Escutei com calejada indiferença a mais recente e peregrina proposta do Costa: baptizar o Aeroporto da Portela com o nome do general Humberto Delgado. Há duas formas solenes de ofender o passado: pela rasura, ou pela irrisão. Na primeira, celebra-se a ausência; na segunda, a ninharia. Esta última, porém, ainda acaba por ser mais torte e cavilosa que a outra: se o passado serve de pedestal a tais figurinhas, às tantas, mais valia não ter passado, e não admira que se desaviste o futuro. Os abencerragens deste regime nem sequer parecem já a orquestra do Titanic: é mais a festa dos ratos na despensa do paquete, celebrando a retirada súbita e geral dos humanos.
Fora isso, é natural, e até lógico, que os homúnculos admirem os minúsculos. O seu país é a sua espécie; a sua pátria é a sua seita tribal.
Em prol da felicidade da república, permito-me apenas uma modesta sugestão: se é para louvar o homem que se levantou contra o antigo regime, façam ao menos jus, e glória!, ao empreendimento completo: galardoem o seu protagonista , mas não menosprezem os seus apoiantes e patrocinadores. Por conseguinte, em vez da Portela, o aeroporto de Lisboa, que passe a cognominar-se de "Aeroporto general Coca-Cola". Que era como os comunistas, eles sim, arreigados e compenetrados opositores ao governo da nação, chamavam ao general destemido. Parece que regressou assim, intrépido, depois da estadia de 5 anos nos Estados Unidos, a fazer não sei bem o quê na Nato. Eventualmente, perdeu por lá o medo, nas Américas. Perdeu, alugou...ou investiu, se nos quisermos reportar aos valores actuais. Ou dito doutra forma, foi para lá cheio de medo e voltou de lá com as costas quentes.
De resto, pouco mais há a dizer ou recordar. A ideia que presidia à saga de 1958 do general Coca-Cola era converter isto numa república das bananas (prós américas, latinos é tudo a mesma gente). A tentativa, coitada, falhou. O nosso paladar ainda não estava devidamente predisposto -quer dizer, educado - à xaroposa beberagem. Só 16 anos depois, com vodka à mistura, é que a malta lá fez menos caretas... Melhor, não só achou o cocktail tragável, como desbordante de propriedades medicinais e, a pretexto de terapia urgente, entrou em regime de piela crónica.
Por isso, nada de inibições. Avante, micróbios! Ponham lá Aeroporto General Coca-Cola, na capital da Républica das Bananas, metrópole do Império dos Gambosinos, que, com os vapores etílicos que a malta ainda carrega, ninguém nota. Nem, tão pouco, se importa.
Ahahaha!
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Quem se mete com o peiésse.. leva, afirmam alguns. Quem se metia com o sr doutor... apanhava.
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Obviamente que demitir o sr doutor era aspiracao de crianças. Não sei como é q o general sem medo embarcou nesse conto. Foi um bocado estúpido. Infantil. Ninguém demitia o sr doutor. Só Deus teve poder suficiente para o derrubar cadeira abaixo. De outro modo a legião de anjos (caídos) do senhor doutor nunca permitiriam uma coisa dessas.
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Humberto está para portugal salazarento como savimbi esteve para angola eduardense. A oposicao tem sentido se for eliminada.
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Portanto, a bem da nação, o aeroporto devia ter outro nome. Americo tomas. Na linha de como se irá chamar o novo aeroporto de Luanda, José Eduardo.
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Alguem imagina q possam dar o nome de savimbi ao aeroporto?
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Claro q nao. Quem se mete com o regime... leva ou apanha.
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Rb
Na verdade um gajo não sabe se Salazar deu ordens para assassinar o general.
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Muita coisa podia ter acontecido, apesar de um dos envolvidos (ler texto acima do expresso), confessar que sim. Que foi um assassinado premeditado e bem organizado. Na volta zangaram-se em badajoz por causa de um jogo entre o sporting e o benfica que ia decorrer nesse fim de semana e um dos gajos que por acaso eram da pide sacou da pistola e disse-lhe: 'repete lá que o benfica vai perder meu cabrão'. E o general, sem medo, repetiu.
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No entanto, a secretária ao ver aquilo começou a gritar eu sou do puarto eu sou do puarto. Pior ainda. O assassino do benfica guarda o revolver, indiferente a esse clube satélite (na altura, agora é o maior, o glorioso) mas o outro elemento da pide que era do sporting e tinha perdido com o puorto na semana que tinha passsado avança para a rapariga e diz-lhe: 'oh repete lá isso minha cabra'? e ela, inocentemente, repetiu, não sem antes dizer, mas tambem gosto muito do guarda redes do sporting. O homem do benfica que já tinha guardado a pistola volta e diz: 'ai és amiga do guarda redes? então defende lá este balázio.
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Anyway, portanto, não se sabe bem se foi Salazar a dar a ordem de assassinato, mas seguindo o método da prova indirecta do josé da porta da loja, ele há indirectamente provas suficientes para o ter metido na choldra. É o tal senso comum. E se assim fosse, morreria na mesma imaculamdamente pobrezinho...
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Rb
Por acaso, no texto do expresso nenhum dos envolvidos "confessa que sim".
ResponderEliminarRosa Casaco rejeita liminarmente qualquer conhecimento por parte do Presidente do Conselho, e afirma que este rejeitaria sem mais qualquer operação do género. Exactamente o que diz Silvino Marques. Exactamente o que fez Salazar quando se levantou a questão de assassinar Holden Roberto, pelo qual, aliás, ninguém choraria.
Silva Pais refere um conhecimento tácito, e apenas de uma missão de captura para ser trazido à justiça.
Os únicos que "não duvidam" que Salazar sabia são aqueles cuja certeza lhes rende o sustento através dos livros em que espalmam, atabalhoada.
Assim, se certas mentes rasteiras acham que podem condenar o Presidente do Conselho, ou mesmo o Estado, ou mesmo o regime, pela morte de Humberto Delgado, é necessário que encontrem primeiro que tudo, um motivo:
ResponderEliminarOra, sabe-se que o general estava gravemente doente. Estado que se teria agravado no decurso de uma visita à Checoslováquia para "tratamento" e onde tiveram que ir buscá-lo.
Sabe-se que a oposição se encontrava dividida e que o general tinha muitos e poderosos inimigos.
Sabe-se que o general, politicamente, não era ameaça para o regime. Não menos por advogar meios violentos de oposição, que nunca colheriam na generalidade da população.
Portanto, mesmo que tivessem sido afastados todos os escrúpulos de ordem moral, o que dificilmente aconteceria, o regime nada ganhava em matar ou mandar matar Delgado. Antes pelo contrário, era evidente que seria o principal suspeito e que tudo se faria e diria para usar essa suspeita politicamente.
É risível que, ao menos, um homem com a prudência e tacto político de Salazar embarcasse ingenuamente num projecto que, na melhor das hipóteses, pouca ou nenhuma vantagem traria ao Estado.
Logo, não só não havia motivo que levasse o regime a matar Delgado, havia todas as razões do mundo para o não fazer.
A prova indirecta, neste caso, em relação a Salazar nem justifica acusação.
ResponderEliminarJá em relação ao menino de oiro de algumas minhocas que, por igualmente rastejantes, se cuidam serpentes, não é o motivo do crime que é preciso desencantar: esse é claro, evidente, prosaico e tão velho quanto o mundo. Traduz-se em Mercedes, apartamentos e férias de luxo.
O que era preciso desencantar é uma amizade assim, nos termos e nas circunstâncias. Uma só. Era quanto bastava. Só que amizades dessas... não há.
Muja, desculpa lá oh meu, mas tu és do benfica. És parte interessada no caso... por osmose.
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Se fosses dizer que Salazar era o mandante sem avançar provas concretas e factuais eu dizia que eras maluquinho.
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Que foi a pide, não há dúvida. Se foi a mando de Salazar, pois, aí não sabemos. Podemos apenas imaginar, conjecturar, crer enfim, que um líder como Salazar não permitiria o assassinado de um opositor politico pela sua própria policia sem que ele tivesse a última palavra.
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Mas pode não ser assim. Há tantas variações e motivações possíveis para o crime que só mesmo tendo dado a possibilidade ao Salazar de ir a um julgamento imparcial e defender-se de putativas indiciações criminosas poderiamos ter a certeza da sua culpabilidade ou inocência.
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Rb
«Traduz-se em Mercedes, apartamentos e férias de luxo.»
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Pois talvez seja assim. Não digo que não. Ver-se-à no futuro se os indicios correspondem com as provas a apresentar e se há justificação para elas ou não.
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Mas no campo da incerteza, para aferir entre dois criminosos, eu diria que é preferivel um governante com mercedes na mão do que outro com esta manchada de sangue. Isto no caso de ambos serem culpados. Se bem que a culpa e respectiva penalização, por questões práticas, só poderá ser imputada a quem está vivo.
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Rb
Quem tiver um pingo de inteligência e for isento na análise à figura de Salazar facilmente concluí que Salazar, com o seu nível elevado de erudição jamais seria capaz de sentenciar alguém à morte.
ResponderEliminarEle defendia um Portugal imortal e como tal não iria nunca atingir esse feito a eliminar portugueses menores.
Afastava sim os inimigos do regime mas nunca os sentenciou à purga.
Acredito q sim, vivendi. Mas não ponho as mãos no fogo. Nem por ele, nem por ninguém.
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Se vc garante q assim é, qyem sou eu para dizer o contrario?
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A familia do assassinado pensa o contrario.
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Ainda ontem o MRS disse haver poucas dúvidas acerca do caso, e q era pouco crível a ideia de q salazar nao sabia de nada.
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Seja como for, sem provinhas concretas salazar é inocente.
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Rb
Sabemos que Salazar rejeitou liminarmente, por razões de ordem moral, o assassinato de Holden Roberto que, esse sim, foi proposto, considerado e tinha vantagens de ordem política e de segurança pública e militar, e podia até inscrever-se como legítimo acto de guerra. Pela lei e costumes contemporâneos, então, seria coisa perfeitamente corriqueira. E nem era preciso invocar escudos humanos...
ResponderEliminarE houve quem pusesse as mãos no fogo por Salazar. O general Silvino Silvério Marques fê-lo publicamente em 1998. Não consta que alguém o confrontasse com isso...
E como ninguém, até hoje, demonstrou qual a vantagem política do assassinato do general coca-cola - pela simples razão de que era não-existente - não há razão nenhuma para crer que enquanto um caso em que talvez a houvesse fosse rejeitado, o outro - em que manifestamente a não havia - o não seria.
Portanto, só com grande má-fé ou profunda ignorância se pode alvitrar uma eventual responsabilidade directa do Presidente do Conselho.
O que é justo afirmar-se é que, a ter-se passado o que se passou no contexto de uma operação policial - isto é, que quem nela participou, participou enquanto agente da policia em diligência oficial - e nem isso está estabelecido para além de qualquer dúvida - a derradeira responsabilidade política pertenceria a quem tutelasse aquele organismo, que seria o Interior e, por conseguinte, a Presidência do Conselho.
ResponderEliminarExactamente como é hoje responsável politicamente o governo e, por conseguinte a Assembleia da República por cada preto que a polícia mata nos subúrbios de Lisboa...
Mais sangue tem na mão o ministro que autorizou o abate a tiro dos brasucas que assaltaram aquele banco.
E eu a pensar que o Humberto Delgado era um porco colonialista.
ResponderEliminarDeviam era dar o nome de Rosa Coutinho ao Aeroporto.
E as únicas partes interessadas aqui são as minhocas que, armadas em serpentes, querem usar este caso a favor do seu menino de oiro, engaiolado por uma conduta evidentemente imoral e corrupta aos olhosde qualquer pessoa de bem.
ResponderEliminarNem morto o general coca-cola consegue deixar de ser manipulado...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA morte do Delgado interessava a quem produrava danificar o regime: o grupo de Argel e os Americanos.
ResponderEliminarA presença do Casimiro Monteiro na brigada não abona em prol do sequestro. A organização da operação pela Secção central da Pide (cujo manda-chuva, o Pereira de carvalho, tudo o indica, era um assets da CIA), também não é nada tranquilizante.
O Delgado vivo já não tinha utilidade, mas a sua morte ainda podia ser usada com algum proveito.
Basta somar 2+2... O Casimiro recebeu ordens para o matar; e não vieram do Barbieri; o Rosa Casaco era um venal incompetente, por isso foi a "chefiar".
O Salazar tinha mais com que se preocupar do que com as andanças crepusculares do Humberto.
Mas como figura maior do regime, seria sempre responsável. Não moral, mas político. Quanto a isto, as coisas são mesmo assim. A mancha iria se ser sempre projectada até ao cume. Como foi.
"E eu a pensar que o Humberto Delgado era um porco colonialista.
ResponderEliminarDeviam era dar o nome de Rosa Coutinho ao Aeroporto."
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Nada disso. O aeroporto devia chamar-se Gago Coutinho.
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Rb
ehehhe Por acaso fazia bem mais sentido.
ResponderEliminarAhh claro Humberto não era porco mas andou com ele às costas na guerra colonial.
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Para uns Humberto era um perigoso anticomunista. Para outros era um perigoso colonialista. Para outafinal perigoso opositor do regime. Finalmente um perigoso aliado dos gringos que, afinal, servia melhor os americanos se fosse liquidado.
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Tantos motivos, afinal, para o despachar.
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Rb
Aliás, A Avenida do Aeroporto também se chama Avenida Gago Coutinho.
ResponderEliminarNão tarda muito, com esta tribalizacao da historia, e teremos rebaptizada a av da liberdade com o nome av Mario Soares.
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A rua do comércio para viela ricardo salgado. A rua do ouro para av pinto de Sousa. Finalmente a av dos aliados para av do pacto de Varsóvia.
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Rb
Não sei quem é esse Pereira de Carvalho nem estou familiarizado com a orgânica da polícia.
ResponderEliminarA responsabilidade vai até ao cume, porém, como diz.
Mas parece-me evidente que isto, o que quer que fosse, se passou à revelia do Governo.
E essa é a questão aqui para quem está de boa-fé.
Quem não está, bom, digamos que o Salazar tem as costas tão largas que até dão para tentarem branquear o presumível-inocente culpado à pala delas...
"o Salazar tem as costas tão largas"
ResponderEliminarÓh se tem. Para estes demo-cratas Salazar foi o responsável:
- pobreza
- analfabetismo
- inveja
- atraso mental
- ...
E ainda temos pérolas destas em 2015:
Daniel Oliveira e Clara Ferreira Alves classificam de cobarde a participação de Portugal na II Guerra. A neutralidade colaborante de Salazar, mesquinha e "de comerciante" parece indigna a estes sacerdotes da casta guerreira do Intendente.
MR
E enquanto os cães ladram, o Mefistófeles do regime aproveita:
http://economico.sapo.pt/noticias/deutsche-bank-e-uria-assessoram-opa_212172.html
Agora é que é bom. Só falta colocar à venda os ossos do Afonso Henriques.
O perigoso "socialista" sempre na brecha!...
ResponderEliminarNão era mais democrático meter o nome do aeroporto a referendo popular?
ResponderEliminarE, se tiverem tomates, pôr Salazar na lista de opções.
Só para ver.
Ahaha cheirava-lhe Euro2cent... Depois da do maior português não se aventuram tão cedo...
ResponderEliminarO aeroporto Salazar não. Mas re-redominar a ponte 25 de abril para ponte Salazar parecia-me bem.
ResponderEliminar.
Rb