O primeiro episódio da série "A Guerra", de Joaquim Furtado, teve alguns méritos. O principal foi recordar os massacres de 1961 sobre compatriotas nossos, brancos e pretos. Num tempo de amnésicos compulsivos e devoradores de queijo militantes, é sempre útil reavivar a memória.
Ora, o que o documentário mostrou foi algo que ficou evidente na época: que tinha sido uma amabilidade do nosso putativo aliado Estados Unidos da América, através da sua agência benemérita internacional (a CIA) , via pastores evangélicos do Congo. O resultado foi aquele.
É claro que hoje os nossos "americanos de imitação", que rasgam as vestes e se babam de indignação com o 11 de Setembro, não se incomodam nada com estes episódios do passado. Pretos actuais da América, a sua simpatia vai até para os pretos da Upa, seus predecessores no teatro da fantochice por controlo remoto.
Mas outra lição que ontem ficou também exposta foi uma muito ilustrativa, neste caso para vastas franjas da nossa juventude: é que os pretos, tal qual os brancos, não são todos iguais. Na verdade, as diferenças entre um preto do Sul de Angola (e já não falo num Mucubal ou num Cuanhama, mas fiquemo-nos por um Umbundo) e um do norte -Bacongo, no caso -, são até maiores -aliás, muito maiores - que entre um Bacongo e, por exemplo, a generalidade da nossa esquerda maquilhada de esquerda ou travestida de direita. Ninguém duvide: eram e sentiam-se mais portugueses aqueles milhares de Bailundos que foram chacinados em 15 de Março de 1961 do que grande quantidade de brancos, de aparente raça, que vive hoje nesta espécie de país.
Já não falando em casos extremos. Como por exemplo, a diferença entre o Holden Roberto e o mata-frades CAA. É praticamente indecifrável à vista desarmada: alguém consegue distinguir o toucinho de suíno branco do toucinho de suíno preto? Bem, o de preto é mais magro, mas fora isso...
PS: Um homem que se vê atirado numa pocilga é natural que sinta saudades. Não tanto por uma qualquer nostalgia de felicidades idas, mas sobretudo por nojo da companhia actual. De resto, é essa capacidade de sentir saudade que distingue, uma vez confinado ao chiqueiro, o homem do bácoro. Significa a reminiscência duma vaga noção de higiene. Bem como a não aderência cega a um mero regime de engorda.
Ahahahahahaah! Impagável.
ResponderEliminarMuito bem visto.Só uma dúvida:"aderência"para que a caracterização fosse mais e
ResponderEliminarxpressiva ou simples lapso? Cpmts
Em 1972 andou um major preto /USA no Leste de Angola a ver in loco as actividades da UNITA.Evangélicos mais uma vez.
ResponderEliminarRetirando as lições do passado é que as nações dignas desse nome avançam.Que credibilidade têm os actuais serviços de informações para nos avisarem de novas situações?Sim porque umas vezes são os serviços secretos aliados que nos entalam , outras vezes os de inimigos mas convém contar com os traidores , que os houve e com abundância.Que só faltou condecorar por isso embora lhes tenham dado nalguns casos as pensões...
"o de preto é mais magro"
ResponderEliminarahahahahahaha
Interessante foi tb a parte:
ResponderEliminarO preto do congo era diferente do preto de angola.
Os belgas segregavam, os portuguêses misturavam-se. O que acontecia no congo nunca aconteceria tb nas províncias ultramarinas portuguêsas...
Viu-se bem o que "não aconteceu", de facto!
O preto do Congo não é diferente do preto do Norte de Angola porque são a mesma tribo: Bacongo. Falam o mesmo dialecto, têm a mesma cultura e, na altura, estavam igualmente a ser "trabalhados" pelos pastores evangélicos anglo-saxónicos.
ResponderEliminarEu não sei essa história dos pastores evangélicos. Como foi isso?
ResponderEliminarAs ligações dos "pastores evangélicos" americanos à CIA é proverbial. No caso vertente, trataram da agit/prop e serviram de correia de transmissão para montagem do dispositivo. No programa de ontem, o Holden Roberto falou nisso: foi nas "igrejas" que eles se organizaram. Assim como o fornecimento de armamento por parte de tropas da ONU (tunisinos e não só) à UPA. Não há muito tempo, postei sobre isso e o povo achou que eu regava. Mas mal aparece na TV torna-se logo verdade indiscutível.
ResponderEliminar:O)
Mas vai, por exemplo, à página do Pat Robertson, na wikipédia e vê lá como ele era grande camba (amigalhaço) do Mobutu. Diamantes, minha cara, diamantes. Velhas histórias...
Obrigada, rapaz. Nunca gostei nada desses evangélicos. E também continuo a suspeitar que ainda hoje são pagos pela Cia
ResponderEliminarehehe
É mesmo uma bruta embirração que tenho com os tipos. E olha que em Timor também andaram para lá a fazer porcaria.
Entretanto andava a minha tribo no Cassai. Em Teixeira de Sousa ainda tentaram, mas levaram na tabuleta.
ResponderEliminarTambém vi o programa. Não torno a ver. Aquilo faz-me mal. Foi o começo do fim de Portugal e embora nos tenhamos aguentado ainda uns anos, dali para a frente só aconteceram infâmias sem nome. O resultado é actualíssimo, está à vista, e a reacção habitual da vara é negar o desastre ou atribuir as culpas ao Salazar. Mete nojo.
ResponderEliminarLEI LIBERTA RECLUSOS
ResponderEliminarA primeira consequência da entrada em vigor das alterações às leis penais foi a libertação de reclusos que passaram a estar com excesso de prisão preventiva, devido à redução dos prazos.
VIOLADOR SOLTO
Fábio Cardoso, condenado a 12 anos de prisão pelos abusos sexuais que levaram à morte de Daniel, de seis anos, saiu em liberdade no dia 15 por excesso de prisão.
HOMICIDAS NA RUA
Os três homens condenados a 22 anos de cadeia pela morte do inglês John Turner também saíram da cadeia por excesso de prisão, uma vez que o processo está em fase de recurso.
...A Guerra continua!
Nem o pequeno Daniel nem o inglês Turner, pelos vistos, pertenciam a nenhuma das minorias protegidas. Só nesse caso, em crimes fruto de "ódio", é que a soltura seria inadmissível.
ResponderEliminarDragão disse 11:13 PM
ResponderEliminar“...foi nas "igrejas" que eles se organizaram.”
Eu bem que me parecia que era nas igrejas que se tratavam assuntos de estado...
.
Mas já que falamos da descolonização... desculpem-me, da barbárie...
“Concretamente quanto aos tratados de reconhecimento de soberania sobre territórios coloniais ocupados pela força (é o caso do Tratado entre Portugal e a União Indiana de 31 de Dezembro de 1974, em relação aos territórios de Goa, Damão e seus enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli, e Diu), eles, para além de violarem a norma cogente do direito à autodeterminação, infringem também outra regra do ius cogens: a condenação do recurso à força como meio de adquirir direitos (aqui, territórios). Essa condenação, que já vem da doutrina Stimson e do Pacto Briand-Kellog, resulta hoje do artigo 2.º, n.º 4, da Carta das Nações Unidas; foi mais tarde enfatizada pelo primeiro princípio enunciado na há pouco citada Resolução n.º 2625, e pelos artigos 5.º, n.º 3, e 7.º da citada Resolução 3314 sobre a Definição de Agressão; e foi acolhida, como tal, pela jurisprudência internacional, como se pode ver pelo recente Acórdão do TIJ de 27 de Maio de 1986, já citado, sobre o caso das actividades militares e para-militares na Nicarágua. Por isso, aqueles tratados são nulos, por força do disposto no artigo 53.º da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. Sendo assim, tais tratados não retiram aos povos dos territórios ocupados o seu direito à autodeterminação nem fazem apagar as obrigações que incumbiam aos Estados que administravam os territórios à data da sua ocupação. Esses territórios continuam, pois, por descolonizar.”
"Manual de Direito Internacional Público"
De André Gonçalves Pereira e Fausto de Quadro
Carlos
Ó meu grande e realíssimo filhodaputa, capado amante da lusofonia e cobarde dos quatro costados, mete nos cornos que os negros, sejam do sul, do norte, do leste de Angola ou do sul-sudeste da puta que te pariu, não são, nunca foram, jamais serão Portugueses, pura e simplesmente porque a sua etnia é outra. Não é português quem quer, ó tapado de arrastar pelo chão, mas sim quem herda essa condição à nascença. Caga pois nessas tretas imperialistas assim como eu cago em ti.
ResponderEliminar