"A propósito de judeus, tenho um pequeno desafio para os @migos.
Lêde o trecho seguinte, que é sobre os Hebreus (aqui apenas o povo eleito, de que os judeus são tecnicamente os da tribo de Judá), e procurai adivinhar ou determinar quem o escreveu. Vale?
“O amor dos Hebreus pela sua pátria era, pois, não um simples amor, mas piedade. E esta piedade e o ódio às outras nações [eram] ambos alimentados e mantidos pelo culto quotidiano, de tal modo que acabaram por se tornar uma segunda natureza [dos Hebreus]; porque o culto quotidiano não era apenas completamente diferente (o que singularizava os Hebreus e os separava completamente dos outros povos), mas era absolutamente contrário [aos destes povos]. Assim esta execração quotidiana [sentida pelos Hebreus relativamente aos outros] deve ter feito nascer um ódio contínuo, mais firmemente ancorado na alma que qualquer outro, pois se acredita ser virtuoso um ódio nascido de uma grande devoção ou piedade, o que o torna mais forte e mais pertinaz que tudo no mundo. E a causa ordinária que faz crescer indefinidamente o ódio, a saber a reciprocidade, também não faltava aqui, porque as nações devem ter sentido contra eles [i.e., contra os Hebreus] um ódio extremamente forte.” Nota: entre [] estão paráfrases minhas destinadas a clarificar o texto.
Obrigado. Agora que já lestes, dizei: quem foi o seu autor?"
"O autor é Espinosa. Para os que querem ir confirmar a citação, aqui fica a referência completa: Baruch de Espinosa, Tractatus Theologico-Politicus, cap. XVII, §201, na edição original de 1670. (É o parágrafo 215 da edição Gebhardt, que é normalmente a referência para as edições em língua vulgar, incluindo a portuguesa.) Surpreende? Nem tanto, acho. Espinosa era judeu, como se sabe, embora um judeu que foi castigado pelos seus compatriotas por causa de opiniões heterodoxas. Mas isso nunca o impediu de ser, ou pelo menos, de tentar ser rigoroso. E judeu até ao fim. Aliás, é preciso ser-se algo para se reconhecer o que se é."
O Nietzsche, numa certa altura, desatou num grande enlevo com o Spinosa. Nunca percebi muito bem porquê. Mas considero um dos primeiros sintomas do desarranjo que o tomou no fim da vida. Aquilo (a Ética, sobretudo) não tem ponta por onde se pegue. Aliás, prenuncia toda a imensa porcaria mental posterior.
Pago um Macallen 12 anos a quem me demonstrar o contrário. :O)
PS: mas tem levar com o meu contraditório. Algum pistoleiro corajoso nas redondezas?
Fico com a impressão que muita da treta Hegeliana (e a Giga-treta superveniente) vem dali. Quanto ao Nietzsche, poderá ser efectivamente algo relacionado com o deteriorar das faculdades mentais. Se não for o caso, admito que possa ser algo menos "filosófico" e mais temperamental, uma certa admiração por Spinoza no conflito com os chefes do judaísmo de Amesterdão.
"A propósito de judeus, tenho um pequeno desafio para os @migos.
ResponderEliminarLêde o trecho seguinte, que é sobre os Hebreus (aqui apenas o povo eleito, de que os judeus são tecnicamente os da tribo de Judá), e procurai adivinhar ou determinar quem o escreveu. Vale?
“O amor dos Hebreus pela sua pátria era, pois, não um simples amor, mas piedade. E esta piedade e o ódio às outras nações [eram] ambos alimentados e mantidos pelo culto quotidiano, de tal modo que acabaram por se tornar uma segunda natureza [dos Hebreus]; porque o culto quotidiano não era apenas completamente diferente (o que singularizava os Hebreus e os separava completamente dos outros povos), mas era absolutamente contrário [aos destes povos]. Assim esta execração quotidiana [sentida pelos Hebreus relativamente aos outros] deve ter feito nascer um ódio contínuo, mais firmemente ancorado na alma que qualquer outro, pois se acredita ser virtuoso um ódio nascido de uma grande devoção ou piedade, o que o torna mais forte e mais pertinaz que tudo no mundo. E a causa ordinária que faz crescer indefinidamente o ódio, a saber a reciprocidade, também não faltava aqui, porque as nações devem ter sentido contra eles [i.e., contra os Hebreus] um ódio extremamente forte.”
Nota: entre [] estão paráfrases minhas destinadas a clarificar o texto.
Obrigado. Agora que já lestes, dizei: quem foi o seu autor?"
CBDC para a pontuação social e enfiar o pessoal nas cidades de 15m.
ResponderEliminarO jogo dos globalistas.
Para aí o camarada Zé Flávio, cidadão romano de origem hebraica ... https://en.wikipedia.org/wiki/Josephus
ResponderEliminar"O autor é Espinosa. Para os que querem ir confirmar a citação, aqui fica a referência completa: Baruch de Espinosa, Tractatus Theologico-Politicus, cap. XVII, §201, na edição original de 1670. (É o parágrafo 215 da edição Gebhardt, que é normalmente a referência para as edições em língua vulgar, incluindo a portuguesa.)
ResponderEliminarSurpreende? Nem tanto, acho. Espinosa era judeu, como se sabe, embora um judeu que foi castigado pelos seus compatriotas por causa de opiniões heterodoxas. Mas isso nunca o impediu de ser, ou pelo menos, de tentar ser rigoroso. E judeu até ao fim.
Aliás, é preciso ser-se algo para se reconhecer o que se é."
O Nietzsche, numa certa altura, desatou num grande enlevo com o Spinosa. Nunca percebi muito bem porquê. Mas considero um dos primeiros sintomas do desarranjo que o tomou no fim da vida. Aquilo (a Ética, sobretudo) não tem ponta por onde se pegue. Aliás, prenuncia toda a imensa porcaria mental posterior.
ResponderEliminarPago um Macallen 12 anos a quem me demonstrar o contrário. :O)
PS: mas tem levar com o meu contraditório. Algum pistoleiro corajoso nas redondezas?
Hmm, eu cá não me meto em tarefas assim tão... espinozas.
ResponderEliminarFico com a impressão que muita da treta Hegeliana (e a Giga-treta superveniente) vem dali.
ResponderEliminarQuanto ao Nietzsche, poderá ser efectivamente algo relacionado com o deteriorar das faculdades mentais.
Se não for o caso, admito que possa ser algo menos "filosófico" e mais temperamental, uma certa admiração por Spinoza no conflito com os chefes do judaísmo de Amesterdão.
Miguel D