Quem venha acompanhando a saga de postais acerca do Dinheiro, aqui na chafarica, já terá apreciado a relação entre a desvalorização da moeda e, em paralelo, da palavra (na cultura grega, e, posteriormente, em todos os seus sucedâneos, arremedos e perversões). Ora, essa desvalorização radica, essencialmente, no desprezo do fundamento. Daí que redunda, invariavelmente, num absolutismo, numa soltura e numa absolvição. Ou seja, a ficção (o "dinheiro" enquanto ficção) torna-se absoluta, na medida em que desligada e auto-arvorada; solta-se de quaisquer validações prévias; e absolve-se de todas e quaisquer dívidas ou deveres, isto é, desresponsabiliza-se; vale per-si, entenda-se, pela mera credulidade que nela depositam os investidores ou manipuladores (entenda-se, os otários, por um lado; os embusteiros, pelo outro). O expoente último deste processo desprezador do fundamento chama-se cripto-moeda.
Quando falamos do fundamento significamos, em primeira instância, uma ligação à realidade, um vínculo ao ser das coisas e dos homens. O que valida e valoriza um homem vem de antes dele, acompanha-o ao longo da vida e prossegue depois da sua morte. Um Homem é o realizar da sua humanidade nessa realidade vasta que é o Cosmos. Ou seja, é tocar na orquestra. Se o homem se arvora solista único e faz guerra à orquestra só porque desaprendeu de ler a pauta da sinfonia, temos, tanto quanto um caso de estupidez, um acto de arrogância e uma mera emissão de barulho ensurdecedor. A nossa situação actual é desesperada: o ruído atingiu tais níveis de volume, difusão e obsessão ininterrupta que a generalidade das pessoas passou a acreditar piamente que o barulho é a música, o bem é o mal, a treva é a luz, a morte é a vida, em suma, que a ficção é a realidade e o nada é o valor, porque serve já de pseudo-fundamento ao ser. Porque, lá está, o tal desprezo pela realidade, pela fundação, não se processa, como já demonstrei, unilateralmente no dinheiro: corre em paralelo nas ideias, nos conceitos, nos valores morais e na própria semântica onde tudo isso flui. Assim, em concorrência e tandem ufano com a cripto-moeda, temos o cripto-governo, a cripto-economia e, ainda mais especificamente, a cripto-ciência, a cripto-filosofia, a cripto-história e a cripto-religião. Falar ainda da cripto-lógica ou da cripto-razão, embora óbvio, já seria fastidioso. Traduzindo para o nosso momento, por justa analogia, quer então dizer que habitamos uma espécie de manicómio onde os doidos mais perigosos se evadiram da ala furiosa, usurparam a administração e o corpo clínico, e são quem agora trata - e pretende tratar cada vez mais - de nós?
Pois, é exactamente isso. Exagero? Lá estou eu com as hipérboles?...
Então queiram fazer a fineza de ler e meditar nas teses (muito lambuzadas nas altas instâncias globais da hora a correr) que se seguem, e depois falamos. E aproveitem o critério previamente fornecido. Vão ver que ajuda a compreender...
- “This will be decided by the people who own the data. Those that control the data control not just the future of humanity, but the future of life itself.”
- “We have reached the point where we can hack… human beings and other organisms.”
- “…the rise of machine learning and AI are giving us the necessary computing power. And at the same time, advances in … brain science are giving us the necessary biological understanding.”
- “You can really summarize 150 years of biological research since Charles Darwin in three words: Organisms are algorithms.”
- “When the infotech revolution merges with the biotech revolution, what you get is the ability to hack human beings.”
- “You will not be able to hide from Amazon, Ali Baba and the Social Police.”
- “Once we have algorithms that understand me better than I understand myself, they could predict my desires, manipulate my emotions, and even take decisions on my behalf. And if we are not careful, the outcome could be the rise of digital dictatorships.”
- “If democracy cannot adapt to these new conditions, then humans will come to live under the rule of digital dictatorships. Already at present, we are seeing the formation of more and more sophisticated surveillance regimes throughout the world.”
- “By hacking organisms, elites may gain the power to re-engineer the future of life itself. … This will be the greatest revolution in biology since the beginning of life four billion years ago.”
- “Science is replacing evolution by natural selection with evolution by intelligent design. Not the intelligent design of some god above the clouds, but our intelligent design. … These are the new driving forces of evolution.”
- “If we don’t’ regulate (data), a tiny elite may come to control not just the future of human societies, but the shape of life forms in the future.”
- “As a historian I can tell you two things about the past: … it wasn’t fun … and it’s not coming back. So nostalgic fantasies are really not a solution.”
- “We had better call upon our scientists, our philosophers, our lawyers and even our poets—or especially our poets—to turn their attention to this big question: how do you regulate the ownership of data? The future not just of humanity but the future of life itself, may depend on the answer to this question.”
Harari azari? Não, obrigado. Acabei de almoçar.
ResponderEliminarDragão,
conhece o livro "O Último Ultramarino" de Xavier de Figueiredo? Acabei de ler há dias e gostei. Se não conhece, julgo que ter algum interesse.
Conheço o Xavier de Figueiredo. Mas não li o livro. Vou ver. Obrigado pela dica.
ResponderEliminarPerdoe o "pedestrianismo" do comentário ( às palavras do Harari ), mas creio que o Afeganistão mandou tudo isso para " o pénis que os fecunde"...
ResponderEliminarIgnácio Camacho (ABC) sintetizou a coisa : " un bando de cabreros armados con Kalachnikov" fê-los pôr na alheta..adiando esse "brave new world" , que faz as delícias - e os lucros - do "entertainment" por mais uns tempos...
JSP
detesto esse homem. faz "ciência" a puxar a brasa à sardinha deles. um asco.
ResponderEliminare encontrei um david wengrow completamente oposto. mas não será promovido pelos merdia , como o anormal harari.
Para além do mau aspecto e deformações físicas, tem claramente problemas mentais.
ResponderEliminarSe me permite, vou partilhar esta ligação:
ResponderEliminar- Panamá envía 55,7 toneladas de cocaína para destruir en EE.UU.
https://cnnespanol.cnn.com/2023/01/10/panama-envia-557-toneladas-cocaina-destruir-ee-uu-orix/
Estão sempre a inovar na forma de fazer a coisa.
"O problema que há hoje na Europa, em Espanha e em Portugal é que estão a apagar a História dos planos curriculares dos jovens, e estes crescem sem saber História. Se não se conhece a História, não se tem ferramentas para se conhecer o presente. Somos o que somos porque fomos o que fomos no passado, e Espanha e Portugal não se explicam sem todos esses séculos de memória. Não ensinar a História aos jovens, não os levar a museus onde vejam quadros, a origem de onde tudo vem, é condená-los à orfandade, e, quando alguém é órfão, qualquer um pode dizer que é seu pai, é esse o perigo. Um órfão é muito manipulável. Estamos a criar gerações de órfãos, e isso é muito triste e muito perigoso."
ResponderEliminarARTURO PÉREZ-REVERTE
Ora então , vamos láa dasanuviar um bocadinho ...
ResponderEliminarhttps://m.youtube.com/watch?v=p-V6-CsOdmo
Agora mais a sério ...
ResponderEliminarhttps://m.youtube.com/watch?time_continue=5&v=F4f4E7gSCtY
https://expresso.pt/opiniao/2023-01-12-O-fim-da-escravatura-foi-imposto-pelos-brancos--nao-pelos-negros--de5a6f80
ResponderEliminar( É ler com urgência Sr Dragão , pelo teor do artigo nao me surpreenderia fosse apagado e o autor proscrito da MSM socialista...)
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