Seguidamente, escalpelizarei o mais recente escândalo do Governador de Nova Iorque. Neste primeiro postal, em género; num postal seguinte, em espécie.
Sem mais delongas nem rococós,vamos ao género.
Começo pela interrogação capital: minhas senhoras e meus senhores, onde raio reside o escândalo? Um político de elevada craveira vai às putas e isso é motivo para um tremendo escândalo? Bem, no meu –neste caso – superlativo entender, escândalo - depravado escândalo! vergonhoso escândalo! - é fazer-se escândalo duma banalidade dessas. Zombo? Nem um milímetro! É mesmo da mais elementar conveniência pública que ele o faça. Devia toda a república louvar a Deus e à Providência. Enquanto está a ir às putas, o político (seja ele qual seja e em que parte do globo exerça), não está a ir ao povo. No vertente caso, o Eliot ia às putas à noite, depois de passar o dia a ir ao povo. Não reconhecem a vantagem, não a lobrigam claramente? Então, é bem melhor ir ao povo de dia e às putas à noite, do que ao povo noite e dia. Está bem, o Ildefonso Caguinchas no lugar dele, iria às putas noite e dia e mandaria foder o povo. Pois, talvez assim é que estivesse certo, talvez fosse o ideal, mas o Ildefonso não tem nem nunca teve jeito para a política. Por mais que eu o instigue, teima em descandidatar-se.
Todavia, basta de santimónias. Acabemos com hipocrisias e moralidades esclerosadas. A verdade é que as putas desempenham uma função social deveras importante. Crucial, até diria. Distraem e desviam momentaneamente os políticos das costas do povo. Impedem que o abuso continuado derive em chacina sangrenta, à maneira dos romances de Sade. Ao irem às putas, os políticos concedem, ainda que involuntariamente, uma breve trégua no povo e amortecem, em parte, os aleives e ganas do dia seguinte. Direi mesmo que quanto mais um político for às putas menos agressivo e perigoso se tornará para a colectividade que assola.
Entretanto, há já aí um impertinente na audiência a recalcitrar com não sei que contra-argumento. Qualquer coisa do estilo “ah, pois, mas as putas também são povo. Portanto, os políticos não intervalam, apenas porfiam e refodem!”
Bem, ó demagogo da Brandoa, mesmo que as putas sejam povo, isso não belisca em nada a perfeição imaculada do meu raciocínio. Há toda uma diferença fundamental entre ambos os exercícios. Só mesmo um ceguinho militante para não toscá-la em todo o seu esplendor!... É que, quando os políticos vão ao povo, o povo ainda lhes paga (e regiamente!); mas quando vão às putas, pagam eles. Ora, se as putas são povo, sempre é forma do povo recuperar algum e retirar um módico desforço. Quer dizer, num peculiar sentido até podemos dizer que não são os políticos que vão às putas, mas as putas que vão aos políticos. Ou dito doutro modo, o povo recupera ardilosamente durante a noite parte daquilo que pagou e contribuíu estupidamente durante o dia.
Ressalta ainda, no meio deste curioso novelo, uma questão de representação. Dum lado, estão os políticos, que, por decreto regimental, representam o povo durante o dia; e do outro estão as putas, que, por lei da natureza, representam o povo durante a noite. Assim sendo –e não há como negar que o não seja -, os representantes diurnos do povo espoliam-no sistematicamente para pagarem aos representantes nocturnos dele. Resulta assim a Democracia numa Pornocracia; serve o Parlamento de Câmara Baixa do prostíbulo; presta vassalagem o deputado à puta inteira. Justiça poética? Sem dúvida. Motivo para escândalo? Ora, não me lixem.
A não ser que desatemos em preciosismos e pentelhuras... Em minudências genealógicas. De facto, escândalo, um político ir a uma puta (ou vice-versa), só se for por motivo de incesto, jamais por razão de indecência. Porém - e honestamente -, não percebo com que moral nos vamos chocar por um tal filho regressar ao orifício da respectiva mãe, nós, que passamos os dias a mandá-lo, mental ou expressamente, para lá.
Sem mais delongas nem rococós,vamos ao género.
Começo pela interrogação capital: minhas senhoras e meus senhores, onde raio reside o escândalo? Um político de elevada craveira vai às putas e isso é motivo para um tremendo escândalo? Bem, no meu –neste caso – superlativo entender, escândalo - depravado escândalo! vergonhoso escândalo! - é fazer-se escândalo duma banalidade dessas. Zombo? Nem um milímetro! É mesmo da mais elementar conveniência pública que ele o faça. Devia toda a república louvar a Deus e à Providência. Enquanto está a ir às putas, o político (seja ele qual seja e em que parte do globo exerça), não está a ir ao povo. No vertente caso, o Eliot ia às putas à noite, depois de passar o dia a ir ao povo. Não reconhecem a vantagem, não a lobrigam claramente? Então, é bem melhor ir ao povo de dia e às putas à noite, do que ao povo noite e dia. Está bem, o Ildefonso Caguinchas no lugar dele, iria às putas noite e dia e mandaria foder o povo. Pois, talvez assim é que estivesse certo, talvez fosse o ideal, mas o Ildefonso não tem nem nunca teve jeito para a política. Por mais que eu o instigue, teima em descandidatar-se.
Todavia, basta de santimónias. Acabemos com hipocrisias e moralidades esclerosadas. A verdade é que as putas desempenham uma função social deveras importante. Crucial, até diria. Distraem e desviam momentaneamente os políticos das costas do povo. Impedem que o abuso continuado derive em chacina sangrenta, à maneira dos romances de Sade. Ao irem às putas, os políticos concedem, ainda que involuntariamente, uma breve trégua no povo e amortecem, em parte, os aleives e ganas do dia seguinte. Direi mesmo que quanto mais um político for às putas menos agressivo e perigoso se tornará para a colectividade que assola.
Entretanto, há já aí um impertinente na audiência a recalcitrar com não sei que contra-argumento. Qualquer coisa do estilo “ah, pois, mas as putas também são povo. Portanto, os políticos não intervalam, apenas porfiam e refodem!”
Bem, ó demagogo da Brandoa, mesmo que as putas sejam povo, isso não belisca em nada a perfeição imaculada do meu raciocínio. Há toda uma diferença fundamental entre ambos os exercícios. Só mesmo um ceguinho militante para não toscá-la em todo o seu esplendor!... É que, quando os políticos vão ao povo, o povo ainda lhes paga (e regiamente!); mas quando vão às putas, pagam eles. Ora, se as putas são povo, sempre é forma do povo recuperar algum e retirar um módico desforço. Quer dizer, num peculiar sentido até podemos dizer que não são os políticos que vão às putas, mas as putas que vão aos políticos. Ou dito doutro modo, o povo recupera ardilosamente durante a noite parte daquilo que pagou e contribuíu estupidamente durante o dia.
Ressalta ainda, no meio deste curioso novelo, uma questão de representação. Dum lado, estão os políticos, que, por decreto regimental, representam o povo durante o dia; e do outro estão as putas, que, por lei da natureza, representam o povo durante a noite. Assim sendo –e não há como negar que o não seja -, os representantes diurnos do povo espoliam-no sistematicamente para pagarem aos representantes nocturnos dele. Resulta assim a Democracia numa Pornocracia; serve o Parlamento de Câmara Baixa do prostíbulo; presta vassalagem o deputado à puta inteira. Justiça poética? Sem dúvida. Motivo para escândalo? Ora, não me lixem.
A não ser que desatemos em preciosismos e pentelhuras... Em minudências genealógicas. De facto, escândalo, um político ir a uma puta (ou vice-versa), só se for por motivo de incesto, jamais por razão de indecência. Porém - e honestamente -, não percebo com que moral nos vamos chocar por um tal filho regressar ao orifício da respectiva mãe, nós, que passamos os dias a mandá-lo, mental ou expressamente, para lá.
Assinalo a minudência:"Por mais que eu o instiga,..." ou deveria dizer-se "instigue"?
ResponderEliminarNo restante, como sempre, brilhante, caro Dragão!
“...os representantes diurnos do povo espoliam-no sistematicamente para pagarem aos representantes nocturnos dele. Resulta assim a Democracia numa Pornocracia;...”
ResponderEliminarVejamos alguma coisa da Lei Geral Tributária
Artigo 5.º Fins da tributação
1 - A tributação visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e de outras entidades públicas...
Artigo 7.º Objectivos e limites da tributação
1 - A tributação favorecerá o emprego, a formação do aforro e o investimento socialmente relevante.
Agora é que percebo a razão dos impostos estarem cada vez mais caros... as tronzelas levam-nos o cacau todo e ainda por cima não gozamos nada. Por isso é que lhes dá tanto gozo redistribuírem os rendimentos dos outros. Definitivamente, enganei-me na profissão.
Ah, minha esbelta e sempre deslumbrante leitora "das 8"!...
ResponderEliminarÉ evidente que que está coberta de razão na minudência, cuja detecção lhe agradeço e vou já a correr exterminar!..
:O)
As minhas figadais inimigas, as gralhas!
O pecado dele foi ter pago em cash!
ResponderEliminarTramou-se e ainda pôs má fama na donzela.
Receber em dinheiro fica mal visto a um partido político, não haveria de ficar a numa senhora?
Tivesse ele pago em BMWs, ou em apartamentos e ela em vez de puta era candidata a 1ª dama de NY.
Inteligente foi o Sarcozy que pagou em anéis de noivado.
Sim, mas os Sarkozy é um mãos largas.
ResponderEliminarEntão os EUA,são tão ricos e não têm Casa Pia?
ResponderEliminarLá os políticos têm que ir às puta...tivas representantes nocturnas do povo?
Isso em Portugal seria escandaloso,inadmissível!!!
Nós cá não brincamos com a moral e os bons costumes.
enquanto o pai vai e vem, folgam as costas
ResponderEliminartimshel-povo
Está quase perfeito o adágio, ó timshel-povo.
ResponderEliminarPara estar perfeita seria:
«Enquanto o pai vai e vem-se...»
só faltava chamar-lhes "pai", de facto
ResponderEliminar(merda das gralhas)
há alguns que quiseram assim ser denominados, o "paizinho Estaline", por exemplo
mas estava obviamente a referir-me ao pau
em todos os sentidos define-os melhor
Sim. Até porque constituíria uma perfeita inversão do real parentesco. Sendo eles filhos da puta, o pai, necessariamente, só poderia ser o povo.
ResponderEliminarolha afinal se calhar até tinha razão
ResponderEliminarés um verdadeiro oráculo dragão
Chama-se a isso de "convergência".
ResponderEliminarkommando,
" O cérebro está dividido em 2 partes principais.
ResponderEliminarUma que ocupa cerca de 10% e outra que ocupa 90%.
Com certeza que já ouviu falar disto antes.
Muitas vezes até utilizamos a imagem de um iceberg para o representar, em que os 10% fora de água representam a nossa mente inconsciente.
Os 90% debaixo de água representam o subconsciente ou inconsciente, como também é por vezes chamado.
Ora é precisamente nestes 90% que o nosso amigo habita.
E o mais engraçado é que uma das suas principais necessidades, e do cérebro, é a necessidade de congruência.
Temos normalmente de ser congruentes entre o que dizemos e fazemos.
Entre o que acreditamos que somos e a forma como agimos."
Ok, nada a apontar por aqui, tudo perfeitamente congruente...
Não me lembro de ter lido um exercício de linguagem, de inteligência e de estilo como este e outros posts recentes deste blogue. Talvez desde António Vieira...
ResponderEliminarEste blogue devia ser obrigatório nos curricula de Língua e Literatura Portuguesas.