O Engenheiro Ildefonso Caguinchas tem agora relações com uma senhora de alta estirpe, o que se traduz, julgo, no porte de importantes apelidos. De modo que me convidou para uma cavaqueira, onde, presumo, me faria relatório amplificado das suas mais recentes galarozices e hipismos ( a senhora disporá certamente de amigas carentes e prestimosas), num botequim das avenidas.
Na esperança de poder auferir dalgum do recente desafogo económigo do meu compadre, lá me dirigi ao local marcado para a conferência ilustre; e nele penetrei, com o passo altivo e arcaboiço desempenado que me caracterizam.
Sedimentava há pouco mais de minuto ou dois naquele reduto selecto, na sossegada espera do engenheiro máximo, quando se intromete um dos serviçais itinerantes com a seguinte léria:
- O que deseja?
Olhei em volta e constatei, assim por alto, uma balzaquiana e três cavalonas alouradas em carnes altamente comestíveis. Como bolinhos e chás não me cativam, redarqui, voraz:
- Olhe, desejo aquela ali. Pode ir ver se está disponível e trazer-ma descascada?
O tipo começou por pasmar, No que ainda pairou um bom bocado. Mas depois, com ar malandrote, português, sorriu, cúmplice e segredou:
- Já está reservada. Mas eu referia-me ao que quer tomar...
. Bem, para já, não quero tomar nada. O meu plano de conquistas é muito restrito: em não havendo mulheres ou castelos disponíveis, deixo-me estar sossegado e contemplativo. - Respondi, muito sério.
Aqui, o criado de mesa, suspeitando que eu dele mangava, adquiriu um semblante carregado, e, em modos duros, ditou:
- Pois, o senhor lá sabe. Mas a regra é que para aqui estar tem que fazer despesa. Isto não é o miradouro de santa Luzia.
- Tenho que fazer despesa? - Abismei-me eu, muito sinceramente.
- Exactamente. Tem que fazer despesa! - Tornou, imperioso e profissional, ele.
- Tem a certeza? - Ainda reconferi
- Absoluta. São as regras do estabelecimento!
- Bem...se tanto insiste...
Levantei-me e pesquisei em volta, cumpridor. À minha direita, a enorme montra, em vidro espelhado, exercia algo entre a atracção e o convite.... Nem hesitei... Peguei na cadeira e, arremeçando-a com energia bárbara, mas todavia cívica, escavaquei aquela marmelada toda. Depois, calmamente, inquiri:
- Acha que chega? Se quiser também posso rebentar com o balcão!...
E era verdade. Não custava nada. Era um balcão corrido, iluminado, daqueles de vidro, com imensos bolos e folhadinhos... E no que toca a fazer despesa, quando começo nunca mais páro.
ahahahaha
ResponderEliminarÉs maluco. Isso foi verdade?
Francamente, Zazie, isso é pergunta que se faça?!...
ResponderEliminarO céu é azul? As abelhas voam? As árvores rangem?...
ahahahahahahaha
ResponderEliminarCompletamente louco. és pior que eu com o Jojó.