segunda-feira, abril 13, 2015

Consultório oracular - 4. O que significa "estirpe dos antigos"?




Eu compreendo que os meus postais são longos, enfadonhos, abstrusos, tratam de assuntos que já não interessam ao menino Jesus e as pessoas têm coisas mais importantes para fazer, como ler jornais, brincar com o scanner, remendar o ego e  barrar-se de viagra para ver se as penas crescem mais depressa.
Portanto, admito perfeitamente que tresleiam apenas as notas de rodapé, a correr, e mesmo estas, desdenhando verbos e fazendo olhos de mercador às  linhas ímpares. Conforta-me também muito que me tributem links alucinados, a porejar remoques pataratas e outras frioleiras que tais. O meu contador de visitas agradece. E como isto por estas bandas é quantificado ao clique, o meu prestígio aumenta. Não tarda, ultrapasso a  Bomba Inteligente. Os meus agradecimentos!

Agora que uma expressão tão simples (que nem sequer é minha) como "estirpe dos antigos" cause um tal destrambelho só me pode encher de angústia, culpa e remorso galopante. Juro que não é minha intenção transtornar pessoas de melindre fácil e ressaibo à flor da pele. Nem por sombras! Felizmente que não lêem os postais completos, ou sequer os post-scripta inteiros, senão não sei o que seria!... Ah, mas imagino! Tornar-me-ia decerto moralmente responsável por suicídios em catadupa, internamentos no Júlio de Matos (ala dos furiosos), ou alistamentos frenéticos no exército islamico, passe a redundância. Medo à polícia não tenho, mas o inferno sempre me infunde um certo respeito, que diabo!...
Ora, se a mera leitura de uma frase minha converte um ser humano adulto (presumo, pelo menos no BI) no mais completo balhelhas, sinto-me tentado a repensar toda esta minha actividade blogosférica. A minha ideia não é propriamente causar catástrofes psíquicas ou colapsos cognitivos às pessoas. Por tudo aquilo que me é sagrado, acreditem: não é.
Haverá redenção ou remissão possível para um pecado destes? Duvido. Ainda mais não sendo eu um católico praticante, mas apenas cultural (imaginem o que era eu, que só com uma frase escrita transporto crentes ao estado de asnolexia compulsiva, a debitar parágrafos inteiros, no confessionário, ao senhor prior...No mínimo, irrompia para ali, o incauto, em derivações horripilantes, mais próprias do filme  "O exorcista" do que da casa de Deus. 
Não obstante, haja ou não haja perdão, devém-me imperativo de consciência, no mínimo, tentar atenuar o mal cometido. Só espero que não seja tarde demais e que a delicantropia tenha retrocesso, ou até, por milagre da Senhora de Fátima (nunca devemos perder a fé!), cura.
Passo então a explicar o que significa "estirpe dos antigos".
Como a expressão é do Dr. Oliveira Salazar, quando refere, com mágua, que "pensava que Vassalo e Silva era da estirpe dos antigos" queria exprimir, atrevo-me a certificar, uma coisa muito simples, clara e que hoje já não se compreende porque caíu completamente em desuso: pensava que ele os tinha no sítio. Sim, os tinha - aos tomates, aos testículos, aos colhões, enfim, essa coisa que era atributo essencial dos antigos e um estorvo total para os actuais.
E quando eu referi que essa estirpe antiga era a dele, Salazar, também queria significar esse fenómeno óbvio: que ele também os tinha no sítio. No que deu provas bastantes, e,  geralmente, quem duvida disto é porque os não tem. No sítio. E apostrofa  de realismo fantástico a mera hipótese de os ter. Estão a acompanhar-me?... Penso que estou a ser clarinho e pedagógico como água. Dispensam-se, pois, de todo, exoterismos rurais de engenheiro Sousa Veloso ou transvisões bucólicas de Dr Sousa Martins.

Entretanto, Vassalo e Silva, nas palavras de Salazar, era um simples; um tipo que gostava de passar a vida a indicar como se faziam telhados. Este José, em deriva simplória, bem jeito lhe dava que o  Vassalo e Silva, em vez de lhe pilotar a alma, lhe projectasse algum tipo de cobertura prá cabeça. 

Ainda a propósito, outra coisa fundamental que distinguia Salazar do nosso José Destelhado é que, segundo descoberta recente deste, no seu curso rápido de Salazar-na-Braza (e correu a transmitir-nos, com eurekas), Salazar tinha pavor do ridículo. Pois, e por isso era um cobarde. Claro, já se vê, tinha medo do ridículo. Já ele, o J,  é um indómito - do ridículo não tem medo nenhum!. Pelo contrário, tem paixão. Refocila nele com volúpia... e frenesim. Exibicionistas.




9 comentários:

  1. Ai a chatice- lá se vai o Montesquieu depenado

    ":O)))))

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  2. Agora estou a resfolegar de uma caminhada a 6,5 K/hora.

    Mesmo depois do duche frio,não tenho fôlego para te responder à letra.
    Mas não perdes pela demora...e sem os ditirambos fiteiros do rococó de escrivaninha ou os flamejos adejados de alusões pífias.

    Amanhã comes pela medida grande.

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  3. Enquanto vocês se continuam a atingir com "fogo amigo"o verdadeiro inimigo continua a fazer das suas.
    Preparam-se para saquear outro banco...o Montepio...atentos e fogo neles...
    Chaimite

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  4. Atenção às vírgulas!...

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  5. O Porta da Loja tem feito um trabalho extraordinário ao divulgar artigos e documentos da época. Tenho 28 anos e não teria acesso a certos textos se não fosse o trabalho do José. Também admiro muito os seus textos, caro Dragão, mas importa não desvalorizar o excelente trabalho do Porta da Loja.

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  6. Já lá está a resposta. Hoje não estou muito virado para a guerrilha e por isso venho com raminho de oliveira.

    Mas não te fies muito...

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  7. Zephyrus,

    nada disso está em causa.

    É só a birra neomarcellista.

    Transforma-o num energúmeno.

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