Sempre me fascinaram energúmenos que conseguem distinguir objectos, coisas, entidades ou instituições onde eu, por mais que aguce a lupa, não consigo detectar qualquer diferença. Rigorosamente nenhuma, sublinho. Por exemplo, há tipos que são capazes de comparecer perante mim, com a maior das seriedades, e proclamar-me um ror de destrinças monumentais entre o excremento e a bosta. Ou entre a porcaria e a trampa. Conseguem até ser prolixos, luxuriantes, não raras vezes feéricos, nos flagrantes delírios. Confesso que é gentinha que, ao mesmo tempo que me fascina, também me repugna, quando não me dá visceral asco. É quase instintivo. Mas tenho igualmente que conceder que talvez o defeito possa ser meu. Como só consigo ver bem ao longe, à distância, e tenho imensa dificuldade em ver ao perto, e ainda mais em rebolar-me e retouçar naquilo que, em perfeita sincronia, observo com grande minúcia científica, pode resultar daí a minha incapacidade para certas visões meticulosíssimas.
Embora, lá bem no fundo, eu saiba que o órgão dos sentidos a que eles recorrem para achar tão suculentas diferenças entre o PS e o PSD, digo entre a bosta e o esterco, até nem seja , calculo, o da visão, mas, com toda a certeza, o do paladar. Se repararmos bem, é uma distinção que eles trazem sempre na ponta de língua. Na ponta e na puta.
Impossível acompanhá-los nesse simpósio.PS: Por aqui se vê que todos esses blogues veneradores da Bruxa e do Pinóquio (passe a redundância), mais até que uma questão de mau gosto, constituem um caso flagrante de mau hálito.
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