninguém duvide: eram e sentiam-se mais portugueses aqueles milhares de Bailundos que foram chacinados em 15 de Março de 1961 do que grande quantidade de brancos, de aparente raça, que vive hoje nesta espécie de país.
Já não falando em casos extremos. Como por exemplo, a diferença entre o Holden Roberto e o mata-frades CAA. É praticamente indecifrável à vista desarmada: alguém consegue distinguir o toucinho de suíno branco do toucinho de suíno preto? Bem, o de preto é mais magro, mas fora isso...


PS: Um homem que se vê atirado numa pocilga é natural que sinta saudades. Não tanto por uma qualquer nostalgia de felicidades idas, mas sobretudo por nojo da companhia actual. De resto, é essa capacidade de sentir saudade que distingue, uma vez confinado ao chiqueiro, o homem do bácoro. Significa a reminiscência duma vaga noção de higiene. Bem como a não aderência cega a um mero regime de engorda.

terça-feira, outubro 16, 2007

A Guerra do Ultramar

Assistindo, já hoje de madrugada, ao Prós e Contras, sobre a Guerra do Ultramar, constatei que grande parte da audiência convidada era composta por deficientes das forças armadas. Compreende-se, apesar de tudo, o critério de selecção para uma tal assembleia. Os 13 anos de guerra ocasionaram, de facto, muitos deficientes. Não só físicos, como aqueles infelizes cegos ou estropiados que se queixavam do desprezo a que foram sujeitos, mas sobretudo mentais, como aqueles que fizeram o 25 de Abril.

A Matilha



O Dr. Zygmund Klukowski era um médico polaco, director da clínica de Szczebrzeszyn, 15 quilómetros a oeste de Zamosc. Deixou um diário onde, a determinada altura (07/08/1942), se pode ler:
«(...) ordenou-se a todos os judeus sem excepção que se apresentassem no mercado ao lado do Judenrat antes das 8 horas da manhã. Podiam levar consigo 15 quilos de bagagem, provisões para cinco dias e 1500 zlotys. O burgomestre (alemão) anunciou que se tinha de transportar para a Ucrânia 2000 judeus de Szczebrzeszyn e os ferroviários contaram que um comboio de 55 vagões já estava preparado no cais. (...)
Desde o meio dia que a cidade é percorrida por gendarmes (alemães), agentes da Gestapo, polícias (polacos) com uniforme azul-marinho, empregados da Câmara, membros do Judenrat, milicianos judeus, (todos) revistando as casas à procura de judeus. Muitas vezes, a população polaca, sobretudo homens jovens, auxilia, zelosa, na busca dos judeus.»

Curiosa matilha, de facto. Tanto mais que toda a povoação estava cansada de saber qual o destino efectivo daqueles transportes. De tal modo assim era, que já três meses antes Klukowsky descrevia:
«(...) a consternação é indescritível. Alguns (judeus) estão totalmente resignados; outros, de novo atingidos pela loucura, correm pelas ruas, à procura de socorro. Todos estão convencidos de que a mesma coisa se irá passar a partir de amanhã. Imensos judeus dirigem-se para pedir entrada no hospital. Infelizmente, tenho de recusar para evitar que desconfiem de esconder judeus.»

segunda-feira, outubro 15, 2007

Estranha cooperação

Walter Schellenberg, para quem não saiba, foi o chefe da Contra-Inteligência Alemã, durante o Terceiro Reich. O que a seguir se transcreve são duas passagens do seu livro de memórias, "A confissão do Silêncio" (trad.port. da Ulisseia).

«Por isso mesmo recebi no Outono de 1938 a ordem para iniciar a primeira missão de espionagem activa. Heydrich pretendia um relatório completo sobre o porto de Dacar, principal base francesa em África. Ninguém, nem a minha família mais chegada, deveria ser posta ao corrente, foi a ordem que recebi.(...)
Em Dacar instalei-me, conforme fora previsto, em casa de uma família portuguesa de origem judia. O hospedeiro era um comerciante de ouro e diamantes e, tal como o sócio de Lisboa, trabalhava para a Alemanha. Fora informado da minha missão por "correspondência de negócios" com Lisboa e preparara tudo para a chegada.»

E mais adiante, por altura duma outra missão em Lisboa (raptar o Duque de Windsor), o mesmo Schellenberg recorda:

«Para estar pronto a partir mandara comprar e encaminhara para Lisboa um carro americano e um outro mais rápido dos serviços secretos. Um alto funcionário português que contava entre os meus amigos tomara todas as disposições para que, uma vez ali, residisse em casa de uma eminente família de judeus holandeses.»

Cobranças difíceis

«CPLP pede a países europeus para perdoarem dívida a África.»

As dívidas externas dos sobados africanos são ligeiramente inferiores às fortunas pessoais dos cleptocratas furiosos que os governam. O que os países europeus têm que fazer não é perdoar coisa nenhuma, mas sim cobrar directa e coercivamente nas contas pessoais daqueles super-sobas, espalhadas pelas Suiças e Luxemburgos deste mundo.
As dívidas das explorações pecuárias não são cobradas ao gado: são cobradas ao dono da exploração.

domingo, outubro 14, 2007

Isto não é um sketch dos Monty Python, juro!...

Entretanto, numa epidemia que ameaça pandemizar-se, foi descoberto um WC na Universidade de Columbia vandalizado com uma suástica. E isto apenas dois dias depois de "um nariz ter aparecido pendurado na porta dum professor do Teachers College".
A polícia, como lhe compete, já está a investigar. O presidente da Universidade, apesar de acabrunhado com as tenebrosas ocorrências, garante que, e cito: "such behavior would not be tolerated. Despite the irrational, destructive hatred that persists in our society and world, we do not accept this anywhere at this University.»
Se continuam a conspurcar assim locais sagrados do nosso tempo, não sei onde iremos parar.

Sem direito nem avesso



«Sou judeu. Eu e a minha família estamos muito gratos a Portugal e a Salazar pelo asilo que recebemos durante os anos terríveis da II Guerra Mundial.
Por isso não posso deixar de protestar contra o infame programa da SIC querendo denegrir esse grande Homem. Um figurão com orelhas de burro e sem um mínimo de dignidade, atreveu-se a dizer que "... Salazar não era português". Simplesmente fantástico! Soube depois que esse figurão era "advogado" (?) é uma figura grada do governo actual. Se Salazar "não era português", quem são para o tal figurão os portugueses? Serão os traidores, os espiões, os agentes do estrangeiro, os cretinos, os canalhas!
Tenha juízo! Respeite os portugueses. É lamentável que outros políticos não se tenham manifestado contra a asneira e a infâmia. Como Portugal se degradou, meu Deus!
Escreveu alguém, creio que Guerra Junqueiro, que "o povo português era um povo de escravos, tão infelizes, que se julgavam livres, e aplaudiam os seus senhores, os seus capatazes e até os seus carrascos". Os políticos actuais julgam-se muito espertos, e afinal não passam de escravos promovidos a capatazes.
Desde 1974 que o povo português é submetido a uma lavagem ao cérebro e serve de cobaia aos sociólogos da propaganda americana. É por isso que os anões não gostam de Salazar. Salazar era demasiado grande para a sua pequenez. Daí a causa da sua raiva paranóica"
Pela amostra desta infâmia da SIC e do silêncio de tantos, sou obrigado a concluir que todo o auxílio recebido de Portugal é unicamente devido ao grande Estadista e grande Português que foi o doutor Oliveira Salazar. Os "portugueses" de agora ter-nos-iam vendido aos nazis!
Deus acuda a Portugal, são votos de um judeu amigo de Portugal.»

- David Baumgarten

Pois se eles vendem a sua própria gente - o chão, a história, os antepassados, o futuro dos filhos - sem qualquer pejo nem escrúpulo, fará agora os judeus!... Embalavam-nos e exportavam-nos prá Alemanha, em menos de nada. Era só o "vento da História" dar-lhes de feição. Especialmente, estes judeolatras espalhafatosos -fariseus ululantes! - que agora lambuzam e hossanam o "povo eleito" apenas porque acham que é ele quem distribui as lotarias e joeira os convites. Fossem os mata-judeus a mandar e era vê-los num virote, numa lufa-ufa, a transferirem-se de almas e bagagens. Vira-casacas militantes? Nem isso. A trampa não tem direito nem avesso.
E perfeitos e zelosos bridões dos "torvelinhos históricos" só existem mesmo dois esmerados acólitos: o lixo da civilização e o fedor dos oportunistas.

sábado, outubro 13, 2007

Urgências

Em 13 de Junho deste ano, a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto lastimava a falta de cadáveres para dissecação pedagógica.
Hoje, exactamente quatro meses depois, a mesma instituição vem exibir publicamente um "Estudo" onde certifica que "metade dos idosos admite a legalização da Eutanásia", ou suicídio assistido.
Caramba, podiam, ao menos, ser um bocadinho mais discretos.

Anti-civilização

Na Grécia Antiga, tida por berço da civilização ocidental, o herói geralmente celebrado era Hércules. A excepção à regra morava em Atenas, onde o predilecto da cidade era Teseu, o vencedor do labirinto. Há diferenças idiossincráticas significativas entre ambos, um era mais homérico, o outro era mais lógico, mas tinham em comum aquilo que animava e dava consistência a um herói: eram benfeitores da humanidade, forças civilizadoras, tipos que se sacrificavam pelos outros. Nessa exacta medida, eram reconhecidos e emulados: porque combatiam a monstruosidade, a imundície, a perversão, a antropofagia, o banditismo, a desmesura, contribuindo assim para tornar a terra um local menos inóspito. O heroísmo era então, primeiro que tudo, um altruísmo.
Passados estes milénios, quando lemos que um escritor mexicano -para mero exercício da sua requintada coolness - esquartejou e cozinhou a noiva, entrevemos os heróis da "civilização parocidental"- não apenas os novos gladiadores desportivos, mas também, e sobremaneira, os ícones "made in hollywwod" de exportação global. José Zepeda, nosso bizarro contemporâneo, surpreendido em flagrante quando frigia um naco bem temperado da desafortunada Alejandra, não emulava Hércules, nem Teseu, nem qualquer derivado ou descendente seus, triunfadores de monstros ou aberrações. Pelo contrário, imitava Hannibal Lecter, o psicopata canibal, triunfador de bilheteiras e óscares pela melhor interpretação.
Poupo-vos a considerandos de ordem moral que tanto enfadam os gigaumbigos hodiernos, bem como enumerações fastidiosas de episódios catitas de idêntico jaez edificante (e podia aqui ficar o resto do dia). Saliento apenas o mais que evidente: o heroísmo é agora um egoísmo levado às últimas e mais extremas consequências. A sociopatia adquire estatuto de coisa santa e vértice sublime. A civilização parocidental é uma anti-civilização. O Mal já não anda só à rédea solta: barricou-se no cockpit.
Quem tiver ouvidos que oiça, quem tiver olhos que chore.

sexta-feira, outubro 12, 2007

O Estratagema da Autoridade aos comandos da Multidão




Já aqui falei do Estratagema 32, aquele que consiste em contra-argumentar atirando com um qualquer "ismo" particularmente hediondo - porque fora de moda - ao oponente. Vou hoje falar do Estratagema 30, não menos catita que o anterior, e com o bónus acrescido duma descrição absolutamente deliciosa. Tanto mais suculenta quanto não é minha, mas do senhor Arthur Shopenhauer, um filósofo com F grande das minhas relações. Ora oiçam:

«O argumentum ad verecundiam (argumento da autoridade). Em lugar de razões, recorre-se a autoridades reconhecidas segundo o grau de conhecimentos do oponente. (...) tem-se então bom jogo quando se tem do nosso lado uma autoridade respeitada pelo oponente. É porém certo que haverão para ele tanto mais autoridades válidas quanto mais limitados forem os seus conhecimentos e aptidões. Caso estes sejam de primeira ordem, ele reconhecerá somente poucas autoridades, ou mesmo nenhuma. Quando muito acreditará em quem seja especialista duma ciência, arte ou mester de que ele pouco ou nada conheça; e mesmo nestes, com profunda desconfiança. Ao invés, as gentes comuns têm um profundo respeito pelos especialistas de todo o género. Ignoram que a razão pela qual se faz profissão de uma coisa não é o amor dessa coisa mas do que se lucra ela - e que quem ensina alguma coisa raramente a conhece a fundo; pois se a estudasse como deveria, em geral não lhe restaria tempo para ensiná-la. Mas para o vulgus existem muitas autoridades dignas de respeito: por isso, caso não se encontre nenhuma que seja adequada, há que tomar uma que o pareça ser, e citar o que alguém disso noutro sentido ou noutras circunstâncias. As autoridades que o oponente não consegue entender são as que causam maior efeito. (...) Os preconceitos mais generalizados também podem passar por autoridades. Pois a maioria pensa, como refere Aristóteles, que "diz-se que existe o que a multidão acredita": sim, não existe opinião alguma, por mais absurda que seja, que os homens não adoptem rapidamente, logo que se consiga persuadi-los que ela é geralmente aceite. O exemplo age sobre o pensamento deles como sobre os seus actos. São carneiros que seguem o guizo aonde quer que ele os conduza: é-lhes mais fácil morrer do que pensar. É curioso que a universalidade de uma opinião pese tanto junto de tal gente, podendo eles ver por si próprios que as opiniões se adoptam sem ajuizar e somente por imitação.(...)
Aquilo a que se chama opinião geral é, quando se vê bem, a opinião de duas ou três pessoas; e disso nos convenceríamos se víssemos como nasce tal opinião generalizada. Veríamos então que primeiramente foram duas ou três pessoas que a admitiram, ou a avançaram ou afirmaram, e que houve a benevolência de se acreditar que elas a haviam examinado a fundo; supondo suficiente a competência dos primeiros, alguns outros, cuja indolência incita a antes acreditarem nas coisas do que darem-se à pena de as examinarem. Assim cresceu de dia para dia o número desses adeptos indolentes e crédulos: pois logo que a opinião tenha por si um bom número de votos, os seguintes pensam que ela não poderia havê-los obtido senão graças à justeza dos seus fundamentos. Os restantes foram então constangidos a reconhecerem o que era comummente admitido, para não serem considerados uns espíritos inquietos que resistem às opiniões universalmente admitidas, ou uns impertinentes que se crêem mais espertos que toda a gente. Aderir torna-se então um dever. A partir daí, o pequeno número dos que são capazes de ajuizar cala-se: e os que têm direito a falar são os absolutamente incapazes de forjarem uma opinião ou um juízo por si mesmos, os que apenas ecoam as opiniões de outrem. Pois o que detestam em quem pensa de outro modo, não é tanto a opinião diferente que professa, mas o atrevimento de querer ajuizar por si mesmo; coisa que eles próprios, evidentemente, jamais fazem, e da qual têm a mínima consciência



E então, ó Blogosfera, que tal te parece o espelho?

Palavra de honra que nunca vi retrato antecipado mais fiel deste nosso tempo da "liberdade de expressão do que convém".

quinta-feira, outubro 11, 2007

US Patent Nº...



«Uma juíza federal norte-americana impediu a transferência de um detido de Guantanamo para a Tunísia pela possibilidade de ele vir a ser torturado naquele país.»

Explicações possíveis:
a) O mesmo arguido não pode ser torturado duas vezes - tendo já sido torturado pelos Estados Unidos, não pode ser torturado pela Tunísia;
b) Os Estados Unidos detêm a patente actual da tortura: ninguém pode torturar a não ser em regime de Franchising;
c) Só a tortura dos Estados Unidos e seus satélites é democrática e, por conseguinte, benigna, além de benemérita. Todas as outras são malvadas, abjectas e inadmissíveis;
d) A tortura, devidamente exercida, é terapêutica e melhora a saúde e a qualidade de vida dos paciente; ao contrário da tortura ilegal, contrária aos interesses da humanidade, que, tal qual sustenta a senhora juíza federal, pode causar "danos irreparáveis".
Entretando, começam a pairar algumas suspeitas: afinal, Guantanamo é um campo de concentração para terroristas ou um local de treino e formação?... (Isto, para além do resort turístico que passa por ser, naturalmente).
Perguntem em qualquer Serviço de Informações internacional, que eles explicam-vos.

Falta-te o Tino

Já que tanto insiste, a comentadeira Tina -seguramente um dos oxiúros mais infestantes das caixas de comentários blogosféricas - leva uma condecoração.



Falta-te o Tino


Drama pungente o da Tina
mágoa que oculta o véu da treta,
o ter por mundo a sargeta
o ter por berço a latrina.

Pois a rival que a deixa louca
e a raivar da boca espuma
chama-se punheta; nasceu duma
e, ainda noiva, foi trocada por outra.

Fado triste, náutica sina
boiar sem Tino, sem agasalho
Como há-de sofrer, a crica Tina!...

Nhanha virtual, ode ao desfeiçalho
Há-de morrer na inexperiência de caralho
tal qual germinou da ausência de vagina.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Eram cristãos, não faz mal.




«A administração norte-americana pressionou hoje o congresso a «chumbar» legislação que classifica de genocídio a morte de 1,5 milhões de arménios pelo Exército otomano entre 1915 e 1917, para não prejudicar as relações com a Turquia, noticia a Lusa.»

Coisas do revisionismo. Albarda-se à medida. Há genocídios que devem ser negados e outros que obrigatoriamente têm que ser celebrados. É o chamado Império da Conveniência. Afinal de contas, o único que nunca decai.

A Mitomania da Virtude Hirsuta (rep.)

A mitomania da virtude conforma uma dupla perversão: sendo, fogosamente, um onanismo, é também, em grau ainda mais compulsivo, uma exibição.
Assim como dantes funcionava, na grande maioria, a toque de religião –entendam como pano de fundo disto o Ocidente, pois ainda hoje funciona dessa maneira nos países arcaizados – doravante, dado que esse território foi ocupado pela teologia da indiferença, transferiu-se para as chamadas “minorias sobreactivas” e “hipersensíveis”: os gays, as feministas, os judeus, os podres de ricos, os novo-místicos, etc. Digamos que o primado da Diferença viceja a partir dum vasto campo de Indiferença. Enquanto o geral se amalgama e uniformiza cada vez mais, numa massa amorfa e abúlica, o especial, o peculiaríssimo eclode na forma angélica de tribos urbanas florescentes - quistos sociais frenéticos e benigníssimos cujo parasitismo fagocrático alastra insaciável sob o perfume anestésico da elitose.
A característica mais gritante destas tribos não é exactamente o apregoar dum simples direito a existir: sempre existiram, com variáveis sucessos, e não passa pela cabeça de ninguém no seu perfeito juízo andar a molestá-los, dizimá-los ou persegui-los (por mim já me contentava que não arriassem as estátuas dos pedestais e trepassem para lá, todos eles, em apoteose, laureados). Como não é apenas um simples direito à normalidade da anormalidade aquilo que reclamam. É, bem acima disso, e para compensação da catalepsia que os rodeia, reclamar a virtude da anormalidade, isto é, da Diferença. Não se trata de serem normais, de serem como os outros, de se integrarem e vulgarizarem no conjunto: trata-se, outrossim, de serem vaidosamente diferentes, exclusivamente distintos, e de essa diferença constituir uma virtude. A tribo é uma vanguarda. Uma acrópole. Um paradigma.
Daí que reajam mal à crítica e sejam imunes ao sentido de humor. Não admitem ser criticados por “atrasados”, por “inferiores”, por "labregos grunhos e orangotangos" que não entendem nem alcançam o seu avanço, a sua sofisticação, a sua modernidade emproada. Crispam com veloz escândalo; melindram-se e ofendem-se ao mínimo reparo; vigiam com ar adunco, beato, inquisidor, de sectarismo feroz em riste e auto-de-fé engatilhado.
Se na realidade as coisas ainda não são como deveriam, na sua cabeça já são. Cumpre à realidade ajustar-se.

A verdade é que não, pá!

«"Se vier a ser despedido por ter dito a verdade é injusto e mostra o ponto ao que a imoralidade chegou", reagiu ao DN José Rodrigues dos Santos.»

Eles pagam-lhe - melhor dizendo, nós pagamos-lhe, já que é com o nosso dinheiro que eles lhe pagam - para dizer Telejornais, não é para dizer a verdade. Se desata a disfuncionar dessa maneira absurda, é mais do que motivo para despedimento. Aquilo é uma televisão, não é o Oráculo de Delfos.
Não admira que a administração esteja furiosa.

terça-feira, outubro 09, 2007

Meteorismo

«RTP faz duras críticas a Rodrigues dos Santos».

A saga meteórica e açambarcante prossegue, inexorável. Em breve, teremos o Malato a ler o Telejornal.

Los Angeles Congo rapers

«Os relatos das vítimas permitiram identificar os agressores como um grupo de fugitivos que vive na floresta e dá pelo nome de Rastas. Vestem-se com casacos dos Los Angeles Lakers e raptam mulheres e queimam bebés. »

A Civilização Americana chegou ao Congo. Também há quem lhe chame Globalização. Fica uma pergunta: o que é que a Birmânia tem que o Congo não tem? E quem diz o Congo, diz o Zimbawue...

Memórias do Carrasco -II. Um suplício humanitário

«No dia seguinte ao desta preciosa descoberta, Charles-Henri Sanson apressou-se a informar o doutor Guilhotin, que não coube em si de contente, pois não é possível imaginar com que paixão, com que cegueira, certos homens se agarram a uma ideia, e o império que ela acaba por exercer sobre as suas faculdades. Biógrafos pouco exactos entretiveram-se a propalar que Guilhotin na velhice lamentava a sua obra e tinha dúvidas sobre a realidade do serviço que prestara ao género humano; isso é um ultraje à história e à verdade. Até ao seu último suspiro, Guilhotin esteve convencido de que havia tomado uma iniciativa útil e cumprido um dever de consciência. (...)
Na sessão de 31 de Abril de 1791, Guilhotin deu conhecimento daquele mecanismo à Assembleia. Arrastado pelo calor do improviso, teve frases infelizes que excitaram doida hilariedade e por pouco lhe não comprometeram o êxito da causa. Pretendendo que este modo de suplício humanitário não produz sofrimento, disse que o paciente sentirá, quando muito, "uma leve frescura no pescoço". A frase era já um pouco arriscada, mas quando ele acrescentou: "com esta máquina, faço-vos saltar a cabeça e não sofreis nada", toda a Assembleia irrompeu numa enorme gargalhada, que só foi possível fazer cessar, quando se passou à ordem do dia.»

A "Ordem da noite", porém, chegaria. E muitas daquelas cabeças, com o bom galeno bem vaticinara, haveriam de saltar. Com que sofrimento, ao certo, não se sabe. Só experimentando.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Memórias do Carrasco -I. Nasce uma estrela

Entre 1688 e 1847, uma única família contribuiu com sete gerações para as insignes funções de "carrasco de Paris": a família Sanson. Os postais que se seguem são retirados das memórias dessa lúgubre dinastia, coligidas e apresentadas por Henri Sanson, o último desses tanatófices.

«Felizmente, vinha a casa de meu avô, havia algum tempo, um mecânico alemão chamado Schmidt, a quem ele tinha algumas vezes contado o seu embaraço e o do Dr. Guilhotin. Este Schmidt, então fabricante de cravos, era muito hábil em mecânica e músico apaixonado, como quase todos os seus compatriotas. Tendo travado relações com o meu pai por causa de alguns instrumentos que lhe vendeu, acabara por as cultivar, quer vindo afinar o cravo, qur trazendo o que lhe pediam para outros instrumentos. O gosto da música acabou por ligá-lo a Charles-Henri Sanson, que também era melómano, e tocava muito bem violino e violoncelo; o repertório de Glück não tardou a pô-los em acordo perfeito.
Vinha, portanto, Schmidt muitas vezes tocar cravo, enquanto Charles-Henri Sanson fazia gemer o seu violino ou suspirar o seu violoncelo. Ora, certa noite, entre uma ária de Orfeu e um duo de Ifigénia na Áulida, mudaram de instrumentos, se me é permitido este horrível trocadilho, e meu avô voltou àquele cuja forma buscava com tanta perplexidade.
- Espere, creio ter encontrado o que precisa; pensei nisso, respondeu Schmidt.
E pegando num lápis fez rapidamente, em meia dúzia de traços, um desenho:
Era a guilhotina!
A guilhotina, com a sua lâmina de aço cortante, suspensa entre dois postes, e que o simples manejo duma corda fazia mover; o paciente amarrado, a todo o comprimento, a uma prancha de báscula, de tal maneira que, baixada essa prancha, o pescoço daquele se encontrava justamente no lugar onde a lâmina vinha bater ao cair. A dificuldade estava vencida, o problema resolvido; Schmidt tinha enfim descoberto o meio de executar o paciente na posição horizontal e de o pôr em condições de não poder fazer falhar a execução.
Charles-Henri Sanson não conseguiu reprimir uma exclamação de surpresa e de prazer.
- Eu não me queria meter nisso, porque, sabe, é a morte do próximo; mas via-o tão apoquentado... E se repetíssemos aquela ária de Armida que tcamos no outro dia?!...
- Da melhor vontade, meu bom Schmidt! - respondeu meu avô, compreendendo que ele queria afastar do pensamento uma ideia desagradável.
E o cravo e o violoncelo puseram-se a tocar com mais força.»

- H. Samson, "O meu ofício é matar - Memórias do Carrasco Sanson"

Charles-Henri Sanson, é bem sabido, viria a obter na guilhotina um virtuosismo ainda maior do que no violoncelo. Há quem diga até que foi o maior intérprete de violoncéfalo que alguma vez existiu.

Pensando melhor...

... Só vejo uma forma airosa da Nacinha se penitenciar pelo hórrido e descomunal agravo perpetrado pelos dois meliantes descabelados (literalmente): converter o Panteão Nacinhal em Cemitério Judaico. Ou em Memorial ao Micro-Holocausto de Mil Quinhentos e troca o passo, tanto faz.

Delitos inexpiáveis


(fotografia do DN)



Começo por dizer que acho lamentável que, a propósito do acto delinquente de dois anormais, o governo da nacinha apenas tenha organizado uma romaria penitente de dois ministros. Julgo que o mínimo de desagravo aceitável seria reunirem, na ofendida necrópole, um Conselho de Ministros completo, presidido pelo Presidente da República e acolitado pelo Conselho de Estado. Até podiam ficar lá para sempre, devidamente parqueados, que o país só lucrava. Além disso, que o Cardeal Patriarca tenha apenas enviado um padre, também me escandaliza: devia ter ido em pessoa. E a flagelar-se. Descalço.
Depois, também não concordo de todo com um dos enquipados peregrinos, quando ele proclama:
"Quando, por preconceito e ódio, alguns delinquentes quebram o dever de respeito pelo direito de expressão, de religião e de culto, nós todos nos identificamos com eles". Precisamente porque não me identifico com eles, com os delinquentes que fizeram aquilo, ou outros quaisquer semelhantes, em cemitérios, igrejas ou até comboios. E seja qual for a sua raça, credo ou classe social. Nem eu nem a maioria das pessoas (todas quantas estão equipadas de cérebro) deste país. Que o ministro, o ministro todo e os ministros todos e mais não sei quem o façam, não surpreende ninguém. É proverbial e lendária a cumplicidade entre delinquentes, a conivência entre minorias mafiosas e o sentido de cartel entre quadrilhas organizadas.
Finalmente, quero declarar que não me interessam certos detalhes sórdidos da vida dos ministros e mentecaptos mal-eleitos deste país. Se são "todos judeus", ou "todos americanos", ou "todos a pata que os pôs", é lá com eles. Poupem-nos a essas porcarias. Vendam-se a quem quiserem, mas guardem ao menos a decência de não se vangloriarem publicamente disso.



PS: Ah, e poupem-nos ao folclore e à retórica balofa. Já deitamos isso pelos olhos! Se querem declarar coisas de interesse público, tratem mas é de informar em quanto é que o Estado Portuguinhês, ou seja, a Maioria Contribuinte vai indemnizar os familiares - os descendentes vivos - das vítimas. Sim, porque não basta pagar uma lancha-rápida e dois ou três F-16s a Israel... Há delitos inexpiáveis!

domingo, outubro 07, 2007

A Máquina triunfante - II

O primeiro ensaio humano da guilhotina, sobre os cadáveres de dois condenados e uma prostituta, fez-se no Hospital Geral de Bicêtre. No dia 17 de Abril de 1792, uma terça-feira, pelas 10 horas, compareceram várias personagens para o teste. Destacavam-se,entre elas, os doutores Louis e Guilllotin (pais espirituais do engenho), Schmit (construtor do mesmo) e Samson (carrasco e futuro operador). Além destes, também pontificavam Cabanis, o amigo de Mirabeau; Pinel, grande alienista; Lecretelle, membro da Assembleia; Maret, redactor-chefe do Moniteur; e vários jornalistas avulsos, bem como outros curiosos não creditados.
Samson, como lhe competia, teve honras de pilotagem e operou a máquina revolucionária naquele voo inaugural sobre pescoços reais. Coadjuvado pelo filho e por um ajudante, deu despacho às cobaias. O resultado não podia ser mais auspicioso: os três presuntos foram decapitados com uma rapidez e uma limpeza exemplares. Deveras impressionado com o seu novo instrumento de trabalho, o Executor terá mesmo murmurado: "Excelente invenção! Oxalá não abusem da sua simplicidade." Sombria premonição, que rapidamente foi submergida pelo júbilo e regozijo da comitiva científica com a eficácia do invento. Louis, o principal obreiro, viu-se entusiasticamente felicitado e aclamado. Um pequeno banquete nos aposentos directoriais do Dr. Cullerier, cirurgião do Hospital e anfitrião da experiência, encerrou a gloriosa jornada.
Aí, certamente, terão brindado a mais uma vitória das "ideias novas" -a mais aquele passo de gigante na senda da modernidade, da democracia e do humanitarismo. O caso não era para menos. O dia fora de facto histórico... Como diz Delarue, «até ali, a decapitação estivera reservada aos nobres, e às pessoas de qualidade. De futuro, graças à guilhotina, já não havia o mais pequeno motivo para continuar a privar o povo dela.»
O povo jamais viveria como os aristocratas, mas, ao menos, passaria a morrer como eles. Com os cumprimentos da burguesia.

sábado, outubro 06, 2007

Solução Final

Dizem-nos que os "cuidados paliativos quadruplicaram em apenas um ano". O seu objectivo, informam-nos ainda, é "ajudar os doentes a morrer melhor, aliviando-lhes a dor com terapêuticas e palavras de alento". Entretanto, como mais adiante referem, que a oferta não chegue para a procura não me surpreende. As pessoas com mais de quarenta anos são directamente encaminhadas dos Centros de Desemprego para as "unidades de cuidados paliativos".

A Máquina Triunfante

«(...)O mais célebre destes jornalistas muito especiais, Hérbert, excitava diariamente com o seu Père Duchêne os mais baixos instintos da populaça e injuriava as vítimas imoladas. Nas imediações do Palácio de Justiça ou nos jardins do Palácio Igualdade os vendedores anunciavam como "a maior alegria do Père Duchêne" as noites em que o tribunal mandava para o cadafalso uma "fornada" especialmente importante ou alguma cabeça célebre. Um dia, relatando uma série de condenações à morte, escreveu: "Os cidadãos doram amnistiados... só as cabeças é que não."
Hérbert forjara uma figura, com a qual acabou por se identificar, com o auxílio de dois acessórios, os pipos e os fornilhos dos cachimbos, e graças a algumas pragas, como "bestial!" e "chiça!", que apareciam sem cessar nos seus discursos "bestialmente" patrióticos. A carroça de Samson*, que baptizara a "carroça das trinta e seis janelas", transportou-o por seu turno em 24 de Março de 1794, para ir "jogar ao frio ou quente" e "olhar pela lucarnazinha".
Apesar de ter feito dele um dos seus ídolos, a populaça explodiu de alegria ao saber da sua prisão. Organizou-se uma autêntica festa no percurso da carroça e o "observador de polícia" Perrières assinalou à noite no seu relatório que "quatrocentas mil almas" tinham acompanhado a carroça ou assistido à exceução. Os assistentes pediram ao carrasco um favor especial, que obtiveram. Quando Hérbert teve o pescoço na luneta da guilhotina, o carrasco não fez cair o cutelo imediatamente, como de costume; esperou uns segundos, para que toda a gente pudesse ver a cabeça do Père Duchêne "à janelinha". Entretanto, a multidão gritava "Viva a República!" e os homens faziam "girar os chapéus".
Diariamente vendia-se também a lista dos condenados do dia, que os vendedores apregoavam descontraidamente: "Lista dos premiados de Santa Guilhotina!"
Finalmente, o Boletim Criminal Revolucionário fornecia a relação de todos os processos, mas publicava-os com um bocadinho de atraso em relação à imprensa privada. Saíram 559 números.
Estes apelos contínuos à crueldade encontravam naturalmente numerosos ecos. Durante meses ninguém se preocupou, entre o povo, com os excessos de dia para dia mais sangrentos da guilhotina. Pelo contrário, corria-se em magotes para o espectáculo.»

- Jacques Delarue, "Le Métier de Bourreau" (trad. port. Livros do Brasil)

Da Revolução Francesa, mais a sua jacobinite aguda, o que triunfa não são as ideias beneméritas de Liberdade, Igualdade e muito menos Fraternidade. Essa, invariavelmente, é a confeitaria com que se isca a estricnina. A realidade, de facto, é bem menos prosaica. A "república moderna" que eclode daquele ovo de basilisco anuncia e celebra não três novas ideias, mas três novos tiranos (que a massa não mais deixou de padecer e idolatrar até hoje): a máquina, a propaganda e o espectáculo.
* - Nome do Executor público (ou verdugo).

quinta-feira, outubro 04, 2007

Dos Pigmeus aos homúnculos

«Quanto à frase, ou expressão de desejo, que "antes Afonso XIII do que Afonso Costa", se a acho (seja ela de quem for) absurda e abjecta, confesso que a compreendo, que compreendo que se houvesse emitido. Aqui - como no caso de Couceiro - os conceitos, que expus, acerca do que constitui uma Pátria devem auxiliá-lo a compreender também. O domínio espanhol significaria um grande desgraça, uma grande vergonha, e um grande desastre nacional. Era a perda da nossa independência - não é assim? - o arrazamento da Pátria? Mas que diabo é isto em que vivemos? Vivemos como portugueses? Como vivemos, se não somos governados por homens orientados portuguesmente? como, se são estrangeiras as ideias que nos "orientam"? como, se de independência nacional temos apenas o nome e o espectro da cousa? Para que serve uma independência nacional, se não é para se viver nacionalmente? Que diabo de independência nacional tem um desgraçado país que é internacionalmente um feudo da Inglaterra, que é nacionalmente um feudo do anti-português Afonso Costa? Se a perda declarada da nossa independência seria ( e sê-lo-ia) uma desgraça e uma vergonha, em que é (salvo na absoluta evidência exterior) menos vergonha e menos desgraça a triste situação em que estamos? Um Portugal onde internacionalmente só se pode ser inglês; onde nacionalmente só se pode ser francês (pois que francesas sejam as ideias republicanas que nos "governam") - um Portugal onde, portanto, tudo se pode ser ("tudo" é um modo de falar) menos português, que espécie de "Portugal independente" é que é? Que independência há nisto? Triste gente que se contenta com a triste aparência das cousas, e não vê um palmo adiante das sensações quotidianas, para dentro da sua alma súbdita e oprimida!»


- Fernando Pessoa, "Da República"

No início destes textos socio-políticos, Fernando Pessoa começa por avisar: "Aqueles portugueses do futuro, para quem porventura estas páginas encerrem qualquer lição, ou contenham qualquer esclarecimento, não devem esquecer que elas foram escritas numa época da Pátria em que havia minguado a estatura nacional dos homens e falido a panaceia abstracta dos sistemas."

Fernando, caro mestre, apesar de tudo, sorte a tua em não assistires à liliputização em que vamos!... Comparados aos homúnculos de importação desta hora eram gigantes os pigmeus estrangeirados do teu tempo.

E repito a pergunta: Um Portugal onde se quer ser tudo menos português, que dignidade há nisto?
Por todo o lado grassa um apetite descomunal, olhos e panças alucinantes arrastando por um cordel alminhas em miniatura.

República da bandalheira

«Entre outras cousas, o sr. deve ter ouvido chamar traidor a Paiva Couceiro. Deve também ter ouvido denunciar e conspurcar uma frase, que se atribui aos nossos monárquicos, de que "antes Afonso XIII que Afonso Costa". (...)
Paiva Couceiro é um espírito ferrenhamente tradicionalista. Podemos não concordar - já disse que não concordo - com esse conceito tradicionalista. Mas ele é sem dúvida um conceito de nacionalidade. É preferível a conceito nenhum. Dentro do tradicionalismo pode haver patriotismo; fora dele, e não havendo a criação de novos ideiais absolutamente nacionais, não vejo que patriotismo possa haver. Paiva Couceiro viu erguer-se uma instituição, a que alguns maduros e um grande número de gatunos chamaram «a nossa querida República» - e deve ter sentido, senão o pensou lucidamente - que essa instituição vinha arrancar tudo quanto restava -e não era muito - das tradições nacionais, sem lhes substituir absolutamente nada que mostrasse que era uma república portuguesa. Couceiro viu, ou deve ter sentido, que tal República, ou que quer que fosse, representava, nessas condições, um atentado contra a Pátria. Era um factor de dissolução nacional. Não agia senão destrutivamente sobre quanto se pudesse considerar como energizador das almas portuguesas, como congregador das almas portuguesas numa única lusitana. Por isso o tradicionalista Paiva Couceiro sentiu a necessidade de conspirar. Ele foi sempre um grande soldado e um grande patriota; continuou sendo o mesmo soldado e o mesmo patriota. A sua superioridade moral sobre os estrangeiros da nossa República é incomensurável. No seu tradicionalismo exaltado, ele é, apesar de tudo, um português. Eles não são nada, nada, nada. Estrangeiros e estrangeiros estúpidos; que nem sequer vieram trazer à administração pública aquela honestidade cuja ausência na monarquia lhes serviu de trampolim para as campanhas oposicionistas. A monarquia portuguesa, é certo, era um regimen de ladrões e incompetentes. Mas era um regimen que estava cá há oito séculos, que, pelo menos exteriormente, estava identificado se não com a nacionalidade, pelo menos com a existência ostensiva da nacionalidade. Substitui-lo por um regimen que, além de não ser nacional de modo nenhum, continuava as mesmas tradições (estas sim!) de gatunagem e de incompetência, agravando, se talvez não a gatunagem, por certo a incompetência - eis uma cousa para que não valia a pena ter derramado sangue, perturbado a vida portuguesa, criado maior soma de desprezos por nós do que os que já havia no estrangeiro.
Não concordo, talvez, nem com uma única das ideias que formam a base do conceito português de vida que Couceiro tem. Mas reconheço nele um português. Como português, não posso deixar de, por isso, simpatizar com ele. Nem por sombras me ocorre que possa haver comparação entre a sua atitude - se bem que para mim, errónea - e a estrangeirada atitude a que estes bandalhos da República chamam "patriotismo". »

- Fernando Pessoa, "Da República"

A Gentinha da nacinha

«A República Velha* nada alterou das tradições desonrosas da Monarquia. Mudou apenas a maneira de cometer os erros; os erros continuaram sendo os mesmos. Em vez de um regimen católico, um regimen anticatólico, isto é, um regimen que logo arregimentava como inimigos os católicos. Em vez de uma República portuguesa, de um regimen nacional, uma república francesa em Portugal. E assim como a Monarquia Constitucional havia sido um sistema inglês (ou anglo-francês) sobreposto à realidade da Pátria Portuguesa, a República Velha foi um sistema francês sobreposto à mesma realidade pátria. No que respeita aos erros de administração - a incompetência, a imoralidade, o caciquismo - ficámos na mesma, mudando apenas os homens que faziam asneiras, que praticavam roubos e que escamoteavam "eleições". De sorte que a República Velha era a Monarquia sem Rei. Por isso é justo dizer que o 8 de Dezembro foi a queda da Segunda Monarquis.
Como podiam deixar de ser assim? Os homens do Partido Republicano tinham a mesma hereditariedade nacional, tinham vivido no mesmo meio que os da Monarquia; porque milagre teriam uma mentalidade diferente? Se Portugal tivesse regiões diferentes, nitidamente diferentes, se a Revolução de 5 de Outubro tivesse trazido para o poder homens de uma região diferente daquela de onde soessem provir os homens da Monarquia, então haveria homens diferentes no poder. Mas eram os mesmos políticos profissionais, os mesmos advogados da mesma Coimbra, os mesmos copistas da França - como podiam ter mentalidade diferente?»

- Fernando Pessoa, "Da República"

Ao ritmo pastoso e emético das nossa revolucinhas, uma evidência coa e sedimenta: este país não evolui, deteriora-se.


* - Entenda-se a república golfada do 5 de Outubro.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Não são contas do nosso rosário



Podemos ler aqui que o "2007 UASI NSGP provides funding support for target hardening activities to nonprofit organizations that are at high risk of international terrorist attack".

No âmbito deste Programa de atribuição de fundos para segurança a Organizações não lucrativas, foram contempladas 308 dessas "organizações em alto-risco". No total, o fundo distribuído foi de $ 24.007.500. Ora bem, desses 24 milhões, 19,6 milhões foram parar às mãos de organizações judaicas. É um judeu quem o informa. E adianta a lista de algumas dessas colectividades brindadas:
- Jewish Federation of Greater Long Beach/Alpert Jewish Community,
- Chabad Russian Synagogue;
- Maimonides Academy;
- Temple Emanu-El of San Diego California;
- Allied Jewish Federation of Colorado;
- Jewish Federation of Broward County;
- Yeshiva Gedola Rabbinical College;
- Hillel's of Georgia;
- Telshe Yeshiva Chicago;
- Chicago Rabinical Council;
- Torah Institute of Baltimore;
- New England Hebrew Academy;
- Rosenbaum Yeshiva of North Jersey;
- Rabbi Pesach Raymon Yeshiva;
- Beth El Synagogue of New Rochelle;
- Yeshiva of Manhattan Beach;
- Texas Friends Chabad Lubavitch;
- Jewish Federation of Seattle;
- Jewish Community Center of Greater Washington;
- etc, etc.

Acrescenta ainda, logo de seguida, um rebate desnecessário: dizer que um Departamento de Estado Americano dirigido por um Judeu - Michael Chertoff - distribuiu a esmagadora maioria dos fundos estatais por organizações judaicas é um laivo de anti-semitismo. Quer dizer, é verdade, é um facto, mas não é legítimo falar disso. A não ser, como é óbvio, que o comentador seja também judeu. São assuntos que só a eles dizem respeito.

O verniz que oculta a garra

O que é que Myanmar (Birmânia) tem em comum com o Sudão, para além do clamor pungente pela democracia, pelos direitos humanos e o escândalo internacional com atrocidades praticadas por governos ditatoriais?
- Três palavrinhas apenas: Petróleo, Gás natural, China.

A Birmânia (Myanmar) é assim uma espécie de Ucrânia da China.

Atente-se no U.S. Geological Survey Bulletin 2208-E (do U.S. Department of the Interior), em Fevereiro de 2006, para entender o súbito interesse benemérito e filantrópico da Democracy Inc. por Myanmar.

O Caminho da Dispersão

A Descolonização prossegue a bom ritmo: depois de debandar das províncias ultramarinas -de Angola, Guiné e Moçambique -, a população branca debanda das províncias intramarinas - Amadora, Damaia, Cacém...
Em simultâneo, uma tele-salsicharia ininterrupta transforma pretos africanos em pretos americanos. E brancos também.

Metamorfoses

«Se agora é ocasião de lamber as feridas e de desejar êxito, como é da praxe, à candidatura vencedora de Luís Filipe Menezes, também não o é menos para manifestar as maiores apreensões por parte de quem apoiou o líder cessante, como foi o meu caso.»



O Comichário Graça Moura está apreensivo. Compreende-se. Depois de semanas de empreitada a vociferar ao Menezes, o caso, no mínimo, é para estar apreensivo. Tristonho. Só que agora já não ruge, ronrona. Em penitência, presumo. Perdeu a arrogância. Despiu a bazófia. E vai descalço, de corda ao pescoço, apresentar-se ao novo mandarim. Rogar-lhe o perdão? Qual quê, entregar-lhe a trela!...

Morto o cavalo, o parasita profissional transfere-se em boa velocidade. Instantaneamente, o vate das elites arvora-se em almocreve da plebe. Querem apostar?

terça-feira, outubro 02, 2007

Descontração espasmódica



«Israel admite ataque aéreo na Síria».

Isto faz-me lembrar uma das obras-primas de Kubrik: "Doutor Estranho Amor". No protagonista deste, o Dr. Strangelove, acontecia uma espécie de tique inconveniente e obstinado que era o braço direito a fugir-lhe constantemente para a saudação nazi. A Israel acontece-lhe um tique nervoso semelhante: compulsivamente, fogem-lhe bombardeiros e mísseis. Nem é voluntário ou sequer planificado: é um espasmo. Melhor dizendo, uma descontracção espasmódica.

A puericultura megafónica

Esta coisa da superprotecção das minorias, que são assim a modos que uns bebezinhos sociais, nenucos em desenvolvimento que requerem mimos e redomas extremos, bem como incubadoura artificial permanente - enfim, toda esta "discriminação positiva" mal disfarçada e de teor fétido poderia parecer, à primeira vista, uma coisa típica de Blocos de Esquerda ou de palhadinos das causas fracturantes. Mas não é. Pelo contrário, é bem mais vasto do que isso. De tão exaustivamente cultivado, telebombado, inoculado, entranhou-se na mentalidade geral. Adquiriu foros de tique. Anda a reboque do primado do ego sobre e contra a polis. Do catitismo tronchudo de cada qual arvorar em Moisés de si próprio. Germina por toda a parte, ou não significasse precisamente essa sobranceria ufana e modernaça da parte em relação ao Todo.
Querem um exemplo tão genuíno quão caricato? - Pacheco Pereira. O frango-atirador, nem mais. Minoria luminescente do PSD, não tem feito outra coisa nos últimos tempos senão vituperar rancorosamente as decisões da maioria. A mais recente eleição do Menezes, então, deixou-o à beira dum ataque de hidrofobia espumante. Não gostava de estar na pele dos tapetes lá de casa. Pacheco é um democrata que não aceita os resultados eleitorais. Ao invés, birrento, vocifera e passa à guerrilha desurbana. Quase mete dó vê-lo tão agitado, de roda da sua colecçãozinha de megafones, catapultando menoscabos a esmo. Facção -melhor dizendo, faccinha - do PSD, Pacheco, já diz do Partido a que supostamente pertence aquilo que nem Maomet diria do toucinho. Pois bem, confrontado com respostas eventualmente proporcionais de coleguinhas a quem não pára de dar roda de mentecaptos e energúmenos, Pacheco queixa-se puerilmente: "basta ouvir o tom das declarações públicas dos seus apoiantes após a vitória, a somar à hate mail e a algumas ameaças que já me chegaram (...)"
Notem o "hate mail". Ele, minoriazinha hiperactiva, pode destratar militantemente aqueles que, ao longo dos últimos trinta anos, lhe sustentaram e douraram a gamela. Isso é crítica. Construtiva, olímpica, celestiabunda, naturalmente. Em contrapartida, os outros não podem dizer-lhe o que pensam dele e da sua opinorreia convulsiva: aí, alto lá, é "ódio", "ameaça", "tentativa de pachequicídio".
Ou seja, Pacheco Pereira pode denegrir e cavilar à vontade, na praça pública e com megafone, que não vem mal nenhum ao mundo; é chique. Hoje Menezes, como ontem Santana, pode declamar na rádio, pode apregoar na televisão, pode escrever nos jornais, no blogue, nas paredes e até nas retretes, passe a redundância; é sempre fino. Já um qualquer militante de base que lhe envie um email privado (que apenas ele lê e mais ninguém conhece nem escuta) onde lhe corresponda o desprezo, a borra e a cuspidela, isso não se admite; é odioso, ameaçador, conspirativo. Pacheco nem responde: denuncia-o veladamente à polícia. Queixa contra incertos e a Judite que monte escutas aos IPês.
Ora, isto não reflecte apenas um velho esquema da agit/prop, sempre viçoso e remaquilhado: reflecte uma mentalidade reinante. Que se traduz por uma lei principal: a impunidade do ódio é directamente proporcional ao alcance.
Não foi por acaso que as minorias se apoderaram dos megafones: foi para que a verdade permanecesse refém da algazarra.


PS: Realço que considero o PSD e os partidos em geral, sem excepção, associações de malfeitores. Por isso mesmo, nada de confusões: as questiúnculas entre as diversas facções da bandidagem interessam-me apenas como matéria de investigação zoológica. Sobretudo para efeitos fito-sanitários.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Crimes de Amor

(...)

Ao contrário dos crimes contra as minorias - que são "crimes de ódio" e merecem execração pública e sistemática, bem como medidas repressivas impiedosas e especiais -, os crimes contra a maioria, contra o cidadão comum, perpetrados por "jovens", ou "vândalos", são "crimes de amor" e, por isso mesmo, merecem toda a nossa compreensão e tolerância.
E quando digo "maioria" quero significar não apenas a propriedade e a integridade física, mas também a religião da maioria, a raça ou etnia da maioria, a nacionalidade da maioria, as tradições da maioria e a sexualidade da maioria.