terça-feira, março 18, 2008

Escândalo ou sacrifício?


Tratemos agora do Eliot em espécie.
Há unanimidade nas vozes: Eliot Spitzer estava na rampa para ser o primeiro judeu na Lua, digo na Presidência dos Estados Unidos da América. Onde não há unanimidade é na eleição dos autores da abortagem do lançamento: dizem uns que foi a Mossad, dizem outros que foi Wall Street assim ou assado, denunciam uns terceiros um infeliz acaso, apontam uns quartos, com o Ildefonso Caguinchas à cabeça, para os extraterrestres pantamórficos e encefalofágicos que mourejam em fase avançada de absorção das elites planetárias.
São, todas elas, belas e prendadas teses, admito, mas vamos, antes de tudo, aos factos conhecidos.
Havia um clube de prostituição luxuriante, especialmente vocacionado para super-ricalhaços, importantões e representantes diurnos do povo. Chamava-se Emperors Club VIP e, ao que tudo indica, era empresariado, na qualidade de Proxeneta-Mor, por um sujeito - com quem o João Miranda não perdia nada em ter umas aulas práticas de anarcocapitalismo - chamado Mark Brener. As tarifas do voluptuoso tabernáculo eram deveras excitantes -um tipo, mais que fornicar uma gaja, saber que está a foder 5000 USD dos otários numa simples hora deve dar uma tusa do caraças -, mas mais interessante ainda para o vertente caso é que o tal Brener era -e é - detentor, além de passaporte americano, de dois passaportes israelitas.
Não é preciso ser um Sherlock Holmes para deduzir o óbvio: o Emperors Club era uma operação coberta da Mossad. Tratava de atrair políticos e empresários, contra os quais, em seguida, agenciava de reunir matérias para futura chantagem e manipulação política. Tranquilizem-se; não é uma especial malfeitoria dos israelitas: é uma táctica típica e ancestral dos serviços secretos de qualquer país minimamente viril. A Mossad só leva vantagem porque, como o elevado proxenetismo e o alto lenocínio são actividades tradicionalmente apetecidas e fomentadas por eleitos, dispõe dum campo de recrutamento, logo à partida, maior e mais facilitado.
Por seu turno, Eliot Spitzer, tinha atrás de si - além dum pai magnate com uma fortuna considerável (realizada nessa outra área económica concessionada à tribo: o imobiliário) -, uma carreira de paladino feroz e incorruptível, nomeadamente contra certos interesses de Wall Street, tanto quanto uma arreigada e apregoada postura pública de zelote da moral e dos bons costumes.
Havia então motivos para uma vingança de Wall Street? É provável que sim. Havia razões para a Mossad o deixar cair? Não se avistam quais. Se o tinha onde queria, para quê delapidar a propriedade, o investimento?
Naturalmente, o leitor não é daqueles ingénuos que acreditam que um político pode ruir por razões de moral pública. Nem a moral pública é coisa que exista, nem a sua mistificação significa mais que uma invariável cortina de fumo. Quando se abate um político, arranja-se um pretexto e abate-se. Mas a razão pela qual é abatido nada tem que ver com o pretexto. Permanece oculta, como oculta fica a mão que move os fios. Portanto, não foi por ir às putas que o Eliot se tramou. Nem ninguém estava minimimente preocupado, a começar na própria esposa, que ele andasse ou não andasse nas putas. Por essa ordem de ideias, então o que não seria quando se descobriu que o correspondente na Casa Branca, James Guckert, que fazia perguntas de encomenda para a administração republicana, era, na verdade, o prostituto gay Jeff Gannon, e que, pior ainda, segundo os próprios registos do Serviço Secreto (que trata dos acessos à Casa Branca), muitas das suas visitas tiveram registos da hora de entrada mas não de saída?... E o que é que aconteceu? Nada. Dois bloggers descobriram a morosca, meteram a boca no trombone, O Gannon foi bugiar e acabou-se. Agora comparem com o escândalo em redor das nódoas do vestido da Monica Lewinsky...
Por conseguinte, não duvidem: alguém abateu o Eliot. Quem?
Eliot Spitzer tinha poder, tinha dinheiro, tinha pedigree, tinha futuro, tinha passado, tinha cuidado, mas tombou. O imenso poder judeu nos Estados Unidos (o omnipotente lobby) não o protegeu? É estranho. Até porque a própria operação da Mossad foi ao ar.
Após meditar no assunto, dei comigo a descrer da própria premissa base de tudo isto - a de que Eliot Spitzer estava na calha para se vir a tornar o primeiro presidente judeu dos Estados Unidos... Ponho-me no lugar dos israelitas. Estaria eu interessado em ter um presidente judeu nos Estados Unidos? Se tenho chusmas de gentios prontos a desempenhar a tarefa com bem maior zelo e diligência, com fanatismo de renegado e fervor de tartufo, para quê arriscar com um alvo vivo e permanente para todas as campanhas de desconfiança e de verberação de geonepotismo, geotribalismo, etnofacciosismo, etc., etc.? Se um gentio desempenha com vantagem o cargo, para quê queimar e sujeitar ao desgaste um congénere? Além de que um judeu acabaria por dar menos garantias de submissão. Basta atentarmos que muitos dos críticos mais contundentes de Israel até são judeus e nem todos o fazem por encomenda. Basta também constatarmos como se encontra muito maior liberdade de expressão crítica ou informativa no próprio Estado de Israel do que na generalidade dos media ocidentais. É claro que, pelo sim pelo não, estavam a tratar de ter o Spitzer na mão, com o devido cordelinho preso aos testículos, mas esse era um cuidado básico, elementar, estrita rotina operativa. Não significava forçosamente uma aposta declarada ou conspirativa. Tudo somado, uma tal exposição futura até acabaria por constituir mais um risco do que uma conquista. A discrição é regra basilar da manipulação; a trama hospeda-se e nidifica na penumbra.
Portanto, não se afigura que o Lobby armazenasse grandes motivos nem para promover Spitzer, nem para derrubá-lo. Nem, tão pouco, me parece que a questão mais interessante seja essa. De facto, parece-me antes outra, a saber, teria o Lobby razões para sacrificá-lo? Lograria alguma vantagem nisso?
Isso, claro, não responde à pergunta essencial de quem o fez desabar. E quem o fez desabar - vou adiantando sem mais rodeios (tirando os extraterrestres arqui-inimigos do Engenheiro Ildefonso, hipótese nunca desprezível) -, ou foi Wall Street, ou foi aquilo que, actualmente, se murmura nos corredores como uma eventual reacção WASP à crescente hegemonia judaica na plutocracia americana, ou seja, uma retaliação do Velho status quo contra o Novo - se é que ambos - Wall Street e o Velho Status - não se interpenetram. Uma guerrilha perversa e fratricida de bastidores criptocráticos, em que a própria Wall Street, que sei eu, poderá servir de campo de batalha?...
No entanto, ao desviar o impacto para um activo menor, parece evidente que o Lobby extraíu claros benefícios. Sobretudo, ao criar na opinião pública uma dupla ilusão: a de que o "presidente patrocinado pelo Lobby judaico" tinha sido torpedeado; e a de que, cumulativamente, a teia israelita saíra fragilizada.
Ora, Eliot Pfizer, digo Spitzer, nunca foi o "candidato do Lobby" e a trama continua intacta. O candidato do Lobby é John McCain e, aposto dobrado contra singelo, vai ser o próximo presidente dos Estados Unidos.

6 comentários:

  1. Interessante post.

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  2. Quem raciocina assim não é...vago!

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  3. até ler os teus escritos estava eu convencido que a paranóia era uma doença mental pobre, daquelas que não dava para nada profundo e enriquecedor, para qualquer devaneio interessante e bem elaborado, em suma, o contrário de uma boa depressão existencial que é receita certa para um bom sucesso literário

    enganei-me como se vê por sta pérola mas continuo céptico quanto à sua viabilidade comercial

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  4. Estás a usar a minha lógica como espelho. Ora, o simples facto de ser cristalina não autoriza a que te remires nela.

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  5. I put a grand on Draco´s bet.

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  6. Muito bem excelente dragão!

    Mas vejamos a coisa ainda de outros ângulos:

    A américa ter um presedente judeu não seria o fim de israel?

    1-Haveria algum judeu russso, ou outro, que não quisesse de repente emigrar para os eua, que convenhamos e para quem ainda não sabe já teve a sua época?
    E a europa ficava sem judeus e à mercê de um ressurgimento dos veradeiros europeus (os que perderam a guerra)?

    2-Havendo um judeu em vez de um estúpido gentio não seria uma catástrofe? O bush é um bêbado e uma marionete, mas é um gentio. Se fosse um judeu não ficava de vez a imagem de semelhante povo de corruptos e nódoas disfarçadas de vez afectada? Acabava aquela farsa de ocidente contra todos e passava à verdadeira: judeus e bestas bíblico dependentes (e derivados) contra todos?

    Como já aqui tinha dito, sem os estúpidos gentios (cristãos, sejam eles jo(aquinas)chulas ou tiiimmmber-shells ou até outras nódoas crucifixo-dependentes - verdadeiros junkies da óstia! Ou outros idiotas agoniaósticos ...) os judeus não chegavam a lado nenhum...

    3- Já tentaram fazer do joe Li o primeiro presidente judeu, mas sem sucesso. Poderia tal "eleito" populaço aguentar duas negas de deus?

    4- Um preto ou um Macacaino não servirão melhor os interesses dos eleitos?

    Enfim, são só algumas questões a considerar...

    A.H.

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