terça-feira, setembro 04, 2007

Uma quimera

E no entanto, o que eu aponto é tão simples e óbvio: a Pátria não é património de direitas nem de esquerdas: é um dever colectivo - de todos e de cada um.

Mas o que mais se vê é gente mais preocupada em remendar a doutrina ou maquilhar a ideologia do que em socorrer a Pátria. Gente mais interessada na realização de Espanha, da Europa, dos Estados Unidos ou da Escandinávia em Portugal, do que na realização de Portugal no mundo. Gente mais consagrada à espreita da sobremesa alheia e à inveja das aquisições do vizinho do que à defesa da sua própria casa, à preservação dos seus bens e ao acautelamento do seu futuro. Gente, enfim, que parece ter germinado do cruzamento triplo e simultâneo entre o mirone, o turista e o pinóquio. Uma quimera, portanto.

9 comentários:

  1. Gente mais interessada na realização de Espanha, da Europa, dos Estados Unidos ou da Escandinávia em Portugal, do que na realização de Portugal no mundo.

    Preocupante é a utopia daqueles que pretendem realizar o Império em Portugal, enchendo a Pátria de quem a quer destruir, de quem não tem interesse em nós, nos inveja, e não nos interessa.
    É como pôr a raposa a guardar o galinheiro. Uma utopia megalómana e perigosa.

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  2. Mas o que mais se vê é gente mais preocupada em remendar a doutrina ou maquilhar a ideologia do que em socorrer a Pátria. Gente mais interessada na realização de Espanha, da Europa, dos Estados Unidos ou da Escandinávia em Portugal, do que na realização de Portugal no mundo


    ---» ERRADO!!!
    ---» O que mais se vê é gente à procura de negociatas de lucro fácil: a propósito da legalização de imigrantes: existem escritórios de advogados a cobrar mais de mil euros por estes serviços.

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  3. Mais gente absurda, portanto...

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  4. Como é lusgon? o Dragão deixou saír da casota? ou Big brother wasn't watching you? Teremos dupla personalidade e escrevemos textos "inteligentes" assinados com um heterónimo e chamamos outro heterónimo para insultar os comentadores que não estejam de acordo? Vai construindo heterónimos e qualquer dia tens um exército enorme para defenderes essa tua "Pátria".

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  5. Concordo em pleno, no entanto acho que é obvio que a maior parte dos que lá estão, (de qualquer cor política), não servem, servem-se...

    Eu estria-me nas tintas para a cor política, se os homens que as carregam fossem competentes, ou pelo menos honestos, qualidade rara nos dias de hoje, e provavelmente causadora de riso entre alguns dos leitores, aos quais dedico um valente “vão pró caralho !!!”...

    E de facto muitos modelos que funcionam no estrangeiro, não funcionam cá, pois a maneira de ser dos Portugueses, não é comparável a nenhum outro povo do mundo. Mas como essa fantástica identidade nacional também se está a perder...

    Nota: Portugal está a perder as virtudes da sua identidade cultural, mas a afinar o que pode ser usado para “viver o melhor/menos-mal possível”...

    azagaia

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  6. O Anónimo das 11.35 sou eu.

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  7. A Portugal

    Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
    Nem é ditosa, porque o não merece.
    Nem minha amada, porque é só madrasta.
    Nem pátria minha, porque eu não mereço
    A pouca sorte de nascido nela.

    Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
    quanto esse arroto de passadas glórias.
    Amigos meus mais caros tenho nela,
    saudosamente nela, mas amigos são
    por serem meus amigos, e mais nada.

    Torpe dejecto de romano império;
    babugem de invasões; salsugem porca
    de esgoto atlântico; irrisória face
    de lama, de cobiça, e de vileza,
    de mesquinhez, de fatua ignorância;
    terra de escravos, cu pró ar ouvindo
    ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
    terra de funcionários e de prostitutas,
    devotos todos do milagre, castos
    nas horas vagas de doença oculta;
    terra de heróis a peso de ouro e sangue,
    e santos com balcão de secos e molhados
    no fundo da virtude; terra triste
    à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
    cheia de afáveis para os estrangeiros
    que deixam moedas e transportam pulgas,
    oh pulgas lusitanas, pela Europa;
    terra de monumentos em que o povo
    assina a merda o seu anonimato;
    terra-museu em que se vive ainda,
    com porcos pela rua, em casas celtiberas;
    terra de poetas tão sentimentais
    que o cheiro de um sovaco os põe em transe;
    terra de pedras esburgadas, secas
    como esses sentimentos de oito séculos
    de roubos e patrões, barões ou condes;
    ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:
    eu te pertenço.
    És cabra, és badalhoca,
    és mais que cachorra pelo cio,
    és peste e fome e guerra e dor de coração.
    Eu te pertenço mas seres minha, não

    Jorge de Sena

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  8. O que eu queria, e quero dizer, é que conhecendo a nossa História todos esses argumentos me parecem absurdos. Por mim quem quer que fale português e goste de Portugal é mais português que muitos de nacionalidade que para ai andam...

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  9. "O que eu queria, e quero dizer, é que conhecendo a nossa História todos esses argumentos me parecem absurdos. Por mim quem quer que fale português e goste de Portugal é mais português que muitos de nacionalidade que para ai andam... "

    Pois é o Vesgon (ou antes F(u)l(eir)ávio?) , mas conhecendo a nossa história chega-se mesmo é à conlcusão oposta.
    Pois é quando portugal perde a sua matriz inicial e segue a gula do negócio passando a portugalizar todo o tipo de estranhos que por alguma razão a certa altura lhe podem ter sido úteis (a meu ver mais das vezes de utilidade duvidosa) e se dispersa no mundo passando a criar "portugueses" de todas as formas e feitios em tudo o que é sítio, ai sim é que se acaba de vez.
    Portanto é um problema muito antigo, um problema de identidade cultural e biológica.
    A auto estima, auto crítica e a combatividade nascem e são alimentados no seio de um povo forte com referências de identidade, tradição e cultura.

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