terça-feira, janeiro 31, 2023

Para o Donbass e em Força!

 




O Presidente da Croácia também já está na lista para abate dos Kievitas fofinhos e ultra-levures.  Disse qualquer coisa menos encomiástica e venerativa da russopatia ucranicosa e pronto: no pelourinho, em lista de espera. Democracia sem filtros.

Já o anão cocainolatra que presta serviços de intendência exige não apenas mais e melhores armas, como, sobretudo, todas. É imperioso que o oxidente lá despeje tudo o que tem, sob pena do fim do mundo em cuecas.  Leopardos, panteras, tigres, leões, avestruzes, águias, corvos, enfim, o zoo completo. Afinal, aquilo é um circo. O Urso, entretanto, já esfarrapou o equivalente a dois exércitos - entre acrobatas, palhaços, contorcionistas -,  mais respectivos arsenais,  mas continua cheio de apetite. Tremendos maus fígados. Convém nunca deixá-lo desocupado, quando não ainda se entrega a alguma ideia menos pacífica e conveniente do que estar ali, sossegado, pachorrento, a aviar exércitos à patada.  Portanto, é urgente que, a seguir aos tanques, lhe entreguem, ao nanosidente roncante, os caças bombardeiros, os mísseis balísticos continentais, intercontinentais e exoplanetários e, por fim, as armas atómicas que forem necessárias. Afinal, a ideia é mesmo acabar com isto tudo.  Despacha-se para ele, ele despacha para o urso e o feroz plantígrado ministra o despacho final.  Às vezes, azucrina-me até uma dúvida inquietante: mas, afinal, o mini zelento trabalha para os anglossauros ou para o urso?...

Todavia (e agora vem a parte menos delicada e maviosa), como as armas, infelizmente, ainda não se encontram no estado de perfeição robot, requerem operadores e portadores ambulantes. Pelo que, junto com aquelas, o tal micrómegas, exige que todos os governos vassalos, digo europeus oxidentalizados, lhe canguem sem mais nem moras,  os ucranianos emigrados, em estado de uso (mais de 15 e menos de 80), os detenham sem piedade e os devolvam à força -já devidamente fardados, ataviados, treinados e instalados nos equipamentos peregrinos de última geração - que é para ele, o homúnculo diligente, entregar ao urso. Afinal, é guloso o animal: tanque sem recheio nem lhe pega. E como, por aquelas bandas, esgotadas crianças e aleijadinhos, já pouco sobra com que rechear os petiscos, os empratamentos, as colmeias...

Perante tamanha míngua ocorreu-me até uma ideia benemérita... Foi ao deparar-me com a generosidade assanhada do Iniciativa Liberrante  que se me aflorou às meninges. Não obstante, algumas questões prévias, meramente propedêuticas: A IL (não sei bem porque mas a sigla lembra-me sempre uma ILGA amputada), bem, a IL tem noção do preço dum Leopard II? Tem noção de quem o paga, isto é, pagou? e quanto custa a reparação, manutenção e abastecimento duma besta destas?  Posso adiantar que estamos a falar ao nível dos milhões de euros (sensivelmente a dezena por cada bicharoco). Mas, sobremaneira importante (para a IL), dinheiros públicos, dos contribuintes, da república portuguesa. Ora, se a IL quer brincar às guerras (quem diria, tão sonsinhos e depois, vai-se ver, e tão belicosos e amiguinhos da sarrafada), das duas uma: ou recorre à iniciativa privada (esse tótem tribal dos ILusionistas deste mundo) ou a alguma forma de mecenato pessoal (ou ainda, a limite, em desespero, ao crowdfunding). Uma vez aí, devidamente estabelecidos e financiados, podem então entregar-se às patacoadas e grunhices que muito bem lhes fomentem e adubem a aleivosia. No caso do presente material em questão, no estado de pré ou semi-sucata, podem mesmo dois portentos simultâneos (e aqui irrompe cintilante, a minha ideia): custeiam a reparação (aviso já que não é barata), auxiliam na mesma com as próprias patinhas e, por fim, após instrução mínima apropriada, embarcam a bordo dos mesmos e dirigem-se, com denodo e coerência, à frente de combate. De preferência ali para os lados do Donbass. Os Russos agradecem. E nós, portugueses, embora poucos, ainda mais.

PS: Em Espanha, estão assim. Imaginem cá. E, já agora, anotem a parte mais suculenta da notícia:

«Espanha terá de fazer um grande esforço técnico e orçamental para poder cumprir os compromissos perante os seus aliados na ajuda militar à Ucrânia.»


segunda-feira, janeiro 30, 2023

O Papa-Star (e o Church Metal Way)




 Quase que dispensa comentários. A própria expressão diz tudo. É todo um programa, um estado civilizacional... Altar-Palco. Presumo que a primeira parte do espectáculo esteja a cargo dos U2. Ou a segunda, que sei eu. Vai ser um sucesso.

Quanto às confusões e embaraços do costume, com os saques e comilanços da praxe, francamente, se já organizam o Rock in Rio com uma perna às costas, mais fácil era  o Chico in Rio (até de braço ao peito). Era só entregar o evento aos profissionais do ramo. Mas assim saia barato e minguavam as comissões... Ora, nesta demopiolheira, à beira-mar desplantada, sem caga-milhões nada feito!...

Quanto ao teor do concerto, suspeito que estamos cada vez mais perto do profetizado aqui, ao vivo, pela Rádio Vulva FM, em 19 de Junho de 2005.

O Programa segue dentro de momentos

 Pedimos desculpa por esta interrupção (não voluntária) da emissão. O programa segue dentro de momentos.

PS: Cortaram-me de novo o pio. Diz que foi a tempestade pretérita que se infiltrou numa das caixas de derivação de cabos.  Bem, se foi a tempestade, nada a opor. As tempestades são, por natureza, santas. 

terça-feira, janeiro 24, 2023

Os patrocinadores das Agências

 

«Como o Canibal Soros coopta os merdia e censura a crítica»


Lá fora, entre os bárbaros, chamam-lhes, e muito apropriadamente, "presstitutes", a essas coisas mascaradas de jornalistas que enxameiam e contaminam páginas e canais. No mesmo tema, salvo erro, terá sido Soral que lapidou: "Hoje em dia há duas espécies de jornalistas: os prostitutos e os desempregados". Suponho que o lema deontológico actual da seita será qualquer coisa como "se não te vendes, não te pagamos". 
O artigo em epígrafe aborda, com alguns nomes e dados concretos, um dos casos mais avantajados e fétidos dessa fauna coprofânica de subsargeta. Tanto a nível de patrocinador, quanto de annilinguistas apaniguados.
Mas o que eu acho mais alarmante e formidável é a forma como já funcionam, e reverberam, em larga escala, quase planetária mesmo. De tal modo, que os saguins aqui da paróquia, em menos de nada, numa diabólica e ruidosa rede, quase instantânea, já regurgitam e expelem, ipsis verbis, o lixo expelido pelas centrais merdiáticas amestradas. Depois, tudo funciona numa espécie de cascata, em jeito de espelho invertido e perverso da própria hierarquia angelical da verdade (como a viam os medievais). A mentira não desce dos céus, através de ordens sucessivas de seres luminosos, do Alto para o baixo; opera precisamente ao contrário, como lhe é próprio e fatídico: do Mais Baixo e Imundo até à superfície dos terraplenados e rastejantes, onde se propõe tudo converter e dissolver numa nata apantanada e vurmosa, a exalar odores pestíferos e vapores sulfurosos.

Uma curiosidade: tentem lá escrever "Soros" ao contrário, da última letra para a primeira... O que é que dá?


domingo, janeiro 22, 2023

O Verdadeiro holocausto

 Entretanto, no Estado de Israel parece que a educação vai de vento...em proa. Um farol para o mundo e arredores...

«Last night Channel 13 news revealed recordings of instructors at a top Israeli religious academy. In part 1, the head of the seminary pines for the return of slavery – said to be the natural order – because Arabs have “genetic problems” and thus they “want to be under occupation”

(...)

"in part 2, a seminary instructor explains that Hitler was “most righteous” and Nazi ideology was internally consistent, moral, and a cure for Jews whose disease is that they don’t immigrate to Israel. Furthermore, he says, the REAL Holocaust is secularism, pluralism and humanism"

(...)

These remarks were no slips of the tongue, they were repeated over and over for years, accurately reflecting the agenda of the Jewish Home / Kahane coalition whose leader, the seminary’s patron rabbi, is set to be Israel’s new Education Minister.

Imaginem - não é difícil - que qualquer outro estado, sobretudo europeu, se propõe estes mesmos princípios e desígnios. Ou seja, e sem precisar sequer de se socorrer da muleta nazi, arvora ou ensaia medidas de legítima defesa contra o "secularismo/pluralismo/humanismo". Qual é o labéu que lhe despejam logo em cima, tipo sulfato anti-praga? Anti-semita, pois. Racista, no mínimo. Fascista, a todo o vapor. E, no entanto, repito, qualquer legítima defesa digna desse nome, nem sequer é, na essência ou motivação, anti-semita,  racista, ou, muito menos, fascista. Mais que uma ideologia ou projeção dela envolve uma coisa mais antiga, imperiosa e instintiva: a vontade de sobrevivência. Ou seja, o elementar apego à vida.

Resumindo, aquilo que o sionismo usa para subverter e contaminar os outros - a tal inoculação do "secularismo/pluralismo/humanismo" em doses de mata-cavalo - sendo óptima e indispensável nesses outros, é, todavia, péssima neles, os eleitos. Mas o rabi é honesto e vai direito à questão: o verdadeiro holocausto está em curso. 

Seria bom que os escravos começassem a estudar melhor a educação dos senhores. Talvez aprendessem qualquer coisa.

sábado, janeiro 21, 2023

Para-comandos e para-plégicos, a trincheira não é esquisita

 Afinal, segundo os últimos desenvolvimentos estratégicos no terreno, e sobretudo depois da visita relâmpago do cacique da CIA ao covil do Neo-Churchill de Calcutá 2.0 (algures num estúdio televisivo na Polónia), os Kievitas já não precisam de tanques nem  de armas pesadas. Descobriram um novo método ofensivo que só não é revolucionário porque é reciclavagante e que, além de aterrador, é extremamente desmoralizabundo para o inimigo: Vão atacar à dentada. Literalmente. Brigadas de para-olímpicos, digo, para-comandos, de dentes aguçados e especialmente treinados, vão mastigar e, quiçá, regurgitar as linhas russas. Estou na reinação? Humor negro? Nem por sombras. É mesmo a única dedução possível. Senão, expliquem-me lá o que se segue:


This man's name is Ruslan Kubay received a summons in Lviv. The employees of the national police did not believe the man's illness and offered him to go to the military registration and enlistment office. He was declared fit for service and sent for a medical examination.


Vêem?... Poderá não ter mãos, mas aposto que tem uma dentadura cinco estrelas. Unidades de elite, já não escapa,

sexta-feira, janeiro 20, 2023

Tirano do Ano

 Uma ONG britânica, com o mimoso título de "Index of Censorship", procedeu à eleição de "Tirano do Ano 2022".

Agora pasmem: o nosso Vlad Putin não ganhou, destacadíssimo. Nem o Querido Líder da Coreia de Cima, sentem-se. Nem o Grande Timoneiro da China Má", escancarem a boca. Nem o Maduro  venezuelano, engasguem-se.  Nem o Presidente Assad da Síria, revirem os olhos. Nem nenhuma daqueles Super Sobas lá das Áfricas, estremeçam. O Abominável do Irão? esqueçam. E também o Príncipe Saudita, o da Nicarágua e até a Junta Birmanesa. 

O vencedor, imaginem, é o Presidente Eleito do México. Tentem não cair de cu.  Que justeza ou coerência há nisto? Tanta quanto eleger o palhaço da Ucrânia como a Epítome da Democracia, em cumulação com Churchill Ressuscitado + upgrade 2.0 - a coca em vez de álcool, o borderline em vez do bipolar. Na realidade, a justeza não é nem nunca foi para aqui chamada. Muito menos a justica. É sempre a mesma e velha questão: e estrita e estreita - para não dizer grunha - conveniência. Basta atentar na lista dos patrocinadores da mimosa ONG britânica: o Departamento de Estado Americano à cabeça. Os Koch brothers logo a seguir. E o Canibal Soros lá pelo meio. Enfim, a elitose globotreta e plutochunga do costume.

Uma coisa é certa: os anglos odeiam o homem. Não faço a mais pequena ideia, à parte o circo da droga (onde a CIA anda metida até aos cabelos), do que raio se passa por aquelas bandas. Que pecados terá perpetrado contra o oxidente para motivar uma tal azia e acrimónia. Mas fico plenamente convicto que não faltará muito para o desgraçado aparecer abatido num qualquer telejornal aqui perto.

PS: A ver se me documento sobre este assunto. Parece prometedor.

PS2: Acabo de descobrir que o "tirano do ano" é "left wing", mas disse uma com piada:

«Mexico’s President AMLO demands freedom for Julian Assange, ‘prisoner of conscience’ and ‘best journalist of our time’»

Adeuzinho, ó Cara-de-cavalo!

 A delegada do WEF na curadoria Neo-Zelandeza acaba de abandonar o cargo. Jacinda - mais conhecida por Cara-de-cavalo - Ardern foi gozar os rendimentos.


Quem ficou devastado foi o povo lá das ilhas. Pela acção desgovernativa da ora demissionária, como é fácil de calcular. Porque quanto à disposição sentimental parece que foi como se segue:

Rukshan Fernando no Twitter: "Just in: Live shots of NZ reacting to Jacinda Ardern's resignation. 😂😂😂 https://t.co/L8OOdz7vAU" / Twitter

Eles comemoram e eu também!...

quinta-feira, janeiro 19, 2023

Emmanuel Todd e a Crise Ocidental

 Mais uma voz serena contra o ruído ensurdecedor.




Tanques very much

 

"Tanques devem ser entregues" à Ucrânia, defende Charles Michel"

«Zelensky diz que Portugal está disponível para enviar tanques à Ucrânia»

Graças às suas enormes reservas estratégicas, que datam ainda dos anos 60, Portugália/o/lhes, já está a cumprir a sua parte. O nosso ministro cadáver ambulante  ordenou mesmo o envio, com carácter de urgência, de várias brigadas do tanque  Xuxaimite MK1:



E também algumas unidades substancialmente actualizadas - com upgrade ao nível do software e sistemas de aquisição de alvo - do Xupagrana MK2, mais conhecido como TGF TDI  (Terror geminado  das feministas & transexuais direct injection):



Os nossos tanques, com capacidade Todo Terreno integral, modelo unissexo (mas facilmente convertível a bissexo, polissexo e pantassexo), imunes às condições atmosféricas, dispensando qualquer tipo de combustível ou reabastecimento,  indiferentes a falhas eléctricas na rede, amicíssimos do ambiente por conseguinte, dada a sua pegada ecológica quase nula (apenas emitindo ao nível dos gases naturais do condutor) e, sobretudo, nec plus ultra, praticamente impossíveis de desvio e venda no mercado negro, tanto na darkweeb, quanto no ebay, na black-amazon, ou mesmo no Olx, constituem, ninguém duvide, a arma ideal para as actuais circunstâncias ukranicosas no teatro de operações e de comédia, passe a redundância na figura do anão presidente.
Vão obstar-nos, alguns peritos militares, que os russos estão armados até aos dentes com máquinas de lavar roupa 5G... Sim, com efeito, mas todas elas canibalizadas, ou já esqueceram? Os nossos tanques vão causar desmoralizações e debandadas em série. Ninguém se admire se só pararem em Vladivostoque.

quarta-feira, janeiro 18, 2023

Pronto para abate

 Tão previsível como a chuva em dia de trovoada:

O Arestovich já está na Lista de Abate, do baluarte da civilização,  campeão da democracia e ai jesus das massas vegetalizadas oxidentais:


De conselheiro do anão Zelicoso a agente russo em 24 horas. A SBU já deve estar a tratar do caso.

Entretanto, o helicóptero com o Ministro do Interior a bordo foi abatido pelos próprios ucranianos. Dizem que caiu. Em cima dum infantário incauto. Já sabemos o que significam as narrativas noticiosas por aquelas paragens.  Se repararmos na zona do sinistro, o helicóptero ia carregado de quê: explosivos? Mal estar no paraíso? Purga?...

terça-feira, janeiro 17, 2023

Companhias perigosas, contactos letais

 


«Conselheiro de Zelensky demite-se após comentários polémicos sobre Dnipro»

Fugiu-lhe a boca para a verdade. Ora, a verdade, por aquelas bandas, é a mais perigosa das companhias. Vai ter que se penitenciar muito; proceder a vários exames de auto-censura nos centros de reeducação e reabilitação russoclasta; e, no mínimo, abalar em peregrinação, de castigo, auto-flagelando-se, para a Frente Leste. 

PS: Embora, depois de entrevistas como esta, o pecador, provavelmente, já nem tenha redenção. Vai mesmo levar sumiço por um alçapão qualquer.


segunda-feira, janeiro 16, 2023

A Segunda Revolução Verde e a Eterna Revolução Plutofágica


  Ao que se conhece, a primeira Revolução Verde aconteceu na Líbia, durante o século passado e teve como protagonista o senhor Kadafi. Esse, por democrática e cirúrgica extirpadela, já lá vai, mas estamos a assistir agora à segunda Revolução Verde.  Como bem documenta a imagem que se segue.  Consiste, a dita e ditosa,  em arrasar aldeias e florestas, sobretudo florestas  (daí a verdura viçosa dos revolucionários) na demanda do - precioso, altamente ecológico e amigo íntimo do arrefecimento planetário - carvão. É surreal? Pois é. Não é nada inteligente nem realista? Pois não. Mas obedece à tal "racionalidade" delirante que pastoreia o mundo oxidental. Absolutamente distópico? Exactamente. 






 

Entretanto, à escala económica global, repetem-se as comemorações do píncaro de racionalidade e progresso a que a coisa chegou:

«Relatório intitulado "Sobrevivência dos mais ricos" revela que 63% de toda a nova riqueza criada desde 2020, no valor de 42 biliões de dólares (39 biliões de euros), beneficiou apenas 1% da população mundial. O montante representa quase o dobro do dinheiro ganho pela restante população mundial (99%).»

Julgo que isto em nada altera o grande objectivo geral: reduzir o 1% a 0,5%. Depois, a 0,4%... 0,3...0,2... e quando chegar a 0,1%, finalmente, os 99,9% (que, entretanto, devem estar consideravelmente reduzidos em número absoluto) rezarem para que os 0,1% (que entretanto já devem açambarcar 80% do dinheiro ganho), cumpram a promessa aritmética e se evaporem da estatística. O Puguesso é assim. A razão não opera milagres (coisa retrógrada típica da religião), mas concebe por magia.

Entretanto, uma boa a pergunta: onde raio anda a esquerda? Serão aquelas estalactites larvares, à boleia periclitante e pegajosa do ânus do - refocilante e hiper-obeso - Sr. Um por Cento?...


Pré-previsões 2023

Nas pré-previsões para 2023, vamos à primeira:

O Imperador  (e futuro santo, nobel da paz e etc) Biden vai ver adicionado ao seu kit de veículos oficiais, para deslocações de estado, um novo e ultra-sofisticado meio. Behold, para juntar ao Airforce 1...

Senhoras e cavalheiros, eis o Landforce 1!!





Para representações domésticas:


Para representações no estrangeiro:



Mais a mala diplomática (alies friendly):




sábado, janeiro 14, 2023

Cripto-filósofos, cripto-futuros e outras cacofonias fecais .II





A cripto-ciência não urde apenas a partir do infundamento aéreo com intuitos meramente comerciais, quer dizer, não engendra apenas  do ar tendo por fito o afundamento e, consequente, afogamento da realidade. Opera, por mecânica intrínseca, uma dupla agência: de falsificação e  de negação.

Se pensarmos no pensamento filosófico, - o realismo Aristotélico, por exemplo - não temos a realidade, temos uma tentativa de compreensão da realidade. Outros filósofos terão outras versões. Mas a realidade é uma. Logo, as  múltiplas versões filosóficas dela serão tanto mais efectivas quanto a sua compreensão corresponda àquilo que pretende compreender. Ou seja, partindo de dados da realidade, a compreensão busca a plenitude mais ampla possível da mesma. Sabendo, à partida, que só a visão da entidade a que chamamos Deus dispõe da plenitude perfeita. Só que não existem apenas versões da realidade. Ocorrem também filósofos e filosofias cuja versão da realidade parte duma aversão à mesma. Isto é, não se fundam na realidade: fundam-se no próprio pensamento do filósofo. Temos assim uma filosofia infundada, com presunções a absoluta - é princípio, meio e fim dela própria. Não parte da realidade e do cosmos: parte do pensamento e duma peculiar faculdade operativa deste: a razão/lógica. A origem desta escola, chamemos-lhe assim, está em Platão. Quando proclama que o mundo das ideias é o verdadeiro e a realidade não passa de simulacro. As outras duas grandes eclosões na continuidade desta "aversão à realidade" acontecem com Descartes e Kant. À pendura de todos eles manquejou aquilo que passa por "ciência moderna".

O que importa reter deste parágrafo resume-se a isto: existem versões da realidade, que legitimamente podem ser classificadas de "filosofias"; e existem anti-versões, ou aversões dessa mesma realidade. A a-versão, por um lado, nega,  antagoniza e despreza a realidade; por outro, falsifica-a, na medida em que se assume, não como "versão de",  mas como a própria coisa. Fundando-se nela própria, a lógica, à maneira das aranhas, passa, de seguida, a engendrar um mundo artificial, fictício, que passa a impor e impingir como "realidade". E realidade não apenas possível ou contingente, mas necessária e fatal. A esta modalidade deveríamos taxar de "pseudo-filosofias". De ressalvar apenas que Platão, e a sua vastidão, complexidade e variedade de momentos no seu próprio pensamento, tendo dado origem às pseudo-filosofias (ou neo-filosofias/neo-racionalismos) não pode ser, todavia, confinado a essa degradação. Textos e posições suas desencadearam o fenómeno (em parte também por influência dos Pitagóricos e de Parménides), mas esse aspecto negativo não o esgota nem resume. Afinal, Aristóteles foi discípulo dele. Digamos apenas que Platão, como denunciará Aristófanes, na ramagem em que abandonava o legado da tradição e cultura clássicas, era, em boa medida, um sofista. A mesma acusação será posteriormente elencada por um dos descendentes culturais de Aristófanes: Nietzsche. E, de facto, a sofisticação lógica de Platão arvora-se totalitária, única, verdade completa; e, isso, ganha expressão numa obra muito concreta, mal traduzida por "República", onde inaugura a feira das Utopias, através da primeira e mais marcante de todas elas.

 Os gregos clássicos chamaram Kosmos - ordem, beleza, glória, conveniência - àquilo a que hoje, distorcida e aleijadamente, chamamos "universo". O próprio termo denuncia o crime, premeditado e continuado: da plenitude degradou-se à "versão única". A falsificação tenta invariavelmente copiar o falsificado: a realidade é uma porque plenitude; a aversão racional procura também ser única, porque opera enquanto falsidade imposta como Verdade absoluta, indisputável e determinante. A a-versão é, para todos os efeitos, uma "uni-versão". Não custa, assim, perceber que o "universo" protagoniza apenas uma redução, nanificação do Cosmos. A universão é, de facto, uma miniversão, uma irrisão arrogante. Também, na proporção em que se funda exclusivamente no interesse ou expediente lógico do hominóide, é uma criação ad nihil. Extraída do nada, dado que alienada de qualquer realidade concreta, ontológica, natural, plena. E "alienada", entenda-se, no sentido em que não parte dela nem procura aproximar-se dela, mas, outrossim, irrompe duma posição afastada/desviante dela e urdindo contra ela. 

O racionalismo é, por conseguinte, uma posição adversária e animadversária da realidade, quer dizer, opõe-se-lhe, duplamente, como antagonismo e como censura. A construção duma "realidade" peregrina, perversa, contra-natura e totalitária (onde as primeiras baixas são a liberdade possível e a verdade enquanto caminho de busca, quer uma, quer outra, falsificadas de pronto enquanto liberdade e verdade absolutas) devém a sua principal força motriz, a sua vertigem dinâmica. Todos os projectos e programas "revolucionários", "progressistas expresso" - em suma, utópicos - deste mundo constituem o seu rasto na História e a sua paulatina, mas infreável, baba corrosiva; da civilização e da natureza. A utopia não é filha do "mito", nem dos sentimentos, intuições, instintos ou fábulas pedagógicas do passado (pensem em Esopo, nas tragédias gregas ou no grande edifício formador que vai dos mitos helénicos a Homero e Hesíodo): a utopia é a filha única e mimada da Razão. E ergue-se, soberba e invariavelmente, contra tudo isso e procurando apagar tudo isso. É, na essência, precisamente o inverso daquilo com que se vende, impinge, alardeia e ostenta: as Luzes são, naturalmente, as Trevas; a vida (bios) é, naturalmente, a morte (tanatos); o homem é, tendencialmente, a máquina (gestora ou operária) lógica, sem sentimentos, nem passado; a (super)racionalidade é, em bom rigor, um delírio esquizoide, uma patologia da espécie, uma alienação homicida e perigosa. E atenção que quando aqui se menciona "racionalidade" não se refere o uso equilibrado e saudável duma faculdade específica do entendimento, mas sim o vício desmesurado, industrial e obsessivo dessa faculdade baixa, de modo a secar e esterilizar todas as outras, sobretudo a mais elevada de todas elas: a inteligência. Aquilo que aqui se enuncia como "racionalismo" significa o implante e adubação feroz da razão, a sua promoção frenética a eucalipto do pensamento.

Agora, peguem nisto que aqui acabei de expor e confrontem com as "teses" dos cripto-filósofos-historiadores-palradores comerciais destes nossos dias, como seja esse/a/s tal Hariri (desconhecia que existisse e, na verdade, não desconhecia porque não há nada de real para conhecer)... Ficam, mais perceptíveis ou explicáveis? Ou esta notícia, assaz repugnante, por exemplo:

«As Canada prepares to expand its euthanasia law to include those with mental illness, some Canadians - including many of the country's doctors - question whether the country's assisted death programme has already moved too far, too fast.»

Só para terminar, que a arenga já vai longa...

Existe um personagem numa das tais mitologias que geraram civilização (sobretudo durante o período medieval - ou seja, terminal - da mesma) que se distinguia pelas seguintes desqualificações: ódio à Criação Divina, e ao Homem enquanto criança dela. Etimologicamente, o seu nome significa "adversário". A sua principal arma de infiltração no espírito da humanidade que odeia e planeia destruir: a soberba. Não vamos entrar em religiões ou discussões de índole religiosa. Fiquemo-nos apenas pela simbologia, pelo mito. E pela justeza do seu, verificado e comprovado, aviso. E pela intemporalidade, creiam bem, do seu valor.

E o mundo ficou mais pobre

Partiu um dos grandes da guitarra. Lá mesmo do cume do Olimpo das seis cordas eléctricas. A esta hora já está do Outro lado, ao lado de Hendrix, em animada jam. Jeff Beck foi - e ficará para a eternidade precária deste nosso pequeno mundo - um genuíno virtuoso, um guitarrista único, inimitável, e, sobretudo, anti-vedeta. Um filomelo - um amigo da música e da guitarra - de excelência. Indiferente às luzes da ribalta e à patetice popstar, caminhou acima, sempre mais além, sempre em busca daquilo que qualquer verdadeiro artistas aspira: o reconhecimento de Deus. E conseguiu-o. Tanto que foi tocar para junto Dele.

Muito obrigado, Jeff!!






Os antigos bem avisaram: a vida dura um dia. E passa bem depressa.

Mas os Heróis não morrem, perduram em forma de lenda. A Lenda começa agora.




sexta-feira, janeiro 13, 2023

Novas do Circo

 Agora os Kievitas  proclamam ao mundo e arredores que, embora ainda não de jure, já são Natostão da facto.  A Hiena van der Louca deve ter ficado húmida. Entretanto, o matadouro a céu aberto lá continua, sob o patrocínio e confeitaria oxidentais. E é assim, kamaradas: enquanto houver ucranianos não vamos dar tréguas àqueles russos malvados! Quando acabarem os ucranianos, passamos aos polacos!... Eles vão ver!...




quinta-feira, janeiro 12, 2023

Cripto-filósofos, cripto-futuros e outras cacofonias fecais .I




 Quem venha acompanhando a saga de postais acerca do Dinheiro, aqui na chafarica, já terá apreciado a relação entre a desvalorização da moeda e, em paralelo, da palavra (na cultura grega, e, posteriormente, em todos os seus sucedâneos, arremedos e perversões). Ora, essa desvalorização radica, essencialmente, no desprezo do fundamento. Daí que redunda, invariavelmente, num absolutismo, numa soltura e numa absolvição. Ou seja, a ficção (o "dinheiro" enquanto ficção) torna-se absoluta, na medida em que desligada e auto-arvorada; solta-se de quaisquer validações prévias; e absolve-se de todas e quaisquer dívidas ou deveres, isto é, desresponsabiliza-se; vale per-si, entenda-se, pela mera credulidade que nela depositam os investidores ou manipuladores (entenda-se, os otários, por um lado; os embusteiros, pelo outro). O expoente último deste processo desprezador do fundamento chama-se cripto-moeda.

Quando falamos do fundamento significamos, em primeira instância, uma ligação à realidade, um vínculo ao ser das coisas e dos homens. O que valida e valoriza um homem vem de antes dele, acompanha-o ao longo da vida e prossegue depois da sua morte.  Um Homem é o realizar da sua humanidade nessa realidade vasta que é o Cosmos. Ou seja, é tocar na orquestra. Se o homem se arvora solista único e faz guerra à orquestra só porque desaprendeu de ler a pauta da sinfonia, temos, tanto quanto um caso de estupidez, um acto de arrogância e uma mera emissão de barulho ensurdecedor. A nossa situação actual é desesperada: o ruído atingiu tais níveis de volume, difusão e obsessão ininterrupta que a generalidade das pessoas passou a acreditar piamente que o barulho é a música, o bem é o mal, a treva é a luz, a morte é a vida, em suma,  que a ficção é a realidade e o nada é o valor, porque serve já de pseudo-fundamento ao ser. Porque, lá está, o tal desprezo pela realidade, pela fundação, não se processa, como já demonstrei, unilateralmente no dinheiro: corre em paralelo nas ideias, nos conceitos, nos valores morais e na própria semântica onde tudo isso flui. Assim, em concorrência e tandem ufano com a cripto-moeda, temos o cripto-governo, a cripto-economia e, ainda mais especificamente, a cripto-ciência, a cripto-filosofia, a cripto-história e a cripto-religião. Falar ainda da cripto-lógica ou da cripto-razão, embora óbvio, já seria fastidioso. Traduzindo para o nosso momento, por justa analogia, quer então dizer que habitamos uma espécie de manicómio onde os doidos mais perigosos se evadiram da ala furiosa, usurparam a administração e o corpo clínico, e são quem agora trata - e pretende tratar cada vez mais - de nós?

Pois, é exactamente isso. Exagero? Lá estou eu com as hipérboles?...

Então queiram fazer a fineza de ler e meditar nas teses (muito lambuzadas nas altas instâncias globais da hora a correr) que se seguem, e depois falamos. E aproveitem o critério previamente fornecido. Vão ver que ajuda a compreender...


Harari speaks with certainty and even excitement about processes for which humanity should have a choice. In his view however, this transhumanist future is inevitable.

terça-feira, janeiro 10, 2023

Da Russofobia à russofagia

 


«More than 25,000 British military personnel found to be obese over past four years»

As UK Military Forces ganem em frémitos - ou fremem em ganidos, que sei eu -  de se lançarem avidamente às canelas dos russos.  Só que, entretanto, estão em batalha com um inimigo bem mais ameaçador, insidioso e imediato: a Obesidade. Cercadas pela gordura, flageladas pelo flato, invadidas pela pança, experimentam claros embaraços... Na deslocação. Mas não desesperemos, kamaradas oxientais: logo que eles ultrapassem esta guerra interna, digo, intestina, os russos vão ver como elas lhes mordem. Elas e eles, bem entendido. Todos à uma, em matilha ruidosa, qual canzoada faminta, após dieta rigorosa e forçada, hão-de ficar com uma destas galgas que, uma vez soltos, no devido terreno e disposição, dos russos nem osso deve sobrar. Não me espantaria que até se trate dum plano maquiavélico/upgrade estratégico: converter a russofobia frenética em russofagia desatada. 

De resto, não é apenas S.Vlad que tem feito milagres: o próprio Diabo também deu em alquimista. As piores imundícies vem-nas transformando, a todas, e de empreitada, em coisas preciosas e valores de alto coturno civilizacioneiro e de grande sobranceria moral. No cadinho de Kiev, a pedra filosofal anda numa roda viva. Depois do nazismo requentado, é agora o canibalismo cru que vai transmutar-se em ouro de 20 quilates.

domingo, janeiro 08, 2023

Repórter Flash - Entrevista ao/à/sabe Diabo o quê representante do +/Plus (da LGBTI)

 


E finalmente, após longas férias, cá está o vosso repórter adorado, leitoras, ex-leitoras e futuras leitoras!... Quanto aos leitores, coragem rapazes, é difícil, mas se treinardes muito, um dia sereis quase como eu.

Vamos ao assunto, à vaca -na verdade, nem se percebe bem que raio de bicho é, se vaca, se boi, se voi, ou baca, ou bezerro, enfim, chamemos-lhe rês - fria. Congelada, liofilizada e ultrapasteurizada, aliás.

Comigo (a relativa e prudente distância, entenda-se) está o representante do +, também conhecido na língua dos camones bífidos como "Plus". Passemos às hostilidades...

Repórter Flash - Prefere que o/a/os/as/etc trate por "Mais" ou "Plus"?

Representante + - Pode ser Plus, se bem que objsectualmente me assuma como NBSWT, com os pronomes lhe, convosco; as proposições após, até; e os advérbios tão, decerto e rapidamente.

Repórter Flash - NBSWT? 

Representante + - Não Binário Station Wagon Turbo.

Repórter Flash - Ah...Percebo. Encontrou, portanto, aí, nessa sigla, a sua identidade - ia dizer sexual, mas se calhar o mais correcto é dizer "de género"? 

Representante + - Sim, sim... De género.

Repórter Flash - E sente-se feliz, plenamente realizado?

Representante + - Razoavelmente satisfeit-lhe, mas estou sempre em trânsito. Aspiro a tornar-lhe NBSUV.

Repórter Flash - Traduzindo para os leigos...

Representante + - Não Binário Sport Utility Vehicle

Repórter Flash - Ah, pois. Devia ter adivinhado. Mas eu é mais futebol e gajas, carros nem por isso. Só se for para endrominar as gajas ou apanhar boleia para o estádio.  E, se não é indiscrição, quando foi que fez a transição para o seu género actual? Isto é, segundo os termos mais categorizados, quando é que saiu o armário?

Representante + - Nunca saí do armário, que nojo! O armário é mais para LGês e outros pindéricos. Nós, os/as/x/y/xyw NBSWT, saímos da garagem, caro senhor! Da garagem!...nada de confusões.

Repórter Flash - Pronto, ainda bem que esclarece. Não queria ofender. Saem, portanto, todos da garagem, jamais do armário, é isso?

Representante + - Todos, também não é bem assim. Todinosco. E algunosco não saem da garagem. Caso de NBMini ou NBF - saem do parque subterrâneo. Ou do alpendre da padaria.

Repórter Flash - NBMini, acho que entendo, mas NBF...?

Representante + - Não Binários Furgão.

Repórter Flash - Eh voilá e olari! Muito bem. Avancemos para o cerne da reivindicação: estão então em protesto; já marcaram um buzinão para tempo indeterminado; vão avançar com marchas lentas na auto-estrada e engarrafamentos de pontes. Os nosso leitores precisam de ser informados dos motivos para tanta irritação social e ruidosa reclamação. Quer iluminar-nos?

Representante + - Estamos/as/lhes indignados! Não se admite! Trata-se clara/o/lhes e ostensivamente duma plusfobia do próprio Estado - uma descriminação, uma violência, a redução ao incógnito, ao indeterminado, ao mero signo aritmético da adição toda uma minoria oprimida, ignorada e desconsiderada. Pretendem varrer-nos para debaixo do tapete, é o que é. Refiro-me ao novo artigo da Lei orçamental onde somos esmigalhados à insignificância dum apêndice onomástico. Um etc e tal. E note-se todo o próprio acinte normatóxico do "etecétera" - porque não "homocétera", já pensaram nisso?!

Repórter Flash - Diz bem, nunca me ocorreria. Estou banzado!...

Representante + -  E depois, repare, violência doméstica... e a violência no trânsito, não conta? Os táxistas, já viu? São um perigo, uma ameaça vocabular e vernacular a todo/a/lhe/'nosco NBSWT, TDI, SUV, GTI e até S! E os polícias, outros que tais. Já não falando nos trolhas encarrapitados nos andaimes, ou escavando valas e largando dichotes boçais!... Uma vergonha! Uma violência a céu aberto!... Um trauma à nossa espera a cada esquina. Um nojo. Gentinha pobre, invejosa e ressabiada!...

Repórter Flash - Pois, realmente... assim posto. E como explica tamanha e tão inusitada desconsideração?

Representante + (furioso) - Racismo ideológico! Descriminação social invertida! Cripto lóbi!

Repórter Flash (esboçando um quase salto) - Poça, até me assustei! Como assim?

Representante + - Governo socialista, constituição socialista, maçonaria, Ilda, Bloco, PAN e toda essa seita esquerdoida! Como são dominados, lambuzados e infestados pelos LGTBI, pura e simplesmente, não querem saber dos outros. Sim, porque os que saem do armário têm é ódio e inveja daqueles/as/lhes que saem da garagem! Típico da gente minúscula, pequenina, carunchosa! Aposto que não sabia...

Repórter Flash - Completamente nas trevas. Mas isso é muito grave... Paridos pelo armário contra paridos pela garagem, que tremenda sarrafusca!...

Representante + (quase aos gritos) - Gravíssimo!! Típico do Terceiro Mundo!... do quarto século, DC!... É gentalha retrógrada, sectária e apeada mental! Só pretendem e porfiam é no ascensorismo bancário! E administradeiro!... Corruptos!... Só pensam neles. Os outros: hetecétera! 

Repórter Flash - Segundo diz a meu chefe Dragão, "outro" diz-se "hetero". Ou "hetero" significa "outro", já não me lembro bem. Julguei que a "heterofobia" era o que vos animava e congregava a todos/as/lhes, lá nesse vosso arraial LGBTI+...

Representante + - Sim, é verdade. Só que eles/as/o raio que os parta são duplamente heterofóbicos, isto é, praticam a heterofobia boa e a heterofobia má. Explicando melhor: o ódio aos outros, normais (que é bom), e o ódio aos outros/as/lhes, anormais mas superiores (que é péssimo). E esta lei é o exemplo acabado disso. Ódio e inveja, sobretudo esta, convém nunca esquecer. São a Lumpenagem do género! Saíram do armário mas vivem à espreita duma arca do tesouro onde se meterem e saquearem! Tudo não passa  dum pretexto para mera ascensão no mobiliário! Do armário para a arca e desta, em passo acelerado, para o cofre-forte.

Repórter Flash - Estais portanto a ser vítimas, presumo...

Representante + - Duplamente vítimas! Bivítimas! Vítimas a dobrar - do Estado, através da lei vassoura; e dos mentores do Estado, através do lóbi do armário! Um descomunal icebergue de que apenas assinalarei algumas pontas mais evidentes: veja bem, violência doméstica e violência contra género, esgatafunham e borratam eles no articúlo miserável. Pensemos num Pansexual, está a ver?, não só não pode estar confinado a uma relação, como, tão pouco, a um género. Mesmo, até a uma espécie. Por definição e vocação, pode sentir inclinação, quer amorosas, quer identitárias, com outras espécies. Senão até por objectos inanimados, quer de índole especificamente erótica, quer, mesmo, utilitária. Agora considere: imagine o berbequim adaptado que, por alguma excitação eléctrica, o agride analmente, causando-lhe lesões com internamento hospitalar... Vai-se arguir quem: o utensílio ? O retalhista que o vendeu, caso ainda esteja na garantia? A EDP, por pico na rede sem aviso? Quem? E é violência doméstica ou violência bricolage? Contra género não é de certeza. Mesmo um pansexual que viva em união de facto com um pepino/a ou curgete... Se, num ímpeto de excitação, o comer literalmente em salada. Pode ser considerado "violência doméstica"? Duvido muito. Está a ver o absurdo legal?...

Repórter Flash - Estou, estou... Com muita clareza.

Representante + - E agora ainda mais grave: um Assexual. Eis alguém que não experimenta qualquer necessidade de intercâmbio sexual, erótico, ou equivalente e apenas sublima tudo isso através duma dedicação canina ao trabalho... passando os dias a olhar para o umbigo, e as noites a olhar para a televisão ou para o monitor do portátil (peregrinando o ebay, a amazon ou a CNN panda). Sem sexo, que género é o dele? Sem família, qual a possibilidade de violência doméstica? Zero, duas vezes zero. A não ser que se suicide. Mas, nesse caso, vão incriminar e prender quem?

Repórter Flash - Ocorreu-me agora: um parassexual, isso existe?

Representante + - Mesmo que não existisse, a partir do momento em que o menciona passa a existir. Excelente alvitre, aliás. Um parafílico é um parassexual. E aí está mais uma acha para a fogueira, mais um argumento superlativo a dar força ao nosso protesto. Um fetichista que coabita com um ursinho de peluche, não é gente? Não é digno de protecção legal? Um casal sado-masoquista hardcore cuja relação e prazer orgástico resulta precisamente da prática de violência doméstica? Vão ser ilegalizados? E mesmo, atente, um pedófilo culinário que mantém múltiplas relações picantes com séries sucessivas de jaquinzinhos, pipis, leitões à bairrada ou choquinhos com tinta... Que protecção ou repressão pode ter ele, segundo esta legisladela mal amanhada?... batatas, digo-lhe eu.

Repórter Flash - Batatas, de facto. Eventualmente assadas. E olhe, já agora, sem querer abusar da sua sapiência, elucide-me: sendo um Não Binário, concebe a possibilidade da existência dos Não Trinários? E que viriam a ser? Partindo o princípio que não estou a colocar uma questão estúpida e sem sentido...

Representante + - Não, de modo nenhum. Tem todo o sentido. Estamos no âmbito da metassexualidade. Pessoas que estabelecem relações fora da normatoxicidade triangular; masculino/feminino/divino...

Repórter Flash - Portanto, se bem calculo: Pessoas que conseguem estabelecer relações anormais com o Além?...

Representante +  - Exactamente. Pessoas que vivem relações íntimas com almas ou entidades do outro mundo...

Repórter Flash - A que antigamente se chamavam possessos?...

Representante + -  Sim, ou pastores evangélicos. Em qualquer dos casos, essa taxonomia negativa, tratava-se duma violência detractora e maldizente por parte dos poderes patriarcais, ditatoriais e normatóxicos instalados. Contra todos os NT (não trinitários), ou seja, aqueles que mantinham relações fora da igreja.

Repórter Flash - Outrora denominados bruxas, feiticeiros, videntes e médiuns de pé de galo?

Representante + - Todos esses. E também cartomantes, necromantes, astrólogos, iluministas, economistas e, na actualidade, mais fervorosos e alucinados, analistas político-militares. Ah, nunca esquecendo os psicanalistas - da escola Ikea, ou Conforama, ou Jom e seus derivados. E a toda esta multidão desalojada o que diz o decreto? Nada. Não existem. Durante um sabatt solsticial, o bode presidente, de mau humor, assesta uma cornada mais contundente numa das voláteis núcegas fazendo-a cair da vassoura abaixo e causando-lhe inúmeras escoriações e esfolamentos... Que formação tem a transpolícia para responder a um fenómeno destes, que ferramentas judiciais? Enquadramento legal, viste-o? Eu também não. Um possesso, coisa aliás comum, é espancado pelo seu cônjuge cavalgante. Vão identificá-lo e autuá-lo como, ao abusador? A transpolícia, entre os seus auxiliares científicos, tem um exorcista- ainda para mais especialista em hipismo sobrenatural?... Está a ver o completo contra-senso? 

Repórter Flash - De olhos esbugalhados.

Representante + - Escreva aí: não nos calaremos! Ninguém nos calará! É um escândalo. Um despautério legal! 

Repórter Flash - De facto. Entretinto, esta conversa, se bem que fascinante, já vai longa. Temo que o nosso tempo de antena esteja a expirrar. Uma última questão, de índole até mais curiosa que científica: Quando e por que motivo sentiu a necessidade, vocação, expediente, ou o que lhe queira chamar, de sair da garagem e aderir a esse grande movimento civilizacional LGcoiso&tal Plus ?

Representante + - Olhe, para lhe ser franco, foi por ocasião dum grande desgosto amoroso...

Repórter Flash  - Não me diga que alguma boazona, no corolário da adolescência, lhe deu uma formidável tampa...

Representante + - Não. Foi quando não me convidaram para a Opus Dei.



Pronto, queridas leitoras, cavalheiros, antepassados do Além, foi a entrevista possível. Um bom 2023 para todos, que cheguemos ao Natal de saúde, e aqui deixo um último pensamento edificante: É lixado o amor... ao dinheiro.

                                          

                                                                                       Ildefonso Caguinchas

                                                                  (Engenheiro Arquitecto Webmonstro e Jornalista agnóstico)

                                                      



sábado, janeiro 07, 2023

Num Não-País (demasiadamente perto de nós)

 A síntese do aborto legislatoso  é mais ou menos esta:

«"Em 2023, o Governo promove a criação de um espaço de atendimento e acompanhamento especializado para respostas integradas de apoio, intervenção e resposta direta específico para pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (LGBTI) vítimas de violência doméstica e/ou de violência de género", refere o texto. O PAN quer que este espaço possa ser replicado a todo o território nacional "conforme as necessidades apuradas". Este espaço, de acordo com a proposta aprovada, "será dotado de órgãos de polícia criminal e técnicos com formação específica em articulação com as diversas entidades com atuação no âmbito da violência doméstica e violência de género LGBTI", devendo promover atividades de caráter preventivo, informativo e de sensibilização.»

E lá voltamos nós ao porquinho Napoleão: todas as vítimas são iguais - ou igualmente vítimas - mas há vítimas mais vítimas que outras. Ou seja, há vítimas especiais. Porquê? Porque são pessoas (ou cidadãos, melhor dizendo) especiais. De corridas. Soa assim a modos como os carros: o fulano Coiso é uma espécie de utilitário ou carrinha familiar, mas o sicrano Coisa LGTI é todo um upgrade de turbo grande turismo com injecção directa e tunning sofisticado. Naturalmente, é especial e mais caro. Mais caro nos vários sentidos: mais caro enquanto custo ao Estado, e mais caro enquanto mais querido, estimado e mantido pelo mesmo (segunda a norma importada pela qual se rege e orienta). Mas a Constituição diz não sei o quê sobre a igualdade perante a lei e mais não sei quantos. Pois, tanto como diz que todo o cidadão tem direito a habitação condigna, governo legítimo, soberania popular, separação de poderes e um ror de outros unicórnios e fadas madrinhas que nunca ninguém viu, mas em que se acredita, pia e acriticamente, por infantilização induzida, cultivada e cristalizada. As pessoas não são todas iguais, são todas diferentes. Quer enquanto cidadãos, quer enquanto contribuintes, quer enquanto sujeitos do Estado, sobretudo perante a lei; qualquer lei!... Como todos os dias, todos os meses e todos os anos, se exibem, patenteiam e resplandecem, à descarada, provas, factos, exemplos,  episódios e modelos recorrentes na realidade. É todo um desfile! Parangonas, fóruns e telejornais de enxurrada!... Só que o Estado - e sobremaneira o tal "estado de direito"-  não se funda na realidade: escora-se na utopia; e a constituição, a fazer de pináculo à montanha de excremento mental dos códigos jurídicos despejados por hordas de servos da treta, mais não constitui que a escritura legal dessa mesma república imaginária e trangélica. O problema é que as redacções utópicas, por mais impingidas e inoculadas que sejam, à força de chicote, seringa ou supositório, acabam sempre a chocar com a realidade, a resvalar para a sargeta da História e a diluírem-se numa baba sulfurosa e fétida. Pode demorar um ano ou um século, mas o destino fatal da lengalenga utópica é a caótica distopia no terreno. Não é apenas a filosofia realista que o vem denunciando desde sempre: a própria literatura dedicou-lhe vários levantamentos cartográficos. 
Por muito que custe aos junkies inveterados da nossa utopiazinha de vão de escada, por venal interesse ou mera e compulsiva estupidez, desde o 25 das petas, temos um Neo-Portugal. São os próprios jóckeis amesendados e manteúdos que o proclamam. Já aqui expliquei o que significa, politicamente, o prefixo "neo" nos dias que correm: deve ler-se "não". Como neoliberal é não-liberal, neoconservador é não-conservador ou neo-realista é não-realista. O "neo" traduz não a continuação, mas a rotura, o implante artificial. Assim, este Neo-país que é o neo-portugal mais não desempenha que um não-país, um país nem sequer de fantasia (porque a fantasia ainda requer algum nível de elaboração), mas de fancaria mental, de abstraccionismo saloio... Contrafacção importada, cópia sem qualidade nem estilo, para traficar em feira e ciganos. 
Ora, por dinâmica intrínseca, um não-país fervilha de inúmeros componentes estruturais: um não-governo, uma não-soberania, uma não-economia, uma não-justiça, uma não-educação, uma não-cultura e por aí adiante. O lado positivo, que o há sempre, mesmo nos piores desastres, é que toda esta panóplia gelatinosa consegue um prodígio (que, aliás, já enunciei no postal anterior): desprovido de problemas concretos, resolve a lacuna com a implantação de não-problemas. Para entreter o tempo. E para os quais, como é óbvio, inventa não-soluções.
Assim, quando se nos deparam aberrações como esta (que, em tese, começa até por ser "legal"), na verdade o fenómeno mais não exprime que a continuação cega da exo-norma, isto é, a importação retardada do refugo externo (segundo a subserviência toina do momento obriga). Porque, ninguém duvide: as maluqueiras têm prazo de validade, como os iogurtes. E com o avançar dos séculos, essa validade é cada vez mais precária. Não tarda muito e será mesmo tudo de mastigar e deitar fora. As doidorreias também. Só que entre nós, neste não-país à beira mar - de borco, nas vascas de clamar ao Gregório - plantado, a imbecilidade e a falta de tino é tanta, tão premente e obsessiva, que importam as taras quando estas já foram consumidas, causaram epidemia e estão mais que caducas na validade. De facto, na ânsia de tão, acéfala e desinsofridamente, imitarem, aderirem, amalgamarem e, com toda a urgência, fazerem osmose acultural, desatam a perfumar-se, a embeber-se, mas apenas se contaminam, envenenam e intoxicam. A distopia externa, uma vez aqui despejada, nunca ultrapassa a fúnebre palhaçada. O não-país degenerou numa espécie de aterro para lixos mentais tóxicos e ainda paga pelo despejo.
O aborto legal em epígrafe não excede o nível da anedota. Uma das candentes questões que suscita é quanto aos tais "órgãos de polícia criminal com formação específica e articulação..."  Se vamos fazer justiça ao espírito da lei, então esta "transjudiciária", em socorro deste "transproblema" deveria ser constituída em exclusivo por praticantes do desporto LGTBI, ou não? É óbvio que sim. Aguarda-se decreto a condizer. E preparem-se:  A todo o momento vamos assistir à abertura de concurso a essa nova "autoridade de segurança" exclusivo a criaturas LGBTI. Com remunerações e agilização de carreiras  especiais, pois claro. 
Já em matéria de "violência doméstica" e "violência de género", o assunto fico um tanto ou quanto hirsuto. Podem ser agredidos (ou agredir-se ) na rua, na praia, no parque de estacionamento do Colombo ou até na selva do Bornéu, em férias radicais? E aqueles que, precisamente, estimam de rilhafolear-se como não detentores ou possuidores de género? Como será possível acusar o agressor? Como é possível sequer a violência? Nem de género, nem, começo a suspeitar, de espécie.

PS: Voltarei a este não-assunto, porque há uma série de não-questões que importa não-descurar.

sexta-feira, janeiro 06, 2023

Gisberta, ou o Despaís das maravilhas

                                              «À falta de problemas, nada de desesperos: inventam-se!»

                                                                                        - Anónimo do século XX


Quando a praga "abrilabunda", em procuração alógena, desembarcou no País, largou num alarido pretextual que o dito cujo tinha problemas. É verdade. Havia problemas. Imensamente menos do que durante a primeira ribaldaria, digo república, mas problemas. Aliás, essa é uma condição existencial de todo e qualquer país, reino ou império, em qualquer época: ter problemas. Excepto na república angélica, ou no mundo das fadas, entre os mortais humanos, problemas é coisa que nunca falta. Até porque o bípede implume, ainda mais em ambiente social, outra tendência não manifesta do que formar bando e, amparado nisso, arranjar problemas. Realço, de resto, que problema é uma palavra grega que, como é inerente à língua de Homero, resplandece de polissemias: significa "problema" tanto quanto "questão controvertida", "obstáculo", "abrigo", "armadura", "promontório" e, ainda mais curiosamente, "pretexto". Na nossa língua essa riqueza mantém-se. E os abrilabundos exploraram-na a fundo, nas suas múltiplas acepções e veículos. Primeiro, como pretexto: vinham devastar e mutilar o país para o salvarem; depois,  como obstáculo: bem se esforçavam para instaurar o paraíso terreal, mas os problemas eram de tal modo gigantes, numerosos e hereditários, que se impunha criar novos problema cuja função era servir de antítese e de antídoto aos problemas antigos, herdados da pré-história; a seguir, como armadura: na tarefa de multiplicar, mais que resolver, os problemas, estes segregavam e iam entretecendo uma malha coriácea, de leis, leizinhas e decretos, detrás da qual se defendiam e imunizavam contra qualquer tentativa de desalojamento ou desparasitação por parte da população hospedeira; finalmente, como "promontório": governar deveio presidir a uma montanha de problemas, sempre a levedar, instalado no alto dos mesmos, em sobranceiro êxtase e bem pago alheamento.

Mas tudo isto, claro está, apenas numa primeira fase. Na fase de choque, digamos assim. Passaram rapidamente à lua de mel. Descobriram novamente a roda, a pólvora e várias lâmpadas de Aladino. Os problemas eram grandes, desmesurados, porque o país era enorme, avantajado: começaram por reduzir os problemas miniaturizando o país. Mas, ainda que assim minimizados, os problemas continuavam a infestar e a formiguejar feitos marabunta. Armados em comichão. Duas abracadabras e uma eureka depois: havia problemas porque havia país, a culpa era deste, que, sem pejo nem vergonha, lhes disponibilizava, gratuitamente, o serviço infame de suporte e pedestal; acabava-se com o país e acabava-se com os problemas. Meu dito, meu feito. Ficaram sem país nem problemas. O ovo de Colombo em esteróides. Mascarou-se o som do autoclismo como o hino berrado no estádio cheio.

Porém, como não há bela -nem golpe de génio - sem senão, lá veio a ressaca: sem problemas, instalou-se o tédio. Os ministérios bocejavam; a assembleia ressonava ou barafustava em disputas acerca do jogo do galo ou da batalha naval - "é um submarino!...não senhor, é um patrulha da Polícia Marítima!"... ; nas autarquias alvejavam-se  moscas com aviões de papel.

E assim se chegou ao dia do Orçamento, ministros e deputados em amena pasmaceira. Derrancados na sub-tribuna, aqueles fitavam, melancólicos, o infinito; os outros coçavam a testa ou roíam as unhas, chateados. Onde gastar o dinheiro, a cornucópia a jorros do Além? Sem problemas, hospitais, escolas, a habitação, a educação, o emprego, as infraestruturas, a agricultura, a indústria, as pescas, a cultura motivavam o interesse e a animação dum cemitério vazio. Aliás, sem país, nem sequer havia a hipótese  disso - escolas, estradas, hospitais, fábricas, habitações, campos, etc, quanto mais problemas - pelo que começava a rarear a própria justificação para um orçamento. Alarme! Sem essa cortina providencial como podiam tratar da distribuição coorporativa dos fundos, entre políticos, afluentes e desaguadouros? Sem orçamento nada de redistribuição da riqueza e socorro aos amparados. Perspectiva aterradora! Sob a aparente modorra, palpitava já uma certa inquietação, uma indisfarçável angústia... Rostos taciturnos trocavam emojis sombrios e memes cabisbaixos entre as bancadas. Nos do governo, só o cadavérico e anguloso dos Negócios Estranhos tentava ainda animar o Primeiro com um projecto de recurso: blindados fantasmagóricos para uma país imaginário (a Ucrânia dos olhos doces)... Ninguém na Europa se atreveria a fiscalizar, muito menos a Alemanha... Era torrar sem haver amanhã nem depois de amanhã!... Estava-se pois nisto, quando, subitamente, a monodeputada de serviço, num ímpeto vertical culminado de estrídula anunciação, parturiu:

- " Taxa Rosa!..."

Os do governo como que despertaram do transe funerário. O dos Negócios Estranhos interrompeu mesmo a bichanação solerte ao ouvido do Primeiro. Este congregava agora, magnético, toda a atenção. Um ligeiro sorriso animou-lhe e quase rosou as terruginosas bochechas. Levantando os olhos dum qualquer documento, ripostou, com alguma esperança:

- "Humm... Submarino ao fundo."

A do Pan, claramente excitada, após nova consulta às visceras do toureiro marialva que tinha à frente, estrugiu:

- "Já sei: Espaço Gisberta!!"

Foi já com os olhos humedecidos e a voz trémula que o Primeiro anunciou:

- "Tiro no Porta-aviões!"

Rompeu o circo, de pé, em aplausos!  Excepto o urubu dos Estranhos Negócios, que fitava a monodeputada com ódio; e o PSD, aturdido, que requereu uma comissão urgente para apurar se, de facto, não tinha sido apenas no cruzador. Ah, e, claro, o Chega...  Clamando, aos gritos, provas de fraude no Tarot cigano e brandindo, com espavento, o Almanaque do Borda d'Água.


PS: No postal seguinte, analisarei em sede de especialidade, o já famigerado artigo 125 da lei do Orçamento 2023, ou seja, a implementação e financiamento do Espaço Gisberta. Com direito a nova "autoridade policial", e tudo.

quinta-feira, janeiro 05, 2023

Lobo Bom




 Começo por uma declaração de interesses. E princípios.

Entre o gado e os lobos hei-de preferir sempre os lobos. Até porque, se repararem bem, na "animals farm", do grande Orwell, não há lobos. Apenas cães, essa degradação e aviltamento da espécie.

Todavia, quando os lobos matam e devoram o pónei da Van Der Louca, então a minha simpatia ascende a vontade imperiosa de entrar para a alcateia e romper em uivos de celebração. Só lamento, sinceramente, que junto com o pónei, não tivessem também caçado e ingurgitado a estúpida da dona. Mas, enfim, não se pode ter tudo.

Se bem que, quanto ao facto propriamente dito, persistem algumas dúvidas inerentes e fundadas  suspeitas. Terão sido mesmo lobos? Não terá sido um urso? Ou algum alemão faminto e enregelado, vizinho da fulana? Ou, agora  a sério, será que Putin não sofrerá também de licantropia terminal e, por isso mesmo, no estado de lobisomen, terá dilacerado a cavalgadura anã da gigantesca cabra?

Que doravante, no seu espírito torpe, mesquinho e vingativo, pretende lançar uma fatwa sobre todos os dignos lobos da Alemanha. A euroburrocracia, de psicose sadomasoquista, degenerou em fúria assassina. A ursula, na realidade, não passa duma hiena.