- Fernando Pessoa (in A Oligarquia das Bestas)
Aproveito para informar que, com a generosidade fogosa que me caracteriza, inauguro neste feliz postal as comemorações do centenário que se avizinha (e traz tanta besta ocupada).
Isto ainda vai acabar tudo na logotanásia, ou seja, no extermínio científico (entenda-se selectivo e profiláctico, por "razões humanitárias") em nome do sagrado combate aos gambosinos.
«1/2 galinha gorda - 350 gr de presunto - 350 gr de carne de vaca - 1 chouriço de carne - 1 chouriça de cebola - 1 morcela - 1 farinheira - 250 gr de orelheira de porco - 2 pés de porco - entrecosto - 3 cenouras - 1 couve tronchuda - 5 batatas - 350 gr de arroz - sal»
Confecção:
«Numa panela grande com água, introduzem-se as carnes, excepto o presunto e o chouriço,» que devem primeiro ser passados pelo Hanuchà. «Quando a galinha estiver meio cozida, introduzem-se então, o presunto e o chouriço. Meia hora depois, retira-se metade do caldo e reserva-se.»
« Com metade deste caldo cozem-se os legumes. Rectifica-se os temperos.
Com a outra metade, prepara-se o arroz. Põe-se o caldo a ferver, à parte, juntando mais um pouco de água, a quantidade necessária de modo a que fique um arroz solto.
Levantando fervura, junta-se o arroz e deixa-se cozer. Rectifica-se os temperos.
Para servir, coloca-se a galinha e a carne de vaca cortadas aos bocados, no centro de uma travessa e à volta, põe-se a orelheira e o presunto também cortados aos bocados, o chouriço às rodelas, as cenouras, as batatas e as couves. O arroz serve-se numa travessa à parte.»
Depois, leva-se tudo, com muito cuidado, e deposita-se na sinagoga mais próxima. Os pés de porco, naturalmente, em destaque.