A regra de ouro da socio-política moderna é outro paradoxo: sobe mais alto aquele que conseguir descer mais baixo.
PS: Portanto, Zazie, desculpa este velho céptico: não duvido que conheças anjos; como não duvido que eles voem. Mas voam baixinho. Aqui, no bom sentido, claro está.
terça-feira, janeiro 31, 2006
segunda-feira, janeiro 30, 2006
Sebastião
A Actual Dívida Americana ascende à módica quantia de USD. 8.162 triliões. Relembro, aos menos hábeis nestas coisa da aritmética, que um trilião equivale a 1 milhão de biliões, sendo ainda que 1 bilião corresponde a 1 milhão de milhões. Esclarecidos?
E andam estes somíticos que nos desgovernam a torturar-nos com um défice de merda. A sujeitar-nos às piores sevícias a pretexto de amendoins.
Será que não percebem que os Estados Unidos são a maior potência mundial precisamente porque têm a maior dívida?!... A grandeza de um país mede-se pela sua capacidade de gastar principiescamente e pagar ficticiamente. Um pouco como as pessoas...
Imaginem que davam um milhão de euros a cada português. Assim mesmo: dado; "toma lá um milhão dele e vai à tua vida. Acabaram-se as choraminguices e a mama atávica do Estado!" Para o efeito, o nosso governo, se fosse realmente eficaz, contraía o devido empréstimo num qualquer banco Internacional. Resultava num valor de dez biliões de euros. Depois, cada qual que tratasse do seu milhão. Investia, viajava, jogava, ia às putas, era lá com ele! Claro está, acabavam-se reformas, caixas de previdência, subsídios para isto e para aquilo, grande parte dos funcionários públicos, a generalidade dos políticos, etc, etc. Na volta, ainda ficava mais barato que o actual Orçamento Geral do Estado. Isto, sim, isto é que era um liberalismo a sério. E socialismo também. Agradava-se a gregos e troianos. Partia tudo em pé de igualdade e todos capitalistas.
Agora reparem, a Dívida daí resultante -os tais dez biliões de euros-, comparada à Dívida do Paraíso Terreal (os Estados Unidos, nunca esqueçam) é uma insignificância: exactamente a distância que vai de dez biliões a 7.999.990 biliões, se as contas não me falham. Ora, enquanto população, a diferença que medeia entre nós, Portugueses, e eles, americanos, é entre dez milhões e 250 milhões. No entanto, cada americano deve qualquer coisa como 32 biliões de dólares, mais coisa menos coisa, e ninguém parece escandalizar-se. Então porque diabo há-de haver escândalo se cada português dever 1 milhão de euros?...
Por outro lado, uma vez que passamos a ser todos ricos, os portugueses, desatamos a criar riqueza, uma farturinha que nunca mais acaba, pelo que em menos de nada o próprio país poderá pagar o empréstimo contraído e ainda extrair lucros consideráveis. Um Eldorado. Até faz crescer água na boca!
E mesmo que, por um qualquer vício idiossincrático, esta malta malbarate o dinheiro todo em telemóveis, automóveis e férias nas Bahamas, mesmo assim, não haverá problema: paga-se à velocidade dos Américas. Ou seja: No dia de São Nunca, à tarde. Até porque uma gota dos juros da dívida deles chega para afogar a totalidade da nossa.
De resto, não vislumbro solução mais perfeita: que cada qual se governe. No pior dos casos, desgoverna-se e arca com as consequências. Não há mais bodes expiatórios. Mas, ao estado a que isto chegou, estou em crer que é preverivel cada qual tratar de si, que meia dúzia destratarem todos.
E com esta breve -mas retumbante - análise, acabo de ultrapassar os liberais pela esquerda, pela direita, por cima, enfim, por todos os lados.
Um verdadeiro Dragão de Matos, o grande educador da classe otária. Mas podem tratar-me apenas por...Sebastião.
Porque de areia percebo. Sou perito em andar em cima dela e não em atirá-la, como estes fulanos empedestalados, aos olhos dos outros.
Punhetices
«Pacheco Pereira lança hoje livro sobre presidenciais»
Há gajos que tocam punhetas. Há gajos que até tocam punhetas ao espelho. É a primeira vez que vejo um gajo que, além de tudo isso, ainda usa o produto da ejaculação precoce para pintar auto-retratos.
Duas perguntas apenas:
1. Para quando o filme (em estilo documentário épico)?
2. Haverá alguém que compre uma merda dessas? (Interrogação claramente retórica: é o mesmo que perguntar "haverá alguém que veja o lixo da TVI?"...)
Luxos desta vida
A moral é o único luxo neste mundo a que os ricos e poderosos não se podem dar. Até porque, paradoxalmente, é um luxo que está reservado, em exclusivo, aos pobrezinhos.
domingo, janeiro 29, 2006
Nota de Rodapé
Na minha última deambulação pela FNAC, passe a publicidade, deparei-me com uma obra que me chamou a atenção: "Conjuring Hitler - How Britain and America made the Third Reich". O autor é um professor de Political Economy, na Universidade de Washington, e chama-se Guido G. Preparata.
Comprei-o e ando a lê-lo. So far, so good. Ainda vou no princípio, mas a coisa promete. Sobre as teses principais ainda não dá para emitir qualquer opinião. Nem, tão pouco, se recomendo ou não a obra.
Para já, deixo-vos apenas com uma nota de rodapé, ainda no prefácio. Mesmo que o resto se venha a revelar frágil, esta nota já justifica os euros que desembolsei.
(A tradução é minha -tenho amigos que não lêem (e muito bem!) inglês - e foi feita em cima do joelho, pois ando com muito pouco tempo para estas coisas).
«A chamada “democracia” é um logro, o sufrágio universal uma máscara. Nos sistemas modernos burocratizados, cujo nascimento data de meados do século dezanove, a organização feudal foi transposta para um nível seguinte, por assim dizer. O objectivo principal daquilo que Tucídides referiu na sua época como synomosiai (literalmente, “conjura”), isto é, as confrarias ocultas que agem por detrás dos clãs dirigentes, tem sido transformar o processo de cobrança de rendas à população (um “free income” na forma de alugueres, encargos financeiros e extorsões similares), tão imperscrutável e impenetrável quanto possível. A tremenda sofisticação, e a muralha propagandista de mistificações engenhosamente divulgadas, em redor do sistema bancário - instrumento principal através do qual os hierarcas expropriam e controlam a riqueza das suas comunidades hospedeiras -, constitui o testemunho límpido desta transformação essencial suportada pela organização oligárquica/feudal na era moderna. O Ocidente passou duma estrutura agrária de baixa tecnologia, assente nas costas de servos privados de direitos, para uma colmeia pós-industrial altamente mecanizada que se nutre da força de não menos desprivilegiados escravos de colarinho-branco ou azul, cujas vidas são hipotecadas para comprarem de acordo com as modas do consumo. Os mais recentes Lordes da Mansão já não são mais avistados a exigir o tributo, desde que passaram a confiar nos mecanismos da contabilidade bancária para esse fim, enquanto os sicofantas da classe média, tais como académicos e publicitários, permaneceram inteiramente leais ao synomosiai. A outra diferença concreta entre o antigamente e o agora reside no enorme aumento de rendimentos da produção industrial (cujo nível potencial, não obstante, tem sido sempre significativamente mais elevado que a produção real, de modo a manter os preços altos). No que respeita à “participação democrática” dos vulgares cidadãos, estes sabem lá bem no fundo dos seus corações que nunca decidem nada de importante, e que a política consiste na arte de influenciar as multidões nesta ou naquela direcção, consoante os desejos ou antecipações dos poucos que possuem as chaves da informação, do conhecimento efectivo (secreto) e da finança. Este pequeno número pode, em determinada altura, estar mais ou menos dividido em facções antagónicas; quanto mais profunda a divisão, mais sangrenta a disputa social. O registo eleitoral do Ocidente no século passado constitui um monumento cintilante à completa inconsequência da “democracia”: apesar de duas guerras de proporções cataclísmicas e um sistema último de representação que produziu uma pletora de partidos, a Europa Ocidental não conheceu alteração significativa na sua constituição socio-económica, enquanto a América, com o passar do tempo, foi-se tornando cada vez mais idêntica à sua própria oligarquia, reduzindo o aparato democrático a um concurso entre duas alas rivais duma estrutura monopartidária ideologicamente compacta, que é, de facto, “lobbyzada” por “grémios” mais ou menos ocultos: o grau de participação pública nesta flagrante falsificação é, conforme se sabe, compreensivelmente baixo: um terço dos cidadãos, no melhor dos casos.»
- G.G. Preparata, "Conjuring Hitler - How Britain and America made the Third Reich"
sábado, janeiro 28, 2006
O regresso do Filho Pródigo
Eis que anda tudo muito preocupado com o Hamas. O "Hamas não quer a paz", peroram, numa chinfrineira desgraçada, os papagaios de serviço. O Hamas, essa monstruosidade.
De facto, para a paz, o Hamas, é bem capaz de não ter sido o melhor evento. Mas para os sionistas, caiu que nem ginjas.
Basta lembrarmos quem amparou e alimentou o monstro, desde os seus tempos de pequenino...
A esse propósito, este artigo com um título esclarecedor: "Hamas, Son of Israel - The Israelis birthed and nurtured their Islamist nemesis."
Transcrevo:
«Amid all the howls of pain and gnashing of teeth over the triumph of Hamas in the Palestinian elections, one fact remains relatively obscure, albeit highly relevant: Israel did much to launch Hamas as an effective force in the occupied territories. If ever there was a clear case of "blowback," then this is it. As Richard Sale pointed out in a piece for UPI:
"Israel and Hamas may currently be locked in deadly combat, but, according to several current and former U.S. intelligence officials, beginning in the late 1970s, Tel Aviv gave direct and indirect financial aid to Hamas over a period of years. Israel 'aided Hamas directly – the Israelis wanted to use it as a counterbalance to the PLO (Palestinian Liberation Organization),' said Tony Cordesman, Middle East analyst for the Center for Strategic [and International] Studies. Israel's support for Hamas 'was a direct attempt to divide and dilute support for a strong, secular PLO by using a competing religious alternative,' said a former senior CIA official."
Middle East analyst Ray Hanania concurs:
"In addition to hoping to turn the Palestinian masses away from Arafat and the PLO, the Likud leadership believed they could achieve a workable alliance with Islamic, anti-Arafat forces that would also extend Israel's control over the occupied territories."
In a conscious effort to undermine the Palestine Liberation Organization and the leadership of Yasser Arafat, in 1978 the government of then-Prime Minister Menachem Begin approved the application of Sheik Ahmad Yassin to start a "humanitarian" organization known as the Islamic Association, or Mujama. The roots of this Islamist group were in the fundamentalist Muslim Brotherhood, and this was the seed that eventually grew into Hamas – but not before it was amply fertilized and nurtured with Israeli funding and political support.
Begin and his successor, Yitzhak Shamir, launched an effort to undercut the PLO, creating the so-called Village Leagues, composed of local councils of handpicked Palestinians who were willing to collaborate with Israel – and, in return, were put on the Israeli payroll. Sheik Yassin and his followers soon became a force within the Village Leagues. This tactical alliance between Yassin and the Israelis was based on a shared antipathy to the militantly secular and leftist PLO: the Israelis allowed Yassin's group to publish a newspaper and set up an extensive network of charitable organizations, which collected funds not only from the Israelis but also from Arab states opposed to Arafat.
Ami Isseroff, writing on MideastWeb, shows how the Israelis deliberately promoted the Islamists of the future Hamas by helping them turn the Islamic University of Gaza into a base from which the group recruited activists – and the suicide bombers of tomorrow. As the only higher-education facility in the Gaza strip, and the only such institution open to Palestinians since Anwar Sadat closed Egyptian colleges to them, IUG contained within its grounds the seeds of the future Palestinian state. When a conflict arose over religious issues, however, the Israeli authorities sided with the Islamists against the secularists of the Fatah-PLO mainstream. As Isseroff relates, the Islamists
"Encouraged Israeli authorities to dismiss their opponents in the committee in February of 1981, resulting in subsequent Islamisation of IUG policy and staff (including the obligation on women to wear the hijab and thobe and separate entrances for men and women), and enforced by violence and ostracization of dissenters. Tacit complicity from both university and Israeli authorities allowed Mujama to keep a weapons cache to use against secularists. By the mid 1980s, it was the largest university in occupied territories with 4,500 students, and student elections were won handily by Mujama."
Again, the motive was to offset Arafat's influence and divide the Palestinians. In the short term, this may have worked to some extent; in the longer term, however, it backfired badly – as demonstrated by the results of the recent Palestinian election.
The Hamas infrastructure of mosques, clinics, kindergartens, and other educational institutions flourished not only because they were lavishly funded, but also due to being efficiently run. Sheik Yassin and the future leaders of Hamas acquired a reputation for "clean" governance and good administrative practices, which would greatly aid them – especially in comparison to the PLO, which was widely perceived as corrupt. Indeed, "clean government" – and not the necessity of armed struggle – was the main theme of their successful election campaign.
The response of Israel and the U.S. has been shock, horror – and a stated refusal to deal with any government dominated by Hamas. U.S. congressional leaders – who unhelpfully passed a resolution prior to the Palestinian poll that demanded Hamas be banned from running – are now calling the entire "peace process" into question. Yet no one acknowledges that the victory of the Suicide Bombers Party demonstrated, in practice, an ancient principle expressed, I believe, by no less an authority than the Bible (Galatians 6:7):
"Be not deceived. God is not mocked: for whatsoever a man soweth, that shall he also reap."
This "blowback" principle applies to Hamas not only insofar as Israel was involved in funding and encouraging Mujama, but also, after the consolidation of Hamas as an armed group, due to Israeli military policy. The much-touted "withdrawal," which amounts to Israel giving up Gaza while strengthening its hand elsewhere in the occupied territories, has been grist for the radical Islamist mill, as has the Wall of Separation and the attempt to quash the vote in East Jerusalem. Israel's relentless offensive against its perceived enemies – first Fatah, now Hamas and Islamic Jihad – has created a backlash and solidified support for fundamentalist extremist factions in the Palestinian community.
Likewise, the victory of Hamas will embolden the ultra-Zionists in Israel, who similarly mix a fanatic theology with faith in a military "solution" to the Palestinian "problem." The electoral victory of Hamas was only a few hours old before Benjamin "Bibi" Netanyahu went on television explaining why any concessions to the Palestinians – including the Gaza pullback – only served to embolden the most radical elements, such as Hamas.
The stricken Ariel Sharon lies in his hospital bed, unconscious – while his unilateral "land for peace" plan suffers from a very similar condition. Sharon's newly-formed Kadima Party is the big potential loser in all this, with Netanyahu's Likud looking to gain bigtime. The irony is that, as defense minister, it was Sharon who helped conceive and oversee the Village Leagues scheme that did so much to implant and empower Hamas. Like some Middle Eastern version of Dr. Frankenstein, he wound up being struck down by his own monstrous creation.
There is a lesson in there, somewhere, though it isn't one the Israelis or their American sponsors seem capable of learning just yet.
The idea that voting is some kind of panacea that will cleanse the Middle East of a self-defeating radicalism is an illusion that died a painful death with the election victory of Hamas. It had earlier suffered near-fatal convulsions with the ascension to power in Iraq of a Shi'ite fundamentalist coalition closely tied to Iran. The bitch-goddess of capital-D Democracy is a fickle and often perversely cruel deity, whose worshippers have been hit with a one-two punch as they seek to transform an entire region according to the canons of their peculiar dogma»
«Amid all the howls of pain and gnashing of teeth over the triumph of Hamas in the Palestinian elections, one fact remains relatively obscure, albeit highly relevant: Israel did much to launch Hamas as an effective force in the occupied territories. If ever there was a clear case of "blowback," then this is it. As Richard Sale pointed out in a piece for UPI:
"Israel and Hamas may currently be locked in deadly combat, but, according to several current and former U.S. intelligence officials, beginning in the late 1970s, Tel Aviv gave direct and indirect financial aid to Hamas over a period of years. Israel 'aided Hamas directly – the Israelis wanted to use it as a counterbalance to the PLO (Palestinian Liberation Organization),' said Tony Cordesman, Middle East analyst for the Center for Strategic [and International] Studies. Israel's support for Hamas 'was a direct attempt to divide and dilute support for a strong, secular PLO by using a competing religious alternative,' said a former senior CIA official."
Middle East analyst Ray Hanania concurs:
"In addition to hoping to turn the Palestinian masses away from Arafat and the PLO, the Likud leadership believed they could achieve a workable alliance with Islamic, anti-Arafat forces that would also extend Israel's control over the occupied territories."
In a conscious effort to undermine the Palestine Liberation Organization and the leadership of Yasser Arafat, in 1978 the government of then-Prime Minister Menachem Begin approved the application of Sheik Ahmad Yassin to start a "humanitarian" organization known as the Islamic Association, or Mujama. The roots of this Islamist group were in the fundamentalist Muslim Brotherhood, and this was the seed that eventually grew into Hamas – but not before it was amply fertilized and nurtured with Israeli funding and political support.
Begin and his successor, Yitzhak Shamir, launched an effort to undercut the PLO, creating the so-called Village Leagues, composed of local councils of handpicked Palestinians who were willing to collaborate with Israel – and, in return, were put on the Israeli payroll. Sheik Yassin and his followers soon became a force within the Village Leagues. This tactical alliance between Yassin and the Israelis was based on a shared antipathy to the militantly secular and leftist PLO: the Israelis allowed Yassin's group to publish a newspaper and set up an extensive network of charitable organizations, which collected funds not only from the Israelis but also from Arab states opposed to Arafat.
Ami Isseroff, writing on MideastWeb, shows how the Israelis deliberately promoted the Islamists of the future Hamas by helping them turn the Islamic University of Gaza into a base from which the group recruited activists – and the suicide bombers of tomorrow. As the only higher-education facility in the Gaza strip, and the only such institution open to Palestinians since Anwar Sadat closed Egyptian colleges to them, IUG contained within its grounds the seeds of the future Palestinian state. When a conflict arose over religious issues, however, the Israeli authorities sided with the Islamists against the secularists of the Fatah-PLO mainstream. As Isseroff relates, the Islamists
"Encouraged Israeli authorities to dismiss their opponents in the committee in February of 1981, resulting in subsequent Islamisation of IUG policy and staff (including the obligation on women to wear the hijab and thobe and separate entrances for men and women), and enforced by violence and ostracization of dissenters. Tacit complicity from both university and Israeli authorities allowed Mujama to keep a weapons cache to use against secularists. By the mid 1980s, it was the largest university in occupied territories with 4,500 students, and student elections were won handily by Mujama."
Again, the motive was to offset Arafat's influence and divide the Palestinians. In the short term, this may have worked to some extent; in the longer term, however, it backfired badly – as demonstrated by the results of the recent Palestinian election.
The Hamas infrastructure of mosques, clinics, kindergartens, and other educational institutions flourished not only because they were lavishly funded, but also due to being efficiently run. Sheik Yassin and the future leaders of Hamas acquired a reputation for "clean" governance and good administrative practices, which would greatly aid them – especially in comparison to the PLO, which was widely perceived as corrupt. Indeed, "clean government" – and not the necessity of armed struggle – was the main theme of their successful election campaign.
The response of Israel and the U.S. has been shock, horror – and a stated refusal to deal with any government dominated by Hamas. U.S. congressional leaders – who unhelpfully passed a resolution prior to the Palestinian poll that demanded Hamas be banned from running – are now calling the entire "peace process" into question. Yet no one acknowledges that the victory of the Suicide Bombers Party demonstrated, in practice, an ancient principle expressed, I believe, by no less an authority than the Bible (Galatians 6:7):
"Be not deceived. God is not mocked: for whatsoever a man soweth, that shall he also reap."
This "blowback" principle applies to Hamas not only insofar as Israel was involved in funding and encouraging Mujama, but also, after the consolidation of Hamas as an armed group, due to Israeli military policy. The much-touted "withdrawal," which amounts to Israel giving up Gaza while strengthening its hand elsewhere in the occupied territories, has been grist for the radical Islamist mill, as has the Wall of Separation and the attempt to quash the vote in East Jerusalem. Israel's relentless offensive against its perceived enemies – first Fatah, now Hamas and Islamic Jihad – has created a backlash and solidified support for fundamentalist extremist factions in the Palestinian community.
Likewise, the victory of Hamas will embolden the ultra-Zionists in Israel, who similarly mix a fanatic theology with faith in a military "solution" to the Palestinian "problem." The electoral victory of Hamas was only a few hours old before Benjamin "Bibi" Netanyahu went on television explaining why any concessions to the Palestinians – including the Gaza pullback – only served to embolden the most radical elements, such as Hamas.
The stricken Ariel Sharon lies in his hospital bed, unconscious – while his unilateral "land for peace" plan suffers from a very similar condition. Sharon's newly-formed Kadima Party is the big potential loser in all this, with Netanyahu's Likud looking to gain bigtime. The irony is that, as defense minister, it was Sharon who helped conceive and oversee the Village Leagues scheme that did so much to implant and empower Hamas. Like some Middle Eastern version of Dr. Frankenstein, he wound up being struck down by his own monstrous creation.
There is a lesson in there, somewhere, though it isn't one the Israelis or their American sponsors seem capable of learning just yet.
The idea that voting is some kind of panacea that will cleanse the Middle East of a self-defeating radicalism is an illusion that died a painful death with the election victory of Hamas. It had earlier suffered near-fatal convulsions with the ascension to power in Iraq of a Shi'ite fundamentalist coalition closely tied to Iran. The bitch-goddess of capital-D Democracy is a fickle and often perversely cruel deity, whose worshippers have been hit with a one-two punch as they seek to transform an entire region according to the canons of their peculiar dogma»
sexta-feira, janeiro 27, 2006
Esclarecimento comentarial
Neste momento, os comentários deste blogue são sorteados em cada postal. Na altura de publicar o dito cujo, atiro moeda ao ar. Se sair caras, "enablo" coments; se sair coroas, "não enablo". Até agora, por capricho da sorte, só tem saído coroas. Nem sabem como isto me penaliza.
De futuro, estou a pensar ensaiar outras modalidades. Por exemplo, adoptar horários, como nas repartições - abrir das tantas horas às tantas horas, encerrando aos sábados, domingos e dias feriados. Ou então como nos restaurantes, só com um dia semanal de descanso. Ou em horário de discoteca, da meia-noite às cinco. Bomba de gasolina é que nunca mais!...
Também posso sortear horários. Ou abrir de surpresa, aleatoriamente, transformando numa excitante lotaria a possibilidade do leitor encontrar aqui os "comentários abertos". Enfim, um mundo de novas modalidades a descobrir. E a experimentar.
O Dragoscópio sempre na vanguarda!... (genial, este marketing, hein?!... aposto que os liberalóides até se vão roer todos de inveja.)
Bem, e agora vamos ao sorteio para este exemplar. Cá vai a moeda...
De futuro, estou a pensar ensaiar outras modalidades. Por exemplo, adoptar horários, como nas repartições - abrir das tantas horas às tantas horas, encerrando aos sábados, domingos e dias feriados. Ou então como nos restaurantes, só com um dia semanal de descanso. Ou em horário de discoteca, da meia-noite às cinco. Bomba de gasolina é que nunca mais!...
Também posso sortear horários. Ou abrir de surpresa, aleatoriamente, transformando numa excitante lotaria a possibilidade do leitor encontrar aqui os "comentários abertos". Enfim, um mundo de novas modalidades a descobrir. E a experimentar.
O Dragoscópio sempre na vanguarda!... (genial, este marketing, hein?!... aposto que os liberalóides até se vão roer todos de inveja.)
Bem, e agora vamos ao sorteio para este exemplar. Cá vai a moeda...
Mozart
Pois, já toda a gente sabe, mas esta é daquelas efemérides que eu não podia deixar passar em claro: Faz hoje 250 anos que nasceu Mozart. Mais que um génio: uma das raras, mas incontestáveis, provas da existência de Deus.
Tenho uma relação especial com o concerto para piano nº 23. Excepto se for tocado pelos dedos marteleiros da Maria João Pires. Alguém devia dizer à senhora que não tem o mínimo jeito -já nem falo em talento -, para Mozart. Que se atire ao Chopin, ao Schubert, ao Conjunto Maria Albertina, mas deixe o Wolfgang em paz.
Quem tiver dúvidas, oiça os concertos para piano tocados pelo Rubinstein, ou até pelo Serkin, e depois compare. É a diferença entre um piano tocado e um piano martelado. As coisas simples são as mais difíceis. E as mais geniais também. A arte não é para tecnocratas -neste caso: teclocratas.
Tenho uma relação especial com o concerto para piano nº 23. Excepto se for tocado pelos dedos marteleiros da Maria João Pires. Alguém devia dizer à senhora que não tem o mínimo jeito -já nem falo em talento -, para Mozart. Que se atire ao Chopin, ao Schubert, ao Conjunto Maria Albertina, mas deixe o Wolfgang em paz.
Quem tiver dúvidas, oiça os concertos para piano tocados pelo Rubinstein, ou até pelo Serkin, e depois compare. É a diferença entre um piano tocado e um piano martelado. As coisas simples são as mais difíceis. E as mais geniais também. A arte não é para tecnocratas -neste caso: teclocratas.
Direi mais: a tal Pires a "pianar" Mozart é um acto de puro terrorismo musical. Destila a emoção de uma máquina de escrever. E reclama colete de forças.
À espera de um milagre
«Listas de espera: 234 mil portugueses aguardam por cirurgias.»
E um número indeterminado, mas para cima de vários milhões, aguarda por um milagre: uns, que lhe nasçam de novo testículos; e os restantes, calculados em mais do dobro, que apareça um dador de cérebro.
E um número indeterminado, mas para cima de vários milhões, aguarda por um milagre: uns, que lhe nasçam de novo testículos; e os restantes, calculados em mais do dobro, que apareça um dador de cérebro.
quinta-feira, janeiro 26, 2006
Detrás das aparências
Há indícios de que a escalada retórica do presidente Iraniano, afinal, não é tão destrambelhada quanto parece.
Pelo contrário, «his provocative rhetoric has paid off. He has strengthened his position at home and made himself the toast of the Muslim street. And panic over a possible war sent the Dow plunging 200 points last Friday, wiping out $200 billion in U.S. shareholders' equity, a loss almost equal to the cost of the Iraq war.
And with the price of a barrel of oil spiking $10 to near $70, Iran, which exports 2.5 million barrels daily, has seen revenues rise $25 million a day. Other oil-producing nations, like Hugo Chavez's Venezuela, also are reaping windfall profits.
The jolts to the Dow and NASDAQ, and Tehran's warnings that sanctions could be met with an oil embargo that could send prices to $100 a barrel, seem to have caused second thoughts in the Bush camp about the wisdom of a confrontation.»
Vale a pena ler o artigo completo de Patrick J. Buchanan. Com a lucidez do costume.
Naturalmente, tudo isto também não é um mau negócio para as petrolíferas. E para o petrodólar, por enquanto, também não vai nada mal.
quarta-feira, janeiro 25, 2006
O Rainho de Hortugal
A ter em atenção o exemplar monolítico que lá temos plantado no topo, vai para dez anos, é duvidoso que o nosso regime político possa ser classificado como uma república. Tão pouco reúne as características puras duma monarquia. Eu diria que é um híbrido, quiçá uma quimera, entre ambos. Uma monarpública ou uma reinarquia, por assim dizer.
De facto, é preciso os nossos monárquicos de plantão andarem um pouco catatónicos, ou emparvoecidos com as proezas da família Câmara Pereira e bobos associados, para ainda não terem percebido que, se bem que não tenhamos ainda o rei de volta, já tivemos, pelo menos, um rainho. Nesse desempenho, o nosso Gorge Sampaio, condecorador e larga-comendas compulsivo, constituiu mesmo um paradigma. Se é certo que teve na Rainha de Inglaterra o seu ai jesus, não é menos evidente que a mimicou e transcendeu com requintes gongóricos.
Obstar-me-ão com o seu momento de glória, de inusitada virilidade, quando atirou do cavalo abaixo com o desgoverno do mentecapto Santana e respectiva comandita. Que isso, essa intervenção masculina, jamais seria digna duma rainha. Que isso não mais consubstanciou que a sua índole cavilosa e maçónica, a sua jacobinite empedernida. Bonito!...
Mas, senhores, qual intervenção? Mas houve realmente alguma intervenção? Substituir o desgoverno do Santana - continuação do desgoverno do Durão, herdeiro do desgoverno do Guterres e ab aeternum-, pelo desgoverno do Sócrates, faz alguma diferença que se veja? Tirando essas questões fundamentais e fracturantes para o futuro da humanidade, que preenchem o vosso imaginário e esgotam a vossa indignação –como são os gays em ânsias de matrimónio, a chacina ao desbarato de embriões ou de tetraplégicos vegetais agrilhoados a uma máquina de hospital, os desgraçadinhos da Cochinchina, etc -, restará alguma dissemelhança? O assalto do aparelho partidário às tetas do Estado não é gémeo? A venda a retalho do país não é igual? A delapidação do erário em mordomias e sinecuras não é tirada a papel químico? A promiscuidade com empreiteiros e o regabofe de comissões em contratos, não corre ao despique? E no resto não cumprem todos eles, com desvelo de eunuco, as "directivas comunitárias"?
Mas voltemos ao Rainho.
Está de abalada. Vê esboroarem-se os últimos dias do seu rainhado. Já lá vem o substituto.
Num país em que o sufrágio se tornou, por regra, antecâmara de naufrágio, manda a prudência –e o calo -, que não alimentemos grandes expectativas, para não termos depois que arcar com gordas desilusões. Aguardemos.
Entretanto, sobre este singular hiato de dez anos na nossa história, nem reinado, nem presidência, proponho que fique catalogado para a posteridade como a Nularquia (ou Ausência) de Gorge I, o Con-Decorador.
terça-feira, janeiro 24, 2006
Os cripto-judeus, e outras teorias (da conspiração, claro. Ou então escuro.)
Tropecei nisto por acaso.
Provavelmente, é mais um a tentar fazer umas coroas com a venda duns livros carregados de peripécias e enredos conspirativos.
Mas fala dumas criaturas curiosas: os cripto-judeus.
O que é um cripto-judeu? - Pelos vistos, é um judeu disfarçado de não-judeu. Exemplos: Lenine, Trotsky, Krushev, Hillary Clinton, John Kerry, Madeleine Albright (esta, eu sabia), etc. Segundo o autor, o sr. Texe Marrs, não sei se sob o efeito de cogumelos alucinogéneos ou não, o camarada Stalin também lia avidamente o Talmud, no que, de resto, é imitado religiosamente pelo Grande Líder da Global Jerusalém, o camarada George W. Bush. Na fotografia, em epígrafe, podemos mesmo testemunhá-lo a caminho da catequese. Reparem com que enlevo ele transporta o Tal Mud debaixo do braço. Aproveita para fazer ginástica, que aquilo ainda deve pesar uns quilitos. A não ser que seja uma montagem. Ele há malucos capazes de tudo.
Mas o mais alucinante é a revelação, ainda e sempre segundo não o Tal Mud mas o tal Marrs, de que o próprio George W.Bush é um cripto-judeu. E ele diz ter provas disso. Não sei se ele se refere à actual política externa dos Estados Unidos, mas penso que não. No entanto, essa seria a única prova que todos lhe concederíamos logo, sem objecções, como quase irrefutável.
Enfim, tudo isto não deve passar duma cabala anti-semita. Mas deixa-me em sobressalto. Aguardo a todo o instante esclarecimentos de peritos na matéria, em especial o comentador ambulante, Nelson Buiça, judeologo encartado; ou então a senhora Esther Mikzsshchliksch, ou lá como se chama (ou algum dos seus apaniguados itinerantes).
Lembro-me, entretanto, do nosso Gorge Sampaio, e a minha angústia aumenta.
Junto ainda uma fotografia das cozinhas da Casa Branca, visivelmente atulhada de rabinos:
Uma coisa é certa, controlando-lhe e urdindo-lhe, ao Presidente Bush, o input do aparelho digestivo, controlam-lhe e predeterminam-lhe o output. Aliás, tudo indica que fizeram dele um pepsodependente: é cada vez mais notório que governa da retrete.
A Taxanálise
Ocorreu-me o seguinte negócio: taxanálise.
O que é a taxanalise?, perguntará o leitor. Isto, obviamente, se for um ingénuo que incautamente por aqui vá a passar. Porque se pertence a essa elite da humanidade que devota a este blogue os requintes da visita habitual, prescinde da interrogação e avança logo para a conjectura marinada de certeza: "o que é que este bandido terá aprontado desta vez?"
Bem, para uns e outros, que todos somados não devem ultrapassar a dúzia, passo a explicar.
Dito grosseiramente, a taxanálise é uma nova e revolucionária forma de psicanálise. Contudo, dito em bom rigor, a taxanálise está para a psicanálise como a psicanálise esteve, há coisa de cem anos atrás, para a confissão católica. (Ora aí está. O leitor incauto começa já a vislumbrar uma pequena luz ao fundo do túnel; o leitor habitual, por seu turno, contrai as solertes feições num sorriso de sacanice cúmplice.)
Quer dizer, assim como aquele judeu muito esperto chamado Sigmundo descobriu que para sacar confissões a tansos era muito mais vantajoso deitá-los num sofá que sentá-los num banco de madeira, eu descobri (bem, eu e o sacana do Caguinchas) que sentá-los num táxi, às voltas pela cidade, peregrinando semáforos, engarrafamentos e viadutos, usufrui de proveitos ainda mais sobrexcelsos. Além de que se trata duma inversão, a todos os títulos vantajosa, dos termos em que decorrem geralmente as viagens naquele singular meio de transporte: em vez do passageiro ser matraqueado com as divagações –em tom por regra vociferante - do chauffeur acerca da péssima qualidade dos produtos extraconjugais das mães de políticos, árbitros e presidentes de clubes rivais deste país, passará a ser ele, o cliente (doravante paciente), a apresentar as suas queixas unilaterais acerca da amostra (neles bem patente) do resultado das fogosidades ilegítimas da sua.
Neste momento, para que este prometedor nicho de mercado não continue votado a uma negligência escandalosa, já entabulámos negociações para aquisição duma viatura apropriada. Uma daquelas espaçosas, solenes, que as Funerárias usam para trasladações derradeiras. Segundo o Caguinchas, permitem que o paciente se deite e viaje mais confortável. Sentir-se-á mais descontraído e sugestionado à retrospectiva. Fui forçado a concordar. Vamos até manter a urna e os arranjos florais. Basta mudar a pintura –talvez para amarelo torrado (o Caguinchas queria, por força, vermelho, mas eu vetei energicamente: "foda-se, Caguinchas, somos taxanalistas, não somos bombeiros!..") -, acrescentar umas luzes psicadélicas, o indispensável taxímetro, música ambiente e um terminal de vending (tabaco, cafés, chocolates, preservativos, etc). Não é preciso ser um génio para calcular que, dada a quantidade de mortos-vivos que infestam a cidade, estamos perante um empreendimento condenado ao mais estrondoso sucesso.
Que ninguém pense em roubar-nos a ideia. Já foi devidamente patenteada.
A partir de março, aproveitem. Numa fase inicial, de promoção, não vamos cobrar a bandeirada. E, sim, as nossas "urnas de viagem" serão ortopédicas, unissexo e amigas do ambiente.
segunda-feira, janeiro 23, 2006
A Bolsa do Petróleo de Teerão
Um artigo a não perder. Especialmente, para quem esteja interessado em perceber o que realmente está em jogo na actual crise do Irão.
Transcrevo alguns excertos, mas é um artigo que merece ser lido e digerido com atenção.
No fundo, é um esquema simples. E antigo. A Mão Invisível e inefável do Deus Mercado, sem um Cacete bem visível e palpável, não serve para nada. A não ser, talvez, para titilar a imaginação delirante de certa garotagem microcéfala.
Desde a pré-história, ou desde Caim, se preferirem, o que evoluiu foram os meios. Os princípios e os fins, esses, continuam os mesmos. O réptil comanda a vida.
E agora, em directo e ao vivo, o Apocalipse!
Para acabar duma vez por todas com mistérios e suspenses, eis o nome do Homem:
CÉSAR AUGUSTO DRAGÃO.
Ao vosso dispor.
Se fosse um desses penteadinhos mentais, com laca nas ideias, cujo sonho maior é tornarem-se uma marca de preservativos famosa, doravante passaria a assinar CAD. Mas como não sou - e preferia atirar-me numa passagem de nível a descambar num desnível desses!-, continuarei com o nome por que todos me conhecem. Venho duma família cheia de tradições e compete-me honrar os ancestrais; ao contrário desta malta de agora, filhos de punhetas mal feitas, lusófobos, que só fazem é abominar os deles por não terem emigrado para o Novo Mundo.
CÉSAR AUGUSTO DRAGÃO.
Ao vosso dispor.
Se fosse um desses penteadinhos mentais, com laca nas ideias, cujo sonho maior é tornarem-se uma marca de preservativos famosa, doravante passaria a assinar CAD. Mas como não sou - e preferia atirar-me numa passagem de nível a descambar num desnível desses!-, continuarei com o nome por que todos me conhecem. Venho duma família cheia de tradições e compete-me honrar os ancestrais; ao contrário desta malta de agora, filhos de punhetas mal feitas, lusófobos, que só fazem é abominar os deles por não terem emigrado para o Novo Mundo.
Além do mais, parece que a sigla só é chique, cúmulo de chique, própria de Damasozinho, em se iniciando por JP. Ora, faltando-me esse detalhe essencial, mesmo que, por um qualquer acesso merdoso, me desse para armar ao pingarelho, não poderia. O pedigree, ou se tem, ou não se tem. Eu, graças a Deus, não tenho.
Entretanto, o meu curriculum, que é vasto, e cheio de peripécias, será publicado em breve, por capítulos. Começarei, naturalmente, pelo nascimento, essa data gloriosa para o Cosmos e nefasta para o seu cancro maligno: a (des)Humanidade em geral.
Volto já.
Entretanto, o meu curriculum, que é vasto, e cheio de peripécias, será publicado em breve, por capítulos. Começarei, naturalmente, pelo nascimento, essa data gloriosa para o Cosmos e nefasta para o seu cancro maligno: a (des)Humanidade em geral.
Volto já.
domingo, janeiro 22, 2006
A Democracia a martelo
Acerca das duas obras de Thomas Barnett -The Pentagon's New Map e Blueprint for Action - dois excelentes e elucidativos comentários:
John Robb - «Barnett strongly advocates that the Pentagon should be reorganized into a factory for rapidly "processing" failed states into useful global participants (for which he provides an A to Z plan). The objective of this new capability would be to shrink the global "gap" of failed and rogue states to accelerate the end of history (in Fukuyama's sense). Unfortunately, Barnett's thesis has become increasingly central to the Pentagon's (Rumsfeld) and the Department of State's (Rice) planning for the future. »
sábado, janeiro 21, 2006
Remate de mais um incidente
E mais que as matilhas todas deste mundo
os sabujos e mastins que a trela promove,
manda a vontade que me ata ao blogue
- a de El-Rei D. João Segundo!...
O Único reparo que me merece mais esta saloiada eleitoraleira que ontem terminou:
Pior, muito pior, que a substância dos candidatos, é a qualidade das moscas que orbitam e zumbem, excitadas, em redor. Adivinha-se banquete.
Mandar toda esta gentinha para a puta que os pariu seria escusado. O ideal era que nunca de lá tivessem saído.
Mas também, uma nação com filhos desta categoria há muito que deixou de os parir: caga-os.
A criptocracia que não nos alumia
Aturdido nas suas amplas liberdades imaginárias, há uma coisa de que o povo soberaninho da fábula pode ter absoluta certeza: escolhe quem aparentemente o governa, mas não elege aqueles que influenciam e forjam as decisões de quem o governa. Quer dizer: escolhe as marionetes, mas desconhece o bonequeiro. Erra entre Cila e Caribdis, entre a Burocracia e a Criptocracia. Ou melhor, entretém-se com a primeira e formigueja cegamente ao serviço da segunda.
Para um misantropo, não deixa de ser um espectaculo bonito.
sexta-feira, janeiro 20, 2006
Novas da Sinarquia
Entretanto, coisa rara: o "chefe de fila" dos Bilderbergues deu uma entrevista. Leiam aqui.
«I don't think (we are) a global ruling class because I don't think a global ruling class exists. I simply think it's people who have influence interested to speak to other people who have influence,», diz ele, o Visconde Davignon. Pois claro. Tudo bons rapazes. Um mero piquenique. Ou Business Gang-Bang.
Naturalmente, trata-se duma pura coincidência. Nem nos passaria pela cabeça outra coisa. E já agora recordemos: Santana Lopes e Sócrates, os nossos últimos PMs, também por lá passaram. Quem tiver reclamações a fazer, já sabe onde se dirigir...
Dimensões
O píncaro é inseparável do abismo. Da mesma forma, o dom é só a face luminosa da maldição. Donde não surpreende que o génio, invariavelmente, seja um homem assombrado com o idiota que há em si.
Só mesmo uma inteligência superior para descortinar a sua própria estupidez. E, sobretudo, para conseguir criar com ela algo diferente dela. Ao contrário do perfeito estúpido; esse, imune a quaisquer dúvidas ou reflexões para além da superfície das coisas, vacinado e circuncisado contra píncaros e abismos, cidadão geralmente exemplar, refina-se em multiplicá-la e proliferá-la na forma de mundo. A sua estupidez é o seu mundo. Deixa-se ficar, subjugado por essa montanha retumbante, sobranceira, e acredita que para lá dela nada existe. É um escavador nato, um rato tenaz. Escava poços e minas, galerias e labirintos à procura dos tesouros imensos que crê, piamente, nela ocultos.
Odeia sobretudo esses homens raros de olhar resoluto, longínquo, que partem ao assalto da falésia, à conquista da formidável escarpa. Aqueles que, da estupidez descomunal, não fazem horizonte, mas degrau. Aqueles que não compreendem que a estupidez os desafie de mais alto que as suas cabeças e não descansam enquanto a não calcam debaixo dos pés.
O génio é uma forma danada de alpinismo. E, seguramente, tão temerário e inútil quanto ele.
quinta-feira, janeiro 19, 2006
Um Pré-Apocalipse Mau
Esta mortificação periódica, esta dismenorreia cíclica que mensalmente avassala e consome - senão desinsofre mesmo - os Possidónimos da nossa praça, por causa da privacidade alheia, é de partir o coração a um Huno. Confesso que o sofrimento dos animais sempre me foi um espectáculo penoso. E o destas cavalgaduras atinge já as raias do insuportável. Porque, pelos vistos, os respectivos donos são ciganos perversos, arredios de quaisquer princípios de humanidade - e, tão pouco, se avista uma qualquer alma piedosa que, a tiro misericordioso, lhes acabe com tão pungente estertor, às incapacitadas bestas -, vou eu ao menos, na parte que me toca, tentar paliar-lhes o calvário. É isso mesmo, damas e cavalheiros: No próximo dia 23, segunda-feira, publicarei aqui, neste tenebroso blogue, para que todos leiam, o meu nome completo. Já que o apelido não basta, já que o nome herdado da linhagem varonil não é suficiente, passarei a ostentar igualmente os nomes próprios.
Pondero ainda se acompanhado ou não do meu curriculum vitae. Posso, entretanto, ir adiantando algumas características elementares... O grupo sanguíneo, por exemplo: sou A Rh negativo. O que é magnífico: posso acasalar sem qualquer tipo de contrariedades com qualquer tipo de senhora. A reprodução de saudáveis e álacres rebentos é garantida; desde que, claro está, a estética e a idade da senhora o permitam. Caso requerido, poderei apresentar provas exuberantes disso mesmo.
Peso actualmente oitenta quilos, sem qualquer barriga e um pneu despiciendo. Uma vida aventurosa, dedicada a actividades de risco, grande parte delas do foro atlético, ao ar livre, propiciaram isso mesmo.
Quanto ao pénis, é de tamanho, densidade e geometria variável. Mas não é exactamente uma pilinha. Da ultima vez que o medi (andava eu pelos 20 anos e anotava-lhe os humores), oscilava entre os 90 milimetros, em repouso, e os 180 milimetros, em ebulição. Nunca se me encravou em combate. E, apesar dos decénios e batalhas decorridos, continua a operar nas mais perfeitas condições. Os testículos, esses, são dois, um ligeiramente mais descaído que o outro. Ao longo da vida sempre procurei honrá-los.
Coluna vertebral é só uma e nunca se vergou a merdosos, nem, muito menos, passe o pleonasmo, a invertebrados. Paguei e continuo a pagar a factura inerente. Mas não me queixo, nem nunca me hei-de queixar: orgulho-me. Não obstante, sem soberbas nem pesporrências.
Sou mortal, efémero e passageiro. Da raça dos homens. Nisso, tenho que agradecer a Deus e ao Destino: não nasci semideus. Isto é, aleijadinho mental.
E por ora nada mais digo. O resto só "segunda".
quarta-feira, janeiro 18, 2006
Dragoscópio Publicidade: Outro novo blogue
Como palavra de Dragão é sagrada, a pedido do proprietário e novel candidato a blogger, aqui deixo devidamente publicitado um novo blogue : intitula-se O (Mal)dito e promete fazer jus ao nome, - o que, caso venha a cumprir, merece desde já o meu louvor.
Por mim, como, ao contrário dos cagõezitos de referência cá do burgo, sou pouco dado a snobices, pingarelhices e outras afectações, pespego já com um link no debutante e saúdo o recém-chegado à boa e ribombante maneira dos piratas, sobretudo porque não o conheço de parte nenhuma, nem, de resto, tenciono conhecer, ou isso me preocupa mais que um pintelho de mosca (já sei, ó Lowlander: As moscas não têm pintelhos).
Ele, o tal caloiro, é que, pasme-se, parece conhecer-me bem. Já que me invoca pelo apelido (que todos conhecem) precedido de um dos nomes próprios. Diabos o levem! Ainda agora chegou e já me denuncia aos quatro ventos... E logo quando eu me divertia com mais um acesso de fornicoques e afrontamentos dos possidónimos, ultrajados pela simples existência dos anónimos.
Quanto ao novato, um último conselho, já que faço de padrinho: o Porky Pig intonso, não o poupes, pá! Quanto à senhora dona Bomba, pelo fair play que teve a elegância de apresentar neste antro, aquando duma baforada recente -e nada meiga - com que a brindei, está, doravante, e por tempo indeterminado, ao abrigo das minhas hostilidades. Ainda mais, se é uma "Víbora do Piorio", como, um tanto ou quanto de supetão, alvitrou uma leitora anónima (do clube de anti-fãs da Charlotte, presumo). Devo confessar que eu a julgava, à senhora dona Carla uma "de Almeida Quevedo & Etc"; mas se é uma "do Piorio", então, com mil raios, ainda é minha parenta, Deus a guarde! (todos sabem que eu sou um "Dragão do Piorio"), o que, por dote de consanguinidade, a livra de vindouros e coruscantes percalços. Ainda mais em se confirmando a graça de Víbora; porque embora não sendo alado nem mitológico, não deixa de ser, esse, um réptil digníssimo, o que, como é bom de ver, só resulta num fortalecimento dos laços familiares que nos unem. Esta providencial descoberta, porém, em nada é extensível aos "hamsteres" da minha estimada familiar. Sobre essa pusilânime e repugnante escumalha, a política mantém-se. Continuarei a assá-los sempre que me der na real gana. Por outras palavras: Não farei prisioneiros!
Sou encantador, mas não toco flauta nem venho de Hamelin.
terça-feira, janeiro 17, 2006
Por um Sorteio Universal!
Digo isto com toda a sinceridade: não entendo porque é que em Portugal, para efeito de eleição do presidente da República (e até de deputados ou autarcas) não se adopta, duma vez por todas, um sistema de lotaria. Andava à roda. Tiravam-se rifas. Em vez de urnas, centenas delas e respectivas guarnições, bastava uma única tômbola gigante. Então não era muito mais consentâneo com o nível recorrente dos candidatos e respectivos eleitores? Verdadeira democracia era assim: Todos os cidadãos que cumprissem determinados requisitos (maiores de 35 anos, sem problemas com a justiça, alfabetizados, de nacionalidade portuguesa, etc,) recebiam um número. Depois, a Santa Casa, que já está habituada a estas quermesses, sorteava o presidente, os deputados, ou os autarcas.
Aforrava-se um bom dinheiro, poupavam-se as peixeiradas do costume, evitavam-se palanfrórios e zaragatas, não se perdia tempo com gambosinices, falsas promessas e contos do vigário, e o resultado, com um bocado de sorte, até era melhor. Pior, pelo menos, seria quase impossível. Sejamos lúcidos: depois de um Gorge Sampaio ser presidente da república, não tenho qualquer dúvida que um qualquer taxista anódino, cabeleireira avulsa ou vendedor ambulante, no mínimo, não só estariam habilitados para a função, como, de certeza, alcançariam bem mais pitorescos desempenhos. E que dizer dum Santana Lopes primeiro-ministro? Ou até dum Durão Barroso, dum Guterres, dum Soares, etc? E os deputados? E os autarcas? Já repararam bem?
Face à monotonia confrangedora das performances destes esplêndidos e sufragados “dirigentes”, cada português tira as suas ilações. A mais usual –e lógica- é reconhecer-se, o luso-aborígene, plenamente capacitado, vocacionado e predestinado, desde a barriga da mãe, para os mais elevados cargos do Estado e da Governação. Isto se, como entretanto -e cada vez com maior frequência - acontece, não descobrir a resfolegar dentro de si um ditador clarividente e pronto para, às três pancadas mas com carácter de urgência, assumir a mundícia e a redenção da pátria. Nem mais. E quase tudo nos indica, e taxativamente garante, que pior figura que os actuais –que, de resto, são também os recentes e anteriores, pois são os mesmos vai para mais de trinta anos -, não faria. Limpinho; e até mesmo se optasse por uma letargia absoluta, ou se se mantivesse oculto e ausente durante todo o mandato, ninguém notaria grande diferença.
Não raras vezes, dou comigo a viajar de táxi só para escutar os projectos mirabolantes do respectivo piloto. Mesmo os ultra-descabelados, inçados de medidas radicais e purgas enérgicas, conseguem ser mais interessantes que o chorrilho de idiotices e baboseiras dos presentes candidatos oficiais a qualquer coisa, mas sobretudo à poltrona de bibelot-mor da república. Ao menos, caso fosse sorteado, o furioso taxista conduziria o país como se fosse um táxi, desflorando vielas e peregrinando atalhos, o que, havemos de convir, sempre conferiria alguma emoção ao percurso. E sempre era preferível que vê-lo, diaria e convulsivamente, a ser conduzi-lo feito casa de alterne, que como sabemos não prima pela aerodinâmica, para além de lhe faltarem motorização e rodas adequadas.
Provavelmente, é excentricidade minha, mas desgosta-me que o país se confunda com uma casa de alterne, que os políticos não se distingam das alternadeiras, que os administradores da Coisa Pública se assemelhem a banais alcaiotes. A sério, deprime-me. Confesso que desde pequenino, talvez cativado por devaneios e romances absurdos, acalentava outras esperanças.
Todavia, se assim é, se assim está condenado a ser pela eternidade, se não se distinguem os eméritos candidatos dos mais básicos e vulgares eleitores, então, ao menos, que todos os eleitores usufruam do pleno direito a ser candidatos. Era assim na Grécia Antiga, quando inventaram a democracia. Todos os cidadãos de pleno direito eram efectivamente iguais, sem castas. Hoje critica-se e menoscaba-se muito esse regime primordial porque só permitia que uma minoria votasse (nem mulheres, nem escravos, nem estrangeiros participavam); e no entanto, nesta hora que passa, não se vislumbra grande evolução, a não ser talvez para pior: a percentagem dos eleitores aumentou, todos votam, mas apenas uma invariável e hermética minoria pode candidatar-se aos cargos superiores públicos. Uma elite? Não, uma mera chusma dissimulada, oligárquica e feudal. Tipos que à viva imagem de qualquer fulano avulso não fazem a menor destrinça entre o próprio interesse e o interesse geral; pior: que não reconhecem sequer a existência de qualquer interesse para lá das fronteiras do seu próprio interesse, diga-se, já agora, pela única e exclusiva razão de que o seu interesse próprio não tem limites e só conhece rival na sua ganância. Mas, repito, se é assim, se quem exerce o poder não se distingue de qualquer um, então que um qualquer possa ser qualquer coisa, sobretudo qualquer “Coisa Pública”. Vale mais confiar na Sorte que na Insídia, no Conluio, no Sofisma. Já fede esta fantochada retórica do “povo escolhe”, “o povo elege”, o “povo é soberano”. Balelas!, o povo não escolhe coisa nenhuma, muito menos “Coisas públicas”, e soberana só será certamente a sua impotência, bem como lendária a sua estupidez. A escolha é prévia, a confecção é sempre anterior e decorre na penumbra dos bastidores, até os mongolóides mais toscos já desconfiam disso. O povo apenas ratifica, homologa, assina de cruz. Prefere a embalagem da papa, a marca e o brinde; mas, na substância, não tem direito nem opção a outro prato que não aquela mistela liofilizada e rançosa que lhe deitam na manjedoura. De quatro em quatro anos, perguntam-lhe, quando muito, se quer mudar de marca ou de cozinheiro. Fodido com a papa, enjoado com o mingau, o cabrãozito muda, quer dizer, por instantes ilude-se que muda, que melhora, que rompe. Apenas para descobrir que o sabor é o mesmo e igualzinha a disenteria resultante.
Porém, garantem-lhe, se não é assim, é o caos, o Fim-do-Mundo.
Pois eu acho que, para ser assim, então vale mais a lotaria, o totoloto, o Luso-milhões! Puta que pariu o sufrágio universal, fraude ignóbil, e viva o Sorteio Universal! Ao menos, sempre ocasiona alguma expectativa acerca do resultado da extracção; por um inescrutável capricho da sorte até pode calhar alguém com nível, com inteligência – coisa que no sufrágio actual é impossível: já todos sabemos –já estamos mesmo calejados de saber - que, saia o que sair, não sai da cepa torta. Não altera nem contende com a substância.
Actualmente, o povo vai –aquele que vai, cada vez menos -, para o sufrágio com a resignação e o ricto próprios dum funeral: desconfia mesmo que não é por acaso que chamam urna ao vasadouro da sua murcha e irrisória soberania. Dir-se-ia que em vez de ir rezar missa pela ressurreição dos seus sonhos, vai antes depor na sepultura mais um quadriénio de esperanças. Suspeita que tão irrelevante e inócuo como o seu voto só há uma coisa: o resultado dele. Ora, adoptasse-se a modalidade de Sorteio e era ver a alegria, a animação e o entusiasmo que não precederiam a extracção!... Uma festa generalizada, meus amigos! Quais sondagens, contagens, lavagens, fraudes e todas esses mistifórios inerentes a processos eleitorais; em coisa de minutos resolvia-se o assunto e com uma isenção e limpeza imaculados. Já não falando nas probabilidades, à partida, rigorosamente iguais para todos os concorrentes, sem batotas nem falcatruas - no caso do Primeiro magistrado da nação, mesmo sem matilhas, bandos, récuas nem nenhumas dessas revoadas tão aviltantes do acto.
Agora, imaginando que na rifa saía um traste, um grandessíssimo traste. Obstar-me-ão: Não será isso, dada a elevada percentagem dos ditos cujos na população, um risco demasiado alto que, bem vistas as coisas, desaconselha o método?
É um facto que, em termos de densidade de filhos da puta por metro quadrado, o nosso país compete com as grandes potências do sector. Nessa contingência, a lei das probabilidades não perdoa e aponta, naturalmente, em caso de sorteio puro, para uma maior possibilidade de ocorrência dessas prendas.
Não obstante, um risco, por mais elevado que seja, nunca é tão mau e desolador quanto uma certeza absoluta, uma rotina que já bebe das leis inexoráveis da mecânica celeste. Através do sorteio, ainda haveriam algumas hipóteses, se bem que remotas, de nos sair na rifa alguém de jeito. Enquanto, por intermédio de sufrágio, como a experimentação exaustiva já nos ensinou, não restam nenhumas.
Aforrava-se um bom dinheiro, poupavam-se as peixeiradas do costume, evitavam-se palanfrórios e zaragatas, não se perdia tempo com gambosinices, falsas promessas e contos do vigário, e o resultado, com um bocado de sorte, até era melhor. Pior, pelo menos, seria quase impossível. Sejamos lúcidos: depois de um Gorge Sampaio ser presidente da república, não tenho qualquer dúvida que um qualquer taxista anódino, cabeleireira avulsa ou vendedor ambulante, no mínimo, não só estariam habilitados para a função, como, de certeza, alcançariam bem mais pitorescos desempenhos. E que dizer dum Santana Lopes primeiro-ministro? Ou até dum Durão Barroso, dum Guterres, dum Soares, etc? E os deputados? E os autarcas? Já repararam bem?
Face à monotonia confrangedora das performances destes esplêndidos e sufragados “dirigentes”, cada português tira as suas ilações. A mais usual –e lógica- é reconhecer-se, o luso-aborígene, plenamente capacitado, vocacionado e predestinado, desde a barriga da mãe, para os mais elevados cargos do Estado e da Governação. Isto se, como entretanto -e cada vez com maior frequência - acontece, não descobrir a resfolegar dentro de si um ditador clarividente e pronto para, às três pancadas mas com carácter de urgência, assumir a mundícia e a redenção da pátria. Nem mais. E quase tudo nos indica, e taxativamente garante, que pior figura que os actuais –que, de resto, são também os recentes e anteriores, pois são os mesmos vai para mais de trinta anos -, não faria. Limpinho; e até mesmo se optasse por uma letargia absoluta, ou se se mantivesse oculto e ausente durante todo o mandato, ninguém notaria grande diferença.
Não raras vezes, dou comigo a viajar de táxi só para escutar os projectos mirabolantes do respectivo piloto. Mesmo os ultra-descabelados, inçados de medidas radicais e purgas enérgicas, conseguem ser mais interessantes que o chorrilho de idiotices e baboseiras dos presentes candidatos oficiais a qualquer coisa, mas sobretudo à poltrona de bibelot-mor da república. Ao menos, caso fosse sorteado, o furioso taxista conduziria o país como se fosse um táxi, desflorando vielas e peregrinando atalhos, o que, havemos de convir, sempre conferiria alguma emoção ao percurso. E sempre era preferível que vê-lo, diaria e convulsivamente, a ser conduzi-lo feito casa de alterne, que como sabemos não prima pela aerodinâmica, para além de lhe faltarem motorização e rodas adequadas.
Provavelmente, é excentricidade minha, mas desgosta-me que o país se confunda com uma casa de alterne, que os políticos não se distingam das alternadeiras, que os administradores da Coisa Pública se assemelhem a banais alcaiotes. A sério, deprime-me. Confesso que desde pequenino, talvez cativado por devaneios e romances absurdos, acalentava outras esperanças.
Todavia, se assim é, se assim está condenado a ser pela eternidade, se não se distinguem os eméritos candidatos dos mais básicos e vulgares eleitores, então, ao menos, que todos os eleitores usufruam do pleno direito a ser candidatos. Era assim na Grécia Antiga, quando inventaram a democracia. Todos os cidadãos de pleno direito eram efectivamente iguais, sem castas. Hoje critica-se e menoscaba-se muito esse regime primordial porque só permitia que uma minoria votasse (nem mulheres, nem escravos, nem estrangeiros participavam); e no entanto, nesta hora que passa, não se vislumbra grande evolução, a não ser talvez para pior: a percentagem dos eleitores aumentou, todos votam, mas apenas uma invariável e hermética minoria pode candidatar-se aos cargos superiores públicos. Uma elite? Não, uma mera chusma dissimulada, oligárquica e feudal. Tipos que à viva imagem de qualquer fulano avulso não fazem a menor destrinça entre o próprio interesse e o interesse geral; pior: que não reconhecem sequer a existência de qualquer interesse para lá das fronteiras do seu próprio interesse, diga-se, já agora, pela única e exclusiva razão de que o seu interesse próprio não tem limites e só conhece rival na sua ganância. Mas, repito, se é assim, se quem exerce o poder não se distingue de qualquer um, então que um qualquer possa ser qualquer coisa, sobretudo qualquer “Coisa Pública”. Vale mais confiar na Sorte que na Insídia, no Conluio, no Sofisma. Já fede esta fantochada retórica do “povo escolhe”, “o povo elege”, o “povo é soberano”. Balelas!, o povo não escolhe coisa nenhuma, muito menos “Coisas públicas”, e soberana só será certamente a sua impotência, bem como lendária a sua estupidez. A escolha é prévia, a confecção é sempre anterior e decorre na penumbra dos bastidores, até os mongolóides mais toscos já desconfiam disso. O povo apenas ratifica, homologa, assina de cruz. Prefere a embalagem da papa, a marca e o brinde; mas, na substância, não tem direito nem opção a outro prato que não aquela mistela liofilizada e rançosa que lhe deitam na manjedoura. De quatro em quatro anos, perguntam-lhe, quando muito, se quer mudar de marca ou de cozinheiro. Fodido com a papa, enjoado com o mingau, o cabrãozito muda, quer dizer, por instantes ilude-se que muda, que melhora, que rompe. Apenas para descobrir que o sabor é o mesmo e igualzinha a disenteria resultante.
Porém, garantem-lhe, se não é assim, é o caos, o Fim-do-Mundo.
Pois eu acho que, para ser assim, então vale mais a lotaria, o totoloto, o Luso-milhões! Puta que pariu o sufrágio universal, fraude ignóbil, e viva o Sorteio Universal! Ao menos, sempre ocasiona alguma expectativa acerca do resultado da extracção; por um inescrutável capricho da sorte até pode calhar alguém com nível, com inteligência – coisa que no sufrágio actual é impossível: já todos sabemos –já estamos mesmo calejados de saber - que, saia o que sair, não sai da cepa torta. Não altera nem contende com a substância.
Actualmente, o povo vai –aquele que vai, cada vez menos -, para o sufrágio com a resignação e o ricto próprios dum funeral: desconfia mesmo que não é por acaso que chamam urna ao vasadouro da sua murcha e irrisória soberania. Dir-se-ia que em vez de ir rezar missa pela ressurreição dos seus sonhos, vai antes depor na sepultura mais um quadriénio de esperanças. Suspeita que tão irrelevante e inócuo como o seu voto só há uma coisa: o resultado dele. Ora, adoptasse-se a modalidade de Sorteio e era ver a alegria, a animação e o entusiasmo que não precederiam a extracção!... Uma festa generalizada, meus amigos! Quais sondagens, contagens, lavagens, fraudes e todas esses mistifórios inerentes a processos eleitorais; em coisa de minutos resolvia-se o assunto e com uma isenção e limpeza imaculados. Já não falando nas probabilidades, à partida, rigorosamente iguais para todos os concorrentes, sem batotas nem falcatruas - no caso do Primeiro magistrado da nação, mesmo sem matilhas, bandos, récuas nem nenhumas dessas revoadas tão aviltantes do acto.
Agora, imaginando que na rifa saía um traste, um grandessíssimo traste. Obstar-me-ão: Não será isso, dada a elevada percentagem dos ditos cujos na população, um risco demasiado alto que, bem vistas as coisas, desaconselha o método?
É um facto que, em termos de densidade de filhos da puta por metro quadrado, o nosso país compete com as grandes potências do sector. Nessa contingência, a lei das probabilidades não perdoa e aponta, naturalmente, em caso de sorteio puro, para uma maior possibilidade de ocorrência dessas prendas.
Não obstante, um risco, por mais elevado que seja, nunca é tão mau e desolador quanto uma certeza absoluta, uma rotina que já bebe das leis inexoráveis da mecânica celeste. Através do sorteio, ainda haveriam algumas hipóteses, se bem que remotas, de nos sair na rifa alguém de jeito. Enquanto, por intermédio de sufrágio, como a experimentação exaustiva já nos ensinou, não restam nenhumas.
Sempre é preferível uma escolha aleatória, que uma escolha alienada. E, francamente, antes apostar na extracção da lotaria, que em políticos de baixa extracção.
segunda-feira, janeiro 16, 2006
(De)Lapidando
Ninguém compreende bem como, mas o facto é que Portugal fervilha duma gentinha que perdeu os princípios, não sabe -nem quer saber - dos fins e gasta a vidinha a queixar-se da falta de meios.
domingo, janeiro 15, 2006
O Admirável Mundo da Rita Lina...
Os textos que se seguem são meras traduções de artigos originariamente escritos em inglês (portanto, quem preferir ler no original, basta-lhe seguir o link). Reflectem um horizonte inquietante, sobretudo para quem tem filhos em idade escolar ou pré-escolar. Sabemos como as modas americanas se tornam rapidamente modas mundiais. Que sirva como alerta e estímulo à reflexão. Cada qual tire as suas conclusões. "Normalidade" é muitas vezes um subterfúgio para a "uniformização". Procusta, afinal, parece que continua vivo. E bem vivo.
Por outro lado, sou testemunha disso, não há cabeleireira, lojista ou sopeira deste país, devidamente mestradas em televisão e revistas lixo, que, ao depararem-se com uma criança mais viva, não diagnostiquem logo peremptórias e vigilantes: "Ah, mas ele é hiperactivo!..." Ora, isto sim, tanto ou mais que a veracidade dos artigos, é preocupante.
« Controlo da Actividade da Criança: Hiper ou Hipo
Baseado na minha experiência pessoal – três filhos e muitos anos de ensino -, o meu diagnóstico sobre crianças mais ou menos activas do que o “normal” conclui que estas características têm como causa dois factores: a vida familiar e a dieta alimentar, sendo a primeira o aspecto mental e a segunda, o físico.
Normalmente, uma vida familiar feliz, com a presença de um pai e de uma mãe (cada um de seu sexo) dá origem a uma criança equilibrada e mentalmente segura, que lida bem com a vida escolar. Lares desestabilizados e destruídos dão origem a crianças agitadas e mentalmente inseguras. Na verdade, a questão é tão simples como isto. Durante anos observei os alunos como uma gravação viva da sua vida familiar: o homem é um produto do meio. Neste drama, a televisão desempenha um enorme papel, já que a criança média despende com este dispositivo idiota mais de cinco horas diárias. Obviamente, os pais mais sensíveis concordam com o facto de que a maioria dos programas televisivos são lixo.
Desde há muitos anos que médicos e cientistas sabem que, para permanecer saudável, o organismo humano necessita de certos nutrientes, vitaminas, etc; omita-se qualquer um destes elementos e ter-se-á como consequência provável o desenvolvimento de um problema. Acrescentem-se outros elementos que alterem a mente e/ou o corpo e ter-se-á como consequência problemas sérios. Na minha sala de aula, os dois principais elementos quer causaram problemas foram os açúcares e a cafeína. Ambos os elementos aumentam a actividade das crianças; sobretudo no que se refere ao açúcar, constata-se que é brutal a queda de energia quando o seu abastecimento se esgota. A falta de açúcares e farinhas brancas refinadas reflecte-se bem no rosto. Esta é a razão mais provável pela qual as crianças oscilam entre alta e baixa actividade, não se registando, nunca, um nível de actividade normal.
Quase todas as escolas têm em abundância máquinas de junk-food. Um restaurante de junk-food encontra-se sempre por perto. É da responsabilidade dos pais e dos nossos administradores das escolas removerem estas fontes de interrupção escolar. Ano após ano, tenho vindo a testemunhar a vinda de alunos até à sala em que se encontram estas máquinas através do telhado; quando os puxo para baixo, a campainha toca e lá voltam eles à carga. Vi um rapaz a sorver meio litro de chá, o que constitui uma bomba de cafeína. Ao almoço e nos intervalos encontram-se petiscos saturados de açúcar por todo o lado.
Uma vez que são os pais e administradores das escolas que devem controlar a dieta das crianças, a culpa de ambos os excessos recai sobre eles.
Doses potentes de açúcar provocam a seguinte agressão no organismo: quando este detecta o excesso de açúcar, movimenta-se no sentido de o neutralizar; desta forma, quando o açúcar é queimado, o organismo fica com uma dose excessiva de neutralizador, equivalente a um choque de insulina. Em resumo: o excesso de açúcar provoca no organismo uma reacção de ioió.
Os professores parecem ter um perfeito desconhecimento desta causa-efeito, catalogando, de imediato, a criança como sendo anormal e requerendo tratamento.
Tendo em conta o acima exposto, não é de admirar que os alunos apresentem “picos” de actividade altos e baixos ou, mesmo, a inexistência de actividade. Porque ignoram esta causalidade, os professores dizem que a criança não é normal e o psiquiatra dá-lhe drogas. Desta forma, as crianças tornam-se viciadas; sim, viciadas, toxicodependentes, e são milhões delas! Hillary impingiu às escolas os objectivos para 2000, e os seus administradores engoliram a xaropada. Pois bem, os objectivos para 2000 tornam legal que os professores administrem Ritalina, Prozac e Valium aos alunos, sem necessidade de prescrição médica, com a simples obrigação de notificação dos pais da criança. Agora, a parte mais chocante: A Ritalina é mais ou menos a mesma coisa que a cocaína: provoca um vício permanente e lesões cerebrais.
As crianças muito activas não são nem más nem doentes, mas saudáveis; as crianças inactivas não são, necessariamente, doentes. Verifiquem a sua vida familiar e dieta, mas pensem três vezes antes de deixarem que o governo tome conta da situação. Ultimamente, a América tem vindo a evidenciar influências nazis, ao tirar as crianças aos pais. Este é um perigoso precedente contra o qual está a ser avisado.
O açúcar, a cafeína e a nicotina são hábitos definitivamente formados. A cafeína é eliminada pelo organismo em dez dias, mas o açúcar e a nicotina provocam um vício extremamente difícil de vencer. Um ex-viciado nestas duas substâncias afirmou que é mais fácil abandonar o vício da cocaína do que o da nicotina.
O açúcar, a cafeína e a nicotina têm tamanha influência nos hábitos mentais de alimentação e resposta que lhes dei o nome de BBK menores no meu livro Age of the Mind. Os BBK maiores são as substâncias pesadas como a cocaína e a sua rija e hedionda irmã: a Ritalina. Os BBK são assassinos do organismo e do cérebro. Agora, sabem o que penso acerca do excesso de açúcar e da comida lixo açucarada.
Os BBK menores dão lugar aos maiores. Depois de terem sido apanhados pelas substâncias menores, facilmente são apanhados pelas maiores, com a ajuda da sempiterna televisão. Durante cinco horas diárias, as crianças observam as personagens da televisão a comerem abundantes quantidades de junk-food e a tomarem comprimidos para todo o tipo de dores quer nunca existiram. Desta forma se lhes faz uma lavagem cerebral a fim de que comam algo que os excite para, depois, tomarem algo que os acalme. Os vendedores de açúcar, os psiquiatras e as companhias de substâncias químicas fazem milhões à custa dos hábitos das nossas crianças.
Juntamente com a influência dos BBK, a televisão frita a mente humana. As crianças viciam-se na televisão, sendo incapazes de viver por si mesmas, mantendo-se em paz consigo próprios. A televisão impede as crianças de aprender a pensar por si mesmas. O facto de a televisão pensar por elas tem como desígnio torná-las imbecis, imprimindo-lhes constantemente nas mentes maleáveis e moldáveis os desejos dos vendedores.
Somando todos estes factores obtém-se uma dose poderosa. O facto de o açúcar, a cafeína e a nicotina serem constantemente impingidos pela televisão ajusta-se a uma mente jovem receptiva e controlada. Os BBK menores crescem até se transformarem em BBK maiores. Desde já refiro que considero o álcool um BBK maior.
A tudo isto junte-se uma outra influência, desta vez clandestina. Mantenha a mente aberta; não se apresse a catalogar este assunto com a sua indiferença favorita. Fiz muitas pesquisas, estou bem documentados sei do que estou a falar. Desde há três séculos que uma elite de governo invisível, encoberta, tem vindo, gradualmente, a controlar o mundo. Afirmações recentes indicam que o seu programa está quase completo. Ora, um dos seus necessários objectivos é o total controlo da mente. É muito fácil verificar este assalto nas nossas escolas. Às mãos de Hillary Clinton, os Objectivos para 2ooo têm vindo a forçar a entrada em todas as escolas, provavelmente de forma inconstitucional. Os Objectivos para 2000, também conhecidos como OBE ( Resultados da Educação Básica) tornaram legal a administração de Ritalina, Prozac e Valium às crianças, sem que os seus pais cheguem a ter conhecimento disso. Assim, somando todos os aspectos desta história, chegamos à conclusão de que temos milhões de crianças que tomam Ritalina. Se apanhados, e sabendo como isso pode tão facilmente acontecer, teremos, muito brevemente, uma nação de drogados. Ora, os viciados fazem qualquer coisa que lhes digam para fazer por uma dose fixa. A agenda da elite governamental está quase completa.
Pode começar a romper este círculo vicioso começando por deixar de ver televisão. De seguida, compre bons livros e revistas como a National Geographic. Compre um piano e alguns livros sobre música, arte e línguas estrangeiras.. Pelo menos com a minha família esta estratégia resultou; quando mudei de casa deitei a televisão para o lixo.
A administração de Ritalina a crianças dá lugar a que se erga uma bandeira de precaução bem visível. Se a Ritalina é mais perigosa do que a cocaína porque é que foi tornada legal – e talvez, até, recomendada – pelos Objectivos para 2000? Esta é a “Aldeia Global” que Hillary Clinton nos pretende impingir. Foi a legislação federal que tornou legal os professores administrarem Ritalina aos alunos sem prescrição médica, tendo como única obrigação a notificação dos pais acerca do sucedido. Estes simples factos deveriam ser suficientes para mostrar a todos que os objectivos para 2000 são tudo menos bons, parecendo reflectir o carácter moral do Presidente Clinton.
Na síntese que se segue, leia a documentação que refere que o uso da Ritalina torna as crianças suicidas e perigosas. Este último facto acrescenta lenha à fogueira que representa a questão que pesquisamos neste site de educação: É a Ritalina que mata as nossas crianças? Até ao momento a resposta é afirmativa. Contudo, precisamos de mais casos e cartas que constituam provas documentais. É, pois, convosco, mães marcharem até ao congresso, pois esta parece ser a nossa única esperança de limpar o chão legislativo do nosso país. A “Milícia da Cozinha” sabe como fazer esse trabalho. Nós devemos ficar por detrás e empurrar-vos, dar-vos apoio. O tempo urge. Em Novembro devemos encher cerca de metade do congresso com pessoas que sabem como manter o chão limpo. Lá, temos que obrigar o congresso a pontapear Clinton, a expulsá-los, a Clinton e a Gore, para fora da cidade. Certifiquem-se de que esta comparência no congresso faz parte da vossa lista de afazeres relativa às crianças. Afinal, a NOSSA constituição – ou o que resta dela - , diz que o Congresso trabalha para nós. Assim, digam-lhes de vossa justiça, minhas senhoras! A mim não me ouvem.»
Baseado na minha experiência pessoal – três filhos e muitos anos de ensino -, o meu diagnóstico sobre crianças mais ou menos activas do que o “normal” conclui que estas características têm como causa dois factores: a vida familiar e a dieta alimentar, sendo a primeira o aspecto mental e a segunda, o físico.
Normalmente, uma vida familiar feliz, com a presença de um pai e de uma mãe (cada um de seu sexo) dá origem a uma criança equilibrada e mentalmente segura, que lida bem com a vida escolar. Lares desestabilizados e destruídos dão origem a crianças agitadas e mentalmente inseguras. Na verdade, a questão é tão simples como isto. Durante anos observei os alunos como uma gravação viva da sua vida familiar: o homem é um produto do meio. Neste drama, a televisão desempenha um enorme papel, já que a criança média despende com este dispositivo idiota mais de cinco horas diárias. Obviamente, os pais mais sensíveis concordam com o facto de que a maioria dos programas televisivos são lixo.
Desde há muitos anos que médicos e cientistas sabem que, para permanecer saudável, o organismo humano necessita de certos nutrientes, vitaminas, etc; omita-se qualquer um destes elementos e ter-se-á como consequência provável o desenvolvimento de um problema. Acrescentem-se outros elementos que alterem a mente e/ou o corpo e ter-se-á como consequência problemas sérios. Na minha sala de aula, os dois principais elementos quer causaram problemas foram os açúcares e a cafeína. Ambos os elementos aumentam a actividade das crianças; sobretudo no que se refere ao açúcar, constata-se que é brutal a queda de energia quando o seu abastecimento se esgota. A falta de açúcares e farinhas brancas refinadas reflecte-se bem no rosto. Esta é a razão mais provável pela qual as crianças oscilam entre alta e baixa actividade, não se registando, nunca, um nível de actividade normal.
Quase todas as escolas têm em abundância máquinas de junk-food. Um restaurante de junk-food encontra-se sempre por perto. É da responsabilidade dos pais e dos nossos administradores das escolas removerem estas fontes de interrupção escolar. Ano após ano, tenho vindo a testemunhar a vinda de alunos até à sala em que se encontram estas máquinas através do telhado; quando os puxo para baixo, a campainha toca e lá voltam eles à carga. Vi um rapaz a sorver meio litro de chá, o que constitui uma bomba de cafeína. Ao almoço e nos intervalos encontram-se petiscos saturados de açúcar por todo o lado.
Uma vez que são os pais e administradores das escolas que devem controlar a dieta das crianças, a culpa de ambos os excessos recai sobre eles.
Doses potentes de açúcar provocam a seguinte agressão no organismo: quando este detecta o excesso de açúcar, movimenta-se no sentido de o neutralizar; desta forma, quando o açúcar é queimado, o organismo fica com uma dose excessiva de neutralizador, equivalente a um choque de insulina. Em resumo: o excesso de açúcar provoca no organismo uma reacção de ioió.
Os professores parecem ter um perfeito desconhecimento desta causa-efeito, catalogando, de imediato, a criança como sendo anormal e requerendo tratamento.
Tendo em conta o acima exposto, não é de admirar que os alunos apresentem “picos” de actividade altos e baixos ou, mesmo, a inexistência de actividade. Porque ignoram esta causalidade, os professores dizem que a criança não é normal e o psiquiatra dá-lhe drogas. Desta forma, as crianças tornam-se viciadas; sim, viciadas, toxicodependentes, e são milhões delas! Hillary impingiu às escolas os objectivos para 2000, e os seus administradores engoliram a xaropada. Pois bem, os objectivos para 2000 tornam legal que os professores administrem Ritalina, Prozac e Valium aos alunos, sem necessidade de prescrição médica, com a simples obrigação de notificação dos pais da criança. Agora, a parte mais chocante: A Ritalina é mais ou menos a mesma coisa que a cocaína: provoca um vício permanente e lesões cerebrais.
As crianças muito activas não são nem más nem doentes, mas saudáveis; as crianças inactivas não são, necessariamente, doentes. Verifiquem a sua vida familiar e dieta, mas pensem três vezes antes de deixarem que o governo tome conta da situação. Ultimamente, a América tem vindo a evidenciar influências nazis, ao tirar as crianças aos pais. Este é um perigoso precedente contra o qual está a ser avisado.
O açúcar, a cafeína e a nicotina são hábitos definitivamente formados. A cafeína é eliminada pelo organismo em dez dias, mas o açúcar e a nicotina provocam um vício extremamente difícil de vencer. Um ex-viciado nestas duas substâncias afirmou que é mais fácil abandonar o vício da cocaína do que o da nicotina.
O açúcar, a cafeína e a nicotina têm tamanha influência nos hábitos mentais de alimentação e resposta que lhes dei o nome de BBK menores no meu livro Age of the Mind. Os BBK maiores são as substâncias pesadas como a cocaína e a sua rija e hedionda irmã: a Ritalina. Os BBK são assassinos do organismo e do cérebro. Agora, sabem o que penso acerca do excesso de açúcar e da comida lixo açucarada.
Os BBK menores dão lugar aos maiores. Depois de terem sido apanhados pelas substâncias menores, facilmente são apanhados pelas maiores, com a ajuda da sempiterna televisão. Durante cinco horas diárias, as crianças observam as personagens da televisão a comerem abundantes quantidades de junk-food e a tomarem comprimidos para todo o tipo de dores quer nunca existiram. Desta forma se lhes faz uma lavagem cerebral a fim de que comam algo que os excite para, depois, tomarem algo que os acalme. Os vendedores de açúcar, os psiquiatras e as companhias de substâncias químicas fazem milhões à custa dos hábitos das nossas crianças.
Juntamente com a influência dos BBK, a televisão frita a mente humana. As crianças viciam-se na televisão, sendo incapazes de viver por si mesmas, mantendo-se em paz consigo próprios. A televisão impede as crianças de aprender a pensar por si mesmas. O facto de a televisão pensar por elas tem como desígnio torná-las imbecis, imprimindo-lhes constantemente nas mentes maleáveis e moldáveis os desejos dos vendedores.
Somando todos estes factores obtém-se uma dose poderosa. O facto de o açúcar, a cafeína e a nicotina serem constantemente impingidos pela televisão ajusta-se a uma mente jovem receptiva e controlada. Os BBK menores crescem até se transformarem em BBK maiores. Desde já refiro que considero o álcool um BBK maior.
A tudo isto junte-se uma outra influência, desta vez clandestina. Mantenha a mente aberta; não se apresse a catalogar este assunto com a sua indiferença favorita. Fiz muitas pesquisas, estou bem documentados sei do que estou a falar. Desde há três séculos que uma elite de governo invisível, encoberta, tem vindo, gradualmente, a controlar o mundo. Afirmações recentes indicam que o seu programa está quase completo. Ora, um dos seus necessários objectivos é o total controlo da mente. É muito fácil verificar este assalto nas nossas escolas. Às mãos de Hillary Clinton, os Objectivos para 2ooo têm vindo a forçar a entrada em todas as escolas, provavelmente de forma inconstitucional. Os Objectivos para 2000, também conhecidos como OBE ( Resultados da Educação Básica) tornaram legal a administração de Ritalina, Prozac e Valium às crianças, sem que os seus pais cheguem a ter conhecimento disso. Assim, somando todos os aspectos desta história, chegamos à conclusão de que temos milhões de crianças que tomam Ritalina. Se apanhados, e sabendo como isso pode tão facilmente acontecer, teremos, muito brevemente, uma nação de drogados. Ora, os viciados fazem qualquer coisa que lhes digam para fazer por uma dose fixa. A agenda da elite governamental está quase completa.
Pode começar a romper este círculo vicioso começando por deixar de ver televisão. De seguida, compre bons livros e revistas como a National Geographic. Compre um piano e alguns livros sobre música, arte e línguas estrangeiras.. Pelo menos com a minha família esta estratégia resultou; quando mudei de casa deitei a televisão para o lixo.
A administração de Ritalina a crianças dá lugar a que se erga uma bandeira de precaução bem visível. Se a Ritalina é mais perigosa do que a cocaína porque é que foi tornada legal – e talvez, até, recomendada – pelos Objectivos para 2000? Esta é a “Aldeia Global” que Hillary Clinton nos pretende impingir. Foi a legislação federal que tornou legal os professores administrarem Ritalina aos alunos sem prescrição médica, tendo como única obrigação a notificação dos pais acerca do sucedido. Estes simples factos deveriam ser suficientes para mostrar a todos que os objectivos para 2000 são tudo menos bons, parecendo reflectir o carácter moral do Presidente Clinton.
Na síntese que se segue, leia a documentação que refere que o uso da Ritalina torna as crianças suicidas e perigosas. Este último facto acrescenta lenha à fogueira que representa a questão que pesquisamos neste site de educação: É a Ritalina que mata as nossas crianças? Até ao momento a resposta é afirmativa. Contudo, precisamos de mais casos e cartas que constituam provas documentais. É, pois, convosco, mães marcharem até ao congresso, pois esta parece ser a nossa única esperança de limpar o chão legislativo do nosso país. A “Milícia da Cozinha” sabe como fazer esse trabalho. Nós devemos ficar por detrás e empurrar-vos, dar-vos apoio. O tempo urge. Em Novembro devemos encher cerca de metade do congresso com pessoas que sabem como manter o chão limpo. Lá, temos que obrigar o congresso a pontapear Clinton, a expulsá-los, a Clinton e a Gore, para fora da cidade. Certifiquem-se de que esta comparência no congresso faz parte da vossa lista de afazeres relativa às crianças. Afinal, a NOSSA constituição – ou o que resta dela - , diz que o Congresso trabalha para nós. Assim, digam-lhes de vossa justiça, minhas senhoras! A mim não me ouvem.»
“Honestamente, a Ritalina é uma das substâncias conhecidas pelo homem mais perigosas e viciantes. É um estimulante extremamente poderoso, uma substância química do tipo dos speeds, muita requerida pelos toxicodependentes; química e neurologicamente, os seus efeitos sobre o organismo humano são equivalentes aos da cocaína ou das anfetaminas.
“Embora a Ritalina seja uma substância química diferente da cocaína e das anfetaminas, tem quase os mesmos efeitos sobre o organismo humano, com duas diferenças: cada miligrama de Ritalina é mais potente do que a cocaína e as anfetaminas; os efeitos da Ritalina duram mais do que os da cocaína e anfetaminas.”
“Quando ministrada a crianças, a Ritalina é dada oralmente e não injectada, inalada ou fumada como acontece com as metanfetaminas e a cocaína. Contudo, o uso de cocaína ou anfetaminas por via oral, têm o mesmo efeito sobre as crianças que a Ritalina, com a simples diferença de que para obter os mesmos efeitos, seriam necessárias maiores doses de cocaína e anfetaminas. Deveria ser do conhecimento público que os toxicodependentes são incapazes de distinguir uma injecção de cocaína de uma injecção de de Ritalina ou anfetaminas.”
“A injecção de Ritalina destrói a veia no sítio em que a injecção é ministrada e é frequente a marca da agulha infectar, criando feridas que não curam. Os toxicodependentes que usam Ritalina usam e destroem as veias dos braços, pernas, mãos e pés, começando a injectar-se debaixo doas unhas das mãos, debaixo da língua, chegando, eventualmente, a fazê-lo nas veias que rodeiam o globo ocular.”
“ O efeito do uso crónico de estimulantes mais conhecido é, talvez, a psicose, tendo vindo esta a ser associada ao uso crónico de alguns estimulantes, como por exemplo, anfetaminas, METHYLPHENIDATE (RITALINA), phenmetrazine e cocaína... [ este tipo de ] psicose assemelha-se de tal forma à esquizofrenia paranóica ou paranóia que tem sido mal diagnosticada por clínicos experientes.”
“ Como irão ficar a saber, a psicose é apenas o começo dos efeitos adversos consequentes do consumo de Ritalina. São comuns casos de paranóia extrema (em que a pessoa pensa que todos os outros a querem atacar). Foram cometidos muitos crimes hediondos por consumidores de Ritalina. Recentemente, a polícia de Vancouver afirmou que naquela cidade foram cometidos crimes de todos os géneros como resultado do uso de Ritalina. O chefe da polícia declarou que 89% da criminalidade em Vancouver cessaria se a Ritalina fosse retirada do mercado. Esta situação encontra-se actualmente em progresso, tanto na Europa como nos EUA.»
“Embora a Ritalina seja uma substância química diferente da cocaína e das anfetaminas, tem quase os mesmos efeitos sobre o organismo humano, com duas diferenças: cada miligrama de Ritalina é mais potente do que a cocaína e as anfetaminas; os efeitos da Ritalina duram mais do que os da cocaína e anfetaminas.”
“Quando ministrada a crianças, a Ritalina é dada oralmente e não injectada, inalada ou fumada como acontece com as metanfetaminas e a cocaína. Contudo, o uso de cocaína ou anfetaminas por via oral, têm o mesmo efeito sobre as crianças que a Ritalina, com a simples diferença de que para obter os mesmos efeitos, seriam necessárias maiores doses de cocaína e anfetaminas. Deveria ser do conhecimento público que os toxicodependentes são incapazes de distinguir uma injecção de cocaína de uma injecção de de Ritalina ou anfetaminas.”
“A injecção de Ritalina destrói a veia no sítio em que a injecção é ministrada e é frequente a marca da agulha infectar, criando feridas que não curam. Os toxicodependentes que usam Ritalina usam e destroem as veias dos braços, pernas, mãos e pés, começando a injectar-se debaixo doas unhas das mãos, debaixo da língua, chegando, eventualmente, a fazê-lo nas veias que rodeiam o globo ocular.”
“ O efeito do uso crónico de estimulantes mais conhecido é, talvez, a psicose, tendo vindo esta a ser associada ao uso crónico de alguns estimulantes, como por exemplo, anfetaminas, METHYLPHENIDATE (RITALINA), phenmetrazine e cocaína... [ este tipo de ] psicose assemelha-se de tal forma à esquizofrenia paranóica ou paranóia que tem sido mal diagnosticada por clínicos experientes.”
“ Como irão ficar a saber, a psicose é apenas o começo dos efeitos adversos consequentes do consumo de Ritalina. São comuns casos de paranóia extrema (em que a pessoa pensa que todos os outros a querem atacar). Foram cometidos muitos crimes hediondos por consumidores de Ritalina. Recentemente, a polícia de Vancouver afirmou que naquela cidade foram cometidos crimes de todos os géneros como resultado do uso de Ritalina. O chefe da polícia declarou que 89% da criminalidade em Vancouver cessaria se a Ritalina fosse retirada do mercado. Esta situação encontra-se actualmente em progresso, tanto na Europa como nos EUA.»
Aforismo de domingo
«Uma conferência é uma assembleia de pessoas que não podem fazer nada separadamente, mas que decidem em conjunto que nada pode ser feito.»
- F. Allen
- F. Allen
sábado, janeiro 14, 2006
"VaiPoesia", o blogue da Sílvia (oxalá destrone o "abrupto"!)
A Sílvia tem um blogue. Chama-se "VaitePoesia".
É um blogue muito melhor que este, o que não é difícil. Todos são. Vão até lá. Visitem-na, comentem, troquem impressões.
E fica o recado: Se alguém mais tiver um blogue e precisar de publicidade, disponha. A sério. A mim, não me custa nada. Basta pedir. Mas digam logo, não se ponham com fosquices.
E, por amor de Deus, não esqueçam a Sílvia e o blogue dela. Linkem-na, divulguem-na, emoldurem-na nos vossos favoritos. Mantenham-ma ocupada por lá.
É um grande favor que me fazem.
É um blogue muito melhor que este, o que não é difícil. Todos são. Vão até lá. Visitem-na, comentem, troquem impressões.
E fica o recado: Se alguém mais tiver um blogue e precisar de publicidade, disponha. A sério. A mim, não me custa nada. Basta pedir. Mas digam logo, não se ponham com fosquices.
E, por amor de Deus, não esqueçam a Sílvia e o blogue dela. Linkem-na, divulguem-na, emoldurem-na nos vossos favoritos. Mantenham-ma ocupada por lá.
É um grande favor que me fazem.
sexta-feira, janeiro 13, 2006
A Tortura perfeita
Não duvido, em modo ou tempo algum, que se trata de pura boataria, ficção das mais alucinadas, essa tese peregrina de que a Polícia Judiciária andou, numa sôfrega empreitada, a escutar os mais altos dignitários da nação. Pelo menos o mais alto de todos, é absurdo .
Ninguém no seu perfeito juízo escuta o que o Dr Gorge Sampaio diz. Sobretudo nos lugares públicos, mas ainda menos em privado. Deveio mesmo uma regra democrática e um preceito de higiene mental pública fundamentais. Em primeiro lugar, porque o que o presidente da república diz, toda a gente já percebeu, é irrelevante e sem qualquer consequência ou utilidade, a não ser para sofredores de insónia profunda. Em segundo lugar, porque as pessoas andam geralmente ocupadas a escutar o que dizem figuras realmente importantes –e determinantes para as suas existências e felicidades -, como sejam os presidentes dos clubes de futebol, especialmente o do Benfica, os jogadores e treinadores de futebol, sobretudo o Simão Sabrosa, e os empresários de futebol, com destaque para os candongueiros de Papoilas Saltitantes. Fora isso sobra-lhes tempo, à justa, para escutar o que dizem os actores das telenovelas, os trinados pimba do momento, o José Castelo-Branco e as sereias irresistíveis da propaganda bancária e da publicidade global.
Raia, portanto, não apenas o absurdo mas também o inverosímil alegar-se que alguém andou a escutar o Dr. Gorge Sampaio. Eu, pessoalmente, recuso-me a acreditar. Monto barricada e preparo-me para vender cara a pele; daqui não arredo pé e muito menos fé. Até por uma questão de imperativos gramaticais: “Escutar o Gorge”, tal qual “acreditar no Soares”, “confiar no Cavaco”, “optar Alegre”, “aturar o Jerónimo” ou “votar Louçã”, são verbos não apenas intransitivos, como intransitáveis, inconjugáveis e aberrantes. Se me disserem que gravações de solilóquios ou paleios do inefável grulha são utilizados em projectos de vanguarda, nalguma instituição psiquiátrica, como sedativo para furiosos incuráveis, ah bem, aí não discuto, não sou parvo, acho perfeitamente plausível, senão mesmo condenado ao sucesso. Agora alguém, por sua livre e espontânea vontade, obrigar-se a escutar aquilo... ainda mais a Judiciária, que é uma instituição séria, de gente adestrada e profissional no raciocínio lógico-dedutivo, tenham paciência, mas não nasci ontem. Vão endrominar totós!...
Bem, a não ser que faça parte do novo código disciplinar da Polícia. Como forma interna de castigo. Ou então... (ocorre-me de repente mas custa-me sequer a conceber tal horror) como sofisticação sinistra nas fórmulas de interrogatório, quer dizer, de tortura... Antigamente, como bem sabemos, de modo a extrair confissões, expunham os arguidos à privação do sono. Agora, com mil macacos!, querem ver que os obrigam a ficar acordados ao mesmo tempo que lhes passam gravações de prédicas ou colóquios do Dr. Gorge Sampaio!...
Raia, portanto, não apenas o absurdo mas também o inverosímil alegar-se que alguém andou a escutar o Dr. Gorge Sampaio. Eu, pessoalmente, recuso-me a acreditar. Monto barricada e preparo-me para vender cara a pele; daqui não arredo pé e muito menos fé. Até por uma questão de imperativos gramaticais: “Escutar o Gorge”, tal qual “acreditar no Soares”, “confiar no Cavaco”, “optar Alegre”, “aturar o Jerónimo” ou “votar Louçã”, são verbos não apenas intransitivos, como intransitáveis, inconjugáveis e aberrantes. Se me disserem que gravações de solilóquios ou paleios do inefável grulha são utilizados em projectos de vanguarda, nalguma instituição psiquiátrica, como sedativo para furiosos incuráveis, ah bem, aí não discuto, não sou parvo, acho perfeitamente plausível, senão mesmo condenado ao sucesso. Agora alguém, por sua livre e espontânea vontade, obrigar-se a escutar aquilo... ainda mais a Judiciária, que é uma instituição séria, de gente adestrada e profissional no raciocínio lógico-dedutivo, tenham paciência, mas não nasci ontem. Vão endrominar totós!...
Bem, a não ser que faça parte do novo código disciplinar da Polícia. Como forma interna de castigo. Ou então... (ocorre-me de repente mas custa-me sequer a conceber tal horror) como sofisticação sinistra nas fórmulas de interrogatório, quer dizer, de tortura... Antigamente, como bem sabemos, de modo a extrair confissões, expunham os arguidos à privação do sono. Agora, com mil macacos!, querem ver que os obrigam a ficar acordados ao mesmo tempo que lhes passam gravações de prédicas ou colóquios do Dr. Gorge Sampaio!...
Deus lhes acuda!, mesmo para criminosos empedernidos, para facínoras impenites capazes de chacinar progenitores e primogénitos, é desumano!... Desumano é pouco. Escalfúrnio e ogresco, se estimamos o rigor!... E, não obstante, perfeito. Ou melhor, perfeita: a tortura perfeita.
quinta-feira, janeiro 12, 2006
Dragoscopic Nacional-Geográfico
Não percam o espectáculo, caros leitores. É uma ternura!...Afinal, a Mulher-Chato tem um caso amoroso com o Homem-Aranha. E vieram nidificar aqui, nas caixas de comentários do Dragoscópio, que enlevo. Compreende-se agora a excitação inerente ao cio, o escarcéu e a agressividade próprios do ritual de acasalamento. Podemos já antever a bela ninhada de Chatinhos-tecelões que vão engendrar. E poliglotas, meus amigos, que é um regalo de se ouvir!...
Neste momento, a fêmea esmera-se no casulo. Emite uns frenéticos microguinchinhos estimulantes. O pequeno macho octópode, esse, monta sentinela. Entenda-se "monta sentina nela". Quer dizer, urina-lhe em cima. Suponho que a marcar território. É fascinante o mundo dos insectos!...
quarta-feira, janeiro 11, 2006
O Último Tango
Intrigado por um comentário do Musaranho, vesti o escafandro e dei uma volta na bostolândia. A certa altura do percurso, por entre galerias fantasmagóricas de icebergs submersos, deparou-se-me o seguinte resíduo sólido à deriva:
«"A MEC de saias" é a Carla Hilário de Almeida Quevedo.»
Esta descoberta assombrosa, verdade ofuscante só ao alcance de mentes prodigiosas, é da autoria dum tal FMS -Francisco Mendes da Silva, segundo depreendi. Diante disto, que podemos mais fazer senão mergulhar num êxtase inaudito? Cristo a caminhar sobre as águas empalidece. Retira-se vexado e apupado.
Que perspicácia superlativa! Chamar-lhe neo-ovo de Colombo é exíguo. No mínimo, é uma omolete completa - a omolete do Chico da Silva, que a posteridade há-de celebrar e o Guiness Book of Records, a esta hora, pulverizado, já regista. Como é que nunca ninguém tinha ainda reparado numa coisa tão óbvia?
Mas é evidente, pois claro: «A "MEC de saias" é Carla Hilário de Almeida Quevedo», Deus a abençoe. E o Chico da Silva é a "Agustina Bessa Luís de calças". Ou então a "Lídia Jorge em fato macaco". Ou, quem sabe, a "Margarida Rebelo Pinto em samarra e caneleiras alentejanas". Aceitam-se apostas.
«"A MEC de saias" é a Carla Hilário de Almeida Quevedo.»
Esta descoberta assombrosa, verdade ofuscante só ao alcance de mentes prodigiosas, é da autoria dum tal FMS -Francisco Mendes da Silva, segundo depreendi. Diante disto, que podemos mais fazer senão mergulhar num êxtase inaudito? Cristo a caminhar sobre as águas empalidece. Retira-se vexado e apupado.
Que perspicácia superlativa! Chamar-lhe neo-ovo de Colombo é exíguo. No mínimo, é uma omolete completa - a omolete do Chico da Silva, que a posteridade há-de celebrar e o Guiness Book of Records, a esta hora, pulverizado, já regista. Como é que nunca ninguém tinha ainda reparado numa coisa tão óbvia?
Mas é evidente, pois claro: «A "MEC de saias" é Carla Hilário de Almeida Quevedo», Deus a abençoe. E o Chico da Silva é a "Agustina Bessa Luís de calças". Ou então a "Lídia Jorge em fato macaco". Ou, quem sabe, a "Margarida Rebelo Pinto em samarra e caneleiras alentejanas". Aceitam-se apostas.
Em todo o caso, se não é o MEC que deu em drag-queen, então é a Carla Hilário de Almeida Quevedo Cervantes & Góngora que, em delírio george-sandesco, se entrega, feérica, à androgenia. E, nesse caso, taxá-la de "MEC de saias" não lhe presta -nem de perto, nem de longe- a merecida justiça. Às segundas-feiras acordará certamente um "MEC de saias", admito; mas às terças, estou capaz de jurar, despertará, em apoteose, um "Lobo-Antunes de combinação e chinelas"; e às quartas, ninguém duvide, ei-la, radiosa, num "Vasco Graça Moura de corpete e cinto-de-ligas"; e às quintas, podem apostar, desabrocha feita um "Pacheco Pereira de culottes e espartilho"; e às sextas, é garantido, amanhece um "José Rodrigues dos Santos de babydoll" (saliente-se que pode manter o orelhame do MEC, só tem de mudar a língua com donaires camaleónicos); e aos sábados, se Deus quiser, triunfará num "Francisco José Viegas de noiva hebraica e burka, a ensaiar a dança do ventre"; e, finalmente, ao domingo, até ponho as patas no fogo, se não há-de descerrar as pálpebras, já pronta e maquilhada, deslumbrando num "Paulo Coelho travestido de Maga Patalógica em lingerie e fio dental"!...
Nitidamente, este Chico da Silva -aliás, esta "Lídia Jorge em fato macaco"-, subestima o guarda-roupa da senhora Dª Carla Hilário de Almeida de La Vega e Quevedo Cervantes e Góngora Cela. Já não falando nos penteados, joalharias, marroquinarias, perfumes, pinturas, botoques, peelings, leasings, hamsters, etc, etc, gastaríamos aqui, provavelmente debalde, a noite inteira e várias cafeteiras. É preciso não esquecer que a única ditadura que esta gentessete democrática e liberal considera - não só tolerável, como obrigatória - é a da moda.
Quanto ao fenómeno assaz compulsivo -e verdadeiramente totemístico!- de passarem os dias a barrar manteiga uns nos outros, como explicá-lo?
Confesso que me intriga. Assim, de repente, dada a quantidade desarvorada do ingrediante, dir-se-ia que preparam ou um banquete...ou uma orgia.
Ora, estando esta gente nos antípodas duma Última Ceia, resta-nos suspeitar que se trata, muito provavelmente, de um Último Tango.