quinta-feira, janeiro 12, 2023

Cripto-filósofos, cripto-futuros e outras cacofonias fecais .I




 Quem venha acompanhando a saga de postais acerca do Dinheiro, aqui na chafarica, já terá apreciado a relação entre a desvalorização da moeda e, em paralelo, da palavra (na cultura grega, e, posteriormente, em todos os seus sucedâneos, arremedos e perversões). Ora, essa desvalorização radica, essencialmente, no desprezo do fundamento. Daí que redunda, invariavelmente, num absolutismo, numa soltura e numa absolvição. Ou seja, a ficção (o "dinheiro" enquanto ficção) torna-se absoluta, na medida em que desligada e auto-arvorada; solta-se de quaisquer validações prévias; e absolve-se de todas e quaisquer dívidas ou deveres, isto é, desresponsabiliza-se; vale per-si, entenda-se, pela mera credulidade que nela depositam os investidores ou manipuladores (entenda-se, os otários, por um lado; os embusteiros, pelo outro). O expoente último deste processo desprezador do fundamento chama-se cripto-moeda.

Quando falamos do fundamento significamos, em primeira instância, uma ligação à realidade, um vínculo ao ser das coisas e dos homens. O que valida e valoriza um homem vem de antes dele, acompanha-o ao longo da vida e prossegue depois da sua morte.  Um Homem é o realizar da sua humanidade nessa realidade vasta que é o Cosmos. Ou seja, é tocar na orquestra. Se o homem se arvora solista único e faz guerra à orquestra só porque desaprendeu de ler a pauta da sinfonia, temos, tanto quanto um caso de estupidez, um acto de arrogância e uma mera emissão de barulho ensurdecedor. A nossa situação actual é desesperada: o ruído atingiu tais níveis de volume, difusão e obsessão ininterrupta que a generalidade das pessoas passou a acreditar piamente que o barulho é a música, o bem é o mal, a treva é a luz, a morte é a vida, em suma,  que a ficção é a realidade e o nada é o valor, porque serve já de pseudo-fundamento ao ser. Porque, lá está, o tal desprezo pela realidade, pela fundação, não se processa, como já demonstrei, unilateralmente no dinheiro: corre em paralelo nas ideias, nos conceitos, nos valores morais e na própria semântica onde tudo isso flui. Assim, em concorrência e tandem ufano com a cripto-moeda, temos o cripto-governo, a cripto-economia e, ainda mais especificamente, a cripto-ciência, a cripto-filosofia, a cripto-história e a cripto-religião. Falar ainda da cripto-lógica ou da cripto-razão, embora óbvio, já seria fastidioso. Traduzindo para o nosso momento, por justa analogia, quer então dizer que habitamos uma espécie de manicómio onde os doidos mais perigosos se evadiram da ala furiosa, usurparam a administração e o corpo clínico, e são quem agora trata - e pretende tratar cada vez mais - de nós?

Pois, é exactamente isso. Exagero? Lá estou eu com as hipérboles?...

Então queiram fazer a fineza de ler e meditar nas teses (muito lambuzadas nas altas instâncias globais da hora a correr) que se seguem, e depois falamos. E aproveitem o critério previamente fornecido. Vão ver que ajuda a compreender...


Harari speaks with certainty and even excitement about processes for which humanity should have a choice. In his view however, this transhumanist future is inevitable.

11 comentários:

  1. Harari azari? Não, obrigado. Acabei de almoçar.

    Dragão,

    conhece o livro "O Último Ultramarino" de Xavier de Figueiredo? Acabei de ler há dias e gostei. Se não conhece, julgo que ter algum interesse.

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  2. Conheço o Xavier de Figueiredo. Mas não li o livro. Vou ver. Obrigado pela dica.

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  3. Perdoe o "pedestrianismo" do comentário ( às palavras do Harari ), mas creio que o Afeganistão mandou tudo isso para " o pénis que os fecunde"...
    Ignácio Camacho (ABC) sintetizou a coisa : " un bando de cabreros armados con Kalachnikov" fê-los pôr na alheta..adiando esse "brave new world" , que faz as delícias - e os lucros - do "entertainment" por mais uns tempos...
    JSP

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  4. detesto esse homem. faz "ciência" a puxar a brasa à sardinha deles. um asco.
    e encontrei um david wengrow completamente oposto. mas não será promovido pelos merdia , como o anormal harari.

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  5. Figueiredo6:21 da tarde

    Para além do mau aspecto e deformações físicas, tem claramente problemas mentais.

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  6. Figueiredo7:09 da tarde

    Se me permite, vou partilhar esta ligação:

    - Panamá envía 55,7 toneladas de cocaína para destruir en EE.UU.

    https://cnnespanol.cnn.com/2023/01/10/panama-envia-557-toneladas-cocaina-destruir-ee-uu-orix/

    Estão sempre a inovar na forma de fazer a coisa.

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  7. "O problema que há hoje na Europa, em Espanha e em Portugal é que estão a apagar a História dos planos curriculares dos jovens, e estes crescem sem saber História. Se não se conhece a História, não se tem ferramentas para se conhecer o presente. Somos o que somos porque fomos o que fomos no passado, e Espanha e Portugal não se explicam sem todos esses séculos de memória. Não ensinar a História aos jovens, não os levar a museus onde vejam quadros, a origem de onde tudo vem, é condená-los à orfandade, e, quando alguém é órfão, qualquer um pode dizer que é seu pai, é esse o perigo. Um órfão é muito manipulável. Estamos a criar gerações de órfãos, e isso é muito triste e muito perigoso."

    ARTURO PÉREZ-REVERTE

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  8. Ora então , vamos láa dasanuviar um bocadinho ...

    https://m.youtube.com/watch?v=p-V6-CsOdmo

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  9. Agora mais a sério ...

    https://m.youtube.com/watch?time_continue=5&v=F4f4E7gSCtY

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  10. https://expresso.pt/opiniao/2023-01-12-O-fim-da-escravatura-foi-imposto-pelos-brancos--nao-pelos-negros--de5a6f80

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  11. ( É ler com urgência Sr Dragão , pelo teor do artigo nao me surpreenderia fosse apagado e o autor proscrito da MSM socialista...)

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