1* Mito: A Independência era um desejo pungente e palpitante dos Pretos (sim, porque os milhares de brancos e mestiços cujos avós já haviam nascido naquela terra não tinham direito ao privilégio da conterraneidade, no caso, africana; nesta encantadora perspectiva, os Estados Unidos e o Brasil, entre outros, ainda hoje estão à espera duma boa descolonização - sendo que em ambos casos, há que expelir de lá para fora não só os brancos e mestiços, mas também os pretos).
Mas vamos ao nosso caso.
Quais pretos? Os de Angola, os da Guiné, os de Moçambique, os de São Tomé, etc, quais? São todos diferentes uns dos outros. E em Angola, quais deles? Sim, porque os pretos do sul nada têem que ver com os do norte, ou de oeste com os de nordeste? A mesma coisa em Moçambique ou na Guiné e até em Cabinda (que não é exactamente a mesma coisa que Angola). Ainda hoje o que os une é a língua, a fronteira (ambas herdadas dos portugueses), e a administração central (em parte, também). Aliás, entre o fim das campanhas de pacificação (com a implantação territorial do "império") e o incício das campanhas contra-subversivas decorreu o tremendo intervalo de... 50 anos. Paiva Couceiro, que é um herói das campanhas africanas imperiais, não se cansa de deplorar um certo desleixo belicista africano dos primeiros tempos do Estado Novo. Henrique Galvão, outro bravo das Áfricas, é a pretexto maior da má administração destas, que passa de indefectível de Salazar a uma espécie assaz intrigante de "inimigo público nº1" do mesmo. Mas de facto, leram bem: meio século. Grosso modo. Porque, em bom rigor, menos ainda que isso: em 1934, os Felupes da Guiné (praticantes discretos de canibalismo) ainda se lançam ao ataque de Basseor; em 1941, no Sul de Angola, decorrem ainda acções contra os Cuvales Estão a ver a consistência "nacional" daqueles territórios se entendidos per si. E, junto com a consistência, a antiguidade pungente do anelo independentista de todos aqueles "nacionais" oprimidos?...
Ponderemos o levantamento da UPA, no norte de Angola, em 1961. Resultado: 5000 brancos massacrados e 30.000 bailundos. Os bacongos liambados e zombificados pelos pastores evangelistas americanos no Zaire, que esquartejaram à catana toda aquela horrível gente, queriam libertar-se afinal de quê? De Portugal? Do Sul do país? Queriam a independência de Angola ou a independência do Uige? Queriam deixar Portugal ou reunir-se ao Congo?
De resto, porque é que quando a administração metropolitana saiu, todos aqueles africanos lop (onde de resto persistiram grande quantidade de mestiços e alguns brancos recauchutados), anelantes de pátria e progresso, desataram em guerras civis, depurações étnicas, purgas facciosas, carnificinas desatadas e lutas fratricidas? Era a implantação da independência ou duma qualquer ideologia externamente patrocinada? Porque é que regiões, como Angola, que constituiam, de longe e juntamente com a África do Sul, as mais desenvolvidas de África, regrediram a terra queimada, escombros e corrupção desenfreada, em menos de nada?
A resposta a esta última questão é pública, notória e reconhecida: porque as estruturas que geralmente conduzem à independência natural, racional e minimamente consequente das nações - como os Estados Unidos, a Austrália, ou o Brasil, por exemplo - tinham desaparecido. Quer dizer, tinham retornado à Europa (e não foram apenas brancos). Então, em vez da independência constituir um progresso, o progresso fatal e lógico que a seu devido tempo ocorreria inevitavelmente, na verdade enformou um retrocesso. Um retrocesso e uma despromoção: passaram do colonialismo em extinção e reforma benignizada ao neocolonialismo, em erupção e ferocidade rompante.. Ou seja, quando, finalmente, estavam a colher benefícios mais que penados e justificados de décadas, senão séculos, de incivismo e desprezo, eis que os remetem, de chofre, ao tribalismo, à miséria e à depredação alternada e concertada de bandos armados (isto lembra-me qualquer coisa...).
O terrorismo e a subversão, internacionalmente edulcurados sob o eufemismo "luta pela libertação" foi conduzida na Guiné pelos Balantas, em Angola pelos Bacongos (UPA) e Kimbundos/calcinhas de Luanda (MPLA) e em Moçambique pelos Macondes. Na essência, tratou-se portanto duma acção tribal mascarada de nacional. Se pensarmos que as restantes tribos lutaram integradas no exército português, chega-se à plácida constatação que a "luta de libertação" era uma luta de uma minoria contra a maioria. Na verdade, o veículo da subversão, segundo a teoria comunista, no ultramar teve uma componente tribal, como na Metrópole teve um contexto classista/partidário. O resultado, infelizmente, foi idêntico em ambas as paragens: a imposição duma ideologia hostil, por parte duma minoria externamente patrocinada, à maioria da população e contra os interesses reais, concretos e futuros desta. O fruto dessa manobra insidiosoa também foi o mesmo: a instauração de cleptocracias oportunistas e agremiações de saque geral de recursos. Em Portugal, sob a capa conveniente de "modernização" das infraestruturas (nunca se percebeu bem para quê); no ex-Ultramar dispensando-se de qualquer freio ou camuflagem.
Ponderemos o levantamento da UPA, no norte de Angola, em 1961. Resultado: 5000 brancos massacrados e 30.000 bailundos. Os bacongos liambados e zombificados pelos pastores evangelistas americanos no Zaire, que esquartejaram à catana toda aquela horrível gente, queriam libertar-se afinal de quê? De Portugal? Do Sul do país? Queriam a independência de Angola ou a independência do Uige? Queriam deixar Portugal ou reunir-se ao Congo?
De resto, porque é que quando a administração metropolitana saiu, todos aqueles africanos lop (onde de resto persistiram grande quantidade de mestiços e alguns brancos recauchutados), anelantes de pátria e progresso, desataram em guerras civis, depurações étnicas, purgas facciosas, carnificinas desatadas e lutas fratricidas? Era a implantação da independência ou duma qualquer ideologia externamente patrocinada? Porque é que regiões, como Angola, que constituiam, de longe e juntamente com a África do Sul, as mais desenvolvidas de África, regrediram a terra queimada, escombros e corrupção desenfreada, em menos de nada?
A resposta a esta última questão é pública, notória e reconhecida: porque as estruturas que geralmente conduzem à independência natural, racional e minimamente consequente das nações - como os Estados Unidos, a Austrália, ou o Brasil, por exemplo - tinham desaparecido. Quer dizer, tinham retornado à Europa (e não foram apenas brancos). Então, em vez da independência constituir um progresso, o progresso fatal e lógico que a seu devido tempo ocorreria inevitavelmente, na verdade enformou um retrocesso. Um retrocesso e uma despromoção: passaram do colonialismo em extinção e reforma benignizada ao neocolonialismo, em erupção e ferocidade rompante.. Ou seja, quando, finalmente, estavam a colher benefícios mais que penados e justificados de décadas, senão séculos, de incivismo e desprezo, eis que os remetem, de chofre, ao tribalismo, à miséria e à depredação alternada e concertada de bandos armados (isto lembra-me qualquer coisa...).
O terrorismo e a subversão, internacionalmente edulcurados sob o eufemismo "luta pela libertação" foi conduzida na Guiné pelos Balantas, em Angola pelos Bacongos (UPA) e Kimbundos/calcinhas de Luanda (MPLA) e em Moçambique pelos Macondes. Na essência, tratou-se portanto duma acção tribal mascarada de nacional. Se pensarmos que as restantes tribos lutaram integradas no exército português, chega-se à plácida constatação que a "luta de libertação" era uma luta de uma minoria contra a maioria. Na verdade, o veículo da subversão, segundo a teoria comunista, no ultramar teve uma componente tribal, como na Metrópole teve um contexto classista/partidário. O resultado, infelizmente, foi idêntico em ambas as paragens: a imposição duma ideologia hostil, por parte duma minoria externamente patrocinada, à maioria da população e contra os interesses reais, concretos e futuros desta. O fruto dessa manobra insidiosoa também foi o mesmo: a instauração de cleptocracias oportunistas e agremiações de saque geral de recursos. Em Portugal, sob a capa conveniente de "modernização" das infraestruturas (nunca se percebeu bem para quê); no ex-Ultramar dispensando-se de qualquer freio ou camuflagem.
Depois, da mesma forma que na metrópole Portugal é Lisboa e o resto é paisagem, no Ultramar Português, o Ultramar era Angola e o resto era um bocado como a paisagem. Claro que tinhamos que defendê-la, à paisagem, ao centímetro, mas apenas por uma noção exacta das consequências do efeito dominó. Por causa do tal "precedente legal". Abrir mão dum dedo era perder a mão toda. Mas não era a paisagem o prioritário nem o essencial. A prova disto é que onde era preciso ganhar a guerra e colocar a coisa a funcionar a todo o vapor, nós ganhámo-la, limpinha, o maior exercício da arte de contra-guerrilha na história da Humanidade: Em Angola, precisamente. Facto. Ponto final parágrafo.
Depois, na hora fatídica, as outras províncias também sofreram por arrasto: como o que as potências sobrecobiçavam era a "independência de Angola" (e foi nesta que o "MFA" jogou todas as suas venenosas cartadas), as outras também tiveram que ser independentizadas à pressão e de charola. E antes mesmo da própria Angola, por via das dúvidas e de modo a acabar com todas elas. Independente Angola, a 11 de Novembro de 1975, pode finalmente encerrar-se o PREC, na Metrópole, a 25 de Novembro de 1975. A extrema esquerda subsidiada pela embaixada Americana pode destroçar e aderir aos partidos do Poder; o Partido Comunista, a troco de imunidade militar, cooperou e pode ingressar no parlamento, o PPD pode finalmente abandonar o marxismo, o PS guardou alegremente o socialismo na gaveta, e todos, com a diluição europédica pelo meio, vivemos muito felizes e contentes até à bancarrota actual. A parede ao fundo do beco. Ou a luz do comboio ao fundo do túnel.
Que tal? Para abertura de hostilidades, não está mal, pois não?Corolário:
O desejo de independência, em Angola, não estava nos pretos: estava nos brancos, mestiços e nalguns alfabetizados de ponta. Em cidades como Benguela era já ancestral. No que apenas manifestavam a mais recorrente das lógicas históricas: decerto que não foram os pele-vermelhas os grandes adeptos e promotores da Independência dos Estados Unidos; ou os indígenas brasileiros da Independência do Brasil, ou até os zulus da independência da África do Sul, pois não? Quanto mais desenvolvida se via a colónia, não era a gratidão que alastrava: era a arrogância. O "Vão-se embora" que a gente toma conta disto!"
Depois, a coisa deu para o torto. A grande maioria debandou. Os que ficaram, mais os mulatos e os tais alfabetizados, acrescidos agora duns quantos bolsistas nos paraísos de Leste, deram corpo ao sucedâneo desse húmus independentista embrionário: o MPLA.
PS: O problema é que os nossos colonos, na hora h, não tiveram a solidariedade dos seus congéneres mais antigos (na independência, bem entendido) do Novo Mundo. Bem pelo, contrário sofreram-lhes a insídia, a hostilidade e a traição. Mas a moral da história já os antigos avisavam: quando se desprezam as raízes acaba-se folha seca, soprada por qualquer ventaniazita outunal. A mesma ventaniazita que assopra agora todos estes pindéricos de vão de escada mental, que não tendo onde cair mortos nem o valor da ponta dum corno (moral, político, cultural, ou o que seja), passam a vida arrotar grandes postas de finança e tremendos pragmatismos apenas destrinçáveis ao microscópio.