sábado, fevereiro 28, 2015

Um Parque para a Pureza Racial




«A Jew brought up among Germans may assume German custom, German words. He may be wholly imbued with that German fluid but the nucleus of his spiritual structure will always remain Jewish, because his blood, his body, his physical-racial type are Jewish. ... It is impossible for a man to become assimilated with people whose blood is different from his own. In order to become assimilated, he must change his body, he must become one of them, in blood. ... There can be no assimilation as long as there is no mixed marriage. ... An increase in the number of mixed marriages is the only sure and infallible means for the destruction of nationality as such. ... A preservation of national integrity is impossible except by a preservation of racial purity, and for that purpose we are in need of a territory of our own where our people will constitute the overwhelming majority.»
  - Ze've Jabotinsky


William Kristol, um dos principais propagandistas neo-conas americanos e, por redundância, activo promotor do lobby israelita nos Estados Unidos, faz o seguinte depoimento num dos seus último artigos:



Negritei precisamente os termos que me pareceram assombrosos. Em primeiro lugar, taxar de "nacionalista" um líder dum país democrático, ainda para mais único numa determinada região, é de deixar qualquer um de queixo prostrado... O carimbo "nacionalista", nos dias que correm, vale como ápodo desqualificante e serve como labéu para veicular finos ataques ad hominem de requintado porte e  delicado estilo, como sejam  "fascista", "nazi", "racista", "xenófobo, "poço 'ódio", etc, etc. No entanto, aqui, aposto, não há problema. Por recurso mágico ao estatuto excepcional do empreendimento, trata-se decerto dum nacionalismo com odor a rosas e propriedades altamente benéficas ao espectador. Será, aliás, a única assepção benigna, louvável e aceitável do termo. Não obstante, e mesmo assim, estou um tanto ou quanto chocado.
Depois, no parágrafo, seguinte, o articulista vai ainda mais longe e informa-nos de que tipo de nacionalismo, enquanto ideologia, se trata: Sionismo. 
Ora, do que a experiência me tem mostrado, qualquer pessoa que se refira a este termo é, por regra, crismada de anti-semita. Eu até já começava a suspeitar que o Sionismo, de facto, não existia nem nunca tinha  existido. Pior,  que, como tantos outras fábulas, não passava duma teoria da conspiração. Minto; vou ser sincero: eu já estava praticamente convencido disso. Assim como perfeitamente ciente de que os dois principais delitos que podiam acarretar o processo instantâneo por anti-semitismo eram a) duvidar da existência do holocausto; b) acreditar na existência do sionismo. (Um processo instantâneo, e também único, onde a arguição é simultânea com a condenação - lá está,  a tal omni-excepcionalidade).
E como se não bastassem todos estes fenómenos pasmosos e rarefaccientes, eis que o Kristol vai ainda mais longe que mais longe. Seria possível ir? Seria, pelos vistos. E ele foi. Aponta-nos o nome do estilo de sionismo que o Natateu comunga... o  de Ze'ev Jabotinsky (Não sei porquê, mas este tipo faz-me sempre lembrar o menino boing-boing...)
Então, mas, afinal de contas, o sionismo existe? 

Tem sido um dia carregado de desilusões e revelações decepcionantes.


PS: Para quem deseje instruir-se sobre a génese portentosa da seita neo-conas, tenho por aqui um manual que recomendo. Foi escrito por um apologeta da coisa e intitula-se: "The Neoconservative Revolution - Jewish Intelectuals and the Shaping of Public Policy". Estes tipos sempre foram muito dados a "revoluções". Até conseguem fazer uma revolução da regressão.

A vergonha por antecipação

Ainda a propósito do aforismo de Schopenhauer...
A filosofia dele resumia, em grande parte, a seguinte constatação: com gente e mundo destes não há cá lugar para optimismos.
Ora, para todo aquele que não padeça duma visão estreitamente progressista da história humana, há uma fatalidade inerente: a vergonha por antecipação. Os vindouros hão-de acabar sempre por nos envergonhar.
De resto, a vergonha não constitui desonra para ninguém A falta dela, nomeadamente na cara, é que geralmente acarreta os mais vis e ignomiosos actos.

Coca-Cola Killers

O Método "Delgado", agora na Rússia...

«Não há qualquer dúvidas de que este crime foi minuciosamente planeado, tal como o lugar escolhido para o assassínio", na Ponte de Pedra, mesmo ao lado do Kremlin, adiantou a comissão de investigação em comunicado.

"Tudo indica que a arma usada foi uma pistola Makarov", um revólver utilizado pelas forças policiais e pelo exército russo", prossegue o texto.»

Parte de dois princípios elementares, mas apenas um verificável na realidade: a) que Putin fosse estúpido; b) que a gadeza ocidental engula todo e qualquer tipo de  ração noticieira que a comunicação social lhe despeje na manjedoura. Como brada à evidência (e o futuro próximo vai atestar), apenas o segundo é garantido. Só que como é duplamente garantido, vale por dois. As coisas nem precisam de ser verosímeis: basta que sejam despejadas.

Protáfio

«Na previsão da minha morte, faço esta confissão: que desprezo a nação alemã por causa da sua estupidez infinita e que me envergonho de lhe pertencer.»
- Arthur Schopenhauer

Já dei comigo a experimentar a beleza deste aforismo, para meu uso pessoal, alterando-lhe apenas duas palavras: em vez de "nação alemã", "república portuguesa"... 

sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Alemanha-Grécia





Ao contrário da algazarra saloia e, na maior parte dos casos, desgraçadamente sabuja, que por aí grassa, desde que os gregos elegeram não sei quem para não sei bem o quê, este é um Alemanha-Grécia com efectiva graça. E o que tem graça é sempre mil vezes preferível àquilo que apenas grassa... Como a peste.

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quinta-feira, fevereiro 26, 2015

A Fé, camaradas, a Fé...

«Com a tomada de posse dos meios de produção pela sociedade é eliminada a produção de mercadorias, e com ela a dominação do produto sobre os produtores. A anarquia no interior da produção social é substituída pela organização consciente e planificada. Acaba a luta pela existência individual. Só então o homem, em certo sentido, se separa definitivamente do reino animal, sai de condições animais de existência e entra em  [condições de existência] realmente humanas. O círculo das condições de vida que rodeiam o homem, que até aqui dominava os homens, pela primeira vez os senhores reais e conscientes da natureza, porque, e na medida em que, eles se tornam os senhores da sua própria socialização. As leis do seu próprio agir social, que até aqui os tinham confrontado como leis naturais que lhes eram estranhas e que os dominavam, passam então a ser aplicadas pelos homens com pleno conhecimento de causa, e deste modo dominadas por eles. A própria socialização dos homens, que até aqui os confrontava como se lhes fosse imposta pela natureza e pela história, passam para o controlo dos próprios homens. Só a partir daí é que as causas sociais por eles postas em movimento terão predominantemente, e numa medida sempre crescente, os efeitos também por eles queridos. É o salto da humanidade do reino da necessidade para o reino da liberdade.»
- Friedrich Engels, "Do Socialismo utópico ao Socialismo científico"

Escolhi estre trecho do Engels, porque me parece uma súmula bastante clara e concisa do projecto marxista, na sua fase terminal maravilhosa.
Recapitulando, etapas na Estrada para a liberdade: Socialização dos meios de produção. Donde se seguirá necessariamente, a sociabilização da própria natureza.
Os projectistas não esclareceram alguns detalhes concretos, como sejam, terramotos, tempestades, inundações, e outras catástrofes naturais. Sim, serão classificados de fenómenos reaciomários, mas que forma de punição lhe será atribuída? Já sabemos como se eliminam as mercadorias, mas como se eliminarão os caprichos metereológicos que nos oprimem e perseguem há milénios? A própria Morte, essa desmancha-paraísos, como será superada?
Não sabem? Eu sei. Fé. Fé cega e inabalável na ciência e na tecnologia.

terça-feira, fevereiro 24, 2015

O Estranho caso do Onanista Adúltero



Um leitor não identificado, nem precisa, deixou-me aí abaixo um conjunto de questões pertinentes.
 Vou tentar acudir-lhe na medida do possível.
 Vamos por partes. Diz ele:


«O autor deste texto parece estar tão familiarizado com a teoria marxista, como aqueles a quem começou por lançar um aviso.

 -  Pela boca morre o peixe. Embora possua  escamas, o dragão não pertence à ordem ictiomorfa.

«De facto, as várias questões "essenciais" que colocou revelam, antes de mais, que não compreendeu o essencial do chamado materialismo histórico e dialéctico. Porquê? Porque são questões que só têm sentido se se parte do pressuposto dualista que opõe mente e matéria, teoria e prática, sujeito e objecto, propriedade e trabalho.»


- No mínimo há sempre, não direi oposição, mas contraposição. E (pré)disposição. O próprio Marx teve que tomar como objecto a história, a economia do seu tempo, vários pensamentos antes do seu,  etc. A não ser que tenha agido por revelação divina (ao belo estilo mosaico, hipótese que não afasto liminarmente, as barbas proféticas até o indiciam, mas enfim...). Que ele depois diga que não, que fornicou mas permaneceu virgem, ou que não coisou, foi apenas a realidade a coisar-se na sensibilidade dele, também posso admitir, embora não louvando. Por outro lado, dialéctica significa o quê? Foi buscar a chavão a Hegel que o foi buscar onde? À história (Heraclito,  Platão, Aristóteles, Plotino, essa malta), eventualmente. A dialéctica estava onde na materialidade aos saltos? Nos ventos, nas marés, nos astros, na natureza irrequieta, por aí fora, onde é que se colhia a dialéctica concreta? "Dialéctica", sem querer alongar-me na casuística, é um conceito. Os conceitos, como todos sabemos, provêm da árvore dos Conceitos (a mesma, quiçá, cuja maçã, por dentada imprevidente dum antepassado nosso, causou toda esta confusão). Mas o Hegel, coitado, ainda dizia o "espírito" (em processo épico de auto-conhecimento, parafraseando Plotino); porém o Marx, aproveitando não sei que embalagem, miniaturizou: os homens concretos e históricos, em processo de auto-libertação. As classes acabarão por desaparecer, graças à providência histórico-dialéctica. A esta redução do cosmos hegeliano a uma Liliput  onde o mini-homem é determinado pelo que come e caga, é aquilo que, eventualmente, o caro leitor  (e os marxistas) chamam pomposamente "superação". Ao contrário da superação Nietzschiana que aponta para um indivíduo superior, esta superação à la Marx (menos imune a Kant do que (se) julga) despeja para um colectivo animal que, no fim da revolução proletária, doravante patrão das leis naturais, ascenderá finalmente a humano. Porque é que tudo acontecerá fatalmente assim? Simples: determinismo histórico (e económico). Dialéctica de conveniência, da loja dos trezentos, dirão as más línguas. Qualquer semelhança entre o colectivo de Marx e a espécie para Kant não é pura coincidência. Atavismos germanoides, se calhar...


 «Ora, o fundamental da teoria marxista consiste na superação destas oposições, com raízes históricas, sociais e materiais/económicas, e por isso mesmo se denomina de dialéctica, de histórica e de materialista. O que está em causa na teoria marxista (e antes também em Hegel) é a passagem de uma concepção abstracta do que são os homens para uma concepção concreta, isto é, para uma concepção dinâmica e histórica da realidade e que não se abstrai do contexto sócio-económico em que os homens se fazem, se relacionam e pensam.»

- Já ficou esclarecido atrás. Superação e água benta, cada qual toma a que quer... Falta talvez referir que a "concepção concreta" é sempre "abstracta" na medida em que consiste num conjunto de conceitos, lógicas e pressupostos sobre determinada realidade (seja ela objectiva ou não). E não é porque se diz "já chega de interpretar o mundo, impõe-se agora transformá-lo", que se fica automaticamente mais concreto que qualquer outra teoria ética ou método de acção. Que o cristianismo, por exemplo. Abaixo a metafísica! Morte ao idealismo para-físico!, também não é especialmente concreto. É apenas uma opção de vida. Por exemplo como dizia aquela cantadeira, Ágata ou lá o que era: "sou pimba, mas tenho um mercedes!" Lá está,  a materialidade é que interessa; que se auto-copulem considerações idealistas ou estéticas. Ou como me dizia a mim, como já aqui atrás referi, aquele pato-bravo endinheirado á pressão: "dispenso filosofias". O Marx também dispensou a filosofia toda para trás dele (excepto as peçazinhas de lego que lhe convinham), mas isso não significa, nem obriga (pelo menos, onde não há gulags compelitivos) que a filosofia se dispense de analisar o marxismo. O próprio realismo Aristotélico (ou Tomás de Aquino, passe a redundância; ou uma série de medievais dos quais, se quiser, passo receita) não eram menos concretos que Marx; e o Escoto Erígena dá dez a zero no concretismo do Hegel. E se quer histórias a sério do senhor e do escravo, classe dominante e dominada, então vamos ao mais concreto de todos: Sade. Marx, por conseguinte, em matéria de concreto, inventou a pólvora; ou arrombou uma porta escancarada. Desculpe lá se eu não debito os manuais, mas tenha paciência, além de defeito é feitio.

« Daí a famosa expressão marxista que afirma que "não é a consciência que determina a existência, mas a existência social que determina a consciência".»


- Muito bem referida esta parte. Não estou a ser irónico. Como, ergo cogito. Até porque mais que uma putativa constatação na realidade (que eu lhe desmonto em três tempo), isto elenca todo um programa de viagens. Destino? Vejamos na prática onde conduziu esta imposição da sociedade à consciência: purgas, gulags, hospitais psiquiátricos, etc. Repare, dispensa-se Deus, dispensa-se o espírito e dispensa-se a consciência - a lógica e o desenlace são óbvios. O colectivo concreto, de sentinela contra a abstracção retrógrada, desata a purificar-se dos indivíduos renitentes ao materialismo dialéctico e à história científica, ou seja, desata a dispensar uns quantos homens concretos. (Ah, mas já me esquecia, ainda não são homens: são apenas animais). Por outro lado, e nada despiciendo, esta subordinação da consciência ao colectivo social avançado gerou a fatal nemésis: os fascistas e os nazis sentiram-se não apenas no direito, mas no dever de conduzir os crentes comunistas a parques fechados de idêntica expiação colectiva.


 «Frase esta que revela a tal inversão do idealismo absoluto hegeliano, que, se teve o mérito de mostrar a relatividade ou a historicidade dos pensamentos políticos, religiosos e filosóficos, não estabeleceu qualquer relação entre estes e os modos de produção que os acompanham ao longo do tempo ou história.»

- Não está apurado se Hegel mostrou, inventou ou imaginou a tal "relatividade" dos pensamentos políticos. Sem querer elencar dignos pensadores que se riram dele, apresento apenas o seguinte caso: o facto de haver relatividade entre alguns pensamentos políticos não implica necessariamente que haja em todos. Não é possivel, concretamente, apurar isso na história, porque a história política é uma falsificação da classe dominante, e o rol secular das formas e relações de produção não resiste às objecções de Hume à causalidade. Ou à moral daquela anedota de intuitos pedagógicos: um dia o galo, fazendo fé no seu historial da capoeira, está todo satisfeito que lhe vêm dar de comer e afinal vêm é cortar-lhe o pescoço. Ora, sabemos bem como  entre as relações sociais e as pecuárias muitas vezes medeia um cabelo.

«Portanto, o essencial não está em o proletariado ser "melhor" ou mais "justo" que os capitalistas, pois o ser mais "justo" ou "melhor" quando especificados não deixam de ser conceitos ideológicos indesligáveis de um determinado modo de vida e existência social.»


- Essa objecção não colhe, embora eu perceba o seu ponto. No caso em questão eu coloco as questões que me interessam e que entendo colocar. A investigação é minha (argumento torpe de propriedade, eu sei), e verte sobre a praxis do marxismo. Mais que o pensamento de Marx, a questão que se demandava era a motivação e a persistência da crença nos nossos dias. O caro amigo, acha que a pergunta pelos valores éticos de uma teoria de acção não faz sentido, ou que em Marx não existe. Bem, eu entendo que não só existe, como atravessa todo o cenário. "Proletários de todo o mundo, uni-vos!", não é alucinação minha, pois não? Ou então, há fases de médico e de monstro: de dia o economista-político; à noite o propagandista sectário. Repare ainda na seguinte hipótese construtiva: por um qualquer milagres celeste, de repente todas as pessoas do mundo acordavam transformadas em pequeno-burgueses remediados (o sonho do nosso PCP, em suma)... a teoria Marxista ia para o desemprego. Portanto, existe sim a questão da "superioridade" proletária: porque no processo evolutivo histórico, eles são o estágio mais avançado. São, por assim dizer, a classe em estado interessante, fértil...

« Como mais tarde dirá Nietzsche (sob outro ângulo de análise) o ser bom para o pensamento grego (pré-platónico) identificava-se como o ser belo e forte, com valores aristocráticos, mas com a moral dos escravos cristã passou a identificar-se com a compaixão e o amor, o que revela a tal relatividade dos valores. Ora, no caso da teoria marxista o comunismo é melhor que o capitalismo por uma simples razão: porque, de acordo com a sua teorização da alienação, no comunismo os homens deixam de viver platónicamente em dois mundos, ou seja, dá-se uma identidade entre aquilo que os homens são e a forma com se concebem, e nessa medida deixa de existir oposição entre a praxis e a teoria, o sujeito e o objecto, etc, etc.»

- De Nietsche não percebo nada. Mas por causa dele não gostar nada da relatividade é que se propunha criar uns valores de categoria superior e mais duráveis. Não sei, ouvi dizer. Quanto a esse estado ideal do Fim dos Tempos marxista, sejamos concretos: enquanto não o virmos, em toda a sua pujança na materialidade concreta, não nos poderemos deslumbrar. Nem tão pouco aceitar (como séria) essa tal superioridade (quer dizer, superação) do comunismo sobre o capitalismo (escarro, cuspo e imprecação!). Por enquanto ainda estamos na revolução capitalista, e os marxistas estão poisados no parlamento. Quanto aos freudo-marxistas e outras beldades da escola de Frankfurt, estão ainda na ressaca do maio 68. Aguardemos que acordem. E se no comunismo, como assevera, "o que os homens são coincide com a forma como se concebem", isso significará, suspeito bem, que é banida a imaginação. O que, convenhamos, ultrapassa Platão a todo o galope, pois este só proscrevia os poetas da república. E fico para aqui a matutar como raio se instala num homem concreto um cinto de castidade contra a imaginação...

«Depois convém não esquecer que para Marx o fim da História não consiste num Estado governado por qualquer vanguarda ideológica, até porque isso seria a negação da sua teoria materialista que considera o Estado como uma objectivação dos interesses da classe que detém o poder. Por isso o fim da História só pode ser o fim do Estado, que reflectiria o fim das diferenças entre classes, o fim das oposições ao nivel das relações económicas.»

- Exactamente. É isso mesmo. Não esqueço e corroboro a sua óptima descrição da coisa. Essa é a parte idealista da teoria de Marx. Aquilo que eu taxei no postal de "utopia científica". Sem ofensa.

 «E, nesta medida, a analogia feita entre um formigueiro ou uma colmeia e a sociedade marxista está mal feita, pois naqueles há sempre uma rainha para a qual trabalham as operárias (por assim dizer), o que até é mais parecido com a sociedade medieval ou feudal, constituida por um rei, senhores e servos da gleba.»

- Aqui, o meu caro amigo (como disse um excelente professor meu, em tempos e que saudades!) tresleu. Se voltar a ler com atenção, eu referi que a função do formigueiro (o tal colectivo) é construir o paraíso. E foi isso que constatámos na praxis concreta dos marxistas ao longo da dialéctica histórica dos últimos cento e tal anos. Primeiro, recua-se a formigueiro, que é para tomar balanço para a sociedade parangélica. Depois salta-se em bloco para o éden humano. Parece que não tomaram foi suficente balanço. É claro que a sociedade ideal marxista não é um formigueiro (como me diziam os jovens marxistas  dos meus tempos de jovem anarca - "eh, pá: tu és anarca por princípio, nós só somos lá no fim!). Anarquistas platónicos, enfim. O caso é que o formigueiro (com o rainho - o feminismo é só pra exportação - e nomenklatura) foi apenas uma contingência concreta na história, uma contrariedade, um percalço, por assim dizer. Quanto à sociedade feudal, devo dizer-lhe que a prefiro em relação à capitalista. Como mantenho ainda uma costela anarca, aprecio a boa ordem. Para ter algo contra o qual me rebelar, paradoxalmente. No meio do caos e da balbúrdia, um gajo rebela-se contra quê?  Agora são todos escravos. Já não há senhores. Só escravos:  Uns de outros escravos ainda maiores que eles,  e todos de coisas, nadas e maquinices. E do diabo que preside à metafísica.

«Enfim, o grande erro de análise do autor deste texto consiste em olhar para a teoria marxista como uma teoria que se opõe à prática e que não resulta no terreno, quando o que está subjacente na teoria de Marx é o contrário: a indissociabilidade da existência prática e do pensamento teórico.»


- Grandes erros é comigo. Nada de niquices ou nanufos. Não obstante, desculpar-me-á, mas eu estive sobremaneira  a olhar  para a praxis marxista  e não tanto para a teroria (que referi mais como entrada do que como prato principal). E a teoria - infelizmente, dirá - tem manifestado uma concretização nada recomendável. A praxis tem andado a trair a teoria? Mas se, como o caro amigo nos garante, não há dissociabilidade entre a teoria e a prática, então a teoria ter-se-á andado a trair a si própria? Pode um onanista  praticar adultério?


Deixo-o com mais esta questão essencial. Não leve a mal o tom pouco académico, mas nesta vida, e no estado a que isto chegou, se não levamos a coisa com um certo humor,. ainda nos desaba alguma dialéctica nos costados. 
E nada a obstar à correcção da sua apresentação da teoria. 

Teste de avaliação histórica

Como  referi aqui, ainda há pouco tempo, para Aristóteles é essencial que um bom governante seja um bom homem.
Por exemplo, para um navio pirata, o ideal é que o melhor deles seja o capitão. Só que neste caso, isso traduzir-se-á em que, em termos absolutos, seja o pior de todos para os outros. A mesma coisa em se tratando duma quadrilha de ladrões ou um bando de aassassinos.
Transposto agora para um grupo de cidadãos variados e concretos, a limite, para um país, a coisa é mais complicada: há de tudo entre os governados e não apenas homens bons. Os ladrões gostariam que fosae um super-ladrão; os sabujos, que fosse um super-sabujo; os honestos, que fosse um super-honesto, os corajosos, que fosse um valente, e por aí fora.
Em todo o caso, se pensarmos agora num país como um empreendimento colectivo entre outros rivais (os restantes países, mais e menos potentes), a coisa é indiferente que se reduza a uma nau angélica ou um navio pirata: o melhor de todos os tripulantes para a direcção (o capitão, portanto) será tanto melhor quanto pior parecer aos adversários e rivais. Alguém duvida da imácula deste raciocínio?
Pois bem, então, pela vossa alminha, poisem quaisquer antolhos ideológicos que vos atormentem, e apliquem-no aos governantes que temos tido ao longo da nossa história. Depois contem-me das conclusões a que chegaram. É que a qualidade de quem nos dirige não é tão pacifica e lucidamente avaliável pela nossa opinião quanto é pela dos outros - os estranjeiros que nos cercam..

Agora tenho que ir, que tenho uma série de chatices para resolver hoje.

PS: admito apenas uma objecção à explanação supra: é que o Portugal actual não é composto por um conjunto de cidadãos variados, mas avariados. Até logo. E não se acanhem, que diabo. Digam-me de vossa justiça. Mas sem aprestos nem arreios pouco dignos de bicho homem. Vá lá, vocês conseguem!...

O Cuco de Hegel



Aviso: o postal que se segue é desaconselhável a almas sensíveis ou pessoas que não estejam minimamente familiarizadas com as teorias de Karl Marx e associados.


...//...

Eu chamo-lhe o cuco de Hegel. Deste,  tanto quanto uma inversão (como ele próprio confessa), é um aproveitamento que processa. Isto é, como boa ave oportunista, aproveita a estrutura do ninho do outro para incubadoura da sua própria postura.
Dou um exemplo sintomático (e fixem-no bem, sff): as três fases  do desenvolvimento histórico-económico - 1. Sociedade medieval, 2. Revolução capitalista, 3. Revolução proletária -, só podem ser explicados e justificados através do conceito dialéctico hegeliano - tese-antítese, logo síntese. Marx chama-lhe resolução de contradições, e parte daí para um triunfo necessário e científico do proletariado. Quer dizer, segundo ele, está implícito na própria dinâmica do processo (dialéctico) da economia social que o proletariado acabe por conquistar o poder e culmine a formidável saga com a utilização santa desse poder para transformar os meios de produção sociais em propriedade pública (só descrevê-lo é cansativo, imaginem agora ao vivo!)....
Ora, o primeiro salto - da sociedade feudal para a revolução capitalista, Marx constata, analisa e, de alguma forma, explica. Mas o segundo salto, dado que ao seu tempo ainda não aconteceu, meramente anuncia e profetiza.
Algumas questões. A primeira, e mais premente de todas: porque é que o proletariado é melhor que os capitalistas, ou que a burguesia? A única resposta é, em parte, estritamente quantitativa: os proletários são a maioria, isto é, são mais que os outros. E  no restante, meramente funcional: os proletários são os operários, a força produtiva que alimenta o grande capital. Mas o serem mais, e trabalharem como neo-escravos, faz deles melhores? Porque se não são melhores, uma vez na posse do poder, não farão decerto coisas mais justas. Podem efectivamemnte vingar-se ferozmente das opressões e injustiças, mas a vingança não constitui exactamente um programa que subsista a médio/longo prazo. Uma vez desforrados da classe malvada, os proletários, muito provavelmente, desatam a tirar desforço entre si. 
Segunda questão essencial: Por via do círculo vicioso da "superabundância de meios de produção e de produtos" em tandem com a " superabundancia de operários sem ocupação e sem meios de existência" (que é de facto verificável) a burguesia, segundo Marx, devém culpada da incapacidade de continuar a dirigir as suas próprias forças produtivas sociais. Uma vez que os operários não entram automaticamente em regime de auto-gestão, quem passa então a substituir a burguesia nesse funcionalidade dirigente? A vanguarda esclarecida da classe operária, ou seja, o partido comunista, estipula Marx. Bem, mas quem nos garante que essa vanguarda sucedânea da burguesia vai conduzir a sociedade num sentido de melhoria e de justiça, e não no de uma mera burocracia despótica, autofágica e rasurante? Ou seja, que estatura angélica garantida se encontra instalada na psique desses homens (não posso dizer alma, porque a coisa decorre num puro materialismo transmecânico), de modo a permitir-lhes exercer infalivelmente um tal sacerdócio? São as forças necessárias da Deusa História (o "espírito hegeliano de patas para o ar: a pura materialidade das condições socio-económicas). (Isto é o mesmo que dizer uma "metafísica dos gambosinos", mas não vou por aí)..
A História, para quem não insista em auto-lobotomizar-se, já respondeu copiosamente a estas questões.
Em teoria, e enquanto receita, o Marxismo está completamente desvalidado pela experimentação. A teoria, pura e simplesmente, não resulta no terreno. E tem efeitos secundários terríveis, como sejam agredir aquilo que era suposto curar, e fortalecer aquilo que era suposto combater.
Todavia, embora desvalidado na prática, o Marxismo  continua activo na teoria e animando inúmeros seguidores. Como explicar isto?
1. Mais que mera teoria política e socio-económica, o marxismo tornou-se uma forma de religião - o partido deveio seita. Por conseguinte, a teoria não se processa apenas ao nível da razão: impregnou também a vontade e animou uma "fé". Nesse sentido, alcançou uma certa imunidade à argumentação racional e aos próprios dados da realidade empírica. A força da escatologia marxista é idêntica à de qualquer movimento apocalíptico e apresenta~se ao fanatizado tão sedutor e obsidiante quanto este.
2.Através de Lenine, o marxismo encontrou a sua fórmula operativa e eficiente, ou seja, de simples teoria, transformou-se em modo concreto de luta e conquista do Poder. Lenine, por um lado, tratou de dar corpo à profecia da revolução proletária, colmatando de assalto o terceiro salto histórico; mas, por outro, inaugurou todo um processo demonstrativo de como, na realidade, a luta/conquista de Poder  absorve e usurpa o próprio Exercício do Poder. Quer dizer, a luta pelo poder não se esgota na conquista deste, com o inerente derrube da classe opressora: a luta pelo poder prolonga-se e perpetua-se depois, submetendo ao seu exclusivo interesse, lógica e dinâmica, toda a subsequente administração e governo da sociedade. Como Stalin  patenteou, a luta prossegue depois dentro do próprio partido, de purga em purga, até á ruína final e fatal. São os problemas de qualquer veículo com motor dialéctico (tomar Heraclito sem diluição prévia em Parménides pode causar círculos viciosos e alucinações). Assim, o marxismo deixou de necessitar duma comprovação empírica, porque abdicou de ser uma utopia científica,  ou sequer uma forma benigna de governo, para passar a ser apenas um método de combate político. O instrumento absorveu a finalidade. É daí que decorre, em boa parte, a ausência de qualquer ideia governativa na actual esquerda: a sua ocupação é apenas a luta pelo Poder. O país concreto, as pessoas reais, o futuro, o pssado, não lhes interessa para nada, fora aquilo em que podem ser utilizados enquanto arma de arremesso retórico, político e, a limite, policial.
3. Finalmente, a questão mais séria. O marxismo não surgiu caído do ar. Sem Hegel, e a influência deste na mentalidade da época, nem Marx (nem Darwin, por sinal) disporiam de tão boas facilidades estruturais, é certo. Mas o ambiente apenas ajuda à incubação do motivo, não o corporiza. E o motivo palpitava naquilo que a Revolução capitalista congregara à espera do novo messias: massas de deserdados, migrados dos campos e enxameando de roda das cidades e das indústrias. É por isso que, no conceito optimista da História, de Marx, a revolução capitalista e a ascensão da burguesia, constituem um progresso  em relação à sociedade medieval - porque criam as condições materiais para a emancipação humana da necessidade, na forma do seu protagonista histórico: o proletariado. (Só uma antropologia optimista, a cavalo num desenvolvimento progressista poderiam sustentar aquilo que, de facto, é um paradoxo: a necessidade histórica da libertação humana. Até porque como comprova a experiência, a servidão só em muito poucos acende a vontade de libertação; na grande maioria cria simplesmente o hábito). Não obstante, animado por este novo evangelho industrial, Marx erige-se como clínico diante duma enfermidade monstruosa e, em simultâneo, como parteiro da eclosão forçosa e terminal de todo o processo de desenvolvimento: a revolução proletária. Procedeu às análises, prosseguiu para o diagnóstico e concluiu com a receita terapêutica. Já vimos que esta não resulta; o diagnóstico é muito discutível; as análises, por seu turno, não sendo algumas desprovidas de sentido, valem enquanto radiografia económica, mas não como panaceia política. Todavia, persiste um factor determinante e problemático: é que a enfermidade continua lá e, ultimamente, tem-se até agravado a paroxismos inquietantes. E é este continuar da putativa causa material do Marxismo que propicia a dúvida, o mal-estar e a inquietação. E também a tentação de rever, corrigir ou remendar Marx para ver onde é que ele falhou e de que modo pode colocar-se a navegar de novo. Daí as conjecturas do estilo: eventualmente a dose não terá sido bem subministrada; eventualmente o paciente não estava ainda preparado; eventualmente a doença é mais virulenta e resistente aos antibióticos do que se pensava. O que explica, em parte, o labor estrénuo de algumas colmeias mais devotas. E quando digo colmeias poderia dizer com igual propriedade enxames, carreiros ou exércitos. Porque, na verdade, o marxismo funcionaria na medida em que a humanidade se convertesse numa espécie de formigueiro (e não é por acaso que os partidos comunistas sempre se organizaram à maneira dos insectos colectivos). A tarefa do formigueiro seria construir o paraíso.

O facto é que a revolução proletária, afinal, não constituiu mais que uma peripécia na revolução capitalista. Ajudou a solidificá-la, pela desestruturação e liquidação remanescente da ordem natural, e reforçou a calafetagem de todo o sistema, contribuindo generosamente para a degradação da massa a manada, através de ininterruptas inoculações de materialismo grosseiro, sacralização do trabalho,  idolatria da ração e, nunca será demais sublinhá-lo,  habituação ufana aos arreios, aprestos e antolhos.
Enquanto isso, o que se vem verificando ao longo dos últimos decénios, é que a revolução proletária, de peripécia, foi promovida a forma de cultivo. Funciona agora, em múltiplas variantes, como afluente da revolução capitalista e constitue área de exploração desta. Só que, entretanto, a própria luta pelo poder transformou-se em luta pelo dinheiro. E assim, as várias fórmulas de revolução proletária, manifestam-se sob diversas índoles: podem ser de motivação criminal (os carteis da droga no México, por exemplo), religiosa (o recente Exército Islamico é um exemplo disso), tribal (inúmeros episódios em África ou na Ásia), desportiva (as claques dos grandes clubes), política (revoluções coloridas e primaveras árabes) ou mediática (internet e resdes sociais). Mas todas elas obedecendo a um padrão comum: alcance limitado, interesse mercantil, perpetuação da revolução. Capitalista, bem entendido.
Afinal, parece que foi Trotsky quem triunfou e granjeou ao marxismo o seu corolário lógico.


domingo, fevereiro 22, 2015

A Indireita





A "Direita betinha":
«Hoje, a direita atem-se a meia dúzia de pulgas mentais engendradas pelo scholarship americano, é cosmopolita, anti-Estado, oligárquica, odeia o povo (sobretudo os pobres), é protestante e nada sabe de Portugal. 

Antigamente, e porque era nacionalista - isto é, considerava a Nação o mínimo ético justificador da existência de uma sociedade feita Estado - tinha bem implantada uma ideia de missão no universal. 

Hoje, a direita é internacionalista, servidora do império e abraça a utopia de um mundo uniforme submetido ao mercado e ao modelo dito ocidental. 

Ou seja, no interim de uma geração, a direita passou a adorar tudo o que lastimávamos nos comunistas e nos amanhãs ridentes; pior, passou a procuradora de interesses que são inimigos da sobrevivência da nação portuguesa.»
        - Miguel Castelo Branco

Embora há muito, senão desde sempre, tenha prescindido desta categorização esquerdo/direito op dois, muito propícia à "ordem unida" das ideias, subcrevo no essencial o texto do Miguel , e apenas alteraria o título que, presumo, não é dele...  Porque, em bom rigor, bem mais que betinha, é "analfa-betinha", esta Indireita . A cultura que alardeia, com o foguetório próprio do rural deslumbrado, nunca é algo com mais profundidade que um spray  para dar consistência ao penteado do aleive (que neles passa por ideia). Isto, quando não funciona mesmo, e sobretudo, como uma espécie de desodorizante ideológico. Porque, na essência, não são de direita, dado que são progressistas - os verdadeiros, aliás  (e por perpétua contraposição aos falsos, os da esquerda ultrapassada e démodé) -, pelo que convém mascarar a grossura do fedor animal com as subtilezas do aroma sofisticado. Todavia, se lhe mascara os sovacos, já o mesmo não pode ser dito da caverna bocal, onde aquilo que se vê inibido nas axilas, jorra quintuplicado e nauseabundo em descargas de mau hálito (indício revelador das imundícies onde, por hábito e parque, se refastela).  Tão pouco nos encontramos, doravante, ao nível da mera ideologia: em rigor, trata-se simplesmente de poluição atmosférica hard, embrulhada em vapores de superstição pré-histórica. E anti-civilizacional.
Esta direita de contrafacção, mixórdia tóxica vendida a granel, é uma mistela extraída por síntese cumulativa de todas as aberrações da esquerda com nenhuma das virtudes da direita. E só podia ter sido destilada pelas caves marteleiras e respectivos alambiques grunhos do Além-Atlântico. Contrapõe-se, alarve e parlapatona, a todas as culturas em nome duma suinicultura global.


PS: Aqui há tempos diz-me um destes pato-bravos financeiros, com a arrogância balofa dos cadáveres adiados que investem (a propósito duma referência minha, desfrutadora, a Platão): "Dispenso filosofias!"
-"Sem dúvida. Enuncia com total propriedade: Vossência  Dis-pensa! É evidente que quem estafa a mente a  "Dis-pensar", não possui nem tempo nem disposição para o seu contrário."
Ora, esta Indireita ( Torta de vacuidade malévola,  seria igualmente apropriado) também é perita em dispensar, não apenas a filosofia, mas a inteligência e a justiça em geral.

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

Da Desoposição ao desgoverno



Vivemos um regime político de absoluta disfuncionalidade. A juntar ao desgoverno mais compenetrado, contrapõe-se uma desoposição totalmente acéfala.
Agora dei com eles, os desopositores, a reclamar, barafustar e mandar vir com o actual desgoverno da nacinha, porque este, imaginem só, não se manifesta solidário com o povo grego. Mas não há limite para a estupidez destes gajos? (refiro-me aqui, concretamente, aos desopositários, não confundir com os outros, até porque não era difícil). Pelos vistos não. Então o estafermo do desgoverno não se preocupa, solidariza ou comove sequer com o povo português (bem pelo contrário, tem-lhe um pó que só visto) e havia agora de compadecer-se ou enternecer-se-se com o povo grego?!... Francamente...
Bem, mas, ao menos, ao actual desgoverno reconheça-se a coerência: abomina povos. Não é como esta espécie de esquerda desopositona, que estima muito os povos alheios, mas destesta visceralmente o seu.

Do vexame ao vício




«...Em 18 de Abril de 1928, sendo já presidente da República Carmona e do Conselho Vicente de Freitas, este mandou a Coimbra dois oficiais da guarnição de Viseu para convidar, ou quase obrigar, Salazar a aceitar de novo a pasta das Finanças. Sinel de Cordes não se entendia já com a confusão e o descalabro orçamentais. Pensava-se já, inclusivamente, em recorrer a um empréstimo externo: pedir á Sociedade das Nações em Genebra um empréstimo, mas que esta só aceitava mediante condições vexatórias para a dignidade do País, como era a da fiscalização por funcionários estrangeiros das nossas receitas alfandegárias. Foi só então que Salazar aceitou intervir como médico chamado de urgência junto de um doente grave, conforme já atrás me exprimi...»
 -  Cabral de Moncada

Reparem  como aquela malta era tacanha. Vejam lá bem que consideravam os empréstimos externos mediante condições fiscalizantes como vexatórias para a dignidade do País! E tudo faziam para evitá-los, os pobres de espírito.
Felizmente, essa gente rústica já pertence ao passado.Agora, benza-nos o deus-mercado, manda-se vir uma Troika com o mesmo à vontade (e quiçá, gulodice) de quem está refastelado, à mesa da marisqueira, a mandar vir uma imperial e um pires de tremoços. Em menos de quarenta anos, já despachámos três e a eructação concomitante seguramente preuncia que não vamos ficar por aqui. Aliás, lembro-me bem (e posso desfiar aqui um rol de citações, se alguém duvidar), ainda o último a chamá-la hesitava e zanzava meio atordoado com ratings (e sabe Deus que angústias financeiras) e já toda a oposição em coro reclamava em altos bravos: "manda vir a Troika, pá! Já cá devia estar há meses! Estamos aqui cheios de sede, ó caramelo!... E Austeridade só da estrangeira, pá, nada de mixórdias nacionais!..."
Depois, chegada a dose, na bandeja do garçon, com que expediente e zelo negociaram aquilo! A troika interna e a troika externa... O acordo se não foi instantâneo, andou lá perto. Nada vexatório, por sinal. Porreiro até. A troika externa ditou, a interna assinou - sim, sim, 70 biliões, óptimo pá, onde é que a gente assina? - e os otários do costume que aguentem. Que sirvam à mesa.  Assim é que é democrático, digo, socialista, social-democrático, popular-democrático. Dinheiro para nós, clister económico para eles. Tudo a bem da Santa Finança. E em matéria de esfíncter, o Zé Povinho transforma-se no Homem-Elástico.
Vexame? O vexame é só para simplórios que ainda não descobriram as gratificações do vício. Depois, tal qual a função faz o órgão, o órgão apura a função e ambos, em perfeita sincronia, do vício fazem virtude.

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Teoria da Conspirração


Ainda há bem pouco, um digníssimo comentador deste blogue fazia uma pergunta pertinente e justíssima sobre "que interesse poderia a CIA ter num qualquer assassinato do antanho"... Embora legítima, a questão peca por inapropriada: a CIA, como todos sabemos, não age por interesse: é uma instituição puramente benemérita com fins estritamente caritativos. Ou científicos. Como é agora o caso. Ora atentem nesta notícia:
Se isto tem pernas para andar, então o Putin não conspira apenas contra a paz e a integridade da Ucrânia: conspira contra o aquecimento global, o que, convenhamos, é delito bem mais sério.
Direi mais: Desde Moisés, no antigo Egipto, que não aparecia uma ameaça tão flagrante às estruturas metereológicas do faraó.
Entretanto, folguei de saber que "o professor é um dos vários cientistas em todo o mundo que se esforçam activamente por manipular o clima como forma de combater a mudança climatérica". Por conseguinte, tentam mudar o clima de forma a combaterem a mudança climatérica.  O ideal seria mesmo, se bem estou a ver a coisa, manipularem o clima de modo a poderem combater todos aqueles que conspiram contra a estabilidade climatérica. Que me dizem, leitores: estive bem agora?



A Indignidade é que paga as contas


«Políticos e dirigentes superiores ganham mais do que há três anos»

Por isso é que é preciso que o dinheiro venha, custe o que custar. E se o país é um preguiçoso compulsivo que não consegue cobrir as despesas, então que pague os empréstimos, juros e comissões beneméritas dos abastecedores financeiros. Pague e não bufe. Como lhe compete. O importante é que a nomenklatura instalada (em regime de alterne) não perca poder de compra. Pois não têm eles a missão áspera e desagradável de corporizar, destilar e pastorear toda a nossa vil e apagada indignidade crónica?...

Por isso, não venha agora  o Junker  com o "mea culpa" descabelado de que a "troika pecou contra a dignidade dos cidadãos de Portugal e Grécia"!... Alto aí e pára o baile! Digni quê?! Faz favor de não nos misturar com esses pelintras ociosos dos helénicos tardios. Dignidade não enche barriga e menos ainda a pança avantajada dos nossos guias e respectivas papadas braquiais. Aiás, dignidade não temos, não queremos ter e temos raiva de quem tenha ou algumas vez teve (como alguns desses pacóvios  dos nossos antepassados, a história os varra e o passado os descarregue num qualquer aterro sanitário da memória). Hoje em dia a indignidade -e quanto mais indigna e infame, melhor! - é que dá lucro ou garante carreiras e ascensões aparatosas. A dignidade é prós otários, prós totós. Armar ao digno é bom para candidatos a mortos-de-fome. À Troika só temos que agradecer mais esta bela oportunidade de sermos indignos. E, se deus- Mercado  quiser, em menos de um ano, a pretexto de novo despejo nas urnas, lavraremos mais um belo e rejuvenescido capítulo desta nossa saga da indignidade. É certo e sabido. Nunca falha. Podem até protestar e jactar na véspera os mais sublimes projectos, as mais nobres e beneméritas justiças, enfim, os mais dignos propósitos, mas no dia seguinte o importante e garantido é que prevaleça a indignidade do costume - com todo o sinistro, mas rentoso e suculento, cortejo de baixezas associadas - a traição, a mentira, a sabujice, a corrupção, o nepotismo, a cleptarquia, o desgoverno, a incompetência, o clientelismo, o amiguismo, o contactismo, etc, etc. Enfim, em boa verdade, toda essa panóblia em que, embora parecendo pobres, somos ricos. Uns mecenas!...Uns plutopatões das dúzias!... 
Pecar contra nós, Ó Junker? Tem mas é juízo. Somos alguns humildes, alguns borrabotas, alguns desgraçadinhos? Era bom, era. Tomaras tu ser um dos nossos gestores políticos (públicos ou privados, tanto faz; nem o diabo que os aperfilha, consegue distingui-los)!...

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Os interesses delas


«Lisboa, 10 de Abril de 1965 - Entretanto, pelo país, continua intensa a propaganda norte-americana, junto de militares, de funcionários médios, do clero, da imprensa, e dos meios de informação geral. E muitos socumbem.
(...)
Lisboa, 6 de maio de 1965 - Salazar ficou particularmente irritado com os americanos: com efeito, Williams (o dos sabonetes), disse a Garin que a nossa política em África estava a pôr em perigo a segurança dos Estados unidos. Por outro lado, um americano de alto nível (Salazar não me disse quem) teria afirmado ser necessário modificar a situação interna portuguesa, na metrópole. "Mas não o conseguirão", diz o chefe do governo com ênfase, "mas temos de ter cuidado porque são brutais. Quando rompermos, é porque está perdida a esperança duma solução amigável".
(...)
Lisboa, 21 de Janeiro de 1965 - Poucas vezes, muito poucas vezes - se alguma - vi Salazar tão colérico. Disse-me que os americanos, por pressão junto do Ministério da marinha, haviam conseguido que este não mandasse a Luanda a nova fragata Pereira da Silva para saudar a esquadra brasileira. "Não se podia, não se devia ter tomado tal decisão. Apanhámos uma bofetada, uma humilhação estúpida. O navio é nosso, vai para onde quisermos". Sempre com voz a sibilar, acrescenta: "Agora temos de ser brutais com os Estados Unidos. está a chegar o momento em que temos de rebentar com as relações com os americanos. Estou ansioso por isso. Espero que seja ainda na minha vida".»

- Franco Nogueira, "Um político confessa-se (Diário 1960-1968)


Uma vez em conversa com um coronel britânico, dizia-me ele: "Somos velhos aliados". Contemplei-o friamente, lá do antanho, e respondi-lhe: "Com amigos como vocês, quem é que precisa de inimigos?"... (tradução minha)
E se isto já era e é assim com velhos aliados, imagine-se agora com os novos, ainda por cima descendência bastarda daqueles...
A geopolítica africana, em termos alegóricos, traduz-se numa savana donde desapareceram os leões. A lei agora é imposta pelo super-predador remanescente: as hienas.

terça-feira, fevereiro 17, 2015

Invisible Hand(jobs)



«State Department on Islamic State: We can’t win ‘by killing them’ — need to get them jobs».


Pensei que eles já tivessem emprego - num matadouro ambulante. Mas, afinal parece que é apenas passatempo...hobi remunerado... ATL sazonal, quiçá. Uma coisa precária e transitória, enfim. É só enquanto não lhes arranjam trabalho. Coisa que a proverbial cornucópia americana vai resolver em três tempos.

Vejam lá é se a moda pega e os desempregados avulsos deste mundo, animados com tal êxito, em vez de penarem nas filas dos centros de Emprego, a perderem tempo com formalidades  e preenchimentos improfícuos, não desatam também a degolar a torto e a direito.



PS: Sugiro um emprego infalível e altamente profiláctico para aquela rapaziada do ISIS: baywatchers! Sim, baywatcher...Naqueles atóis paradisíacos onde os franceses costumam fazer testes nucleares. Aposto que com um emprego desses nunca mais vão recair na criminalidade, nem querer outra coisa na vida.


1965

«Lisboa, 27 de Abril - Altas horas, telefona-me e visita-me, em minha casa, o Encarregado de Negócios de Espanha, para tratar de matéria urgente, e grave: Diz: recebera de Madrid um telegrama informando que em território espanhol, entre a fronteira portuguesa e Badajoz, haviam sido encontrados dois cadáveres, sendo um de Humberto Delgado e outro da sua secretária brasileira.
(...)
Mais tarde. Entro quase de roldão na residência da Rua da Imprensa, sem mesmo haver aprazado entrevista. Comunico a Salazar a conversa com o representante espanhol. Embora nem por um triz o desamparassea sua calma, li no seu semblante a estupefacção. E disse em voz baixa: "É uma maçada, vai ser uma maçada. Só nos interessava Delgado enquanto vivo, porque era um instrumento de desprestígio e divisão da oposição". E quase em surdina, em tom ciciado, como se alguém na sala pudesse ouvir, acrescenta: "E, meu caro senhor, esse asssassínio é o tipo de coisa que pode desmantelar um regime."
(...)
Lisboa, 29 de Abril - Desenrola a campanha internacional em torno do caso Delgado. Já são mil versões, e todas contraditórias; e não parece ter-se ainda firmado uma corrente hostil ao governo. Há a maior efervescência no Brasil. Pouco claros o papel e a atitude das autoridades espanholas, que nada nos dizem: e não querem que intervenhamos em nada. O advogado oposicionista Mário Soares tem procuração da viúva do general para se ocupar do caso, e quer ir a Espanha; e isso foi-lhe facilitado. Salazar diz-me que deu ordem para que houvesse a máxima liberdade de notícias sobre o crime. Lavrei um despacho determinando a maior celeridade no encaminhamento para a Justiça de todas as cartas rogatórias de e para as autoridades espanholas ligadas ao caso Delgado, devendo-se-lhe atribuir prioridade sobre todas as demais.»

-  Franco Nogueira, "Um Político confessa-se (Diário 1960-1968)"


Ocorre-me, entretanto, uma questão que nunca me tinha ocorrido antes: como é que os espanhóis identificaram tão rapidamente os restos mortais?...

O Costa e o general das Costas Quentes



Escutei com calejada indiferença a mais recente e peregrina proposta do Costa: baptizar o Aeroporto da Portela com o nome do general Humberto Delgado. Há duas formas solenes de ofender  o passado: pela rasura, ou pela irrisão. Na primeira, celebra-se a ausência; na segunda, a ninharia. Esta última, porém, ainda acaba por ser mais torte e cavilosa que a outra: se o passado serve de pedestal a tais figurinhas, às tantas, mais valia não ter passado, e não admira que se desaviste o futuro. Os abencerragens deste regime nem sequer parecem já a orquestra do Titanic: é mais a festa dos ratos na despensa do paquete, celebrando a retirada súbita e geral dos humanos.
Fora isso, é natural, e até lógico, que os homúnculos admirem os minúsculos. O seu país é a sua espécie; a sua pátria é a sua seita tribal.
Em prol da felicidade da república, permito-me apenas uma modesta sugestão: se é para louvar o homem que se levantou contra o antigo regime, façam ao menos jus, e glória!, ao empreendimento completo: galardoem o seu protagonista , mas não menosprezem os seus apoiantes e patrocinadores. Por conseguinte, em vez da Portela, o aeroporto de Lisboa, que passe a cognominar-se de  "Aeroporto general Coca-Cola". Que era como os comunistas, eles sim, arreigados e compenetrados opositores ao governo da nação, chamavam ao general destemido. Parece que regressou assim, intrépido, depois da estadia de 5 anos nos Estados Unidos, a fazer não sei bem o quê na Nato. Eventualmente, perdeu por lá o medo, nas Américas. Perdeu, alugou...ou investiu, se nos quisermos reportar aos valores actuais. Ou dito doutra forma,  foi para lá cheio de medo e voltou de lá com as costas quentes.
De resto, pouco mais há a dizer ou recordar. A ideia que presidia à saga de 1958 do general Coca-Cola era converter isto numa república das bananas (prós américas, latinos é tudo a mesma gente). A tentativa, coitada, falhou. O nosso paladar ainda não estava devidamente predisposto -quer dizer, educado - à xaroposa beberagem. Só 16 anos depois, com vodka à mistura, é que a malta lá fez menos caretas... Melhor, não só achou o cocktail tragável, como desbordante de propriedades medicinais e, a pretexto de terapia urgente, entrou em regime de piela crónica.
Por isso, nada de inibições. Avante, micróbios! Ponham lá Aeroporto General Coca-Cola, na capital da Républica das Bananas, metrópole do Império dos Gambosinos, que, com os vapores etílicos que a malta ainda carrega, ninguém nota. Nem, tão pouco, se importa.

domingo, fevereiro 15, 2015

Adivinhem quem...

Então, adivinhem lá, ó leitores, que autor (eventualmente liberal?) escreveu o trecho que se segue:


«Como a dívida pública se apoia sobre o rendimento público, que deve fazer face a todos os pagamentos a efectuar durante o ano, o sistema moderno de impostos tornou-se o complemento forçado do sistema de empréstimos nacionais. Os empréstimos permitem ao governo cobrir as despesas extraordinárias sem que o contribuinte disso se ressinta imediatamente; mas exigem depois um aumento de impostos. Por outro lado, o aumento dos impostos, provocado pela acumulação das dívidas contraídas sucessivamente, força o governo, cada vez que se apresentam novas despesas extraordinárias, a fazer novos empréstimos. O regime fiscal moderno, de que os impostos sobre objectos de primeira necessidade (e por consequência o encarecimento destes) constituem a base, contém em si portanto o germe duma progressão automática. O aumento de impostos não é um incidente do fisco, mas o seu princípio.»


PS: Tenho andado a reler a obra, para futuras demolições, pelo que achei imensa piada a certas partes. Como essa em epígrafe.

Crowdsourcing ou Crowdmilking, eis a solução



Stop the press!!...

Detalhes mais circunstanciados do financiamento ao neo-nazismo kosher...

Aquando da anexação da Crimeia, o bravo Kolomoisky (que certamente preencherá as volúpias do nosso troll), aproveitou para subtrair  o dinheiro que os clientes tinham depositado no seu Privatbank, de modo a poder investi-lo convenientemente no tal financiamento de batalhões privados. Que entre esse montante estivessem $3,157 da Jewish Ner Tamid association, azar o deles. Podem sempre animar-se que foi por uma obscura causa. 

Pronto, está esclarecido: o tipo não investe o dinheiro dele, investe o dinheiro dos outros. E, que diabo, faz todo o sentido: se o Estado pode delapidar o dinheiro dos contribuintes, porque não há-de um banqueiro poder esbanjar o dinheiro dos depositantes?...

Dir-me-ão, os menos generosos, "ah, Dragão, mas foi involuntário, contra a vontade dos depositantes, e coiso e tal"... Ora, essa objecção não colhe. Afinal o sionismo é uma nova espécie de absolutismo solipsista. Qualquer figurão da nomenklatura reinante assume: os judeus somos Nós (o "Nós é a sua forma de Eu majestático, claro está). Por conseguinte, tratam de agir em conformidade. 
Já agora, um perfil geral do nosso herói, paladino da Democracia para o Leste e baluarte neo-nazi kosher, digo sionista, da Ucrânia:
«The oil and banking tycoon, who has long controlled a private quasi-military army to enforce his dodgy deals and reportedly has a tank of sharks in his private office, is well known for his tough approach to business. During the early 2000s, Kolomoisky and Gennadiy Bogolyuov, his business partner and co-founder of PrivatBank, gained a reputation as corporate bandits for orchestrating a series of hostile takeovers, earning them the nickname "The Raiders." At least some of these schemes were physically enforced. In one instance, according to Forbes, hired rowdies wielding baseball bats, iron bars, chainsaws, and rubber bullet pistols helped the oligarch duo forcibly take ownership of a steel plant. Other underhand tactics reportedly used by the pair include phoney court orders, bribing the judiciary and using strong-arm tactics to replace board directors.
(...)
Another source of political influence for the banking tycoon has come from his investment in media outlets, including the influential 1+1 Media Group, which controls eight Ukrainian television channels and has an 11 percent in-country market share.»

Última curiosidade:
O Kolomoisky também é proprietário da vários aeroportos. Sim, também daquele que fazia o seguimento daquele avião da Malasian Airlines que foi abatido em circunstãncias misteriosas (e que era suposto servir para incriminar os Rebeldes e sujar os Russos).

sábado, fevereiro 14, 2015

Os Mal Mortos (rep)

                                                          (Dresden, 14 de Fevereiro de 1945)


Os mortos não-obra de anglo-saxónicos – da inquisição, dos comunistas, dos nazis, do Vlad, o Empalador, dos Hunos, dos Mongóis, dos Sérvios, etc – não param de aumentar. Mesmo depois de mortos, a cada novo estudo, monografia ou revisão, duplicam, pululam, multiplicam-se a olhos vistos. O que começa por ser um milhão, dez anos depois já ascende a cinco ou seis. Inesperadas valas comuns, apurados registos tétricos, recentes prospecções necrolíferas irrompem a cada esquina e ampliam a macabra colheita.
Em contrapartida, os mortos por via das forças civilizadoras, liberalizantes, democratizantes dos anglo-saxónicos, do Império Britânico ao Americano, passe a redundância, diminuem a uma velocidade ainda maior. Se em 1950, os civis alemães exterminados em Dresden com bombas de fósforo orçavam pelos 200.000, a contagem mais recente, na viragem do milénio já só recenseava 25.000 cabeças. Dez vezes menos. E quem diz Dresden, diz Hiroshima, Indonésia, América Latina e outras limpezas que tais . Dir-se-ia que depois de desaparecerem da face do planeta, refundem-se agora da face das estatísticas.
Somos compelidos a extrair uma conclusão lógica disto tudo: há mortos que, na verdade, não estão bem mortos, uma vez que se reproduzem. E há outros que ainda menos mortos estão, uma vez que se escafedem para parte incerta. Andarão a monte? Certo é que ressuscitam às centenas a cada ano que passa.
No entretanto, alegremo-nos: afinal, parece que há mesmo vida para lá da morte.

O Circo mediático da Ucrânia




A propósito ainda da Ucrânia, uma panorâmica sucinta de quem se encontra actualmente proprietário dos órgãos de comunicação social lá do sítio...
"First National Television Channel UT-1" is owned by the president of the Social Democratic Party, led and dominated by chief of staff Viktor Medvedchuk.• "Inter TV" and "Studio 1+1 TV" have been Ukrainian national broadcasters since 1996, they are available in English, Ukrainian and Russian languages. They are owned by Viktor Medvedchuk and Gregory Surkis.
"Alternativa TV", "TET Broadcasting Company", and "UNIAN (Ukrainian Independent Information & News Agency)" are also owned by Viktor Medvedchuk and Gregory Surkis.
"STB TV" and "ICTV" are owned by the Viktor Pinchuk, the wealthiest man in Ukraine, with an estimated net worth of $3 billion.
"Novyi Kanal (New Channel) TV" is owned by Viktor Pinchuk with a group of Jewish oligarchs from Russia called "Alpha Group."


• Jed Sandes, an American citizen and a Jew, publishes Korrespondent and Kiev-Post.
• Gregory Surkis publishes Kievskie Vedomosti and the weekly 2000.
• Jew Dmitro Gordon publishes Bulvar.
• Viktor Pinchuk publishes Facts and Commentaries.
• The Donetsk Group (Jewish-Russian oligarchs) publishes Segondnya.

      Outras notas interessantes:
         90% da banca ucraniana é controlada por imaginem quem.
          Dos cerca de 400 deputados do parlamento ucraniano, entre 136 a 158 são imaginem o quê.
          Os tais imaginários constituem 0.2% da população ucraniana.






sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Freak Show




Confirma-se que o modus subsistendi dos "batalhões das milícias ucranianas" é muito semelhante ao do ISIS (vulgo Exército islamico). Na Newsweek:

Até aqui já tínhamos visto. Faltavam nomes para esses "private investors" (ou flibusteiros da Finança). Mas eis que começam a emergir:


Não especifica se é morto ou vivo, o "saboteur"; ou se o mero escalpe também conta para efeitos de recompensa. Mas quem é este Ihor Kolomoyskyi, cacique deste novo Faroeste e generoso  mecenas desta rapaziada neo-nazi em revivalismo mixuruca das Einsatzgruppen?

«In 2008, at the Third convention of the OEOU, major entrepreneur, one of the wealthiest people in Ukraine, Igor Kolomoyski was elected its president. He had earlier exhibited no great activity in Jewish public life on a pan-Ukrainian level, but was known for his financial support of the Jewish community of Dnepropetrovsk. In October 2010, Mr. Kolomoysky was elected President of the European Council of Jewish Communities»
(retirado do link: http://eajc.org/page208)

Começa a perceber-se como foi financiado o golpe do ano passado.....

Rumoreja-se também por aí que a operação está a ser paga, em larga medida, com dólares falsos, forjados a high-level, nos USA. Faz sentido. Não estava a ver o Kolomoyski a torrar o seu rico dinheirinho em reles empregados de limpeza.

Em resumo: andam sempre a meter o nariz na porcaria, e depois admiram-se e ofendem-se todos que lhes chamem pencudos. É o que dá suavizar-se com quem não merece.




PS: Agora repare-se: o pseudo-presidente daquela coisa assina um qualquer acordo de paz, cessar-fogo, ou lá o que fôr. Isso, se tanto, obriga as tropas públicas. E as privadas? Parar a guerra é equivalente a desemprego. O patrão nem precisa de dizer nada ou sequer insistir muito: eles tratam de defender, com unha e dentes, o seu ganha pão (e bolos). Não vão agora permitir que o anquilosamento estatal, mais uma vez, coarcte o dinamismo da iniciativa privada
...

PS": E entretanto, se a coisa começar a dar para o torto, não há problema: o Kolomoyski, como tem a bela da dupla nacionalidade, faz como estes dois, e foge para o abrigadouro de emergência.  Pois parece que agora, como reza o articulista, "Israel has become the destination of choice for fugitive oligarchs.  If you know the right people, you can get whatever you need there.  So the nation founded as a haven for Jews in distress, as a place destined for the Ingathering of Exiles, has become a beacon of criminality to the world’s filthy rich." Mas o mais provável é tudo correr bem. Detona-se a guerra mundial e depois é só esperar pelo rescaldo dos escombros.


(PS2: Voz nos altifalantes: "Troll à cabine de som! Troll à cabine!...")