terça-feira, outubro 02, 2007

A puericultura megafónica

Esta coisa da superprotecção das minorias, que são assim a modos que uns bebezinhos sociais, nenucos em desenvolvimento que requerem mimos e redomas extremos, bem como incubadoura artificial permanente - enfim, toda esta "discriminação positiva" mal disfarçada e de teor fétido poderia parecer, à primeira vista, uma coisa típica de Blocos de Esquerda ou de palhadinos das causas fracturantes. Mas não é. Pelo contrário, é bem mais vasto do que isso. De tão exaustivamente cultivado, telebombado, inoculado, entranhou-se na mentalidade geral. Adquiriu foros de tique. Anda a reboque do primado do ego sobre e contra a polis. Do catitismo tronchudo de cada qual arvorar em Moisés de si próprio. Germina por toda a parte, ou não significasse precisamente essa sobranceria ufana e modernaça da parte em relação ao Todo.
Querem um exemplo tão genuíno quão caricato? - Pacheco Pereira. O frango-atirador, nem mais. Minoria luminescente do PSD, não tem feito outra coisa nos últimos tempos senão vituperar rancorosamente as decisões da maioria. A mais recente eleição do Menezes, então, deixou-o à beira dum ataque de hidrofobia espumante. Não gostava de estar na pele dos tapetes lá de casa. Pacheco é um democrata que não aceita os resultados eleitorais. Ao invés, birrento, vocifera e passa à guerrilha desurbana. Quase mete dó vê-lo tão agitado, de roda da sua colecçãozinha de megafones, catapultando menoscabos a esmo. Facção -melhor dizendo, faccinha - do PSD, Pacheco, já diz do Partido a que supostamente pertence aquilo que nem Maomet diria do toucinho. Pois bem, confrontado com respostas eventualmente proporcionais de coleguinhas a quem não pára de dar roda de mentecaptos e energúmenos, Pacheco queixa-se puerilmente: "basta ouvir o tom das declarações públicas dos seus apoiantes após a vitória, a somar à hate mail e a algumas ameaças que já me chegaram (...)"
Notem o "hate mail". Ele, minoriazinha hiperactiva, pode destratar militantemente aqueles que, ao longo dos últimos trinta anos, lhe sustentaram e douraram a gamela. Isso é crítica. Construtiva, olímpica, celestiabunda, naturalmente. Em contrapartida, os outros não podem dizer-lhe o que pensam dele e da sua opinorreia convulsiva: aí, alto lá, é "ódio", "ameaça", "tentativa de pachequicídio".
Ou seja, Pacheco Pereira pode denegrir e cavilar à vontade, na praça pública e com megafone, que não vem mal nenhum ao mundo; é chique. Hoje Menezes, como ontem Santana, pode declamar na rádio, pode apregoar na televisão, pode escrever nos jornais, no blogue, nas paredes e até nas retretes, passe a redundância; é sempre fino. Já um qualquer militante de base que lhe envie um email privado (que apenas ele lê e mais ninguém conhece nem escuta) onde lhe corresponda o desprezo, a borra e a cuspidela, isso não se admite; é odioso, ameaçador, conspirativo. Pacheco nem responde: denuncia-o veladamente à polícia. Queixa contra incertos e a Judite que monte escutas aos IPês.
Ora, isto não reflecte apenas um velho esquema da agit/prop, sempre viçoso e remaquilhado: reflecte uma mentalidade reinante. Que se traduz por uma lei principal: a impunidade do ódio é directamente proporcional ao alcance.
Não foi por acaso que as minorias se apoderaram dos megafones: foi para que a verdade permanecesse refém da algazarra.


PS: Realço que considero o PSD e os partidos em geral, sem excepção, associações de malfeitores. Por isso mesmo, nada de confusões: as questiúnculas entre as diversas facções da bandidagem interessam-me apenas como matéria de investigação zoológica. Sobretudo para efeitos fito-sanitários.

6 comentários:

  1. Mais interessante vai ser o tom da desGraça. Estou à coca, até porque a sinecura do osso de Bruxelas tem sete cães á espera.

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  2. È verdade, José. Lá vai haver nova abertura da tampa do sarcófago.

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  3. «Esta coisa da superprotecção das minorias...», explicando melhor, esta coisa das negociatas de lucro fácil:
    -> são advogados a cobrar mais de mil euros por processo de legalização...
    -> é o pessoal do SEF (e afins, por essa Europa fora) a obter favores...
    -> é o pessoal do ministério dos negócios estrangeiros a obter favores...
    -> são mulheres-a-dias ao preço da chuva...
    -> é o tráfico de mulheres para a indústria do sexo...
    ...ETC...

    Resumindo e concluindo: Os "vândalos" podem ter mau feitio... mas proporcinam muitos LUCROS a muita gente...

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  4. P.S.
    ---» As minorias que não dão LUCRO... não têm direito a protecção.

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  5. P.S.2.

    ---» Os Intelectuais do Regime não falam em protecção de quem ganha o Ordenado Mínimo Nacional.

    ---» A MINORIA que ganha abaixo da média... deveria convergir para o valor médio.
    ---» Assim sendo, para combater manipulações na Lei da Oferta e da Procura, porque é que os 'defensores das minorias' não propõem a PROIBIÇÃO do trabalho imigrante nas actividades... com um ordenado inferior à media nacional?

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