A propósito da reunião do Movimento dos Capitães, decorrida em Óbidos, no dia 1 de Dezembro de 1973, Diniz de Almeida, tece um comentário deveras elucidativo:
«O ridículo prático de uma votação com a curiosa miscelânea que era a existência de adeptos do governo infiltrados, oficiais independentes, e o número crescente de oficiais curiosos que faziam das salas de reuniões autênticas casas de passe, quer pela irregularidade de frequência, quer pelo comodismo ou desinteresse com que assistiam, ganhava curiosa realidade, quando minuciosos relatórios forneciam ao coronel Viana de Lemos, a informação de tudo o que lá se passava.» (in Origens e Evolução do Movimento dos Capitães, pp221)
Ora, o coronel Viana de Lemos (não esqueçam o nome) era, nem mais nem menos, o sub-secretário de Estado do Exército do governo de Marcello Caetano. O que, indiscutivelmente, aponta para um conhecimento detalhado, por parte do governo, de tudo o que se ia cozinhando naquelas assembleias conspirativas. Dito com mais rigor, em teoria poderia indicá-lo. Só que... O Coronel Viana de Lemos pertencera ao gabinete de Botelho Moniz e era da confiança de Costa Gomes. Acresce que, segundo os entendidos, estava de algum modo em "connection" com certos serviços de informações ocidentais. O que nos pode levar a inquirir o óbvio: será que ele informava devidamente o Governo, pelo menos com a mesma eficiência com que informava Costa Gomes e os seus contactos exóticos? O certo é que, pela mão de Marcello, as figuras derrotadas no 13 de Abril de 1961 vão readquirindo algum tipo de protagonismo na sua reconstituição 13 anos depois. Das duas, uma: ou para seu conforto, ou para seu prejuízo. Quer dizer, no menos mau dos casos, tudo indica que Marcello, à semelhança de outras asneiras políticas, apostou em gente que, não só pouco ou nada atenuou aos oposicionismos conspirativos (ainda mais com sede externa), como os monitorizou e, de algum modo, os promoveu através duma olímpica permissividade.
Também Sanches Osório faz referências a um conhecimento antecipado do Governo, mas em termos diferentes:
«Será verdade que o Governo saberia algo do que se passava pelas informações da PIDE, mas desde a reunião dos generais em S.Bento que as posições se tinham radicalizado. Antes dessa reunião o Gen. Costa Gomes teria tentado um acordo com o Prof. Marcello Caetano, mas esses contactos não foram muito nítidos.» (in O Equívoco do 25 de Abril, pp.42)Jaime Nogueira Pinto vai mais longe:
«Um facto: depois do 16 de Março, Spínola procura Marcello Caetano, reafirmando-lhe o seu lealismo. Que não é, nem nunca será um general golpista. De qualquer modo os contactos entre Marcello e Spínola vão manter-se por interposta pessoa - Veiga Simão, o ministro da Educação. Spínola, depois do 16 de Março, é assíduo visitante do gabinete daquele membro do governo. Têm longas conversas, a seguir às quais, segundo funcionários do Miinistério, Simão se dirige a S.Bento, ao Presidente do Conselho.» (in O Fim do Estado Novo e as Origens do 25 de Abril)
Ora, outro facto é que a conspiração dos "ultras" - a direita militar que pretendia a substituição de Marcello e o reforço militar da política ultramarina -, tinha sido abortada por denúncia oportuna de um dos principais militares spinolistas, Carlos Fabião. A intentona das Caldas, por seu turno, em larga escala, seria uma movimentação de spinolistas (mais uma vez a caírem na esparrela das precipitações, o que se tornaria um hábito). O general Spínola, entretanto, confirma esta movimentação mais como uma antecipação à direita do que um clara hostilização a Marcello:
«(...)porque, dos contactos havidos com o Presidente do Conselho e com alguns membros do seu Governo, me ficara a firme convicção de que era urgente contrabalançar as pressões da corrente ultradireita - defensora de uma solução monolítica - como o peso da vontade maioritária da Nação, que se impunha esclarecer em ordem à abertura para soluções consentâneas com as realidades conjuntorais.» (in País sem Rumo, pp.76) ~
Note-se como, dentro da própria situação, os defensores da continuação firme da política de Salazar são desclassificados como "ultradireita" . Ora, o que estas forças dentro da situação procuram (Costa Gomes também pontifica, mas sempre com um pé de reserva para outra plataforma que entretanto possa surgir mais vantajosa) é, sem reservas, a condução a bom termo daquilo que tinha sido frustrado em 13 de Abril de 1961. Os peões são os mesmos, os jogadores externos também, falta apenas o actor principal, entretanto falecido. E há um outro que muda agora de lado: Spínola. Que serve de testa de ferro involuntário a Costa Gomes.
O mesmo Spínola, aliás, que corrobora também os contactos com Veiga Simão (após a publicação do livro "Portugal e o Futuro"):
«Durante este período realizei ainda várias diligências junto do Ministro da Educação Nacional no sentido de oferecer ao Presidente do Conselho uma possibilidade de modificação radical da política do País. Apesar de todo o esforço despendido pelo Prof. Veiga Simão, as tentativas foram infrutíferas, tendo sido este que, por sua iniciativa, me comunicou que o Prof. Marcello Caetano nos receberia separadamente, a mim e ao general Costa Gomes, na esperança de que no último momento o Presidente do Conselho reconsiderasse.» (in País sem Rumo, pp, 79).
Um pequeno comentário: "modificação radical" não seria exactamente uma reforma daquelas tão típicas entre nós, sobretudo desde 1968... O certo é que por altura destas conversas, Spínola, segundo ele próprio atesta, bem como Sanches Osório e Diniz de Almeida, ia sendo mantido ao corrente das actividades subterrâneas do Movimento dos Capitães. Quanto à data a partir da qual começa a ser notificado dessas movimentações, Spínola situa-a em "meados de Dezembro de 1973". Por outro lado, o golpe dos "ultras", que deveria ter acontecido em Dezembro de 1973, teria abortado muito por via da oposição duma maioria relativa de oficiais metropolitanos (60%), bem como dos generais Costa Gomes e António de Spínola. Tudo indica que este, como forma de recompensa do Governo, viu criado especialmente para si o cargo de Vice-Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas. Parece que é uma tendência de governos erráticos e atabalhoados, a criação de cargos peregrinos como Vice qualquer coisa. Actualmente, acho que já vão em vice-primeiro-ministro. Confio que a breve trecho chegarão a vice-presidente da república. Entretanto, a versão que corria nos meios "liberais" de Fevereiro de 1973, enredo que viria a ter repercussão no Le Monde (os franceses estavam a par do movimento revolucionário clandestino e fazia todo o sentido pretenderem antecipar-se aos soviéticos/americanos), calculava um golpe que obteria a renúncia forçada do Presidente da República, a subida de Marcello à Presidência, com Spínola a chefiar o Governo, até novas eleições. Seria, muito provavelmente, esta, a proposta de "mudança radical" de Spínola?...
Pormenor assaz interessante é o depoimento do chefe dos Serviços Secretos Franceses na altura, Marenches. Convém ter bem presente que a França nos apoiava internacionalmente, bem como no esforço de guerra (era, por conseguinte, um aliado; à semelhança da Alemanha). Responde ele, o tal Marenches, quando lhe perguntam se estava a par da golpada de 1974...
Cunha Passo, outro importante DGS, confirma a geografia: «Fui com o dr. Barbieri Cardoso, que depois seguiu para Paris para se avistar com Alexander de Marenches, director do SDECE». (in Histórias Secretas da Pide/DGS, pp.143, de Bruno Oliveira Santos)
Pormenor assaz interessante é o depoimento do chefe dos Serviços Secretos Franceses na altura, Marenches. Convém ter bem presente que a França nos apoiava internacionalmente, bem como no esforço de guerra (era, por conseguinte, um aliado; à semelhança da Alemanha). Responde ele, o tal Marenches, quando lhe perguntam se estava a par da golpada de 1974...
«Estávamos bem informados sobre a revolução que se preparava, não só em Portugal, mas no seu império ultramarino: Angola, Cabo Verde, Macau, Moçambique, São Tomé, Guiné, Timor. O enclave indiano de Goa já se fora. Angola, Moçambique e a Guiné iam desaparecer e a parte portuguesa da ilha de Timor ia-se tornar indonésia.» (in No Segredo dos Deuses, pp160)O mais curioso é que na manhã do dia 25 de Abril de 1974, o director operativo da DGS, Barbieri Cardoso, encontra-se onde? Em França, de visita ao gabinete do Chefe dos Serviços Secretos Franceses. E, segundo este, faz um ar incrédulo, quando recebe a notícia de que está a haver uma revolução em Lisboa.
Cunha Passo, outro importante DGS, confirma a geografia: «Fui com o dr. Barbieri Cardoso, que depois seguiu para Paris para se avistar com Alexander de Marenches, director do SDECE». (in Histórias Secretas da Pide/DGS, pp.143, de Bruno Oliveira Santos)
Outro ex-DGS, Abílio Pires, à pergunta se o 25 de Abril os tinha apanhado de surpresa, responde:
«Não. Já sabíamos que, naquela noite, ia dar-se qualquer coisa. É por isso que à meia noite eu ainda estava na António Maria Cardoso. Repare: na noite anterior, os militares foram buscar os aparelhos de rádio ao Quartel de Cascais. Se existiam dúvidas sobre a possibilidade de eclodir uma nova revolta, elas ficaram logo dissipadas!.» (idem, pp. 145)
Só para concluir este intróito sobre as vésperas, uma última passagem de Nogueira Pinto:
Comecemos pelo testemunho de um dos golpistas, o Major Sanches Osório, futuro Ministro da Informação:
«"O Governo não suspeitava apenas, sabia", há-de declarar Otelo Saraiva de Carvalho a respeito do conhecimento pelas autoridades, do Movimento das Forças Armadas. E um franco-atirador esquerdista, acrescentará: "O golpe de Estado militar teve a conivência da PIDE, do Caetano, do tenebroso Estado-Maior do Exército e transformou-se no Movimento do 25 de Abril; só depois é que aparece o MFA " Algumas pistas conduzem, hoje em dia, para esta explicação, aliás a única plausível aos olhos de vencidos e vencedores.» (in O Fim do Estado Novo e as Origens do 25 de Abril, pp.485)Quanto ao dia 25 de Abril, e às suas peripécias própriamente ditas, passemos a alguns detalhes significativos, que importa anotar...
Comecemos pelo testemunho de um dos golpistas, o Major Sanches Osório, futuro Ministro da Informação:
«Os aspectos militares do 25 de Abril estão largamente descritos e eu não vou repeti-los. Mas não há dúvida de que se tivesse havido uma reacção forte da Guarda Nacional Republicana do Carmo a vitória teria sido extremamente difícil. Os carros de combate estavam velhos e em más condições mecânicas; o abastecimento de combustíveis para os carros e de alimentação para os soldados era muito precário e, a acrescentar a estas condições, havia ainda o treino das tropas que era muito mau na medida em que a maior parte dos soldados não tinha sequer a instrução militar completada. O que se passou no Carmo, ao fim e ao cabo, foi uma acção pessoal, uma acção psicológica e a presença do próprio Povo. Se o regime não estivesse moralmente podre, teria disposto de chefes que desencadeariam o contra-ataque.» (in O Equívoco do 25 de Abril, pp.42)
Em que consistiria esta putativa putrefacção moral/psicológica do regime? É um facto que não esboça qualquer gesto de defesa digno de relevo. Mas agora transparece uma nova agravante.... Até aqui considerava-se que as unidades militares que cercaram os revoltosos, por um qualquer motivo, não tinham desencadeado acções concretas para acabar com a revolta. Mas o que agora atesta um dos próprios golpistas é que teria bastado uma reacção armada da GNR do Carmo para colocar todo aquele circo em muito maus lençóis. Até porque entre os amotinados parece que a moral também não era assim tanta... Diniz de Almeida relata mesmo um estado de semi-borregação do heróico Salgueiro:
«Para além dos aspectos conhecidos, a tomada do Carmo não se processou com tanta facilidade. O capitão Salgueiro Maia foi praticamente abandonado à sua sorte e juventude: daí a sua temporária indecisão.
Apresentando uma ordem escrita para tomar o Carmo de qualquer maneira, o capitão Luz insistiu então com Salgueiro Maia:
- Eh pá, tem que ser! É aqui que se vai decidir muita coisa...
- Não tenho coragem moral..., não tenho coragem moral...
- Tens de tomar aquilo!.... Tens de tomar aquilo...
O Quartel do Carmo erguia-se rijo de frialdade. Lá dentro desorientadas e assustadas, as forças da GNR afectas ao regime, esperavam reforços que não mais vieram. Cá fora, sem que tal facto afectasse o seu excelente comportamento, Salgueiro Maia hesitava:
- Põe-me em contacto com o Otelo; não tenho ligações... Não consigo ligar com ele.
O capitão Luz partiu então como uma flecha para a casa mais próxima, tentando a via telefónica. Experimentou a porta mais a jeito:
Um casal de velhinhos, ajoelhou-se diante dele:
- Por favor, por favor, nós não queremos meter-nos nisso! Por favor...Por favor...
O tempo urgia: correu para um estabelecimento. Agrediu violentamente os vidros da casa comercial "Eduardo Martins". Pressuroso, o gerente ofereceu-lhe o telefone.
Não foi difícil a ligação. O Otelo respondeu-lhe que entretanto já conseguira entrar em contacto com o capitão Salgueiro Maia, que parecia finalmente decidio a resolver a questão. Mais do que Otel, a população, ao seu lado, tê-lo-á ajudado a decidir.
Luz é pouco depois avisado que no cimo dos telhados estariam a aparecer "pides" e outros elementos afectos ao regime.
Uma jovem comunista aproximou-se e declarou decidida:
- Somos quase duzentos, estamos armados e dispostos a ajudar-vos... disponha de nós.» (in Origens e Evolução do Movimento dos Capitães, pp. 325)
Agradeço que registem, sobremaneira, o negritado último - o "poder da rua" na sua primeira manifestação e no seu impulso determinante inaugural. Iremos assistir aos seus acessos posteriores, cada vez mais ousados e "determinantes".
Por outro lado, há testemunhos dentro do Quartel do Carmo nada tranquilizadores. Um deles, o Chefe de Brigada da DGS, Diogo Albuquerque (que é quem vai buscar Marcello Caetano a casa, na madrugada do 25 de Abril), presta as seguintes declarações:
«(...)Disse-lhe que o conduziria à 1ª Região Aérea, em Monsanto, para onde ele fora no 16 de Março e como de resto estava previsto para situações de emergência. Marcello disse-me que não queria ir para Monsanto e impôs o Carmo como destino.(...)Fomos recebidos pelo comandante da GNR, general Adriano Pires, que estava à nossa espera. Percebi depois que Marcello Caetano lhe telefonara de casa, antes de eu lá chegar, informando-o que iria para ali.
(...) telefonaram-lhe também os generais Kaúlza de Arriaga e Santos Costa, dizendo-lhe que tinham unidades da Força Aérea e do Exército prontas a acabar com a sublevação, mas a todas essas indicações Marcello respondia ou que não queria um banho de sangue, ou que ficassem a aguardar ordens suas. As horas foram passamdo e... nada! Marcello nunca deu ordens a ninguém para resistir ou contra-atacar.» (in Histórias Secretas da Pide/Dgs, pp.159-160)
Um outro visitante do Carmo, naquele dia histórico, o inspector Óscar Cardoso, também da DGS, confirma em pleno Sanches Osório:
«E repare que a GNR aquartelada no carmo era, só por si, uma força, um esquadrão de Cavalaria que tinha certamente autometrelhadoras e que, sem necessitar de mais ninguém, podia acabar com aquilo. O Marcello Caetano é que nunca permitiu que a PSP ou a GNR actuassem.» (idem, pp. 153)
Por conseguinte, caros leitores, das duas uma: ou há de facto uma teoria da conspiração universal contra o pobre Marcello , ou há aqui qualquer coisa que não cheira lá muito bem no reino da Dinamarca. Osório argumenta que o regime estava podre; Nogueira Pinto diz que ele morre de caquexia, especialmente agravada nos últimos 6 anos. Eu, se querem a minha opinião, não perderia muito tempo com esse tipo de epitáfios. Nem, tão pouco, com as conjecturas retroactivas, por mais óbvias ou lineares que pareçam. Há, isso sim, um detalhe que sobretodos me parece indiscutível (e que, de resto, já referi num postal transacto): chamo-lhe o efeito calmante do acontecimento. Algo que funcionou como uma espécie de dardo anestesiador para todo e qualquer alarme ou reacção digna desse nome: a figura emblemática e tutelar de Spínola. Para as tropas de África, para os não golpistas da metrópole, para a própria DGS, o efeito Spínola teve resultados absolutamente relaxantes. Óscar Cardoso expressa-o liminarmente. Interrogado se a DGS ou o Governo já sabiam que ia ocorrer uma revolução a 25 de Abril", riposta:
«É claro que sabiam. principalmente depois do golpe das Caldas, a 16 de Março, controlámos todos os movimentos dos militares subversivos. São eles próprios que hoje o dizem. Sabe o que é que nos enganou? estávamos convencidos de que o Spínola dominava a situação. É que o Spínola ainda nos inspirava alguma confiança, não era comunista. Sabíamos que ia dar-se o 25 de Abril, o que não sabíamos é que o 25 de Abril teria o desfecho que teve...»
Para finalizar, fechemos o círculo. O coronel Viana de Lemos, lembram-se dele? Que faz ele na noite de 24 para 25 de Abril? Janta no Gambrinus com Pereira de Carvalho, o poderoso chefe da Secção Central da DGS (e, tudo o indica, toupeira dos americanos na instituição). Abílio Pires, outro DGS, que é quem informa do encontro, refere que seu superior teria ido avisá-lo, mais uma vez, das movimentações existentes. "Mas o Viana de Lemos não ligava nenhuma. Dizia sempre que, quando os militares se revoltassem, o cunhado dele - o coronel Romeiras, de Cavalaria 7 - resolvia tudo num ápice", acrescenta.
Não parece que Viana de Lemos precisasse que o avisassem. Nem o outro estava lá, muito provavelmente, para isso. Apostaria mais num acertar de agulhas, em função de interesse e patrono comum.
O dia seguinte, vai passá-lo, o Cor. Viana de Lemos, segundo descrição do próprio, nos seguintes propósitos:
«A minha reacção, nessa noite, foi um pouco estranha: estava farto e tinha sono! Por isso, durante todo o resto da acção, limitei-me a assistir como mero espectador...» (in Duas Crises, pp.103)
Pelos vistos, as sequelas africanas foram fatais. Tal como a revolução de rilhafoles mais adiante, também o regime socumbiu à doença do sono. E também à espera dum Godot/Spínola que, afinal, tendo chegado, nunca chegou.
Acho que com este post não resta mais espaço para dúvidas.
ResponderEliminarVamos agora aguardar pelas reacções de quem tem outra visão dos acontecimentos...
ResponderEliminarO Vivendi roubou-me as palavras.
ResponderEliminarEstá bastante evidente que Caetano borregou. Não estava à altura das exigências num momento tão delicado.
Seria provavelmente um bom primeiro ministro num regime como o actual. Nunca para dirigir o império.
ResponderEliminarNão era só o Marenches que sabia. Na reunião Bilderberg de 19 de Abril, o secretário da Nato também parece que sabia da tentativa de Spínola-Gomes irem tomar conta da situação, com o muito popular Marcello (ainda poucos dias antes muito aclamado em manifestações na província) reconduzido brevemente em primeiro-ministro. Só a embaixada americana em Lisboa é que se mostrou "surpreendida".
«Somos quase duzentos, estamos armados e dispostos a ajudar-vos... disponha de nós.»
ResponderEliminarIsto é verdade? Está confirmado?
Tenho grandes dúvidas.
o que o Diogo Albuquerque diz, é o que o Diogo Albuquerque diz.
ResponderEliminarO Marcello não diz isso.
Fica palavra contra palavra e toma-se partido por onde já se escolheu.
Isto não são provas. São opiniões e conjecturas com teoria da conspiração a lubrificar a "narrativa".
Mas esta conversa da "jovem comunista" é um tanto maluca.
ResponderEliminarEntão esses 200 comunistas armados, liderados por uma jovem, estavam armados de quê?
De vara-paus? e foram ter com o Salgueiro por terem visto pides no telhado?
ehehehe
ResponderEliminar"teoria da conspiração..."
Só?
Ad hominem frouxo. É como "ultraconservador". ou "realismo fantástico"...
É melhor irem logo directos ao "fascista".
Cripto-antifassistas, começo a desconfiar.
Deixa-te de tretas e não te faças vidrinhos.
ResponderEliminarÉ claro que o Jaime Nogueira Pinto tem uma teoria conspirativa e interpreta as coisas segundo essa teoria.
O que eu perguntei foi da ordem factual:
1- Estavam mesmo 200 comunas armados no Carmo ou frente à António Maria Cardoso?
2- O que uns dizem; outros desdizem- caso dos arquivos da DGS que não foram destruídos e o Marcello comenta.
Idem para ida para Carmo e idem para ordens de disparar ou de quem se passou.
Mesmo que fosse tudo assim- por culpa de falta de ordens do Marcello, então o que se tinha era um panorama ainda mais borregado, porque a DGS ainda conspirou mais.
ResponderEliminarPelo arquivo do scanner do José:
1- Acerca do Carmo
Palavras de Marcello contrapostas a essas:
http://1.bp.blogspot.com/-DastD9go7Ik/VRk0p4G1uVI/AAAAAAAAYZI/SxHGUcJaXug/s1600/Marcello%2BCaetano%2B2ª%2Bentrevista%2BMundo%2BPortuguês%2B76g.jpg
http://4.bp.blogspot.com/-T8Aq0OS5nhc/VRk05zmfQXI/AAAAAAAAYZQ/YdHSEYMi-EM/s1600/Marcello%2BCaetano%2B2ª%2Bentrevista%2BMundo%2BPortuguês%2B76h.jpg
No Carmo- o esquadrão já tinha saído de lá (ele diz que não sabia) e que apenas havia uma companhia de comando e serviços- nega a tal capacidade de resistência bélica invocada
http://2.bp.blogspot.com/-QKc8E6uDLY8/VRk1JAoLMqI/AAAAAAAAYZY/N1OW3OPkT_o/s1600/Marcello%2BCaetano%2B2ª%2Bentrevista%2BMundo%2BPortuguês%2B76i.jpg
Inércia da GNR:
http://3.bp.blogspot.com/--_jPkBzrBZ0/VRk1hgBVyFI/AAAAAAAAYZo/G4rua4cc8a8/s1600/Marcello%2BCaetano%2B2ª%2Bentrevista%2BMundo%2BPortuguês%2B76k.jpg
E que ta,l em vez de palavras,comecemos a organizar-nos e dar-lhes resposta á altura.
ResponderEliminarViva Portugal
Há outra versão menos melodramática:
ResponderEliminarum dragão nunca tem dúvidas e raramente se engana. Ou será antes que nunca se engana e raramente tem dúvidas?
Tenho dúvidas...
Resumindo então: Spínola, a mosca de tsé-tsé?
ResponderEliminarZazie,
ResponderEliminarnão podemos ignorar o Jaime Nogueira Pinto, como todos os outros que estudaram, ou testemunham sobre o assunto, só para dar jeito às tuas tretas, ainda por cima tretas de pensamento à boleia. Se não te interessa a investigação porque já tens a verdade, óptimo. Mas vai evangelizar os incréus, não venhas arengar ao diabo em pessoa.
Dispensa-se também os teus despistes aparatosos, como vir falar em ficheiros da DGS a popósito de nada. Alguém falou nos ficheiros da DGS?
Ruído, em suma.
José,
quem nunca se engana e tem a verdade, lavrada nas tábuas do depoimento do Moisés Marcello, não sou eu. Quem tem uma cassete prévia e recusa qualquer outra abordagem, sob pena de heresia e prossecução dominicana, também não sou eu.
Aliás, eu tenho-me limitado a enunciar factos, cruzados sempre que possível de vários testemunhos, bem como testemunhos das mais diversas áreas (da direita à extrema-esquerda), sem sequer apresentar ou sustentar um teoria dogmática e definitiva sobre o assunto. Isso faz-se no fim, quando, depois de tudo exposto, se chegar às conclusões.
Confundir análise com síntese final é, ou ignorância académica, ou má fé.
Eu próprio, ao reler algumas coisas, ao ler outras que ainda não tinha lido, ao seguir as pistas de uns para outros, vou revendo algumas das minhas impressões de partida.
Dispensavam-se bem tricas, quezílias, remoques e melindres que não contribuem para coisa nenhuma que se veja.
Mas isto está aí atrás bem exposto e evidente. Não querer vê-lo, entendê-lo ou sequer considerá-lo, e preferir a chicana, parece-me um desperdício de tempo, energia e inteligência.
Oh.
ResponderEliminarMas estás pateta?
Alguém demonstrou que não tem interesse por querer saber como foi?
O Jaime Nogueira Pinto esteve lá? esteve presente? confirmou factos?
É que estão aí afirmações acerca das quais se pode saber quem mente.
Basta ter interesse e procurar confirmar.
Por exemplo- aquela do Sanches Osório e do Óscar Cardoso dizerem que o Carmo tinha armamento suficiente para poderem correr contudo é negada pelo Marcello quando diz que nem sabia que afinal era praticamente só um comando e serviços.
Li isto no Pordaloaja o ano passado e fiquei logo com a pulga atrás da orelha.
Por 2 motivos- era natural que ele soubesse e ainda mais que quem o levou também estivesse a par.
Resta verificar o facto.
Quanto a arquivos, esquece.
Era uma outra passagem em que o Marcello também se interroga por não estar nada a ser posto a salvo.
Quando encontrar, mostro. O scanner do José há-de saber
Há coisas que não são de estudo mas factuais.
ResponderEliminarSe uns da DGS dizem uma coisa e o Marcello foi entrevistado e negou, há que confirmar e ver quem mente.
Investigar é isso.
Não li nada em que o Jaime Nogueira Pinto tenha mostrado que verificou e confirmou quem mentia.
Se souberes, agradeço, já que há tanta investigação feita.
No resto é igual- uns dizem que ele é que não mandou disparar, ele diz que eles é que não dispararam- caso da GNR, por exemplo.
ResponderEliminarBasta confirmar factualmente perguntando a mais gente. Compilando testemunhos.
Mas o caso do quartel do Carmo estar meio desactivado, então é mesmo cena básica de se verificar.
E isso sim, é importante. As teorias devem vir depois dos factos estarem aferidos.
Não é o inverso- ter uma historieta e querer ilustrá-la
Para o caso, o que acho espantoso nisto tudo e na informação que me tens proporcionado, é mesmo haver tanta instituição que é pilar da Nação metida em conjuras.
Como se não bastassem os lateiros.
Mas, em relação aos comunas não sei não...
ResponderEliminarJá fui mais ingénua e pensava que aquilo tinha sido apenas populaça ao acaso.
A cena dos cravos não foi ao acaso.
Quanto aos 200 comunas armados é claro que tenho curiosidade porque é a primeira vez que leio uma coisa dessas.
E nem percebi onde. Conheço quem este lá, na António Maria Cardoso, quando nem sequer o Salgueiro Maia tinha para lá ido, e nunca ouvi tal coisa.
Portanto, é um disparate ao lado dizeres que não se quer estudar e não sei que mais.
ResponderEliminarNós somos da mesma geração- não é questão de aprender agora coisas, uma vez que a vivemos.
Eu estava cá, em Lisboa, presenciei muita coisa.
Como é mais que óbvio o interesse é também parte de memórias da vida- diferente do que é para quem nasceu depois.
É mesmo uma grande anormalidade pessoas que até devem ser da mesmíssima idade (eu e tu-por exemplo) e o José um pouco mais novo, com pontos de vista convergentes, estarem agora a inventar quezílias aparvalhadas.
ResponderEliminar"quezílias aparvalhadas"
ResponderEliminarTal e qual.
Eu já disse o que tinha a dizer: não me melindro. Se fosse melindrar-me já te tinha mandado para outro sítio, porque as invectivas são tantas que já nem o meu scanner aguentaria...
Acho piada, até.
Portanto, vamos lá recentrar a discussão: tu dizes uma coisa. Eu desconfio que pode não ser assim e respondo.
Quem se melindra não sou eu...
Quanto aos factos, é como os chapéus. Há muitos e é preciso contar com todos. E nós não os sabemos todos.
Quanto mais melhor.
De resto, no essencial entendemo-nos. Porém, há agora pontos de interesse novos para mim e que só descobri ao ler coisas aqui e ao fustigar o meu scanner.
Coisas muito interessantes e que têm precisamente a ver com as "estirpes antigas", porque me parece que é isso o mais importante: saber quem fomos e como fomos.
Salazar é um entre outros. Um dos maiores sem dúvida, mas agora tenho mais dúvidas sobre quem verdadeiramente foi.
Até me suscita curiosidade saber que personalidade tinha, em privado.
E li hoje uma coisa fantástica que não sabia:
foi ele mesmo quem mandou talhar as pedras tumulares que estão no Vimieiro. A dele e as da família.
Fantástico, isto, para mim.
Portanto, rematando e sans rancune: como diziam os meus pais quando nós avançávamos um pouco mais na liberdade fora do respeito, "abusa, mas não te estendas".
E fica ciente: não me chateio com invectivas desde que sejam humorísticas.
Zazie,
ResponderEliminarO Jaime Nogueira Pinto tem obrigação de ser uma pessoa muito bem informada. Foi contemporâneo da coisa (estava até na tropa no 25 de Abril - na APsic), conhece pessoalmente toda aquela malta do antigo regime, "salazaristas", marcellistas e outros, não é um tipo bronco nem faccioso, estuda (ou manda estudar) os assuntos, portanto, estas virtudes tem-nas. Terá os seus defeitos, como todos nós, mas não são deste domínio. Portanto, não é pessoa que se deva descredibilizar com "teorias da conspiração", porque esse termo, hoje em dia, é igual a "nazi", "antisemita", "maluquinho", etc.
Agora, as teses do Nogueira Pinto não são as minhas. Nunca fui de andar a reboque, não era agora que ia começar (e se até sabes isso, para que é que vens tu com tretas?) Eu ando há anos a ruminar o Salazar e ainda não tenho a certeza sobre muitas coisas. O homem continua, em parte, um enigma.
O depoimento do Marcello é fragilizado de múltiplas direcções, de uma porrada de indícios. Faço como? Finjo que não vejo? Varro para debaixo do tapete? A que propósito?
Ou continuamos com a mentalidade adquirida vi propaganda abrileira, em que um DGS é um infra-humano, e portanto o que diz não vale nada?
O problema é que não é só um DGS.
E quem é que sustenta aqui que a DGS não borregou? No post acima até se indicia o contrário.
Quem é que lê e treslê baseado num preconceito e numa Pré-intenção?
"via propaganda"...
ResponderEliminarMas de acordo. Disse-te de logo de início que sempre gostei muito de ler o Nogueira Pinto.
ResponderEliminarMas não li o livro.
Tenho vindo a formar ideia diferente do 25 de Abril.
Na participação de comunas organizados, por exemplo. Passou.me ao lado. Dei conta dias depois e então saíam debaixo das pedras. Mas não tinha pensado que já lá estavam organizados, no próprio dia.
Os cravos não foi ao acaso.
Quanto ao resto, é como te digo- as contradições são demasiado grandes para não haver quem minta.
Não sei. O espanto é a DGS também a conspirar. Um disparate nunca vem só, é bem verdade.
E sim, tu foste o primeiro a mostrar como borregaram- militares e DGS e já o tinhas dito logo que anunciaste que ias falar nisto.
ResponderEliminarNo caso é mais que borregar- é participar em conspiração, o que é ainda mais estranho.
Em suma, o Salazarismo foi borregando. Borregou a tal ponto que já nem Marcello, que tinha ideias mais condizentes com os ventos que sopravam, conseguiu desborrega-lo.
ResponderEliminar.
Rb
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarJosé,
ResponderEliminareu não sou de melindres. Pelo contrário, sou mais dado à generosidade. Na retribuição. Serei é um tanto susceptível, em especial porque abomino que tresleiam ou inventem coisas que eu não disse, nem sustentei, ou, de algum modo, defendi. Tão simples quanto isto.
Mesmo que não nos entendessemos, não viria mal ao mundo. Uma das provas da existência de Deus, quanto a mim, é a diversidade.
Não sei se no fim desta Acromiomancia toda terei uma teoria. Para já, ainda não tenho. Nessa altura, sobre a teoria, poderás concordar ou não. O valor da teoria, todavia, não depende de votos. Portanto, também não é angústia que me ocupe.
Sobre Salazar, como já referi à tua superfã, estudo-o há bastantes anos e ainda não cheguei a uma conclusão.
Até agora estou naquilo que aqui já escrevi: "honrou o passado, cuidou do presente e não acautelou o futuro."
Poderia tê-lo feito? Como?
Também foi causa do dia negro.
Superfã
ResponderEliminarehehehe
É tão raro entender-me em ideias com alguém que v.s são é um caso raro da minha admiração.
":OP
São é os únicos que leio.
ResponderEliminarZazie,
ResponderEliminaros comunas estavam na todo poderosa "comissão coordenadora" do MFA. Estavam na Junta de Salvação nacional.
Depois digo os nomes, mas são amplamente conhecidos.
os comunas estavam infiltrados nas universidades, onde mentalizavam futuros oficiais milicianos e recrutavam até à porta dos seminários, vê lá tu.
Eram a única força organizada, calejada pela luta e resistência clandestina e com um estratégia endoutrinada de conquista do poder.
E os comunas, na época, tinham uma "muleta" muito importante: o MDP/CDE (servia-lhes de fachada)...
E os comunas estavam armados e organizados na ARA, para atentados e acções armadas de subversão na metrópole. E realizaram umas quantas conhecidas.
Ah! Andamos em estudos...
ResponderEliminarAssim já percebo melhor.
Quanto à Zazie, normalmente entende o que escrevo e às vezes até melhor que eu...ahahaha.
Mas já me dei conta de uma coisa interessante nestas andanças:
ResponderEliminaro melhor é não enquistarmos numa ideia fixa sobre fenómenos sociais. E até pessoais.
Uma coisa é certa em Salazar: tinha um poder desmesurado mas não usava tal poder em modo abusivo.
Porém, era demais. Para qualquer mortal era demais, tal poder.
E isso julgo que também contribuiu para o desmoronamento do edifício que construiu laboriosamente.
Marcello já não era assim. Nem de perto nem de longe e assim é que estava bem.
«Ah! Andamos em estudos...»
ResponderEliminarE andaremos até ao fim da vida.
O Salazar transigia no acessório para não transigir no essencial.
O Marcello não sabia transigir. Começava por ser intransigente no acessório e acabava a ser transigente no essencial.
Um bom exercício: estudar a gestão de Marcello na crise académica de Lisboa e a de Paulo Cunha na de Coimbra.
[Esta série está sériamente a pedir uma leve escovadela editorial e distribuição obrigatória]
ResponderEliminar> o poderoso chefe da Secção Central da DGS (e, tudo o indica, toupeira dos americanos na instituição)
Depois quando puder, mais aqui sff.
O PCP e o MDP/CDE, ARA, etc. - isso tudo que o Dragão disse, em triplicado (mais UECs, MAESLs e etc.). E mais a névoa de grupusculos trotskistas e maoistas, que não obedeciam, mas faziam volume.
> Porém, era demais. Para qualquer mortal era demais, tal poder.
Isso é a reza dos republicanos, desde que correram com os reis de Roma. Lá terão algum interesse nela. O camarada Octaviano deu-lhes a volta muito bem dada - um Salazar do seu tempo, ou vice-versa.
(A minha hipótese é que uma corja de oligarcas precisa de menos apoio popular do que um rei absoluto, e portanto pode fabricar o consentimento por meios mais artificiais.)
Muito gostam v.s de anacronismos para depois ser tudo "estruturalismo".
ResponderEliminarÉ a reza dos republicanos contra a reza dos monárquicos- desde Roma até ao presente.
ResponderEliminarPronto. Está resolvida a questão para a eternidade.
ResponderEliminar«O PCP e o MDP/CDE, ARA, etc. - isso tudo que o Dragão disse, em triplicado (mais UECs, MAESLs e etc.). E mais a névoa de grupusculos trotskistas e maoistas, que não obedeciam, mas faziam volume.»
Toda a gente sabe isso.
Pergunta: sabiam eles todos do 25 de Abril para terem ido para o Carmo armados?
É que a minha pergunta foi apenas esta. Não é preciso "contextualizar".
Se for preciso, enraba-se já a zazie.
ResponderEliminarKummando
Os únicos que saberiam eram PCs e acredito agora que houve manipulação em cima do acontecimento- a historieta dos cravos foi inventada ali e não foi a tal treta ingénua que se conta.
ResponderEliminarMas daí a ser verdade que até havia 200 armados e ofereceram ajuda ao Salgueiro Maia vai mais que isso.
Nunca ouvi contar tal coisa, daí a admiração.
Pronto- lá vêm as alimárias encapuçadas que devem festejar muito o dia da mulher.
ResponderEliminarO próximo postal é sobre se o PC sabia ou não...
ResponderEliminarQuem conta é o Diniz de Almeida. Se estavam os 200 armados ou só 50, não sei. Alguns estariam certamente. Chulos, gandulos e moinantes, bem como ralé especializada, andam sempre armados. E auto-mobilizam-se ao cheiro da confusão...
Presentemente acredito.
ResponderEliminarMas olha uma coisa- alguma vez o PCP falou nisso ou é coisa que ainda escondem?
Porque aquela ideia dos cravos até foi de mestre.
ResponderEliminarTornou a coisa popular mas já estava ali o cheirinho a PREC que viria.
Tudo muito américa latina.
Borregou ou não borregou?
ResponderEliminar"Regressado à vida académica, foi designado reitor da Universidade de Lisboa em 1959, demitindo-se em 1962, no seguimento da Crise Académica desse ano e em protesto contra a acção repressiva da polícia de choque, contra os estudantes"
"Eu ando há anos a ruminar o Salazar e ainda não tenho a certeza sobre muitas coisas. O homem continua, em parte, um enigma."
ResponderEliminarE que enigma... Um verdadeiro mestre no campo filosófico, político e económico.
Falhou realmente em não saber acautelar o futuro através de uma passagem de testemunho controlada.
Mas Salazar sabia que ninguém à sua volta ia atingir o mesmo estágio mental para fazer frente à árdua tarefa governativa do povo que não sabe nem se deixa governar e ainda com a seita internacionalista à perna e pronta a destruir qualquer resquício de um Portugal com sucesso. Um país tradicional e católico a ter sucesso? Isso era a desgraça para os protestantes, jacobinos, pencudos.
Foi um homem providencial.
ResponderEliminarSobre o eventual borregamento da Pide, face ao 25A, creio que o inspector Óscar Cardoso e o seu colega Abílio Pires teriam algo a dizer, mas não hão-de querer pôr em causa a corporação. De resto, o mais natural é ter havido borregamentos individuais, ou sectoriais na cúpula e não do conjunto da Pide. Quem é desse tempo e andava a par do que se passava na área política, não desconhecia as cisões que se foram formando no seu topo com o advento do marcelismo. De um lado Barbieri Cardoso, um "salazarista" que por isso mesmo ia sendo marginalizado, ao ponto de, como já aqui foi dito, estando em Paris, foi o conde de Marenches, director da SEDECE, a dar-lhe a notícia da abrilada, o que é dum ridículo insuportável, do outro o Pereira de Carvalho, homem dos americanos, sem dúvida mais poderoso que o próprio Silva Pais, ligado ao Viana de Lemos e a outras personalidades que o marcelismo trouxera à tona.
A situação de instabilidade ou de indefinição nas estruturas cimeiras da Pide, que se ia reflectindo negativamente em certas tomadas de posição no terreno ou na ausência de acção da DGS começou a preocupar os mais atentos. Na altura, não sendo eu pessoa que bebesse do fino, mesmo assim tive notícia, de ciência certa, que houve pelo menos duas reuniões de gente importante ligada ao regime cujo principal objectivo era colocar à frente da Pide/DGS alguém fora dos quadros policiais que desse unidade e eficácia a uma estrutura que dava sinais de andar à deriva, distraída ou mesmo desencaminhada. Sei, de ciência certa, que a pessoa escolhida foi o comandante Alpoim Calvão, e que o próprio aceitou com empenho o encargo.
Tudo isto se passava poucos meses antes do 25A e por aí ficou.
"Mas a verdade é que Marcello Caetano nunca esboçou o mínimo gesto de contra-ataque. O próprio Salgueiro Maia podia ter sido apanhado entre dois fogos no Largo do Carmo"
ResponderEliminarTirado daqui:
http://cantinhodomundo.blogspot.ca/2005/11/histrias-secretas-da-pidedgs-o-golpe.html
Mais lenha para a fogueira...
ResponderEliminarhttp://expresso.sapo.pt/revelacoes-e-alguns-segredos-sobre-a-independencia-de-angola=f890936
Adriano Moreira, no prefácio deste livro de memórias diplomáticas, escreve que a "diplomacia é correntemente definida como a arte de conduzir negociações entre Estados" e diz que este relato de João Rosa Lã "é especialmente relevante pelo testemunho, que reforça o limitado conhecimento já vindo a público das hesitações" de Marcello Caetano na procura de uma solução para a guerra colonial. No final da década de 1970 do século XX, João Rosa Lã foi colocado como encarregado de negócios na Embaixada de Portugal em Caracas. Aí encontrou "um grupo importante de cidadãos portugueses que procurou refazer a sua vida na Venezuela, depois do 25 de Abril". Fernando Santos e Castro, último homem nomeado pelo Estado Novo para o cargo de Governador-Geral de Angola foi um desses portugueses com quem Rosa Lã se cruzou na capital venezuelana.
A tese do Dragão está cada vez mais consistente.
Adriano Moreira, no prefácio deste livro de memórias diplomáticas, escreve que a "diplomacia é correntemente definida como a arte de conduzir negociações entre Estados" e diz que este relato de João Rosa Lã "é especialmente relevante pelo testemunho, que reforça o limitado conhecimento já vindo a público das hesitações" de Marcello Caetano na procura de uma solução para a guerra colonial. No final da década de 1970 do século XX, João Rosa Lã foi colocado como encarregado de negócios na Embaixada de Portugal em Caracas. Aí encontrou "um grupo importante de cidadãos portugueses que procurou refazer a sua vida na Venezuela, depois do 25 de Abril". Fernando Santos e Castro, último homem nomeado pelo Estado Novo para o cargo de Governador-Geral de Angola foi um desses portugueses com quem Rosa Lã se cruzou na capital venezuelana.
ResponderEliminarNas suas memórias escreve que o reencontro com Santos e Castro foi "o facto mais relevante" de toda a sua permanência em Caracas, apesar de esta circunstância nada ter a ver com a atividade diplomática pura e dura. No entanto, a diplomacia é também a arte da escuta e foi esse engenho do saber ouvir que permitiu cimentar a amizade entre estes dois homens de gerações diferentes e relações supostamente diferentes com o Portugal democrático.
Nas conversas semanais que teve com Rosa Lã, Santos e Castro confidenciou-lhe alguns dos segredos que guardava com ele e começou a entrar cada vez mais em pormenores, quer sobre a sua governação em Angola, quer sobre as suas relações com Marcello Caetano. "Um certo dia, confessou-me que deixara de manter relações próximas com o antigo Presidente do Conselho, por o considerar o principal responsável pelo 25 de Abril". Perante o espanto do diplomata, contou-lhe a sua versão do que se passara em Angola nos primeiros dias do ano de 1974.
ResponderEliminarCaetano terá querido passar o poder a Savimbi
Santos e Castro foi chamado secretamente a Lisboa "pelo então Presidente do Conselho. Queria este ouvi-lo sobre algumas ideias que tinha com vista a tentar pôr fim a uma situação para a qual já não via qualquer saída airosa para o país. Porque a conversa era ultra-secreta, utilizou um carro privado, sem qualquer escolta ou segurança, onde só os dois seguiam (não percebi quem conduzia a viatura) e que passou toda a tarde a fazer, repetidamente, a "volta dos tristes", entre Lisboa, Cascais e Sintra", recorda Rosa Lã. "Nesse carro, sempre em movimento, Marcello Caetano traçou um cenário muito negro da situação do país e da política ultramarina (...) Felizmente, a situação em Angola era diferente, com o MPLA quase aniquilado militarmente, a UNITA controlada e as finanças sólidas devido ao aumento do preço do petróleo. Marcello confessou já não dispor de qualquer capacidade de manobra para alterar a situação nas províncias ultramarinas, sobretudo a dos portugueses que lá viviam. Havia, no entanto, que tentar salvar o que fosse possível".
Estando Santos e Castro muito ligado a Angola e sendo o seu Governador-Geral, deveria movimentar-se nos bastidores para assegurar a preparação de uma "declaração unilateral da independência do território. Seria criado um Estado soberano, multiracial e multicultural, com o concurso de todas as forças que aceitassem a declaração de independência. Santos e Castro ficaria interinamente à frente do novo País, com um governo presidido por uma personalidade negra, muito provavelmente Jonas Savimbi, se este aceitasse, mantendo-se todos os funcionários da administração da província que desejassem ficar. O mesmo aconteceria às tropas da metrópole destacadas no território. O governo português não aceitaria, pelo menos de imediato, nem reconheceria a Declaração de Independência e retiraria todas as suas forças do terreno, mas não retaliaria contra os militares que quisessem integrar o novo exército angolano".
ResponderEliminarO papel das memórias na construção da história diplomática
Ninguém melhor do que o Embaixador Francisco Seixas da Costa para dizer que "existe um notório défice de memórias diplomáticas no nosso país". É desta forma que este amante da escrita e fazedor de opinião refletida escreve no seu blogue que "raros são os profissionais da carreira que passaram para o papel o saldo das suas experiências e isso prejudica fortemente a construção da nossa história diplomática e a compreensão da evolução das relações externas de Portugal".
João Rosa Lã decidiu dar o seu contributo para essa vertente da história, passando a registo escrito a experiência de 42 anos de vida diplomática. Quando se jubilou no final de 2011 foi aprender algumas noções sobre a arte de produzir livros e durante mais de dois anos trabalhou todos os dias, escrevendo e revendo documentos que enchiam mais de 25 caixotes.
Ao longo de mais de 600 páginas, organizadas em 17 capítulos, o Embaixador Rosa Lã recorda acontecimentos que viveu e testemunhou em todas as etapas da sua carreira. Um deles é dedicado aos Serviços da Cifra e a detalhes que passavam pela necessidade de equipar esses serviços - tão propícios a cenários de filmes sobre espiões - com um gerador elétrico.
Rosa Lã foi assessor diplomático do primeiro-ministro Cavaco Silva. Teve o primeiro posto de embaixador na Guiné-Bissau, passando depois pela Holanda, Áustria, Madrid e Paris. Terminou a carreira em Rabat, facto que encara como "um final feliz" porque tinha sido ele a abrir a Embaixada de Portugal em Marrocos pouco depois do 25 de Abril de 1974.
"Do Outro Lado das Coisas - (In)Confidências Diplomáticas" é editado pela Gradiva e é apresentado esta quinta-feira, às 18h, na Sociedade de Geografia pelo Professor Adriano Moreira, autor do prefácio destas memórias, e o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Jaime Gama.
Algumas palavras de Salgueiro Maia, em entrevista à TSF e editada no jornal Público, a 17 de Janeiro de 1992, sobre a força da Escola Prática de Cavalaria que comandava a 25 de Abril de 1974.
ResponderEliminar“Eram instruendos dos cursos de oficiais e sargentos milicianos, tinham entrado em Janeiro e, com três meses de instrução, se tivessem que dar tiros corria-se o risco de se matarem uns aos outros.”
Sobre os blindados…
“As viaturas eram obsoletas, da II Guerra Mundial. Eu tinha algumas sem motor de arranque que, se parassem, não voltavam a andar, outras que não tinham granadas, uma auto-metralhadora que não tinha metralhadora: atou-se, com arames, uma metralhadora normal, porque a de origem já não existia.”
Sobre a situação, durante a manhã, na Praça do Comércio (omite, talvez por desconhecimento, os pelotões de Lanceiros 2 posicionados, desde a madrugada, do Corpo Santo aos comboios do Cais do Sodré)...
“Nós fomos sendo cercados, no Terreiro do Paço, por forças da Guarda Republicana e da Polícia [refere-se à Polícia de Choque]. Até que apareceu um pelotão de carros de combate. E nós não tínhamos armas anti-carro. Não tínhamos armas para combater os carros de combate que nos fizeram frente. Qualquer um deles teria resolvido a situação militarmente.”
Ainda palavras de Salgueiro Maia na citada entrevista.
ResponderEliminarPor volta da hora do almoço, depois de perceber que tinham deixado fugir os ministros e militares que estavam no Ministério do Exército, Maia liga para o Posto de Comando a dizer que não está ali a fazer nada e a força é mandada para o Carmo. Não sabem o caminho e perdem-se no Rossio.
“Soubemos que o Marcelo Caetano estava no Quartel da GNR no Largo do Carmo. Mas nós não sabíamos o caminho para o largo do Carmo. Foram os populares que nos guiaram a partir do Rossio.”
Em frente ao Quartel…
“O Quartel estava fechado, com armas à vista para se defenderem e nós não tínhamos armas para actuar contra eles. As poucas granadas que levávamos tinham um raio de acção de 200 metros. O Largo tem 70. Se eu disparasse uma única granada fazia umas centenas de mortos.” [Provavelmente, todos do lado de fora. O primeiro disparo duma Panhard EBR representava o suicídio da força sitiante.]
O bluff motivador…
“Antes de entrar no Quartel do Carmo disse para as minhas tropas que se não voltasse dentro de 15 minutos arrasassem o Quartel. Claro que não podíamos arrasar coisa nenhuma.”
Apache,
ResponderEliminartudo isso é confirmado por vários outros testemunhos, da direita à esquerda, e está mais do que demonstrado. Só não vê quem não quer ver.
O óbvio já é ululante.
E Vocês recusam-se a tirar a única conclusão possível:
ResponderEliminardebandada geral. O Marcello sobre isso, o que iria fazer?
Até o Kaúlza reconhece a debandada.
Atirar apenas sobre o Marcello imputando-lhe a chefia de tudo, é demais.
Soa-me demasiado a bode. Expiatório.
Que mania, chiça!
ResponderEliminarDeixa lá o calimero.
Ninguém está a atirar só sobre o Marcello nem a fazer dele bode expiatório. Esse afã de marcellofilia, essa ilibação compulsiva do infeliz é que lança o granel e só serve para tergiversar.
Agora que o tipo caíu porque quis, é incontornável.
Acabei de conferir o Viana de Lemos e coincide com todos os outros. Também não percebe que ideia foi aquela do Carmo, nem porque é que ele não contactou com os ministros, etc, etc.
Não pode é inverter-se a questão. Ou seja, alguém que se obstina em ilibar o Marcello, porque sim, andar constantemente a bradar contra as evidências que dizem o contrário. E a verberar os mensageiros por causa da mensagem.
Mas, parece-me que não estou a ser minimamente injusto, nesta matéria, quando afirmo que não vê quem não quer ver. E tu, gritantemente, não queres. Contra a vontade não há argumentação nem evidência que nos valha.
Todavia, o teimoso resmunga e a caravana passa.
Então vamos supor que sim e que é como dizes.
ResponderEliminarE daí?
Ia o gajo armar-se em cavaleiro da triste figura, só para demonstrar que era da estirpe dos antigos, segundo a tua maneira de os ver?
ResponderEliminarNão faz sentido. O Marcello já dera sinais de que não estava no regime como queria estar.
ResponderEliminarMas uma coisa é certa e tem que ser dita:
Era um indivíduo que poderia governar segundo as novas tendências do "vento que passava".
Integrando o esquerdismo no regime e capando as veleidades como fizeram outros países.
Era isso que precisávamos e não de resistências serôdias a ideias de um passado que foi grande mas tinha acabado.
De facto e depois de direito.
Chorar sobre leite derramado e com teorias sobre futurismos em prognose póstuma, pode ser interessante para percebermos quem éramos, mas torna-se estéril a partir de certa altura.
E agora vou ausentar-me. Mas logo continua...
Vamos lá a ver,
ResponderEliminarO que eu estou a tentar fazer é a história do acontecimento, percebendo causas, fenómenos, factos, e efeitos.
Não se trata aqui de propaganda nem de mundos alternativos. É perceber o que foi e como foi.
É importante entender isso e acabar com mitos, fastasmagorias, assombrações e justificações canonizantes para todos os desvios e perversões posteriores.
Estabelecido isso, se alguma vez tal for possível, então pode pensar-se no presente e no futuro com outras bases e projecções.
Convém, pois, não colocar carroças à frente dos bois, por constante tendência para o fast-thinking e fast-opinion, típicos da internet, mas prejudiciais a qualquer investigação séria.
Sério não é sinónimo de perfeito.
«Ia o gajo armar-se em cavaleiro da triste figura, só para demonstrar que era da estirpe dos antigos, segundo a tua maneira de os ver?»
ResponderEliminarmeu caro, tu não acompanhas os teus próprios argumentos.
Ainda não percebeste o óbvio mais ululante de todos. É que ninguém naquele dia ia dar um tiro. Nem os atacantes (porque nem tinham munições ou capacidade operativa para isso), nem os defensores enquanto os atacantes não dessem. Portanto, o Marcello, mesmo no Carmo, podia ficar calmamente sentado a ler o jornal ou a despachar assuntos em atraso. E até podia sair e ir para outro lado se assim o entendesse.
O pior que lhe podia acontecer era ser bombardeado com flores.
"É que ninguém naquele dia ia dar um tiro. Nem os atacantes (porque nem tinham munições ou capacidade operativa para isso), nem os defensores enquanto os atacantes não dessem."
ResponderEliminarNão concordo com esta interpretação a posteriori de factos que também contradizem essa versão.
Só não foi dado um tiro porque houve vários indivíduos que a tal se recusaram depois de dadas ordens de superiores nesse sentido.
Foi assim ou não?
Dependendo da resposta, apelo à inteligência.
A grande diferença é a conclusão que se pode tirar do borreganço geral.
ResponderEliminarA escardalhada diz que o regime caiu de podre.
V.s defendem que a responsabilidade desse estado de coisas vinha do mercelismo.
Portanto, pode-se concluir que os lateiros deram o golpe de misericórdia num regime que já era.
Ora eu creio que é neste detalhe que o José pensa de forma diferente e eu tendo a pensar o mesmo-
O marcelismo não foi mau- foi bom. Estava a fazer excelentes progressos para Portugal.
Não caiu de podre- nem a responsabilidade é do o Marcello não estar à altura do antecessor.
O regime estaria, isso sim," demodé".
Não precisava de ser mais retrógrado- talvez precisasse do inverso, para se evitar o golpe militar e, essencialmente, o PREC.
Quem se baldou, nas circunstâncias concretas que poderiam ter alterado o destino desse dia, radicalmente, foram subordinados.
ResponderEliminarEram eles quem estava feito com os revoltosos?
Quem corria mais risco nas consequências do que sairia do golpe eram os militares e, principalmente, a DGS.
ResponderEliminarQuanto a mim, quem pode mentir é mesmo do lado da DGS pois por aí o borreganço ou até colaboracionismo em golpada ainda sai de pior feição.
Esse pormenor concreto de quem borregou em concreto, naqueles minutos ou horas em concreto, é essencial.
ResponderEliminarÉ a chave para dilucidar a questão, quanto a mim.
Porque os acontecimentos poderiam ter tomado outro rumo, conforme se pode ler por aqui e ali.
Não tomaram e é preciso que se estabeleça com o rigor cirúrgico e possível que estas coisas permitem, porque não tomou.
É preciso mais factos, mais nomes e mais circunstâncias, mas as que existem, quanto a mim só admitem essa interpretação.
Ou então estou mesmo a ver mal...
Pois é.
ResponderEliminaré preciso saber, por exemplo, se o Carmo tinha apenas um comando e o resto eram serviços, como disse o Marcello, ou o inverso, como diz o Sanches Osório ou o outro da DGS.
É preciso saber porque é que os que não dispararam o não fizeram.
Porque não é pelo facto de não terem recibo ordens de um civil- só poderia ser por terem recebido ordens do Marcello para não dispararem.
Não está esclarecida esta questão.
No entanto, sabe-se como no Terreiro do Paço a rendição se deu. O Maia Loureiro conta.
E conta-o de uma forma completamente marada.
O Jaime Neves ofereceu um par de murros ao Pato Anselmo e ele amochou.
Não terem recebido e não recibo
ResponderEliminarehehehehe
Uma curiosidade:
ResponderEliminarO dia 25/4 do Américo Thomaz já foi reconstituído por alguém? Não deixa de ser bizarro que, pelo que vi até agora, os MFAs só se lembraram dele ao entardecer.
Pelo que vi, aquando da Revolta das Caldas, foram todos levados para Monsanto ainda de madrugada, ou seja, há claramente um dispositivo para essas situações. É muito estranho...
Miguel D
Ninguém dava tiro nenhum.
ResponderEliminaraquilo foi tudo teatro. Acção psicológica barata. Quanto a isso já não tenho qualquer dúvida.
os únicos que deram tiros, foi na DGS e um popular qualquer que pegou numa arma dum soldado para mostrar como se fazia.
Os recrutas, provavelmente, nem sequer tinham dado tiros na carreira de tiro.
O caso do Jaime a oferecer porrada é sintomático: o máximo que se conseguia espremer daquele circo todo eram tabebes ou, vá lá, uns empurrões.
O Américo Thomaz esteve em casa, no Restelo, excepto num período de tempo em que, do Forte de Giribita, tentou convencer algumas unidades a actuarem.
ResponderEliminar
ResponderEliminar"Debandada geral"
"Borreganço geral"
etc. e tal...
Resumindo: ninguém dava o coiro pelo Marcelo.
P.S. Não confundir Marcelo com a Pátria, tá?
Olha! É isso mesmo e estava tão à frente dos olhos que nem conseguia ver:
ResponderEliminar"ninguém dava o coiro pelo Marcello" é exactamente o que explica a debandada geral.
Porém, julgariam os borreguistas que a Pátria ficaria melhor servida, sem o Marcello?
É uma pergunta que vale um postal.
Isso estava implícito e finalmente estamos de acordo.
ResponderEliminar:O)
Eu já afirmei antes, preto no branco, que o Marcello foi uma péssiam escolha para suceder ao mito. isto sem retirar nada ao seu grande valor extra-político.
Mas o handicap dele, logo por azar, era político.
E a debandada só ocorreu depois, no Ultramar.
Mas fica já o aviso para molho de barbas: a questão, contida em postal, é ainda mais interessante: será que o Marcellismo foi um corolário do Salazarismo ou um preâmbulo ao socialismo/ social-democracia?
"será que o Marcellismo foi um corolário do Salazarismo ou um preâmbulo ao socialismo/ social-democracia?"
ResponderEliminarPois é um modo de abordar o problema, mas tem que contar com ventos e outros fenómenos meteorológicos sobre as sociedades.
Amanhã vou dedicar-me a essa poda, se tiver tempo.
ResponderEliminarAh, scanner dum raio!
Continuo a achar que o dia 25/4 do Thomaz esta pouco explicado. O que aconteceu ao dispositivo que umas semanas antes o tinha levado para Monsanto de madrugada? Talvez seja uma não-questão, mas 'e daquelas muitas coisas que nesse dia parecem subordinadas a uma lógica que escapa aos comuns mortais.
ResponderEliminarMiguel D
Ah, só uma achega:
ResponderEliminarAlmocei esta semana com um sobrinho do Augusto de Castro, director do Expresso no pos 25/4. Disse-me que o tio, pessoa com percurso de esquerda, avisou o Marcello da data da revolução cerca de dia 20 de Abril. Consta que lhe devia umas atenções da altura em que vivia em Moçambique e o Marcello teria intercedido por ele numas diligências da DGS. Obviamente que vale o que vale...
Miguel D