terça-feira, maio 03, 2016

Acromiomancia Ultramarina - III. O Paradoxo Português





«Em África, os portugueses abrem, rasgam, iniciam, levantam constroem, produzem, rebentam ou triunfam, e quase sempre triunfam - e mandam para as urtigas do inferno as Nações Unidas e os sagrados princípios dos outros. Em Lisboa, debate-se,, discute-se, duvida-se, hesita-se - e parece que há quem passe noites de insónia a ponderar se o facto de Portugal não cumnprir uma resolução da ONU prejudica a humanidade, ou a tremer como vara verde perante o desprazer americano, ou britânico, ou afro-asiático. O que assombra é que os nossos intelectuais, ou os nossos altruístas, ou os nossos sujeitos de grandes princípios, não vêem que as potências inventam os princípios que servem os seus interesses e que se riem da humanidade, e do progresso e liberdade dos negros, e dos direitos humanos dos outros, etc. Há cegueira até mais não poder.»
- Franco Nogueira, in Diário 1960- 1968  (22JUN1966)



«Então, vejamos: qual é a caracterí­stica mais forte do português?...Esperteza saloia, mesquinhez, balbúrdia, burrocracia, inveja, superficialidade, bacoquismo, futebolite, hipocrisia?...É certo que estas abundam, mas serão realmente o vértice?... Não restam dúvidas que o português adora falar ao telemóvel e guiar o automóvel (de preferência as duas em simultâneo), mas quanto a mim há algo que ainda supera estas delí­cias e o deixa, mais que derretido, babado...Não adivinham? Eu digo: Mirar. Pois, mirar e remirar com a maior das gulas. O português não come com os olhos, empaturra-se. E não há dispepsia que o aflija: digere tudo! É uma gibóia insaciável, uma anaconda voraz. Mas nada de voyeurismos ou espreitadelas subtis, de soslaio, como quem não quer a coisa. O verniz não lhe quadra...gosta mesmo é de plantar-se defronte dos acontecimentos, das coisas e, sobretudo, dos desastres, das cenas degradantes e empanzinar-se, tirar a barriga de misérias, ou melhor, enché-la! Não se pode exigir aos portugueses que apaguem incêndios, quando, na verdade, o que eles gostam mesmo é de vê-los, apreciá-los, na sua beleza feérica, catastrófica (e quem sou eu, dragão, para os criticar nesse caso especí­fico...) Diante da própria casa a arder, o português deve ser único no mundo a experimentar sentimentos contraditórios: por um lado "ai que desgraça!,minha rica casinha!..."; por outro, "compõe-te mulher, vem ali os senhores do telejornal!..." Da mesma forma, é absurdo incitá-los a que se levantem da desgraça, da miséria mental e fí­sica em que vivem, qual país prostrado, rastejante, mendigabundo, quando, acima de tudo, o que eles mais gostam é de contemplar misérias, desgraças, ignomí­nias, hecatombes, nem que sejam as suas! Aliás, sobretudo as suas!...Para que quereriam eles um paí­s organizado, seguro, planificado, ordeiro: só se fosse para morrerem de tédio! Tanto mais, que nenhum sarrabulho lhes chega, nenhuma confusão lhes basta: mergulhados numa babel monumental, eis que anseiam emigrar para as áfricas ou brasis, só porque sonham que aí a balbúrdia ainda é maior!... E é, graças a Deus!... O caso dos acidentes aparatosos e sanguinolentos (ou melhor será dizer, massacres?) nas auto-estradas serve de modelo alegórico...Quem já não assistiu às tripas do semelhante em exposição gongórica nestas galerias? E as filas de basbaques que logo se formam? E os desastres subsequentes, como que por simpatia (por simpatia mesmo) que, regra geral, se encadeiam? A malta a ver, a absorver morbidamente, com volúpia... a assistir, a esquadrinhar, a pesquisar, à  cata de minúcias e detalhes, quanto mais escabrosos, repugnantes, melhor! Uma corja, sem dúvida. O português conforta-se na sua própria repugnância, engrandece-se e regozija-se na proporção directa da desgraça alheia. O seu bem, a sua sorte, só são reconhecí­veis, assinaláveis a partir da desgraça e do azar dos outros. Puta de gente! E eu, apesar de dragão, sou um deles. Ninguém escapa: vem com o Tejo, os sobreiros, o azul único do céu e tudo o que faz com que este lugar seja este e não outro. Os gregos chamavam-lhe "moira"; nós chamamos-lhe "destino".»

- in Dragoscópio,  18 de Dezembro de 2003





No primeiro postal que publiquei neste batel, acima citado, já lá vão mais de 12 anos, debrucei-me sobre esse deleite (e também requinte) nacional: o desastre. O português é um contemplador voluptuoso do desastre e mesmo a sua própria casa a arder submerge-o uma espécie de êxtase mórbido. Inserir-se-á a "debandada" nessa categoria? Será uma forma de cogito nacional - Debando, logo existo?  Difícil se torna negá-lo. Há, pelo menos, que ponderá-lo seriamente. Até porque "debando, logo existo" equivale a "desisto, logo existo", indício mais do que incriminante para um povo que, sobretodos, adora tripular o paradoxo. A ideia, de resto, não é minha: escutei-a ao saudoso Agostinho da Silva. Faço-lhe apenas uma ligeira adaptação. Definia-se ele (e é difícil imaginar um protótipo mais genuíno de português do que mestre Agostinho) como não habitando nem o ortodoxo nem o heterodoxo, mas o paradoxo. Ora, haverá povos mais ortodoxos e povos mais heterodoxos, mas mais paradoxal que o português não há, quase posso jurar, nenhum.. Querem uma lista de fórmulas típicamente portuguesas? Aí vai: resistir à coragem; empielar-se de lucidez; desenrascar um plano; racionalizar o absurdo; etc, e por aí fora.
O certo é que o mistério da debandada não se resolve com bodes expiatórios.  Não debandamos apenas por causa de comunistas, jacobinos, liberdadeiros, ou qualquer outra estirpe ou variedade de estrangeirina que injectamos ciclicamente para a veia, ou enfiamos, invariavelmente, em forma de supositório pelo fundilho do anti-pensamento acima. Também não debandamos apenas por razões de desorganização viciante. O facto é que debandámos em todos os regimes, épocas e climas, bem como nas mais diversas circunstâncias metodológicas, quer armando ao mais estouvado dos graneis, quer urdindo a mais cuidadosa das engrenagens.  Da ponta norte de África à ponta sul, só para nos confinarmos ao continente onde, ao fim e ao cabo, mais nos recreámos, em mais de quatro séculos, há exemplos abundantes de tudo isso. Cito até um caso de assombrosa engrenagem  - o dispositivo militar em Angola, em 1973, a mais espantosa, aperfeiçoada e bem sucedida máquina de contra-subversão na história da humanidade, e não estou a exagerar minimamente -, que, não obstante, teve o patético desenlace que se conhece. Como poderia apontar, em sentido diametralmente oposto, de granel ambulante, a expedição que, em 1904, na Ovambolândia, após uma sucessão  grosseira de asneiras, conseguiu meter-se na "boca de saco" dos Cuamatos (tipos altamente bravos e tesos, do Sul de Angola, fronteira com a Namíbia) e aí soçobrar, massacrada, uma grande quantidade, e em salve-se quem puder alucinado os restantes (até houve quem lhe chamasse o nosso "alcácer-quibir ovambo"). Ora, a razão principal porque não se resolve com bodes expiatórios é porque se trata dum atavismo. Meteu-se-nos na massa do sangue.
Só que a debandada não esgota o sumo da  natureza aventureira do português. O luso alambique não destila apenas a surrapa do 8: destila igualmente o néctar do 80. Pois, é também capaz do mais extraordinário dos heroísmos, equipado que está (ao nível de África, pelo menos, isso é indiscutível e encontra-se sobejamente estabelecido pelo rol de acções registadas ao longo da história) duma dureza  e rusticidade acima de qualquer outro povo europeu. África é o nosso quintal (ou a nossa praia, como agora estimam de  idiomatizar). Ainda hoje, quando desembarco em Luanda, Bissau ou Lourenço Marques (agora chamam-lhe Maputo), não me sinto no estrangeiro. E mesmo em Pretória ou Joanesburgo não anda muito longe disso. Direi mais: África sem nós, portugueses, é uma cidade fantasma. Ainda a este propósito, do carácter paradoxal da nossa gente, tão apta a debandar como a resistir, conto um episódio da minha história pessoal: um dia, estando este vosso criado em Centurion, na África do Sul, em casa dum antigo oficial do Búfalo 32, num grupo de convivas onde figuravam também um antigo piloto de helicóptero aul-africano e um ex-sargento dos Rekys rodesianos (decorria a época do pós-apartheid, ascendera o Mandela à presidência), e pergunto eu: e agora, cavalheiros, qual vai ser o futuro disto? As opiniões coincidiam numa certa degradação fatal de infraestruturas e serviços, mas, apessar de tudo, tencionavam ficar. Afinal, era a terra deles. Tinham esperança que, com os solavancos inerentes, a coisa lá andasse sem descarrilamentos aparatosos. Os ingleses, é certo, já tinham cavado todos. Mas a bitola não era essa. Segundo eles, iam ficar atentos aos portugueses (e há lá muitos, inúmeros refugiados de Angola no pós-descolhonização). Comunicaram-me nestes precisos termos: no dia em que os portugueses fizerem as malas e partirem, aí, sabemos, que isto foi tudo por água abaixo.
A África Austral tem, ou tinha ainda há bem pouco tempo, um alto conceito pelos portugueses. E isso é compreensível a vários níveis e perspectivas. Em primeiro lugar, os portugueses eram o garante duma África Austral próspera e geradora de condições de uma efectiva independência em relação aos blocos, quer comunistas, quer anglianígenas. A presença portuguesa não sustentava apenas Angola e Moçambique: escorava igualmente a Rodésia e a África do Sul. Nesse sentido, Portugal não se batia apenas pela defesa do seu território e dos seus interesses soberanos, mas igualmente pela consolidação do seu próprio "bloco". Quando se diz que Portugal estava isolado efabula-se manhosamente outro dos mitos rafeiros com que, ad nauseam, se endromina o otário. Portugal estava na Nato, na OCDE (ao tempo de Caetano, progredia claramente em direcção o Mercado Comum europeu) e "presidia" ao bloco da África Austral (onde, saliento, não apenas a Rodésia e a África do Sul pontificavam, mas também o Malawi e, a seu tempo, a própria Zâmbia teria que se inclinar). Mesmo o Congo do tempo de Tschombé alinhava com os portugueses. Em 24 de Junho de 1964, pode ler-se no Diário de Franco Nogueira:
«Golpe de teatro no Congo. Tschombé partiu para Léopoldville. Enviou uma mensagem "a Salazar e Nogueira dizendo que nunca trairia Portugal, não era injusto, e esperava com Portugal construir a África" . Também Modiho Keita envia outra mensagem: o Mali deseja cooperar com Portugal em Africa. Talvez possamos vir a fazer uma grande política.»
E mais adiante, a 27 do mesmo mês:
«No Forte do Estoril, o chefe do Governo, Araújo e eu examinámos o problema do auxílio solicitado por Tschombé: ficou resolvido fornecer cinco mil espingardas automáticas (se a Espanha não se pontificar a faz~e-lo) e outros apoios logísticos, como víveres, medicamentos, etc. Financiamentos e armamento mais pesado ficarão a cargo da África do Sul. Ian Smith passa por Lisboa a caminho de Londres.»
Longe do isolamento lendário que algumas cabecinhas de alho chocho, a reboque da carroça jornalixeira e doutras telenovelices de cheiro, imaginam, Portugal coordenava toda uma manobra geopolítica conjunta, que não apenas não prestava a atávica vassalagem aos anglianígenas como, em caso de interesse soberano nacional, contra eles urdia (como era caso flagrante o apoio à independência da Rodésia e o estreitamento de relações com a África do Sul). Ou seja, em matéria de política externa e capacidade de influência,  muito ao contrário da passividade actual,  Portugal primava pela actividade. Era uma nação activa dotada de princípio de movimento próprio, ou seja, era um Estado vivo.
Entretanto, militarmente, Portugal recebia ajuda efectiva da França e da RFA (e lograva cooperação activa no teatro de operações de forças e meios rodesianos, em Moçambique, e sul-africanos em Angola ). Aliás, cumpre especificar que, quando após a subida de Willy Brandt ao poder, a RFA começou a deixar de ser tão prestável ao nosso reabastecimento militar, transferimos essa cooperação para a África do Sul (passou esta a fornecer-nos, por exemplo, os Alluett III, se necessário com pilotos e tudo). Mesmo os Ingleses, sempre tão peritos em roer a corda e em minar alianças, foram tratados por Salazar com hábil eficácia e acabaram por colaborar. Como demonstra, de forma emblemática, um episódio relatado por Franco Nogueira:
«Lisboa, 17 de Agosto de 1962 - Há meses, o embaixador de Inglaterra, formal e vitoriano, comunicou-me que o Governo de Sua Majestade não nos venderia mais qualquer armamento, nem uma pistola, nem uma bala. Quando informei Salazar, este comentou: "Vamos comprando noutros sítios, até o Governo de Sua majestade nos perguntar por que não compramos em Inglaterra". Hoje, o mesmo embaixador britânico veio anunciar-me que o seu governo está pronto a vender a Portugal quanto armamento quisermos, mesmo para uso em África. Salazar conhece bem a política e o temperamento britânico.»
A mesma mentalidade britânica que, ao mesmo tempo, mandava os canadianos pressionarem os alemães para que estes apenas vendessem armamento a Portugal com cláusula de não utilização em África (mero expediente comercial, portanto, de índole a prejudicar o balcão concorrente).

E aqui chegados, temos que confrontar-nos com mais  esse paradoxo português: o de uma pequena nação europeia possuir essa  extraordinária capacidade de projectar uma sombra enorme no mundo e sobremaneira em África. Uma capacidade que remonta a um Rei e um Infante memoráveis, que toda a monarquia, mesmo a constitucional, bem como a Primeira República honraram sem mácula, e que teve o seu derradeiro avatar nesse enigmático homem que, sem quase sair do seu gabinete, conseguia também projectar-se, superlativamente, no tabuleiro do mundo. Apodaram-no que não viajava, não saía, não ia mirar e remirar como Tomé, ou plantar-se embasbacado defronte dos acontecimentos, como cumpre ao tugarístico peregrinus que se preze. Que assim traiu  e descurou a devoção-mor da espécie, e por conseguinte merece eterno opróbrio e pública repulsa. E, no entanto, se o corpo aparentou uma vida de recolhimento monasterial, já o espírito, esse, quase posso jurar, jamais se deixou confinar pelas estreiteza das paredes, dos horizontes, sobretudo dos medos que tolhem, e, bem pelo contrário, viajou constantemente pelos diversos continentes, alto, atento e arguto, como, infelizmente, poucos estadistas europeus, dignos desse duplo título, nos últimos 100 anos, se podem gabar. E o resto nem sequer é conversa: é ruído.


PS: O Nosso desastre do Vau do Pembe (ou Umpungo) contra os Cuamatos saldou-se em cerca de 250 baixas (o nosso maior desastre em África). Cuamatos que eram bravíssimos, equipados já com armamento moderno - variadíssimos tipos de espingardas. Atirámo-nos ao vespeiro com cerca de 500 homens. Os ingleses, mais bem armados que nós, contra zulus apenas com armas tradicionais, perderam mais de 1500 militares europeus em Isandhlwana. Em cerca de três anos de guerras contra os mesmos ovimbundos (Cuamatos e compª), os alemães perderam para cima de 3000 homens. Mais tarde voltámos lá com mais calma, bem comandados, e metemos os Cuamatos na ordem.
Note-se que o Gomes da Costa, que mais tarde viria a comandar o 28 de Maio, participou na batalha do Vau de Pembe.
aqui uma excelente e literária descrição desse nosso "Alcácer-Quibir ovimbundo". E a morte do capitão Roby evoca, nitidamente, esse outro desastre maior da nossa história:
«Nesse instante decisivo está tal como ficou no seu auto-retrato, o mesmo ser nodo­so, agudo, todo em arestas, nunca seguindo o trilho da estrada comum, sempre aos saltos pelos valados, aos ziguezagues pelos carreiros, tendo teimas invencí­veis, energias de herói, resistências de mártir. Mas Roby, que vê crescer a massa de guerreiros inimigos, sente afinal que não é humano pedir o sa­crifício maior àquele punhado de soldados sem moral, já só impelidos pelo ins­tinto de conserva­ção, que o fitam de rostos compungidos. Então, como num adeus, diz-lhes: Quem puder retirar, retire.E, metendo esporas ao cavalo, galopa solitá­rio em direcção ao inimigo, de espada desembainhada e revólver em punho. Mais do que uma luta breve e desigual, vai tratar-se de uma verdadeira auto-imolação, que os deuses es­colheram para despedida do arcanjo da guerra que deitaram a este mundo. Roby engolfa-se no mar de guerreiros negros que disparam sobre ele, tomba do cavalo sob um refulgir brusco de lâminas sem clemência. Alto, magro, esgalgado, tri­gueiro, o herói travou o seu último combate.(...).»

Mais uma vez o paradoxo: em plena debandada, um português lança-se à carga, ao ataque!... Dizem que o nosso último rei de Avis também foi assim que tombou.

8 comentários:

  1. Prezado,

    Andam escriptos deste valor por aqui desgarrados e em risco de algum iluminado desligar a corrente. Reúna os dispersos. Dê-lhes edição convencional, por favor. Revista e augmentada se possível. Publique um livro, vários tomos. Eu quero comprar.

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  2. UaU!

    Fica difícil comentar um post assim.
    Nem sei por onde pegar.
    Vou reler mais umas vezes e logo se verá.


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  3. Afonso Albuquerque10:23 da manhã

    Você é um desperdício Dragão. Oiça quem lho diz, nomeadamente o BIC Laranja. Interessa produzir como produz e não o "partilhar" ou dar-lhe corpo para ser mais fácil a partilha e assim concretizar-se em Acção?

    Cumprimentos

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  4. eu estou como o Vivendi :) fantástico.

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  5. Caro Dragão
    Concordo plenamente com os comentários atrás.
    ( http://prnt.sc/b0bfaa )A solidão é horrível. Quanto mais escreve, mais solitário.
    Tenho-o emprestado a algumas pessoas que se "esquecem" sempre de o devolver, penso que é por causa da capa... :)
    Carlos

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  6. Na falta de livros, umas tertúlias memoráveis, pode ser?

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  7. Estimado Bic,

    caros e raros leitores,

    se um dia destes me abraçar o tempo e a disposição, ponderarei essa hipótese. Julgo que uma edição de luxo, com tiragem de uma Dúzia de exemplares, resolverá a contento de oferta as expectativas da procura.
    Não é coisa complicada nem difícil de realizar e tem ainda uma vantagem não despicienda: é que, será com todo o gosto, que oferecerei os cartapácios aos interessados. Mérito absoluto deles, gratidão deveras minha: por ainda haver gente que se mantém coerente e não vira-casaca ao sabor da moda e da telenovela.

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  8. Tal lucidez, conhecimento e sabedoria são raros.
    Melhor ainda: os princípios e a fidelidade incondicional à sua pátria/nação, ainda mais raros.
    Pena que no lamaçal em que se tornou este país, vítima de uma civilização de faz-de-conta, não haja uma publicação à venda onde estas qualidades pudessem ter voz pública. E quem melhor que um Dragão para lhes dar essa voz?

    Essas ordas de putedo da "pena e palavra" que por aí andam, não passam quase todos de farsantes e imbecis, cheios de peneiras a armar ao importante e sem qualquer verdadeiro talento (alguns nem o básico da profissão - escrever - sabem: - que bom que é ter um acordo "esferográfico" para lhes disfarçar a incompetência técnica).

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