Então, adivinhem lá, ó leitores, que autor (eventualmente liberal?) escreveu o trecho que se segue:
«Como a dívida pública se apoia sobre o rendimento público, que deve fazer face a todos os pagamentos a efectuar durante o ano, o sistema moderno de impostos tornou-se o complemento forçado do sistema de empréstimos nacionais. Os empréstimos permitem ao governo cobrir as despesas extraordinárias sem que o contribuinte disso se ressinta imediatamente; mas exigem depois um aumento de impostos. Por outro lado, o aumento dos impostos, provocado pela acumulação das dívidas contraídas sucessivamente, força o governo, cada vez que se apresentam novas despesas extraordinárias, a fazer novos empréstimos. O regime fiscal moderno, de que os impostos sobre objectos de primeira necessidade (e por consequência o encarecimento destes) constituem a base, contém em si portanto o germe duma progressão automática. O aumento de impostos não é um incidente do fisco, mas o seu princípio.»
PS: Tenho andado a reler a obra, para futuras demolições, pelo que achei imensa piada a certas partes. Como essa em epígrafe.
Hoje em dia com os googles qualquer nabo estraga uma adivinha: https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/cap24/cap06.htm
ResponderEliminarAcho graça que o autor sabia escrever, e o tradutor anotar: "Tantae molis erat" (era tão difícil): expressão de Virgílio na Eneida, Livro I, verso 33.
Eu gosto muito da página (de outra obra) onde vem a frase "all that is solid melts into air", que aliás anda quase tão pilhada pelos bifes como a KJV e Shakespeare.
Aquele povo sempre produziu bons poetas. É pena o uso.
Pois é, o Google estraga o suspense todo à coisa.
ResponderEliminarEfectivamente é o Hirsuto Marx. E o mais curioso é que, quase aposto que a maior parte da malta que se diz de esquerda nunca leu aquilo. A não ser na forma de vulgata fast evengélica, ou debitado em missa, bem entendido.
Já eu tenho esta mania desde pequenino: quando não gosto duma coisa, tenho que perceber bem porquê...
E julgo que até será o primeiro autor de ficção...científica.
:O)))
eehehhe
ResponderEliminarEle escrevia muito bem.
No outro dia, na Sá da Costa em Lisboa, agora transformada em grande alfarrabista com preços caríssimos ( uma antologia do humor português, de Fernando Ribeiro de Melo, por exemplo, custa cerca de 150 euros ou 140 ou 160, não fixei bem...) descobri um manual do salazarista Soares Martinez sobre economia política. Tem um capítulo sobre impostos e outro sobre juros em que dá uma visão história do assunto, precisamente desde Aristóteles.
ResponderEliminarMuito instrutivo e que serve para concluir que "não há alternativa" ao que temos depois de tomarmos o caminho que tomamos em 1974: o socialismo buerguês, sem meios para tal, como os nórdicos têm...
Aumento de impostos não quer necessariamente dizer aumento de taxas de imposto.
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Se, por exemplo, o estado se endividar para investir e se esse investimento produzir menos despesa (nuclear, pipelines etc) as taxas de imposto podem baixar no futuro. Ou se o estado se endividar para emprestar a massa às empresa (planos de fomento, plano marshal etc) as txas de imposto tb devem baixar no futuro. Se, por outro lado, o estado contrai divida para não investimentos, o mais certo é subir taxas de impostos no futuro.
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O socialismo reside na ultima hipótese. o capitalusmo keynesiano na primeirs.
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Mas como a propaganda fez parecer q a primeira é coisa socialista, anda a europa a lutar contra fantasmas com elevada persistencia... e elevado erro. Erro esse induzido pelo libertaniarismo austríaco q parece fazer escola nas liderancas europeias actuais.
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Rb
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"o estado se endividar para investir e se esse investimento produzir menos despesa (nuclear, pipelines etc) as taxas de imposto podem baixar no futuro"
ResponderEliminarO Estado se endividar para investir? E quem paga essa dívida?
E como é que se rentabiliza tal investimennto?
Já tivemos disso nos anos a seguir ao 25/IV...e deu em três bancarrotas.
Quem paga?
ResponderEliminarLucros
Como se rentabiliza?
Vendendo.
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Imagine q o estado investe na explorcao de gas ou até numa central nuclear. imagine q em vez de gastar o estsdo constroi um pipeline para o magrebe. Imagine q, em de esperar decadas, o estado investe nas linhas electricas q nos ligam à europa.
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Já imaginou?
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Pois agora imagine que vende tudo isso a privados ao fim de uns 10 ou 20 anos.
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Imagine os impostos q essas actividades geram de novo, sem agravar taxas.
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Imagine q esses negocios reduzem as importacoes de energia.
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Já imaginou?
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Pois bem, é exactamente o q não se fez depois do 25 de abril.
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Rb
Se é uma questão semântica, pois chame-lhe plano de fomento 3. Fundos direcionados para a energia, industrias e agricultura. Sempre na lógica do empréstimo a privados. Nunca a fundo perdido.
ResponderEliminar.
Chame-lhe o q quiser, mas se o estado se constituir fiador desse fundo, talvez pudéssemos sair deste marasmo económico que nem FIDE nem sai de cima.
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Mas agora é mui moderno os clichês e chavões. E nesta linha os estados não podem. Não podem nada. Só podem gastar em inutilidades e imbecilidafes. De preferência comprar a quem nos empresta.
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Rb
Rb
Uma cambada de otários é o que é.
ResponderEliminar.
Até os fundos comunitários vieram de forma a obrigar o estado e as empresas a gastar em desnecessariadades. Precisamente para secar os dinheiros do estado (no co-financiamento) para coisas úteis e desvia-lo para produtos que outros fabricam.
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Podem construir TGV's, pontes, estradas, aeroportos, submarinos etc e só pagam 20% em co-financiamento. Mas têm de se comprometer a liquidar as pescas, a agricultura e, mais do que tudo, têm de se comprometer a suspentder os pipelines para o gas do magrebe. Isso é que não. O gas vem do leste e tem de passar na alemanha que o distribui para toda a europa atraves da Basf e da Gasprom e de uma empresa holandesa cujo nome me escapa.
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Rb
Mas é espantoso como conseguem através da dialética tribal esquerda-direita, colocar o pessoal a pensar como eles querem que pensem.
ResponderEliminar.
Pense como um credor ou como um banqueiro.
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O que é que diz a um devedor?
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Epá corte na despesa. Toda. A de investimento também. Quero lá saber. Corte. O que nós queremos é que lhe sobre dinheiro para nos pagar o que deve. Se os cortes lhe fazem mal ou bem não interessa. O que interessa é desbasta-lo o suficiente para assegurar que recebemos.
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Os gringos pensam de forma diferente. Bem melhor, por sinal. Nessa lógica pensam que a melhor forma de o devedor lhe pagar o que deve é melhorar-lhe a actividade. Em vez de o por a pao e agua, leva-o a produzir mais e melhor. É a lógica anglo-saxonica que se pode ver até nas outras áreas em contraposição com a lógica germanica com a ideia de punição e soberba.
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Precisamente, o plano Marshal que deu massas valentes a vários paises da europa para melhorar a actividade e com ela poder melhorar tambem a vida do credor.
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Isso vê-se claramente na postura dos bancos da europa e dos EUA. Na europa dão um chouriço se vc lhes der um porco. Só consegue financiamento a medio-longo prazo se puder dar garantias reais. Se as apresentar e o projecto for mau os bancos estao-se a cagar porque estao cobertos por garantias. Nos EUA não é assim. Investem no negócio e correm riscos com ele. Por isso é que tem bem desenvolvido as sociedades de Capital de Risco.
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Rb
"Quem paga?
ResponderEliminarLucros
Como se rentabiliza?
Vendendo."
Está mais que comprovado que o Estado é um péssimo gestor e que geralmente, em Portugal, os gestores do Estado são de fraquíssima qualidade porque quase sempre carecem de cartão partidário para o serem.
Sucedeu na década de 70, 80, 90 e actualmente continua tudo como dantes.
Mexias, Bavas e quejandos Granadeiros, só para falar dos últimos?
Ainda não se apredeu isto que é básico e continua-se a acreditar no pai natal?
Fico por aqui porque esta discussão será estéril...
Por muitos mestres-em-economia que existam por aí... quem paga não deixar de ter uma palavra a dizer!!!
ResponderEliminar.
Ora, de facto, foram mestres anti-austeridade [com o silêncio cúmplice de (muitos outros) mestres/elite-em-economia] que enfiaram ao contribuinte autoestradas 'olha lá vem um', estádios de futebol vazios, nacionalização do BPN, etc, etc, etc...
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-» Votar em políticos não é (não pode ser) passar um cheque em branco... isto é, ou seja, os políticos e os lobbys pró-despesa/endividamento poderão discutir à vontade a utilização de dinheiros públicos... só que depois... a 'coisa' terá que passar pelo crivo de quem paga (vulgo contribuinte).
---> Leia-se: deve existir o DIREITO AO VETO de quem paga!!!
[ver blog 'fim-da-cidadania-infantil']
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P.S.
Uma opinião um tanto ou quanto semelhante à minha:
Banalidades - jornal Correio da Manhã:
- o presidente da TAP disse: "caímos numa situação que é o acompanhar do dia a dia da operação e reportar qualquer coisinha que aconteça".
- comentário do Banalidades: "é pena que, por exemplo, não tenha acontecido o mesmo no BES".
Fique-se por onde quiser ficar. Mas não percebeu um corno do q lhe disse.
ResponderEliminar.
Rb
"Isso vê-se claramente na postura dos bancos da europa e dos EUA. Na europa dão um chouriço se vc lhes der um porco. Só consegue financiamento a medio-longo prazo se puder dar garantias reais. "
ResponderEliminarOlhe: como vc foi agressivo apenas lhe digo isto: V. percebe tanto disto como eu de porcas prenhas. E ainda por cima julga que percebe.
Para lhe dizer que no caso BPN e e BES nada disso se aplica. Como não aocnteceu na CGD gerida pelo PS ou o BDP assaltado pelo 44 e quadrilha.
Percebe?
BCP queria dizer, mas BDP também serve...o do tempo do palerma Constâncio, outro que se julga um supra sumo e não passa de um imbecil metido em todas as bancarrotas que nos afectaram.
ResponderEliminarCaro José,
ResponderEliminarO Sr. Ricciardi é um crente, não há hipótese de fazer ver factos a um crente.
cumps
Rui Silva