«Desejava dizer ainda duas palavras acerca dos organismos operários, e só duas palavras, porque noutra oportunidade espero que o problema seja tratado com maior desenvolvimento.
A grande massa operária portuguesa não está organizada, associativamente; uma pequena parte, chefiada por intelectuais, está no Partido Socialista; outra parte, muito pouco numerosa, anda pelo sindicalismo revolucionário, pelo Anarquismo e pelo Comunismo. Aqui há, de mistura com raros indivíduos das profissões liberais, dirigentes operários que nem sempre são operários de verdade.
O Partido Socialista tem a feição, a forma de actuar dos outros partidos republicanos. Na projectada organização do Estado não tem, como eles, o seu lugar; perante a nova mentalidade operária parece não ter condições de vida. Salvo uma transformação profunda nas suas ideias e métodos, suponho que é força condenada à dissolução.
Os outros organismos operários de carácter revolucionário são hoje dominados pela ideologia bolchevista e organizados ou trabalhados por agentes estrangeiros. Todos tendem, por meio da luta de classes, para a revolução social, conceito complexo que abrange não já só a transformação económica e social dantes ambicionada pelo operariado, mas a substituição integral de toda a ordem estabelecida, e a realização duma nova sociedade - sem pátria, sem família, sem propriedade e sem moral. (Empregamos estes termos no seu significado corrente).
Nessa atitude, nada há de mais oposto às tendências da Ditadura e aos princípios do Estado Novo; nós consideramos uma tal ideologia contrária à Nação e aos seus interesses, e consequentemente aos interesses do próprio operariado. Para evitar equívocos marcamos diante dele lealmente a nossa posição: como não queremos privilégios para ninguém, não podemos admitir que o operariado seja uma classe priviligeada: também não precisamos de o incensar para que nos sirva de apoio, nem de incendiar-lhe as iras contra ninguém, para o mandarmos depois fuzilar pelos seus excessos. Num regime de autoridade forte nós só queremos que o seu trabalho seja ordeiro, probo e consciente da utilidade geral; o Estado o coordenará com outras actividades e o integrará no conjunto da economia nacional.»
- A.O. Salazar, "Discurso à União Nacional de 23 de Novembro de 1932"
É natural que os comunistas pensem o pior possível de Salazar: ele também pensava o pior possível deles. O que não é natural, nem aceitável, é que os outros, e especialmente quem busca uma perspectiva fria e autêntica do assunto, se deixem sequestrar pela cartilha soviética. Como se 48 anos da História de Portugal e o dia 25 de Abril fossem património exclusivo, coutada ideológica vitalícia, dum bando de famintos da sobremesa alheia e ascensoristas frenéticos.
"também não precisamos de o incensar para que nos sirva de apoio, nem de incendiar-lhe as iras contra ninguém, para o mandarmos depois fuzilar pelos seus excessos"
ResponderEliminarehehehehe
Grande comentário, Dragão. É preciso haver gente com coragem para lhes esfregar estas verdades na focinheira
Só esta minha frase é um paradoxo. Passados perto de 40 anos ainda é há medo em se falar deste passado. O que estava antes era a bom trabalho da República. E depois é a sacra democracia.
ResponderEliminaro' zazie, o que nao falta para ai' sao livros e estudos sobre o Estado Novo. Eu ainda tenho para uns poucos e ate' existe aquela Historia de Portugal (organizada em parte pelo Mattoso) em nao sei quantos volumes que tem um volume inteiro dedicado ao dito.
ResponderEliminarQto. ao texto, o tipo tinha sentido de humor (negro) "como não queremos privilégios para ninguém, não podemos admitir que o operariado seja uma classe priviligeada" (!!) nem o campesinato, ja' agora, nao fossem os tipos comecar a querer comer uma sardinha inteira por refeicao. Comecam por isso, e daqui a pouco ja' vao num individualismo consumista e hedonista desbragado para la' de qualquer proporcao harmoniosa. :O)))
(negrissimo) "também não precisamos de o incensar para que nos sirva de apoio, nem de incendiar-lhe as iras contra ninguém, para o mandarmos depois fuzilar pelos seus excessos."
Mas o Salazar, ditador , não traiu nunca.Nunca dividiu o povo .Acrescentou.Deixou uma pesada herança de 800 toneladas de ouro de que os democratas já fizeram desaparecer mais de 400...
ResponderEliminaró mps-s,
ResponderEliminarEu cá não sei que Mattoso andas a ler. Desde que me explicaste que o PCP e o bloco de leste eram de direita porque a esquerda é social-democracia, fiquei baralhada.~
Afinal parece que a esquerda andou a perseguir-se a si pópria chamando-lhes "facistas".
Mas ler estes textos sem paranóias e entendendo que muito do que é referido é bem mais correcto que a imagem do facismo que essa esquerda estalinista de direita, agora convertida em social-democrata, transmite, lá isso é.
Ainda há quem diga que o grande problema desta bela democracia que se vive ou é o fascismo que pode vir, ou o anti-poder gratuito. Porque defender o situacionismo também é agora tarefa dessa bendita esquerda
Pelo menos, no tempo do Salazar, vergonhas de corrupção e falta de vergonha na cara como a que hoje por aí anda, não havia. E quando havia poraria era afastada e caía em desgraça.
ResponderEliminarSendo que, qualquer cidadão criticava mais o poder que os situacionistas branqueadores da vergonha que hoje se vive.
Nem era preciso chamarem-se esquerda ou direita. Havia situacionismo e quem era do contra. Hoje o situacionismo diz-se o grande legado da liberdade e o autor da democracia.
E há quem goste. Este detalhe é que me causa fornicoques. Até eu, uma reaça deste calibre, nunca gostei, nem gosto
errata: porcaria. Estou com um teclado anormalzinho
ResponderEliminarO que aqui está dito é a defesa do corporativismo. O que a esquerda fez foi usar o proletariado e os desgreaçados como carne para canhão para terem partido e aliança com a URSS.
ResponderEliminarDessa não se safam. Nem mudando os nomes de dizendo que isso é que era a direita porque sempre foram pela social-democracia.´
A gente sabe. E lembra-se da social-democracia do PREC. E ainda dá para ver como vendem o papão da ditadura como o único mal de Portugal. Tudo o que não presta são pequenos defeitos naturais ou problemas das grande corporações do carcanhol
De qualquer modo o Salazar é para o Dragão. Eu estou-me a guardar para as comemorações da República.
ResponderEliminarPara aquele espantoso trabalho cultural e patrimonial jacobino, de botas cardadas e vendas em hasta pública.
Há que conjugar esforços e distribuir tarefas
";O)))
zazie, nao te preocupes com a troca da esquerda pela direita porque era meio a brincar. ;)
ResponderEliminarPelos teus comentarios, concluo que nunca me classificarias como pessoa de esquerda ja' que sempre fui contra as cenas da URSS, dos Gulags, e por ai' fora. Ta' bem. Mas tambem essa catalogacao nao e', de facto, muito interessante.
Mas nao estejas sempre a chegar-me para essa esquerda anti-"fassista". Se queres que te diga, os males de Portugal sao outros e o principal e' que, em media, sabemos fazer menos coisas, somos menos desembaracados e sofisticados que os outros europeus. E' isso. E outra coisa que nao e' nem de esquerda nem de direita: e' uma enorme falta de gosto que se manifesta pela destruicao sistematica de tudo o que e' bonito e natural pelo pais fora. A destruicao da costa, a degradacao dos suburbios e das cidades. E sabes porque e' que e' assim? Porque ainda mal saimos das "cavernas", foi tudo tao rapido e a elite nacional era tao pequenina e debil que foi toda triturada e pouco conseguiu transmitir aos vindouros.
Mas digo-te uma coisa, embora isto nao seja apenas culpa do (*&E$@*(&#@*(&$) do Salazar, o facto e' que a politica do Estado Novo pecou nestes temas todos por omissao. Dispos de 48 anos de "paz" social em que podia ter construido as infra-estruturas pelo pais fora evitando que, de repente, caisse meio mundo no litoral destruindo-o e desertificando o interior. Porque o raio do velho nunca quiz na vida dele pensar em construir um pais mais bonito, mais harmonioso, mais sofisticado. Para ele estava tudo bem se ficasse cada um no seu lugarzinho e meia-duzia de iluminados la' iriam tomando conta do maralhal. Isto nao tem nada a ver com fascismo, repara, zazie, tem tudo apenas a ver com a estupidez dele. Ele era inteligente, tinha capacidade de analise. Mas rodeou-se de mediocres e lambe-botas de modo a fechar o pais numa redoma. Nao ha' maior estupidez do que essa: julgar que se pode deixar tudo na mesma e nao perceber que um pais pequeno como Portugal nao conseguiria nunca defender a sua propria cultura (ja' para nao falar em a reinventar e recriar) sem alargar a sua elite, sem lhe dar massa critica e isolando a sua populacao daquilo que (de bom ou de mal) se passa no mundo. Isto e' que e' a questao (ahahahahah), o "fassismo"e o ant-fassismo e' claro que sao folclore.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar(diabo de teclado)
ResponderEliminarSó uma rectificação: não, não existe uma data de estudos e publicações acerca do salazarismo. Antes pelo contrário. É mesmo um enorme défice que temos nessa matéria.
Assim como não temos historiografia com fontes do Período do PREC.
Pior ainda, temos sim, uma doutrinação estatal que se vende, inclusive em manuais escolares que tem sido uma enorme tarefa de recriação histórica e apagamento de memórias.
Muitos bons postes tem feito o José, na Gl, apenas com digititalização de jornais da época. As reacções, quando não são de espanto e total desconhecimento, ainda vêm acompanhadas das tradicionais rosnadelas do "branqueamento do facismo".
Esta é que é a realidade e é por isso que gosto destas provocações do Dragão. Porque isto ainda é que ainda é tabu. Oficial são aqueles abaixo assinados de anti-facistas a impedirem um museu para o sujeito. Porque eles "andem aí" e ainda vai ser preciso mais revoluções para os silenciar. É assim que dizem.
Sendo que o mais grave nem é este folclore. É agora ter de andar com vergonha quem é honesto porque passou a ser "bem", a ser prova de superioridade democrática, defender-se o pântano.
"ão, não existe uma data de estudos e publicações acerca do salazarismo. Antes pelo contrário. É mesmo um enorme défice que temos nessa matéria. "
ResponderEliminarBom, nao duvido que estajas mais bem informada do que eu nessa materia. Porem, estas a sugerir implicitamente que os motivos para essa falta de estudo sao maioritariamente ideologicos? Eu seria muito ceptico a esse respeito pela razao simples de ser esse ainda o estado natural das coisas em Portugal. Esta' quase tudo ainda por estudar e por explorar... em tudo... olha para a debilidade da actividade cientifica... so' agora estamos a comecar a arrancar, atrasaddissimos e muito mancos.
Qto. ao museu estou totalmente de fora mas: o museu era um projecto serio de historiadores independentes, uma coisa academica bem feita ou era so' uma especie de santuario 'a custa de dinheiros publicos? A pergunta e' genuina porque eu nao segui o caso.
Sem querer interferir nos comentários que reservo por princípio aos leitores, aproveito só para deixar uma curiosidade oportuna: as 32 páginas iniciais do livro "Entrevistas de António Ferro a Salazar", donde venho retirando estes trechos, tem um prefácio buliçoso. Adivinhem de quem?
ResponderEliminar- Do Fernando Rosas, nem mais. Qual é a seriedade duma aventesma destas para o efeito?
Funciona como quê? Como crucifixo e grinalda de alhos à entrada?
Dragão
Porem, estas a sugerir implicitamente que os motivos para essa falta de estudo sao maioritariamente ideologicos?
ResponderEliminarSim, são. São o "pensamento oficioso desta camarilha que por cá domina há 33 anos.
Nem é apenas falta de estudo. É apagamento e reconstrução de História. Isto funciona a todos os níveis, sendo o principal o discurso oficioso de tudo o que deitou as unhas ao poder.
O José anda às voltas com a linguagem. Com a questão da semântica. Comigo chegou a passar-se um exemplo engraçado e relativamente recente. Fui dissuadida a não pegar em fontes que pudessem causar algum prurido aos revolucionários ainda no activo.
Por acaso peguei mesmo. E fizeram-me um favor especial, por simpatia (não sei porquê, mas eles simpatizam sempre muito comigo e têm-me respeitinho) não contaram nada
":O)))
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Dragão: não sabia mas só podia. Esse nem vale a pena tocar. Esse é pior que branqueamento, é fraude académica.
Eu costumo chamar-lhe ogre. Ogre dá melhor a ideia do que foi e do que é.
branqueamento da ideologia deles, está visto, que o resto é "o facismo". E quando não é "o facismo" é comício republicano- História em versão circense.
ResponderEliminarQuanto ao museu cheguei a deixar links no Cocanha. Quando encontrar passo-te.
ResponderEliminarEra uma treta qualquer turística. Para o caso nem importa. O que valia a pena morder foi o burburinho que levantou com petições à Assembleia para que fosse impedido. Porque era manifestação de incentivo ao fascismo que a Constituição proíbe.
Houve argumentos desses tais "sociais-democratas" (vai custar-me a adapatar a linguagem de comunas para sociais-democratas, mas enfim, temos de nos actualizar) que consideravam mesmo uma verdadeira provocação inconstitucional- uma mera treta de fazer da casa dele um museuzito.
Porque ia incentivar a romarias e até os neo-nazis já andavam a acampar por lá.
Não me digas que não assististe aos debates no Blasfémias. Foi lindo.
Chegou a haver acampamento simultâneo de "neo-nazis e anti-facistas". Tive pena de não ter feito reportagem fotográfica. Porque até aconselhei a criação de uma quinta-ecológica para todos.
Para a malta saber como acasalam e se reproduzem, como reagem aos estranhos, como se adaptam ao meio, etc. etc. Era altamente instrutiva uma reserva destas.
mp-s,
ResponderEliminartoma lá, rapaz
http://www.contraofascismo.net/assine.html
E uma beijoca.
Foi no início de Março.
Houve declarações públicas espantosas- à letra- de se ficar de boca aberta
eheh
Ainda não consegui parar de rir só por voltar a ler aquela anormalidade da petição. O discurso daquele estalinista do Vilarigues, então, é cá uma coisa.
ResponderEliminarDesculpa lá, ò Dragão, mas vou passar só um bocadinho para o bacano do "nosso" mp-s se recordar da Pátria. Também mandei para os meus exilados
ahahah
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A Sessão de Afirmação dos Ideais Antifascistas
realizada em Santa Comba Dão e a acção de meia dúzia de fascistas
No passado dia 3 de Março a União dos Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) realizou uma sessão pública em Santa Comba Dão. Esta iniciativa foi organizada no respeito pela lei e visou contestar a criação dum denominado museu Salazar.
Como foi possível constatar no local, são muitos os homens e mulheres de Santa Comba Dão que discordam deste projecto da Câmara Municipal daquele concelho. Outros haverá que concordam com tal museu.
Mas, no passado sábado, em Santa Comba Dão, meia dúzia de fascistas, vindos de todo o país e pertencentes a organizações racistas e nazi-fascistas, tentaram montar uma provocação ilegal, que visava impedir a realização da sessão pública da URAP. Na contra manifestação participaram umas dezenas de pessoas, mas a firmeza e serenidade dos presentes na sessão da URAP e a exemplar acção das forças da GNR impediu qualquer agressão dos fascistas.
O método usado foi o de fazer circular por entre a população a meia dúzia de fascistas organizados (todos bem conhecidos) com o intuito de instigar reacções destemperadas de alguns cidadãos.
Esta acção fascista vem comprovar que o projecto do museu Salazar, para além de inconstitucional e ilegal (ver texto da petição e intervenções neste site), é desde já um motivo de mobilização de fascistas e um santuário salazarista.
O que os seus promotores pretendem não é um museu no sentido que todos atribuímos a estes espaços de cultura, de conhecimento e de saber. Eles querem construir a “meca do fascismo”, onde possam venerar o seu principal responsável em Portugal – Salazar – e difundir a sua ideologia criminosa.
"meia dúzia de fascistas vindos de todo o país"
ResponderEliminarahahahahahaha
MP-S,
ResponderEliminarQuanto ao resto, como é óbvio nenhum de nós é retrato do Poder.
E eu falei de Poder, não falei de ideias de A ou B, e muito menos que tu fosses o responsável pelo quer que seja.
Há um ponto de antagonismo, mas nem é esse. O antagonismo está em quem considera que uma democracia podre, corrompida pela partidarite nunca poderá ser caminho para qualquer melhoria.
E depois também existem os que têm aquela ideia que os “críticos do regime” são demagogos, porque escolhem a posição fácil do radicalismo que só serve para desacreditar as instituições.
E mais ou menos esta a questão presente que divide as pessoas. Há, de facto, uma anomia, como lhe chama o José e nela se incluem estes defensores do “regime” - é o nome que lhe dão e eu penso que é outra coisa. Mais uma variante do unanimismo que ainda vive por reactiva a estes papões de um Portugal de vergonha que o Dragão postou. E não repara que não se tem feito melhor. E podia, se o saque não fosse o grande motor que os faz mover quem se agarrou a ele. De há 33 anos a esta parte. Cada vez mais agarrados e a atingir níveis de máfia como nunca tinha havido.
E isto é que não deve ser tomado como normal. Como a tal "doença de crescimento". Porque se começou tarde, por causa do outro.
O unanimismo é pior que isso. É mesmo decadência geral de todos. Porque tudo se torna pequenino e cada vez mais mesquinho e fácil.
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