quinta-feira, dezembro 24, 2009
terça-feira, novembro 24, 2009
Diz o Morto ao Nu (rep)
Aqui há dias o Sir Bob Ganzas tinha feito uma mirabolante descoberta: que Angola era governada por malfeitores. Pensei para com os meus botões: "só agora, Sir Bob? E só Angola?..."
domingo, novembro 22, 2009
Deus o guarde
Como ando sempre noutro planeta, só agora me apercebo dum, para mim, inesperado desenlace. Um de nós partiu para onde todos nós partiremos quando chegar a nossa hora. Ao Jorge Ferreira, um até sempre! À família enlutada, os meus sentidos pêsames e a uma amiga comum, a minha caríssima Margarida, um abraço de solidariedade neste momento de profunda tristeza.
"O Homem é o sonho de uma sombra".
-Píndaro
Questões...Tantas questões, tão pouco tempo (rep)
«Uma em cada cinco mulheres é agredida pelo marido».
Primeira questão: Um em quantos maridos é agredido pela respectiva? A tortura, especialmente psicológica, também conta?
Segunda questão: Um em quantos casais é agredido pelos mimosos filhos?
Terceira questão: Um em quantos professores é agredido pelos jovens alunos?
Obscurantismo
Sócrates, segundo Platão, em pleno tribunal:
(Platão, Apologia de Sócrates)
sábado, novembro 21, 2009
E Pluribus Unum
Mas está escrito que Jesus haveria de voltar para dar cabo das bestas do Sporting (cuspo) e do reinado do Dragão (cuspo,cuspo!). E por isso Deus é Luz. Estádio da Luz, percebem?
Amanhã volto para explicar a entomologia de "E Pluribus Unum". Agora tenho putas para visitar.
SLB! SLB! GLORIOSO, SLB!!
quinta-feira, novembro 19, 2009
A grande purga
- Mircea Eliade, "Zeus e a Religião Grega", in História das Ideias e Crenças Religiosas
Comecei a grande purga. Este Eliade quer enganar quem? Religião quê?!...
quarta-feira, novembro 18, 2009
A Mãe do atrevimento
Termino com uma passagem de outro dos autores, além de Homero e de tantos outros, da Ética de Aristóteles:
«Muitos são os assombros do mundo, mas o homem supera-os a todos. (...) Com a sua astúcia chega a domar as feras agrestes das montanhas e subjuga o cavalo de longas crinas e o touro indómito dos montes.
- Sófocles, Antígona
terça-feira, novembro 17, 2009
O Que eu aqui escrevi em Junho de 2004
Agora não me apanham noutra. Sei que a seguir ao Durão, poderá perfeitamente irromper um desqualificado ainda pior, um troca-tintas ainda mais descarado.
Por isso, e é mais que suficiente, não me surpreenderá nada que o Santana seja o próximo PM.
Mas quero deixar bem claro o seguinte: Quando tipos do jaez dum Durão Barroso conseguem ascender ao segundo mais alto cargo da nação, estamos conversados: Qualquer um pode (desde que não possua princípios, escrúpulos, ideias, ou vértebras, bem entendido). Se se tratasse de escolher um cidadão competente, um tipo sério, honrado, bem mais interessado em servir o país do que servir-se dele, isso, acredito, seria difícil. Requereria, no mínimo, mérito, inteligência, responsabilidade, cultura. E, sobretudo, empatia entre governantes e governados. Mas como é o contrário disso, como a lógica vai de patas pró ar, nada mais simples: peguem no Santana, na Ferreira Leite, no Portas, no Pacheco, peguem na pandilha partidária toda, esquerdas e direitas (a merda só varia na cor e teor gasoso), peguem até nos Delgados, Vascos - rotos e ratos-, ou qualquer outra prostituta de jornal, enfiem essa tralha invertebrada e viscosa toda num balde, um grande balde, um penico bem espaçoso (não se esqueçam que a porcaria é muita), agitem com energia, misturem bem a mixórdia, e tirem à sorte. Convoquem uma peixeira ou um trolha para extrair o feliz contemplado, sempre dá colorido à coisa, confere - senão solenidade - pelo menos pitoresco ao acto, e pronto, aí tendes. Seja quem for, é irrelevante e ficareis bem servidos. Cagar-se-á para vós, tanto quanto vós vos estareis cagando para ele. Incomoda-vos o vocabulário? Mas a substância não. Devia ser o contrário.
Em Portugal chegou-se a um estado de putrefacção tal, que o burburinho dos vermes já se confunde com a agitação das massas. Ora, as massas, poderão ser alarves, mas não são parvas. Já perceberam que tem mais conteúdo o futebol que a política. E tem. Tanto que é esta que imita aquele, e não o inverso.
De não ser governado, o país viciou-se no desgoverno. Vai à deriva. Entregue ao salve-se quem puder. A clamar por rebocadores, por balsas e bálsamos salva-vidas. A enviar SOS desesperados e apitos lancinantes ao nevoeiro. A invocar Nossa Senhora dos Aflitos e a Providência Divina. E, o que é pior que o resto, a tomar por faróis meros fogaréus de afundadores.
Cada qual agarra-se ao destroço que a vaga destribui e, uma vez montado nele, trata de demover a concorrência. Cada qual chafurda nas ondas o mais que pode, escoicinha, esbraceja, e convence-se que nada, que lá vai resistindo, o melhor que pode, opondo o proverbial instinto de cortiça ao chamamento abissal do fundo.
Governantes e governados execram-se mutuamente. Odeiam-se, sem trégua nem quartel. Não havendo resquício de empatia que os una, tiram desforço empaturrando-se numa antipatia recíproca e inoxidável. As eleições equivalem a ajustes de contas; as urnas a esquifes de facto. O povo sempre estimou, mais que arenas, cadafalsos. Assim, anda quatro anos a reunir provas, a recolher denúncias, a compilar testemunhos, para no fim ter o prazer de vê-los rastejar, aos bandalhos arguidos, uns em penitência, outros em sanha justiceira ou delíquio dengoso, mas todos de roda do patíbulo, vassalos da sua saliva, do seu voto, do seu escárnio e veredicto triunfante. Os eleitos, por seu turno, traumatizados por este martírio cíclico, garantido, nos intervalos dos sufrágios, nos interlúdios dos calvários, vingam-se e fazem pagar com juros a prerrogativa dos carrascos. E, com isso, lá vão juntando lenha para o seu próprio auto. Mais que um projecto comum, é, pois, um jogo, uma joint-desventure. Tudo está bem quando acaba mal. E para que o gáudio se maximize convém que o mal seja cada vez maior. Que exorbite e transvase sem parar. O prazer, a volúpia capital, não está em eleger, mas em deitar abaixo, em arrear, em arrastar pela lama e pelos cabelos, até à guilhotina apoteótica. Desta lógica retorcida, resulta um paradoxo mirabolante: um governo é tão mais divertido, entertainer, quanto pior for. Um governo péssimo, como o actual, na hora do acerto, é garante dum gozo superlativo. Não é por acaso que a multidão escolhe governos cada vez piores. Já Esopo referia o requinte.
Portanto, meus amigos, se não houver eleições, vai ser o Santana. E se houver, vai ser outro qualquer, no mínimo, tão recreativo quanto ele. Isto, pelo menos, eu sei.
Fartai-vos nele e fartai-vos dele. É o costume. Bom apetite! E bom proveito!...
Peço desculpa por esta interrupção, Aristóteles segue dentro de momentos.
Prever o futuro é difícil. Ao contrário da ausência dele, como acabei de demonstrar.
Quem esquece o passado, mata o futuro.
segunda-feira, novembro 16, 2009
Século IV aC
- Aristóteles, "Ética a Nicómaco" (Liv IX, Cap.VII)
"Ama o teu semelhante como a ti mesmo", dirá quem?
sexta-feira, novembro 13, 2009
Palavras com raiz - 7. Lei
A palavra Lei radica no latino Lex. Os significados de Lex são vários: Moção proposta por magistrado perante o povo; projecto de lei; contrato; pacto; convenção; ordem; obrigação; cláusula; condição. Aparentado a lex, temos também lexis -palavra, expressão -, donde o nosso "léxico".
O desenlace lógico desta cultura da "lei" séculos adiante? Maquiavel. Se não há regra, a lei do mais forte refina-se no mais forte colocar-se acima e dispensado de quaisquer leis.
Ou dito de outro modo: sem regra, a lei reflecte apenas as fantasias e aleivosias do momento a ferver e de quem nele a dita. Desliga-se da própria justiça e nenhuma virtude consagra. Vale a pena, a este propósito, escutar Aristóteles, na sua Ética:
«Razão houve, pois, para dizer que se faz justo o homem quando executa acções justas, temperado quando executa acções de temperança, e que caso não se pratiquem actos deste género é impossível que alguém chegue alguma vez a ser virtuoso. Porém, o comum das gentes não pratica estas acções e, locupletando-se de vãs palavras, criam mais uma doutrina e imaginam, através deste método, que adquirem uma virtude. Isto é, por assim dizer, o mesmo que fazem os enfermos que escutam muito atentos os médicos, mas que não fazem nada do que estes lhes receitam; e, assim, como uns não podem ter o corpo são cuidando-se dessa maneira, também os outros não terão jamais sã a sua alma, filosofando desse modo.»
A virtude pressupõe um hábito, um costume, um ethos. Isto é, a virtude pressupõe uma regra. Bom é, por regra, agir bem e não apenas agir obrigado por uma lei. Porque em não sendo voluntário, não é livre; e não sendo livre, não é deliberado, não é intencional, logo não pode ser virtuoso. Se atentarmos na nossa sociedade actual, constatamos uma permanente enxurrada de leis, decretos, multas e burocracias de toda a espécie para coagir os cidadãos a determinados comportamentos, inibições ou desregramentos. É, nua e crua, uma sociedade de escravos - de escravos que acreditam estupidamente que a emancipação de toda a regra significa liberdade, quando apenas consolida a submissão inerme à tirania cada vez mais despótica, opressora e totalitária da lei (e de quem a pilota ou teledirige). Uma lei, sublinhe-se e recorde-se, evadida da regra.
Chamam progresso a um regresso: ao Caos.
PS: Sim, eu sei que a Igreja, através de Tomás de Aquino, tentou bravamente arrepiar caminho . Mas suspeito bem, e a história indicia-o, que tarde demais. Os platónicos do costume já avançavam de dentuça arreganhada, patas na matéria livre, cornos nas nuvens matemáticas e a ciência moderna em riste. Ora, para as cacofonias mundanas, o Maestro Cósmico está-se bem nas tintas.
quarta-feira, novembro 11, 2009
A Disfunção pública (rep)
terça-feira, novembro 10, 2009
Civilização helénica
Depois do Céu ficar prometido aos "pobres de espírito (ou em espírito)", estaria assim a Terra destinada aos "mansos".
Até porque o texto no original diz isso mesmo: "makarioi oi praeis". É certo que "praos" também pode significar manso, mas porquê traduzir "manso" e não "sereno", "suave" ou "benévolo" em se referindo a humanos?
As palavras de Jesus Cristo, segundo Mateus, no meu modestíssimo entender, andarão mais próximas disto:
«Bem-aventurados (eternamente felizes) os benévolos porque herdarão a Terra».
O que é que isto tem a ver com judaísmo? Rigorosamente nada.
Viveu antes de Cristo, alguns séculos, e chamava-se Aristóteles. (Ética a Nicómaco, Livro IV, cap. V)
Judaico-cristão é um oximoro. Dos mais gritantes e dignos de indignação.
E agora que, decerto, já despertei a cólera duns e reavivei os rancores de outros, retiro-me. Tranquilamente.
domingo, novembro 08, 2009
À beira da sepultura
O método analógico ainda é o melhor. Imaginando a civilização como um automóvel, a ciência corresponderia ao acelerador, a religião ao travão e a filosofia ao volante. Numa civilização saudável, como num conjunto motorizado em perfeitas condições de funcionamento e operação, prevaleceria uma harmonia entre os diversos órgãos de condução. Sem acelerador, a máquina não avança; sem travão, despista-se seguramente; sem o volante, não viaja nem logra um destino. Da mesma forma, o excesso de acelerador, como o excesso de travão, ou o excesso de guinadas no volante não constituem forma fiável de condução. No momento em que a nossa civilização, segundo dizem, despontou, na Grécia Antiga, posso garantir, um conceito congregava as obsessões daquela boa gente: equilíbrio. Vinte e muitos séculos depois estamos nos antípodas do nosso próprio berço: a actual cultura equivale a um veículo sem volante, quase sem travões e com o acelerador a fundo. Mais que à beira do desastre, eu diria que nos encontramos à beira da sepultura.
sábado, novembro 07, 2009
Resfolegar
Mandei lavar o convés, remover as teias do tombadilho e desenferrujar os canhões. Com um bocado de sorte, ventania a preceito e vaga de feição, isto ainda navega!...
Sete fôlegos, dizem, tem o gato. E não voa.
PS: Fala-se muito em direitos de autor. É como tudo: devia falar-se, sobretudo, em deveres de autor. O de não se vender feito puta seria o principal de todos eles. Ocorreu-me esta bela ideia, anteontem, ao entrar no "Continente" e deparar logo de entrada com uma esquina onde competiam, em maquilhagens de lupanar, a última do Saramago e a última do Dan Brown. Se a alfabetização foi para isto, então, em verdade vos digo: abençoados os analfabetos!
Deixo-vos com esta verdadezinha final, para meditarem nas horas livres: quanto mais baixo desce o homem, mais inclinado e autorizado se sente a julgar e corrigir Deus.
sexta-feira, outubro 30, 2009
Efeitos terminais II
quinta-feira, outubro 29, 2009
sábado, outubro 24, 2009
No Tribunal de Caim
Donde estava, Caim fitou Abel. Fitou-o de muito longe, dum confim gelado e sombrio. Depois falou:
-“Passaram-se muitos anos. Ajuda-me a levantar, que já estou velho e trôpego.”
Abel acudiu, solícito. E quando ele se baixou para amparar o irmão, Caim, com arte refinada, matou-o, agora a sangue frio, pela segunda vez.’’
(...)
E nem sequer é o “homem lobo do homem”, como dizia o hirsuto Marx: é que, ao menos, os lobos têm a ética suficiente para não se comerem uns aos outros. Ao contrário dos homens.
- in "O Tratado da Besta" (Helionecrose e Hegemonia - Iª Parte: Ocídio e Odisseia)
terça-feira, outubro 20, 2009
Super-desnível
Pois vamos em 5º, a nível mundial, e apenas suplantados por Hong-Kong, Singapura e os dois Estados Unidos (o giga e o nano). Escandinabos, roei-vos de inveja!
Recapitulemos então os três famosos Dês da cegada abrileira: Descolonização, foi a debandada que se viu; Democracia, é o delapidanço que se vê; Desenvolvimento, há-de ainda desmesurar-se no desnível - o super-desnível - que se verá.
Eles vivem.
terça-feira, outubro 13, 2009
Pornocracia global
«Goldman Sachs set to announce record $23billion bonus pot».
O Império do obsceno. Quaisquer outras palavras serão puras redundâncias destas quatro.
Ética republicana
É por isso, e tantas outras coisas, que sempre que oiço alguém falar em "ética republicana", tanto quanto ir a correr buscar a espingarda, reúno a certeza plena de estar na presença solene dum real filho da puta. Raramente falha, a dedução.
sexta-feira, outubro 09, 2009
Pedagogias evolutivas
Basta atentar nas chamadas "praxes".
Pelo ralo
segunda-feira, outubro 05, 2009
Da República
«O observador imparcial chega a uma conclusão inevitável: o país estaria preparado para a anarquia; para a república é que não estava. Grandes são as virtudes de coesão nacional e de brandura particular do povo português para que essa anarquia que está nas almas não tenha nunca verdadeiramente transbordado para as coisas!
Bandidos da pior espécie (muitas vezes, pessoalmente, bons rapazes e bons amigos - porque estas contradições, que aliás o não são, existem na vida), gatunos com o seu quanto de ideal verdadeiro, anarquistas-natos com grandes patriotismos íntimos - de tudo isto vimos na açorda falsa que se seguiu à implantação do regimen a que, por contraste com a monarquia que o precedera, se decidiu chamar República.
A monarquia havia abusado das ditaduras; os republicanos passaram a legislar em ditadura, fazendo em ditadura as suas leis mais importantes, e nunca as submetendo a cortes constituintes, ou a qualquer espécie de cortes. A lei do divórcio, as leis da família, a lei da separação da Igreja e do Estado - todas foram decretos ditatoriais, todas permanecem hoje, e ainda, decretos ditatoriais.
A monarquia havia desperdiçado, estúpida e imoralmente, os dinheiros públicos. O país, disse Dias Ferreira, era governado por quadrilhas de ladrões. E a república que veio multiplicou por qualquer coisa - concedamos generosamente que foi só por dois (e basta) - os escândalos financeiros da monarquia.
A monarquia, desagregando a Nação, e não saindo espontaneamente, criara um estado revolucionário. A república veio e criou dois ou três estados revolucionários. No tempo da monarquia, estava ela, a monarquia, de um lado; do outro estavam, juntos, de simples republicanos a anarquistas, os revolucionários todos. Sobrevinda a república, passaram a ser os republicanos revolucionários entre si, e os monárquicos depostos passaram a ser revolucionários também. A monarquia não conseguira resolver o problema da ordem; a república instituiu a desordem múltipla.
- Fernando Pessoa, "Da República"
domingo, outubro 04, 2009
Viva o REI!
É que se a coisa funciona a pedido, então, ao menos, não sejamos pobres no pedir. Já que no resto, sobretudo na coerência, na verticalidade e na autenticidade, somos, regra geral, duma indigência atroz.
A Bloga-fera
Legenda: Blogger partidário surpreendido em flagrante despejo.
PS (ou PSD): onde reza partidário, o republicano subentende-se.
sábado, setembro 26, 2009
Os Costas em castelo
- Fernando Pessoa (in A Oligarquia das Bestas)
Aproveito para informar que, com a generosidade fogosa que me caracteriza, inauguro neste feliz postal as comemorações do centenário que se avizinha (e traz tanta besta ocupada).
sexta-feira, setembro 25, 2009
Declaração de não-voto
O problema fulcral de Portugal (do que resta dele, enfim) não se resolve com partidos políticos. Isso seria pedir ao problema que se auto-resolvesse.
Banzai!
Ora bem. Nem tudo são más notícias!...
quinta-feira, setembro 24, 2009
Lesa-democracia
domingo, setembro 20, 2009
A Osmose
sexta-feira, setembro 18, 2009
Logotanásia
Isto ainda vai acabar tudo na logotanásia, ou seja, no extermínio científico (entenda-se selectivo e profiláctico, por "razões humanitárias") em nome do sagrado combate aos gambosinos.
quarta-feira, setembro 16, 2009
A Fabulogogia ou Educação pela Fábula
- Pelas fábulas maiores avaliaremos das mais pequenas. Pois é forçoso que a matriz seja a mesma e que grandes e pequenas tenham o mesmo poder. Ou não achas?
- Acho. Mas não entendo quais são essas maiores que dizes.
- Platão, "Política" (vulgar, e grosseiramente, traduzido por "A República")
Entretanto, podemos constatar como esta "educação pela fábula" nunca foi tão efectiva e exuberante como nestes nossos dias. Dispenso-me de enunciar algumas das principais. Quem tiver olhos que veja; quem tiver coração que pense.
terça-feira, setembro 15, 2009
A Genealogia do Matadouro - V. Assírios e paradigmas
Então, aí vai. Para os mais dados à dispepsia, recomendo um bom alka-seltzer após.
Esta ânsia de poder traduz-se muito cruamente na condução da guerra e no tratamento dado aos países e aos povos vencidos. Não se contentam em pilhar, devastam; incendeiam as aldeias; arrasam as cidades e destroem as colheitas. Amontoam pirâmides de cabeças à entrada das cidades; degolam vivos os chefes inimigos; empalam prisioneiros e só deixam ruínas atrás de si. Adad-Nirazi II reivindica o título de aniquilador e a glória de Sargão é a de espalhar lágrimas para todo o sempre.
Os inimigos são sub-homens para os quais não pode haver piedade.»
«Depois de tomar uma cidade, Assurbaníbal gabava-se: “Corto-lhes a cabeça. Asso-os no fogo, uma pilha de homens vivos e de cabeças contra a porta da cidade hei-se pôr. Os homens empalarei com estacas. A cidade eu destruí, devastei. Fiz dela um montão de ruínas, os jovens e donzelas na fogueira queimei”.
Esta espécie de chacina ritual é particularmente endémica na guerra de cerco, embora ocorra a seguir a acções de campanha. Claramente distinta do confronto táctico propriamente dito, parece mais estreitamente aparentada com experiências relativas à caça. Bastante literalmente, o vencedor põe de parte quaisquer sentimentos de vulgar humanidade e entrega-se à matança pela matança. Se era por faltarem ao homem os mecanismos inibitórios de um predador natural ou simplesmente por ajustamento cultural, é impossível dizer de momento. Mas a espécie humana, e particularmente os Assírios, pôs uma terrível capacidade ao serviço da causa da guerra e da política, uma capacidade que um dia levaria aos campos da morte de Auschwitz e à colocação de armas nucleares com populações urbanas por alvo.
Mas, como sempre, por detrás da sangueira andava o dedo calculista e o interesse egoísta. Mal parava a matança, começava o roubo e a exploração económica.»
«Terminado o massacre dos habitantes de Ai tanto no campo como no deserto, para onde haviam saído em perseguição dos israelitas, depois de todos terem sido passados ao fio de espada, todo o Israel voltou à cidade, matando toda a população. O número dos que morreram naquele dia, entre homens e mulheres, foi de doze mil, todos da cidade de Ai. (...) Os israelitas tomaram para si os rebanhos e o espólio da cidade, conforme o Senhor havia ordenado a Josué. Josué incendiou a cidade de Ai, reduzindo-a para sempre a um montão de ruínas, como ainda hoje está.»
- Antigo Testamento, Josué, 24-27
sábado, setembro 12, 2009
Extermínios (com)Prometidos
Agora, para loucuras mais sérias - ou a continuação das mesmas, mas com invólucros bem mais perigosos:
«The rise of Israel's military rabbis»
Este trecho, então, é delicioso:
«Rabbis handed out hundreds of religious pamphlets during the Gaza war.
When this came to light, it caused huge controversy in Israel. Some leaflets called Israeli soldiers the "sons of light" and Palestinians the "sons of darkness". »
Embora, ressalve-se, nada original.
(- Norman Cohn, in "Europe's Inner Demons")
Podemos assim constatar que a seita não evoluiu muito, se é que evoluiu alguma coisa. ´Mas isso não constituíria novidade, nem problema, se não amanhecesse à pendura duma singular e revolucionária circunstância: é que agora já tem armas nucleares. Para não falar, por mero pudor, de todo num arsenal convencional até aos colmilhos.
Quanto ao título e modelo para estes rabis agit/prop, resume-se em duas palavrinhas: comissários políticos.
Além disso, não menos evidente - embora constante, grosseira e militantemente escondido - é o facto historicamente comprovado dos sectarismos peregrinos duma qualquer "Terra Prometida" (leia-se judaísmo e neo-judaísmo, vulgo protestantismo), demandarem com afã de possessos e paixão de alucinados tanto um território quanto um extermínio. O contrato de promessa, de resto, garante esses dois quesitos essenciais (e animadores da aventura): a Terra e o extermínio de quem lá habita. No fundo, as duas faces da mesma moeda, com que uma qualquer divindade de submundo e subúrbio cósmico gratificará, um dia, decerto fantástico, os seus inermes sabujos.
quinta-feira, setembro 10, 2009
Revisionismo Culinário - 2. Leitão à Bairro Anti-semita
Depois, trincha-se em nacos sugestivos e espalha-se pelo cemitério judeu mais próximo.
Revisionismo culinário - 1. Cozido à Anti-semita
«1/2 galinha gorda - 350 gr de presunto - 350 gr de carne de vaca - 1 chouriço de carne - 1 chouriça de cebola - 1 morcela - 1 farinheira - 250 gr de orelheira de porco - 2 pés de porco - entrecosto - 3 cenouras - 1 couve tronchuda - 5 batatas - 350 gr de arroz - sal»
Confecção:
«Numa panela grande com água, introduzem-se as carnes, excepto o presunto e o chouriço,» que devem primeiro ser passados pelo Hanuchà. «Quando a galinha estiver meio cozida, introduzem-se então, o presunto e o chouriço. Meia hora depois, retira-se metade do caldo e reserva-se.»
« Com metade deste caldo cozem-se os legumes. Rectifica-se os temperos.
Com a outra metade, prepara-se o arroz. Põe-se o caldo a ferver, à parte, juntando mais um pouco de água, a quantidade necessária de modo a que fique um arroz solto.
Levantando fervura, junta-se o arroz e deixa-se cozer. Rectifica-se os temperos.
Para servir, coloca-se a galinha e a carne de vaca cortadas aos bocados, no centro de uma travessa e à volta, põe-se a orelheira e o presunto também cortados aos bocados, o chouriço às rodelas, as cenouras, as batatas e as couves. O arroz serve-se numa travessa à parte.»
Depois, leva-se tudo, com muito cuidado, e deposita-se na sinagoga mais próxima. Os pés de porco, naturalmente, em destaque.
terça-feira, setembro 08, 2009
Anti-semitismo às fatias
Alguém -criaturas certamente hediondas e perversas, em quantidade incerta mas seguramente fervilhante - depositou, por perfídia calculada e ódio antigo, fatias de bacon nas maçanetas e no buraco da fechadura da porta da sinagoga de Leeds. Pois é, leitores, leram bem: fatias de bacon! Toucinho, senhores! E então, que mal é que isso tem?... Mas será que sou eu, agora, que estou a ouvir bem?! Mangais? Nem me digno responder-vos. Cedo a palavra, para o efeito, à voz cabal e autorizada, bem como representativa, de "Dan Cohen, chairman of the Leeds Jewish Orthodox Community Group". Chocado, horrorizado, declarou aos repórteres:
-«É um crime de ódio!» - Brama, entretanto, Trude Silman, presidente da HSFA (Holocaust Survivors Friendship Association).
E a polícia, preocupada, nervosa, já enviou peritos, às brigadas, a fim de esquadrinharem os maculados portais em busca de impressões digitais.
Impressões digitais? Mas então o demónio não tem cascos? Não seria mais pertinente pesquisarem pegadas?...
PS: Vencido o pasmo, espero conseguir, num próximo postal, algumas elucubrações apropriadas a uma monstruosidade destas.
segunda-feira, setembro 07, 2009
Judas
(...)
O século XX ficará conhecido como o século em que os psicopatas monopolizaram o poder. E não foi só na Alemanha e na Rússia.